segunda-feira, 21 de julho de 2014

As noites de verão na Zebreira, lá onde Portugal quase que acaba de mão dada à Estremadura Espanhola, são diferentes.
Hoje já não há pessoas sentadas à porta de casa conversando com as vizinhas e contando histórias do sagrado e do profano aos mais novos que iam passar as férias longe da cidade.
Nas paredes das casas abandonadas sente-se a ausência das conversas colectivas, o progresso da cidade também lá chegou, primeiro com a eletricidade e depois com a praga da televisão.
Na velha casa à beira da estrada, não há televisão, nem rádio, ouve-se o silêncio da noite interrompido de vez enquando pelos camiões que cavalgam a Estrada Nacional vindos de Espanha, olham-se as estrelas, as constelações e procura-se a Via Láctea enquanto a neta irrequieta vai fazendo perguntas.
Na velha casa onde não há televisão nem rádio o mundo chega pela Internet e aquela noite terminou com o reencontrar alguém que esta à beira mar lá no Lugar da Estrada.

A noite fazia adivinhar o calor do dia seguinte e este não se fez rogado com o termómetro a passar os 38ºC.

As teias de aranha do telhado da velha casa são transparentes, assim fossem as teias dos aranhões da finança e da política.


quinta-feira, 17 de julho de 2014


Sacrifícios e mais sacrifícios é o despertar constante de todos os dias.
Reformou-se a Lei do Trabalho. Por via indirecta ou de mercado, o país oferece saber e mão-de-obra qualificada a preços da «uva mijona» e mesmo assim o desemprego jovem atinge números incríveis, mesmo com a emigração jovem a não estar reflectida nas tão amadas estatísticas.
Enquanto a economia assentar as suas bases no investimento estrangeiro nunca seremos independentes. Se o D. Henrique estivesse em Sagres sentado à espera do investimento estrangeiro talvez nem um par de remos e de velas tivéssemos construído quanto mais darmos novos Mundos ao Mundo.
Temos por experiência que salvo uma ou outra excepção, os chamados grandes capitalistas à portuguesa, pouco ou nada investem na produção nacional.
Os bancos e os banqueiros intoxicam-nos com produtos financeiros que não têm nem alma nem corpo, produtos de toxicidade duvidosa. Mas para os «amigos» há sempre um «empréstimo do bom» a taxas seguramente as melhores do mercado e a garantia dada para tapar os olhos aos auditores é «o pelo do próprio cão». E assim eles vão enriquecendo e o país ficando mais endividado. Ao BPN seguiu-se o BPP e agora anda o «poderoso» BES na corda bamba, cai não cai é a dúvida que nos persegue há semanas.
Os sucessivos governos sempre mais pedintes do que propriamente Governos de Portugal andam sempre de mão estendida em Bruxelas atrás dos que têm mais poder. Criam, fazem amizades e embandeiram em arco com os milhões que Bruxelas nos concede para ano após ano irmos perdendo “doucement” a nossa Liberdade e a nossa Independência.
Se não somos Independentes não somos Livres.
Imagino, nas minhas utopias, o que seria da nossa economia se:
- os partidos políticos,
- os clubes de futebol
- e «os amigos do regime»
liquidassem 80% dos seus passivos à banca, sendo os milhões daí resultantes, aplicados no desenvolvimento da economia das empresas que nas pescas, na agricultura, na indústria de bens transacionáveis e na indústria das TI, produzem riqueza com valor acrescentado

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Bem-vindos ao Rato





Não sou filiado, nem militante de qualquer partido político o que não me impede de seguir com atenção a política e os políticos do meu país e não só.
Costumo dizer que entrei na política mais ou menos activa em 1969 e saí dela em 1979. Desde essa data que me tenho mantido na margem e como ninguém é apolítico, vejo com tristeza o que se passa na nova novela nacional “Bem-vindos ao Rato”.
Ainda tive esperança de que nos entretanto alguém aparecesse e pudesse dar um abanão no cinzentismo político que impera neste canto da Europa, mas não, os “jotas” chegaram ao poder e auto-denominam-se donos do poder, da verdade e das ideias.
Do poder a gente vê que sim, eles os “jotas” tomaram conta do poder, directa e em representação no governo ou na oposição e como a quase maioria não sabe o que é trabalhar fora da política, agarram-se ao tacho que nem as lapas às rochas.
Quanto à verdade e às ideias, baralham-se em trocadilhos e ataques pessoais, querendo fazer acreditar que são cumpridores do que apregoam uma vezes com verdade mas sem ideias e outras com ideias que todos nós vemos que não são verdade.
Na ânsia de pregarem as suas ideias aos seus discípulos, esquecem o país. É só jogo baixo e de bastidores e nem a traição é esquecida como em qualquer outra telenovela.
Os princípios ou programas eleitorais são como os sumários das aulas não nos ensinam nada e vai daí só os seguidores são seus leitores.
Quase tudo se resume à imagem dos protagonistas, mais ou menos fotogénicos, mais ou menos assertivos, todos a bem pela nação que se se descuidam ainda perdem o eléctrico para S. Bento.
Há muito que vi que o AJS foi um erro de casting, como já tinha sido um erro o JS. A autocrítica já não faz parte do saber e da cultura política dos “jotas” por isso os partidos e os militantes destes, em campanha pouca diferença têm um dos outros.


Se tivesse que escolher, não havendo outra alternativa mais patriótica e programática escolhia o AC.

Gosto de futebol

Gosto de futebol

Um jogo de futebol é a representação prática de como as estratégias e as tacticas desde as mais antigas às mais inovadoras não cabem numa folha de excel e, ainda bem.

Ontem à noite fomos servidos com mais um espetáculo de alta representação e interpretação futebolística, onde os mais fortes e melhores apetrechados tecnicamente se viram e desejaram para alcançarem a vitória.

Só um poderia seguir em frente. Segue o mais forte mas parabéns aos vencidos que venderam cara a derrota.

Quem ganhou?

- Ganhou o Futebol!


Acabou a ilusão que nos incutiram de sermos das melhores equipas da FIFA. A classificação que nos atribuíam antes do campeonato começar, faz lembras as classificações das empresas de rating, ninguém sabe como se fazem mas usam-se e assim se influenciam os espíritos mais incautos.
Apontar culpados, exigir a caça às bruxas de nada serve porque na realidade a equipa pouco ou nada jogou e no conjunto ou no somatório individual vale mais do que aquilo que demonstrou nos jogos deste campeonato.
É a hora de se olhar para a frente, de se debater que futebol queremos ter e que selecção desejamos para o futuro. Falar em renovação é mais fácil do que executa-la quando na realidade ao olharmos para os clubes da 1ª divisão do meio da tabela para cima, com dificuldade encontramos jogadores jovens portugueses a jogar com regularidade.
A óptica mercantilista dos chamados grandes clubes põe em causa o futuro da selecção portuguesa e por isso está na hora de estabelecer planos e metas para o desenvolvimento dos jovens jogadores portugueses. O Governo independentemente da sua cor política deve dizer que futuro quer para o desporto nacional e actuar junto das instâncias desportivas de modo a fazer-se o levantamento das necessidades e das obrigações que as mesmas instituições têm de impor na sua área de acção.

Não é por termos um jogador que é considerado por muitos como o melhor do mundo que vamos lá se não houver a imposição de metas e medidas que defendam o jogador português.
Depois de uma noite mal digerida e mal dormida, até o dia na sua renovação diurna se apresenta cinzento e já estamos no verão. Para qualquer sitio que nos viremos é só futebol e o falhanço da selecção de Portugal no campeonato do mundo no Brasil. Tudo o resto que vai acontecendo neste país é secundário.
Agora, preparam-se as baterias para a próxima quinta-feira onde os que acreditam em milagres vêem a equipa de Portugal não só ganhar como passar aos oitavos de final.
Para mim mais importante do que passar ou não passar é a atitude da equipa no seu colectivo e as razões que a levam a não ter chama, a não ter garra, a entrarem em campo sem alma.
Como não sou nem especialista nem acredito em bruxas, embora elas existam, eu gostava de ver a equipa lutar, correr o campo todos os 90 minutos, depois até podia perder já que a bola é redonda e são pelo menos 11 de cada lado sem contar com as famigeradas arbitragens.

… E esta coisa de dizerem que temos o melhor jogador do mundo são invenções do sistema que me faz lembrar os muitos “fazedores de opiniões” (elementos do mesmo sistema) sobre as capacidades de determinados economistas…