segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ando fora da vida


Tenho de me actualizar, ando fora da vida.
Não sei nada de nada quem é o tal de Mamadou, nem sabia que tal personagem era do B.E. porque ando fora da vida.
Não sei nada das intrigas que existem entre uns tais que se dizem do Livre, porque ando fora da vida. Sabia e talvez ainda saiba que a deputada do tal Livre gagueja mais quando se enerva, mas porque anda a discutir não sei, porque ando fora da vida.
É que eu às vezes também só ouço aquilo que quero e quando me enervo então…
Não soube das razões porque uma tal desportista num jogo de basquetebol não pode jogar num tal jogo. Se no futebol há jogadores da mesma equipa com equipamentos diferentes, não sei o que se passou na verdade com a tal moça que joga numa equipa algarvia.
Não sabia que dia era hoje mas ao ver tanto saudosismo misturado com o ódio q.b. olhei o calendário e então compreendi esta minha inquietação.
Ando mesmo fora da vida e ainda não tinha dado conta disso.
Mas, será que quero voltar a esta vida que me oferecem em doses cheias de intrigas e meias-verdades… não… não me vou actualizar… prefiro continuar a viver a trinta e três rotações


Um destes dias


Um destes dias passados enquanto arranjava as couves, o repolho e os feijões ouvia na televisão de Espanha a senhora Ana Pastor a falar dos problemas que afectam a política espanhola. Uma senhora com larga experiência política quer nos lugares ocupados no seu partido, quer no governo e no parlamento. Dei atenção à forma e ao modo como afirmava as suas convicções e tendo sido esta senhora responsável pela política social e de bem estar do Partido Popular passou-se-me a imagem do filme regresso ao passado e num ápice vi nos ecrans da mesma TVE não a senhora Ana Pastor a falar as suas convicções políticas mas sim Isabel de Castela dos então designados reis católicos a incitar o povo aquando dos tempos da Inquisição contra os hereges não só sefarditas mas todos os que não comungavam dos seus ritos religiosos. Entre a multidão em fuga para o nosso país será que havia Andrades, Moreiras, Capelos e Ribeiros? Desliguei e pensei que tenho de voltar ao trabalho iniciado mas suspenso de buscar as raízes que vêm de longe de muito longe. Ficou aquela inquietação de qualquer coisa que não sei nem percebi nunca o porque de tanto ódio assassino de uma igreja de uma religião que se dizia e ainda hoje diz pregar a concórdia entre os homens.
Sou português rafeiro mistura possivelmente do fruto do amor entre cristãos novos e cristãos velhos que simplesmente se marimbaram para essas teorias de fomento do ódio e celebraram o amor.
Português que lê a história dos judeus sefarditas em Portugal, que leu ontem mais do que hoje a luta, a fuga dos judeus aos esbirros nazis e fascistas que quiseram dominar a velha Europa em meados do século passado. Português que gosta da obra literária deixada pelo judeu Amos Oz. Português que não compreende como podem os judeus de hoje num território que os colonialistas decidiram que era lá que eles poderiam viver em paz, fazerem o que estão a fazer aos seus meio-irmãos palestinianos que já lá estavam quando eles ali se libertaram da política colonial inglesa. Como pode a maioria desse povo estar ao lado de governantes radicais que em nada se diferenciam daqueles que um dia os incendiavam em fogueiras ou os mandavam para campos de concentração e fornos crematórios. Como pode o mundo dito civilizado calar-se, olhar para o lado e assobiar indiferente aos crimes constantes dos esbirros judeus que controlam de forma expansionista territórios que não são seus.
Onde está o Amor? 
Onde mora a Concórdia e a Fraternidade? 
Não falo da Paz porque virou utopia que esta sempre no horizonte nunca se deixando dominar pelos homens que nos controlam a vida e muitas das nossas próprias emoções sem darmos por isso.

Ilusões


Um dia ingénuo pensou em recuperar o passado. Escreveu-lhe. Em palavras sentidas registou as memórias vivas então vividas. Dia a dia palavras que constituíam frases aumentavam o escrito dele ao passado. Dia a dia pensamentos factos recordações daquele tempo passado. Lia relia e voltava a ler as palavras frases pensamentos que lhe ia escrevendo sempre um pouco mais a cada madrugada. Rasgou cortou guardando algumas páginas. Guardou meticulosamente o passado e o que lhe tinha escrito. Um dia ganhou coragem e enviou-se a si próprio num envelope almofadado.
A parte restante de si ficou aguardando ingénuo acreditando que o passado lhe poderia enviar um sinal para que ele pudesse continuar a sua caminhada pela recta final de forma mais leve.
Mas, passado é passado não tem forma de voltar ao presente nem que por uma fugaz milésima de segundo.
Carregando com o passado metido na mochila sem este lhe dar qualquer sinal, guarda-o, sabe que aquilo que é hoje foi moldado por todos as vivências passadas pois não há futuro sem passado.

O indígena boliviano


Era uma vez um país no hemisfério sul que viveu muitos anos sob governos ultra conservadores primeiro de colonos e depois pela minoria branca que se tornou independente da antiga mãe colonialista. Um país onde a grande maioria da população indígena vivia como cidadãos de terceira perante a população branca. Um país por muitos considerado pobre, com os recursos naturais entregues à exploração do capital estrangeiro. Mas um dia um indígena encheu o peito enchendo-se de ousadia candidatou-se ao lugar de presidente do seu país sonhando com uma pátria mais solidária para com o seu próprio povo. Lutando do sonho em ousadia tornou-se em eleições livres o primeiro indígena a chegar a presidente daquele país pobre que existe lá nas alturas. Eleito presidente sem sangue nas ruas, nem prisões cheias de brancos insatisfeitos com a sua política o governo dirigido pelo indígena, mudou o rumo económico e social das suas gentes; afrontou o capital que explorava os recursos naturais sem quase contrapartidas para a sua pátria. Deu esperanças ao seu povo indígena desagradando aos imperialistas que quando são afrontados por políticas não coincidentes com os seus interesses especulativos logo vêm comunistas por todo lado. Não tendo como descredibilizá-lo pelos resultados económicos e sociais alcançados ao longo de quatro mandatos eleitorais sem sinais evidentes de batota, o imperialismo moderno tratou de “doucement” adaptar os governos dos países à sua volta, colocando aí lacaios fiéis aos seus interesses para que depois de mais umas eleições livres naquele país em que os observadores internacionais europeus não se pronunciaram sobre ilegalidades de maior nas últimas eleições, a minoria amante da supremacia branca, da exploração sem limites dos mais fracos, apoiada pela comunicação social saudosa de antigos privilégios, com a benção da santa madre igreja local, com umas forças armadas fiéis ao poder imperialista que nunca foram reformadas durante os anos de governação do indígena e a coberto das declarações de fraude por parte da OEA (organização controlada pelos imperialistas onde os seus lacaios estão em maioria) todos eles em conjunto levaram à renúncia do poder por parte do indígena,que segundo declarações suas, fê-lo para evitar o agudizar da violência que ocorria entre os seus apoiantes e os seus críticos.
Nesses anos de governação do indígena para lá das medidas económicas de nacionalização a 50% das empresas estrangeiras que exploravam os seus recursos naturais, o PIB cresceu consideravelmente, a pobreza extrema foi reduzida de 36,7% para ainda 16,8%, lutou para reduzir a dependência monetária do FMI e do B. Mundial. Ou seja, tudo medidas que não agradaram aos senhores que mandam no Planeta e em particular aos imperialistas intitulem-se eles de republicanos ou democratas.
O indígena caiu, exilou-se num outro país daquele continente mas a violência extrema, o ódio que auto proclamados governantes exercem especialmente sobre a população indígena é elucidativo da mentalidade ideológica dos novos senhores do poder. Perante tanta violência sem limites, tanta falta de liberdade de expressão do povo indígena, de respeito pela condição humana, não se ouve uma palavra de reprovação por parte dos governantes europeus, dos senhores da ONU onde o beato português é líder, por parte até do papa ou será que também ele já não sabe o que se passa com os seus vizinhos indígenas?
Depois há uns artistas que difundem aos sete ventos por todos os meios comunicacionais que hoje em dia já não existe direita nem esquerda entretendo-nos com falas mansas e futebois pqp.

Mau tempo se avizinha


Os dados estão lançados. Por esta Europa fora crescem as correntes ideológicas saudosistas da supremacia de uma raça sobre as outras, correntes xenófobas e homofóbicas que prometem acabar com todas as injustiças que correm nas governos do centro direita ao centro esquerda ou mais à esquerda dos diversos países, prometendo-nos o paraíso justiceiro escondendo atrás de si o inferno que têm para nos dar depois de alcançado o poder, seja por via democrática seja por via da força das armas.
De quem é a culpa do regresso em força dessas correntes ideológicas?
Quem é que financia esses movimentos?
O que nos dizem e o que fazem os políticos que exercem o poder?

O senhor ministro falou para o país quando não o deveria fazer. Do senhor ministro, homem experiente e batido na política, esperava-se outra fala, não para os microfones mas para as forças sindicais que proliferam nas forças de segurança. É com eles que tem de debater à mesa os prós e os contra. É com eles que tem de falar do porque o seu ministério não cumprir com questões pertinentes já acordadas em anteriores reuniões do seu ou de anteriores governos.
O senhor ministro, homem experiente e batido nas questões da política, ao falar depois da manifestação em que um movimento sem rosto com demonstrações racistas e xenófobas anulou as diversas direcções sindicais organizadoras da manifestação, promovendo a figura de destaque um populista levado ao colo pelo capital neoliberal que domina a comunicação social deste nosso reino, assim como do tal movimento sem rosto mas não espontâneo, ficou-lhe mal. O senhor homem experiente nestas coisas da política deveria ter pensado um pouco mais a frio e não ter dado aso a tantos comentários que os arautos neoliberais que populam na comunicação social tiveram pela noite adentro.
É preciso deixa-los poisar. Ter sangue frio. Tocar a reunir todas as forças políticas que defendam a Democracia e o modelo do Estado Social Europeu, sejam eles democratas-cristãos, sociais-democratas, socialistas e comunistas de vários matizes, liberais, sindicalistas da unidade, da unicidade e independentes, para em conjunto se olhar o futuro sem medo dessas correntes que já nos governaram a ferro e fogo mantendo o país na miséria franciscana num tempo de quase meio século no século passado. Quem não quiser comparecer na defesa do Estado Social não fará falta para a luta árdua que no futuro se travará. Só farão falta os que defendem a Democracia e o Estado Social tipo Europeu. Mas essa luta não se fará com mais subsídios disto e daquilo, com mais sopa para os sem abrigo. O senhor ministro e os seu pares devem saber que só o trabalho cria riqueza, só o trabalho é fonte de dignidade para todos desde o simples operário ao senhor doutor, ao senhor engenheiro. Distribuir mais subsídios pelos desprotegidos da vida é o mesmo que andar a distribuir pérolas a porcos, só favorece o crescimento de tais movimentos sem rosto visível para nós cidadãos mas que os senhores saberão identificar.
Quanto ao papel que os órgãos da Justiça têm em todo este ressurgir compete aos senhores políticos entenderem-se porque não tenho saber para tal, embora ache muito estranho muitas das decisões tomadas e publicitadas nesses órgãos da Justiça.
Há pois que por o país a trabalhar. Como? É aos senhores que compete encontrar soluções e meios para que abandonemos este estado de subsídio dependentes, que só favorecem o aparecimento e crescimento de ideais racistas e xenófobos perigosos para a Democracia e a Liberdade dos cidadãos. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Sopram ventos adversos


Ali ao lado em Espanha sopram ventos adversos. Espanha é um país muito complicado. Depois da ditadura franquista, os democratas balançaram e cederam à vontade dos já então saudosos franquistas e falangistas, não sendo capazes os democratas das várias regiões, das várias nações, que constituem a Espanha de caminharem para uma República federativa que anulasse a tensão sempre existente entre as regiões e nações do norte contra os povos do sul.
Ao trabalhar numa empresa espanhola conheci espanhóis de várias regiões e nações. É certo que um catalão não tem nada a ver com um castelhano de Madrid. Um basco ainda menos a ver quer com o catalão quer com o castelhano. O mesmo se passa com os galegos (Em 1971 quando de uma ida a salto de Chaves até Ourense para passar o fim de semana, num dos autocarros que apanhávamos de Verin para Ourense armou-se uma discussão entre dois galegos com um mais exaltado a gritar para o outro: - En Galicia no me hables de Franco) ou mesmo com os astúrianos. Alguns dos catalães e bascos queixavam-se da forma como a riqueza produzida em cada uma das regiões era repartida pelo governo central da monarquia. Os catalães só se calavam quando os andaluzes, que os catalães acusam de não gostarem de trabalhar, ganhavam o prémio anual da fábrica com melhores índices de produtividade. Para muitos catalães a língua espanhola não existe, o que se fala é castelhano.
Com o problema complicado que independentistas catalães trouxeram para a ordem do dia em Espanha e na União Europeia, era muito difícil que as eleições trouxessem algo de novo. E mesmo a subida do partido VOX não é novidade para quem acompanha à distancia os movimentos políticos que se passam em Espanha. Bastava ver o que se vai passando na região de Madrid com partidos do centro direita a apoiarem propostas do VOX…
Depois temos a política ruinosa dos subsídios na União Europeia. Distribuíram rios de dinheiro para os países do sul deixarem de produzir em vários sectores da economia. Os proprietários e empreendedores receberam esses rios de dinheiro e a economia ficou mais pobre. Fábricas fecharam portas, barcos abatidos, campos abandonados… tudo em função da merda dos rácios decididos em gabinetes luxuosos de ar-condicionado. Hoje a única política macro-económica que têm é dar subsídios em função do património e não em função da produção, subsídios de desemprego a quem não encontra trabalho mas também a quem não quer e não gosta de trabalhar; subsídios de reinserção social a quem não faz nada para procurar outra forma de vida. Criando lentamente um exército de gente que nem estuda, nem trabalha, nem quer fazer nada… Gente fácil para alimentar o submundo das ilegalidades sociais, alimentando o descontentamento de quem trabalha e desconta os impostos taxas e taxinhas devidas e necessárias para alimentar a máquina do Estado. Gente que sofre nos transportes para ir trabalhar, que sofre nos trabalhos quer no campo quer na construção e produção… gente que depois de um dia sofrido de trabalho, é inundado em casa pelas notícias televisivas de políticos que na ambição desmedida se deixaram levar em negócios que cheiram a corrupção… Gente que de corpo dorido e mente cansada a poucas coisas que ouve aos partidos ditos de esquerda, ou esquerda mais radical é sobre os problemas de mudança de sexo, de casamento homossexual, adopção por casais homossexuais, da eutanásia, de mais subsídios a quem não trabalha nem gosta de trabalhar etc etc… de aumentos salariais para os funcionários da máquina estatal quando eles lá na empresa onde trabalham não sabem o que ser aumentados há mais de uma ano… Políticos que se dizem de esquerda, seja moderada ou mais radical, que simplesmente ignoram as tradições e os costumes de uma educação religiosa judaico-cristã com séculos. Hoje perdendo publico nas missas mas que continua e sobrevive com muitos dos seus crentes calados e mudos não praticantes mas de raízes religiosas profundas ainda.
O VOX e à nossa maneira o tal de “Chega para lá” só aparecem porque os políticos activos da política se esqueceram e esquecem que a sua função é servir o Estado e não servir-se dele, ao mesmo tempo que parecem desconhecer as raízes culturais dos cidadãos que governam
PS. Nada me move contra os políticos activos. Nada tenho contra os homossexuais e a sua vida social. Somos todos seres humanos com os mesmos direitos, deveres e obrigações, com a única diferença na orientação sexual. No que respeita à eutanásia tenho as minhas reservas. Nada tenho contra os ciganos desde que eles respeitem as normas da sociedade onde se inserem.

Quem é que nos anda a enganar?


Já reparaste que quase tudo o que nos dá prazer, nos dizem que faz mal. Porque será? O que é que eles querem de nós?
Nascemos muitos de nós em casa com a nossa mãe a ser assistida por uma outra mulher, a parteira. Minha mãe não tinha leite para me amamentar e entre papas e papinhas sobrevivi. A creche era a rua que servia para brincarmos e aprendermos a auto nos defendermos quer dos mais velhos quer de outros com manias de valentões. Depois rumamos para o litoral norte de Peniche. Bebíamos o leite quase directamente tirado da teta da vaca porque era fervido e da nata do leite se fazia manteiga e excelentes bolos. Quando andávamos descalços se fazíamos alguma ferida no pé colocávamos areia para parar o sangue mais depressa e a ferida não infectava. Bebíamos água das fontes e até dos ribeiros.
Hoje é a sacarose é a lactose e mais outros palavrões que parecem não acabar. Porque será que a composição físico-química do leite e da farinha mudaram assim tanto? Olhamos os fornecedores desses produtos e as vacas leiteira continuam iguais à vista desarmada. Olhamos os poucos ou raros campos de searas de trigo e a planta e a espiga parecem-nos à vista desarmada serem iguais aos da nossa juventude de meninos e homens. Então? Será só avanço na pesquisa e descoberta de novos males que afectam o ser humano? O que é que terá mudado? Quem é que nos anda a enganar?

domingo, 10 de novembro de 2019

Falo sem falar


Falo sem falar
Falo sim, porque me escuto
Não duvides que falo sem falar
Ouço as minhas falas sem falar
Falas que são minhas
Não. Não é loucura, eu falo sem falar.

Não queiras saber o que falo sem falar
Não irias entender as minhas falas sem falar

Escuta o vento
Quando entenderes o que ele diz
Quando compreenderes as conversas do vento com as árvores
As falas das árvores umas com as outras
Quando ouvires e entenderes…
Esses murmúrios
Esses gritos silenciosos
Então, poderás ouvir as falas que falo sem falar
Irás entender o que é andar «Na outra margem da vida»
Ser solitário sem solidão
Triste por vezes sem deixar de ser feliz
Irás compreender que tristeza e felicidade são companheiras de jornada
Não são nem inimigas nem sequer contraditórias
Irás compreender então o que eu falo sem falar

Depois, sem falarmos olhamos-nos nos olhos
E, seguiremos de mãos dadas rumo ao futuro.
É lá que mora a Esperança.

sábado, 9 de novembro de 2019

A noite


A noite já passou de um sono só. Pela janela virada a nascente vejo o abraço que o dia e a noite estão partilhando numa cerimónia que repetem à milhões de anos sem se cansarem desta rotina. O frio, aquele frio de barba rija, já se faz anunciar. No seu passo certo o outono vai-se despedindo anunciando o tempo de inverno. Só a chuva tão desejada não se faz visita destas pobres terras povoadas ainda de gentes que se recusam a desistir, vivendo a esperança ansiosa de que os deuses se lembrem da sua existência e a façam cair em abundância dos céus de forma serena sem sobressaltos.
Na capital do Reino a exemplo da falta de chuva continua a seca de ideias próprias para o amanhã deste torrão que já foi jardim à beira mar.
Os governantes vivem cercados de lobis, emparedados por uma comunicação social agressiva destruidora sem princípios éticos onde a qualidade é uma regra que pertence ao passado. Governantes que vivem submissos ao capital financeiro que nos domina a todos porque sem ovos não se fazem omeletes parecem ter perdido a capacidade de sonharem e de lutarem por uma sociedade mais decente embarcando neste rumo sem motor e sem velas que é a actual U.E. restando os remos para alguns poucos mais audaciosos procurarem remar contra a maré
Assim vamos. Uns cantando e sorrindo, outros chorando suas raivas e impotência com muitos dos restantes a levarem as mãos aos céus nos direcção de Fátima acreditando nos tais poderes milagrosos que a mente prodigiosa dos humanos é fértil em acontecimentos.

Sócrates, o português


Não sou um apreciador e muito menos um seguidor do senhor Sócrates, o português entenda-se. E , não o sou antes, não depois de se ouvirem todas as coisas que a justiça fez passar cá para fora através de canais amigos de possíveis justiceiros.
Nesta casa onde escrevo esteve o senhor Sócrates, o português entenda-se, quando ainda fazia a sua caminhada rumo ao poder. Soube-o por um amigo do meu pai e amigo dele também. Enquanto fazia o percurso de subida quase todas as semanas telefonava ao meu velho, não se esquecia. Conheci-o pessoalmente num jantar do partido ali em Idanha a Nova em que acompanhei o meu pai. Sempre sorridente e afável era para o meu velho um político em que ele confiava, mesmo quando os filhos lhe diziam para ter cuidado que a coisa não era como ele a via.
Contudo o senhor Sócrates, o português entenda-se, assim que chegou lá ao cimo e se sentou no poder rápido esqueceu o velho Senhor João, nunca mais teve tempo para o costumeiro telefonema. Foi essa atitude para com o meu velho que me levou a distanciar-me ainda mais de tal personagem política, que eu a única organização de que fui filiado por livre vontade foi o Os Belenenses, o verdadeiro e não esta aberração político-clubista de “belenenses sad”. Fui mas também saí de livre vontade quando achei que era a altura de sair.
Mas voltando à figura do político senhor Sócrates, o português entenda-se, assim como sempre coloquei água fria no entusiasmo do meu velho, também não o condeno na praça pública. O avô materno foi um homem rico com o negócio do volfrâmio era o que sabia de seus bens materiais, se ele herdou muito ou pouco não me interessa nem tão pouco as notícias que circulam na comunicação e redes ditas sociais me chamam a atenção. A justiça nas mãos dos justiceiros de ambos os quadrantes que dominam o exercício da mesma justiça que se entendam, que eu não fui eleito para juri de tal e tais coisas que pelo ar circulam.
A corrupção é inerente ao ser humano. Uns deixam-se levar pela ambição desmedida e tornam-se corruptos, passivos ou activos tanto faz. E , assim como passo entre os pingos das notícias sobre o senhor Sócrates, o português entenda-se, também não simpatizo nem nutro confiança nos saberes dos senhores juízes Carlos Alexandre e Ivo Rosa porque vejo neles muita ambição de notoriedade e vaidade. Sendo a ambição ela própria o motor que leva à corrupção o melhor é seguir pela outra margem, deixando eles esgrimirem os seus dados de justiça e justiceiros, que estou mais preocupado com a chuva que não cai dos céus… será que nesta coincidência infeliz da falta de água a cair dos céus, para alguns jornalecos e justiceiros de meia leca também haverá mãozinha de Sócrates, o português entenda-se?
Quer o político quer o juiz em democracia são funções de responsabilidade para servirem a sociedade e não servirem-se dela por vaidades e ambições. É por isso e por isto que gosto de ler e recordar o exemplo de vida de Pepe Mujica.

Futebois


Mais uma semana que se passou onde o futebol ocupou largo espaço informativo. As provas europeias são o “tac”, a ressonância magnética que comprovam a pobreza, a quase miséria do futebol português das suas estruturas e organização desportiva.
Podem os paladinos costumeiros, artilheiros oficiais, oficiosos e outros falsos mensageiros enaltecerem as qualidades dos jogadores, o saber matreiro dos treinadores portugueses que chegada a hora do apito por outros árbitros que não os cá do reino, com raras excepções as ditas grandes equipas (algumas quase sem jogadores portugueses) não apresentam nem estratégia nem velocidade para defrontaram boas equipas da chamada segunda linha do futebol europeu.
Vivemos uma farsa gigantesca no futebol. O rei há muito que vai nu, mas iludidos pelos paladinos do poder, pelos artilheiros oficiais e oficiosos e outros falsos profetas continuamos a discutir lances e apitos, a cultivar o fanatismo das claques, deixando que as estruturas do mesmo futebol continuem a lenta mas proveitosa destruição do desporto enquanto espectáculo.

Tristes acontecimentos


Há notícias e acontecimentos que mexem connosco reagindo cada um de nós de acordo com a sua forma de ver e sentir a vida.
Depois do triste caso do bebé de Setúbal onde para lá da atitude indigna do profissional de saúde se descobre como é fácil sacar dinheiro ao Serviço Nacional de Saúde, ao Estado que somos todos nós. Uma tristeza em cima da outra inicial.
Agora, fala-se e diz-se muita coisa sobre a moça sem abrigo que pariu no meio da rua e de imediato colocou o bebé num ecoponto. Toda esta cena é demasiado triste. Talvez o nevoeiro que há pouco havia por aqui me fez vir à memória uns versos do poeta Bertolt Brecht,
Da Violência
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem
Depois, bem depois é … não sei, faltam-me as palavras certas para escrever toda a hipocrisia à volta do outro “sem abrigo”, salvador da criança que logo à nascença foi abandonada.
Parece até que os homens que exercem o poder político olham com atenção caridosa para os muitos e variados seres humanos que vão engrossando este novo exército de excluídos pelo sistema moderno que nos vem governando há muito. O Presidente na sua fobia de aparecer, ser notícia, dar um ar de cristão católico caridoso a espreitar para dentro do ecoponto, gosta de aparecer em actos de caridade junto dos “sem abrigo”. O Presidente é por inerência constitucional o Comandante Supremo das Forças Armadas, mas nunca teve um acto efectivo de solidariedade para com os muitos antigos combatentes das guerras da Índia, Angola, Guiné e Moçambique que vagueiam como “sem abrigo” pelas ruas das cidades deste país. Porque será? Que medos o impedem de tomar a iniciativa para que o Governo (este ou outro tanto faz) reveja a situação desses homens que um dia ainda jovens o Estado Português lhe roubou parte da sua juventude mandando-os para uma guerra que nunca foi deles. Não espero nada do barulho que muitos fazem à volta dos antigos combatentes, porque nunca me irão dar o que me roubaram da minha juventude, dos meus sonhos de vida.
Contudo ficava-lhe bem o Senhor Presidente tomar a iniciativa de dar um passo em frente para que a situação dos antigos combatentes “sem abrigo” assim como os doentes psiquiátricos causados pelo stress pós traumático provocado pelas situações vividas nas frentes de batalha dessas guerra inglórias,fosse efectivamente tratada como há muito o deveriam ter feito.
Ficava-lhe bem Senhor Presidente e não o veríamos nessa triste figura a olhar para um ecoponto porque mesmo velhos ainda sabemos respeitar e receber o Comandante Supremo das Forças Armadas sejamos bem instalados na vida, instalados sobrevivendo ou “sem abrigo”.


sábado, 2 de novembro de 2019

Hestórias


Era uma vez um pedaço de jardim à beira do Atlântico que de um casamento de gente nobre se fez Nação e entre guerras, pelejas, navegando sem se importar com a fúria dos mares, já leva quase novecentos anos entalado entre o Atlântico e os vizinhos galegos, leoneses, castelhanos, extremenhos e andaluzes que com outros povos constituem a Espanha moderna.
Vivendo um tempo de Democracia parlamentar integrado numa União Europeia que se queria solidária e fraterna vai conhecendo tempos de evolução positiva entre avanços e recuos porque nem sempre os políticos que nos governam o fazem com a seriedade necessária à própria evolução da Democracia. É triste mas é verdade.
Ainda não passou um mês em que políticos activos organizados em partidos políticos nos prometiam uns o céu, outros o céu passando pelo purgatório e outros o inferno. Nestas coisas da política há sempre um que consegue os votos necessários para sozinho ou em coligação governar.
O partido político que já nos governava voltou para nos continuar a governar com tudo limpo e direitinho que nem o penálti que o árbitro viu mas não quis marcar. Tudo isto a propósito de em plena campanha os políticos ganhadores afirmarem a plenos pulmões que uma das grandes preocupações seriam as alterações climatéricas. Mal começam a tomar de novo decisões e temos:
- Exploração do lítio numa trapalhada de interesses pouco amigos quer da transparência quer do ambiente
- Aeroporto do Montijo outra trapalhada de interesses pouco claros e amigos do ambiente

Eu sei que em política é normal dizer-se «olha para o que eu digo e não para o que eu faço» por isso é que aprendi a ouvir e a ver o que não nos dizem nem nos mostram.

Pergunta-me a minha sombra, se o famoso lítio em vez de se concentrar em terras do interior transmontano ou beirão, existisse nas terras da beira mar que atitude seria a dos políticos governantes? Não sei mas tenho pena de hoje a sociedade civil não ter a capacidade que em 1975 impediu a construção da central nuclear em Ferrel (Peniche). Os tempos são outros e todos nós vivemos mais aburguesados dando mais tempo de antena à aculturação do halloween do que aos problemas que vão afectar a vida dos netos e bisnetos.
Quanto a aeroportos deixem-se de histórias, de gastar dinheiro que não temos para obedecer a interesses de entidade privada que não se preocupa com o país porque o seu objectivo é o lucro e só o lucro para nos continuar a subjugar.
Nem Montijo! Nem Alverca! Olhem para o que fizemos em Beja!
Comecem a construir Alcochete por fases a pensar no ambiente e no futuro de um Portugal mais próspero e solidário com os seus cidadãos e deixem de nos dar telenovelas poluídas.