Gestores de topo
Topo que se
confunde com vara.
Vestem bem, de
marca, assumem o poder através de amizades regalias dadas pelo poder político
do Estado. São administradores, presidentes, chairman, ceo, directores, chefes
de divisão e até chefes de serviço para não se falar nos empregados súbditos.
Distinguem-se pelo grau de mordomias que usufruem. O objectivo de quase todos (as
excepções serão uma raridade mas podem existir) é servirem-se mais a eles do
que à entidade onde prestam colaboração, sem nunca esquecerem o padrinho que lá
os colocou. Sofrem bastante com os concursos públicos, provas efectuadas,
avaliações etc… tudo fazem porque há sempre uma mão amiga no circuito.
Frequentam cursos
de pós-graduação, mbas, seminários de alta direcção, tudo sempre em nome da
produtividade e da excelência, certificados que são quase todos por uma ISO
qualquer.
Contribuem de forma
activa para o PIB da Nação com os seus ordenados e mordomias. Quando tem de
tomar decisões há sempre uma empresa consultora onde conhecem um amigo e que a
peso de ouro lhes prepara um relatório de forma que ele possa decidir, acto de
gestão esse quase nunca tomado de livre vontade sem antes consultar ou informar
o padrinho ou alguém que este o aconselhe. É bom ter cuidado nestes tempos de
muita alternância política, nada melhor do que ter as costas quentes pelos
estudos dos consultores-amigos certificados, assim pode-se hierarquizar o
negócio, perdão, a decisão. Quantas vezes antes de decidirem se devem os veículos
da empresa abastecer nos postos da GALP ou da REPSOL não mandam substituir toda
a rede informática, terminais, notebook e software porque o sistema anterior
está lento e não lhes dá as coordenadas GPS pretendidas, felizmente as
financeiras encontraram a solução e quando procedem à venda – aluguer da viatura
incluem tudo (viatura, manutenção completa com duas mudas ano de pneus, seguro
contra todos e um plafond considerável de combustível mês…) grandes engenheiros
financeiros estes e, depois é bom de ver que com o sistema informático lento nestes
tempos de mudanças vertiginosas é difícil tomar decisões.
Encostado para trás
e olhando a Ponte vasco da Gama lá ao longe no meio do rio lembrou-se de alguns
que conheceu e ia tomando as suas notas no seu bloco A5. O engenheiro P, antes
vereador da câmara de Lisboa com pelouro, porque isto de ser vereador com
poleiro ou sem poleiro, desculpem, pelouro não é a mesma coisa. O tal
engenheiro estava em desgraça política no seu partido mas fora nomeado administrador
naquela empresa de novas tecnologias; o seu método de gestão era reunir à noite
uns tantos quadros em sua casa e conspirar contra o outro administrador que
tinha a responsabilidade da produção que nem um nem o outro controlavam
acusando-se mutuamente de falta de condições para o exercício… tentava assim o
dito P manter-se á tona d´água. Quando ele confrontou as contas da advogada
amiga do dito P, com os valores facturados e solicitados a pagamento que não
correspondiam ao trabalho realizado e, depois de mais uma reunião nocturna, a
amiga advogada figura publica nas hostes desportivas, compareceu no seu
escritório e o argumento que levava era sorrir traçando as pernas e destraçando
de modo a mostrar que não usava cueca e nada mais acrescentou aos factos a não
ser que ainda não tinham passado 48H e já ele recebia uma nota de honorários de
25 contos. Ops 25cts por mostrar as pernas e a vagina? Não cedeu.
O tal de P caiu em
desgraça sem antes o ter tratado mal junto de responsáveis das empresas
accionistas. Depois caiu e passou por lá outro engenheiro que chegou de
autocarro pois tinha passado como administrador pela CARRIS, não se lembra do
nome do senhor pelo que o designa com senhor engenheiro. O dito sr. engenheiro
geria metendo medo, gritando e acusando. Chegava pelo final da manhã e o seu
primeiro e profícuo acto de gestão era bater com o jornal CM na secretária para
afastar o pó, depois, ia sentar-se na casa de banho defecar alto e ler o CM.
Mais um belo quadro da holding estatal IPE. O dito sr. não podia gerir a
empresa porque ele não lhe dava números certos quanto aos valores em divida, de
manhã perguntava e davam-lhe um numero, à tarde perguntava e davam-lhe outro
numero e assim era impossível gerir, o D. F. era uma força de bloqueio. Antes
de sair da empresa cansado de aturar tanto desperdicio, ainda colaborou em muitos
estudos efectuados por quadros e empresas dos accionistas e ainda teve tempo
para conhecer outro administrador e engenheiro que também via nele a tal força
de bloqueio para o desenvolvimento da produção da engenharia de sistemas. Saiu
um dia pelo seu pé sem ter contudo recebido os valores a que teria direito. A
experiência dos grupos portugueses chagara ao fim, tinham criado um buraco e
não se entendiam como fechá-lo; ainda não passou muito tempo que tinha visto o
nome da empresa como uma dos investimentos italianos em Portugal e ele nunca se
encontrou por lá com qualquer representante da empresa italiana accionista.
Havia dívidas à Segurança Social e hoje questiona-se se os accionistas
portugueses já pagaram os valores em divida com juros e custas?
Lembra-se dos
tempos que passava nas Amoreiras, onde uma senhora marquesa servia em serviço
de prata e porcelana fina o chá pelos corredores. Ele esperava que a reunião
terminasse com fumo branco. O representante do grupo financeiro dizia-lhe que
tinha sido tudo tratado e acordado conforme tinham combinado. Chegava à empresa
e o administrador informava-o que o representante da Marconi o informara que
não tinha havido acordo. O gestor do Grupo BES foi para a Telecel, o da Marconi
passou pelos CTT e ele segui a sua vida pelo seu pé.
Na imagem
corporativa conheceu gente com quem gostava de trabalhar, era uma média empresa
de produção de imagem corporativa; havia contudo um accionista que era um fundo
de investimento onde um ex-GALP de Sines espalhava o terror e cansou-se das
insinuações do tal executivo que como o mundo é uma aldeia confessava suas
lamentações na alcofa de uma amiga, tinha problemas de consciência com a sua
saída de Sines logo na altura em que se falava de desvios de um Chefe dos
Serviços Financeiros. Verdade ou não pouco lhe importava tinha decidido sair e
ir trabalhar com espanhóis na esperança de voltar a trabalhar com os franceses.
Os espanhóis estavam cá a trabalhar com uma estrutura montada, os franceses
estando cá não tinham estrutura esperavam a adjudicação da barragem para a
montar e contavam com ele. Vieram eleições e com elas emergiu da sombra um tal
de C que com o T a primeiro-ministro decidiram parar e suspender os trabalhos
da barragem e assim lá ficou com os espanhóis e ficou padeiro por uns anos. O
sistema de gestão mexicano não era fácil e foram dias semanas meses e anos
difíceis; amigos e família foram ficando para trás e quando os quis recuperar
já era tarde demais; um dia a empresa compensou de tanta dedicação e colocou-o
no desemprego.
Começava assim uma
nova vida, com o desemprego veio o deserto com tempestades constantes de areia
e os oásis que encontrava a secarem-se rapidamente sem lhe darem tempo para se
refrescar da canseira de vida que tinha começado.
Num deses oásis
trabalhou como independente a recibo verde, que passava em nome da mulher. Uma
clínica de renome onde se geravam receitas consideráveis mas as receitas não se
viam nos extractos bancários; clínica interligada com uma outra empresa de
importação e comercialização de equipamentos e onde o seu papel era apanhar as
causas dos buracos que dia a dia chegavam via correio ou telefone que naquela
época a internet dava os primeiros passos. Bombeiro a acudir aos problemas de
falta de cumprimento quer bancário quer fiscal; por um lado uma fonte de
dinheiro funcionava e pelo outro uma fonte de incumprimentos existia. Montou um
sistema de informação com a Repartição de Finanças de forma a ter tempo de
poder fazer alguma coisa para o cumprimento das obrigações que não tinham sido
cumpridas e que a administração fiscal solicitava. Queixava-se o acionista que
nunca tinha pago tanto dinheiro ao Estado e questionava-o sobre a possibilidade
de pagar 30.000 cts a um amigo que dizia que conseguia eleminimar todo o
cadastro das empresas na administração fiscal. Sem nunca lhe dar uma resposta
positiva sobre essa forma de resoluçãp para os muitos milhares em divida cansou-se,
e um dia depois de mais uma reunião deixou o dito oásis e seguiu caminhando nas
dunas áridas da vida que conhecia e aprofunfava em conhecimento. Agora com a
cabeça recostada no banco olhando as águas calmas do rio lembrava a reportangem
que na noite anterior vira num dos canais televisivos sobre o grupo económico
do tal senhor. A vida nem sempre é boa mãe para os que trabalham e procuram
cumprir com as regras civicas da sociedade. Gestores de topo que se confundem
com vara.