segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Eutanásia 2


Ao longo da história da humanidade "Homo Sapiens" existiram muitas guerras, muitas lutas de poder. As guerras foram e são um mal terrível mas contribuíram para o avanço da ciência. O livro "O Físico" de Noah Gordon, é apenas um dos muitos livros que relatam guerras sanguinárias mas também da guerra que ocorreu sempre ao longo da história com os religiosos perseguindo, sem apelo nem agravo, todos aqueles que procuravam o evoluir do saber, dos conhecimentos, no fundo da ciência.
Foi, é e será uma luta de pólos quase sempre divergentes. Uns porque pensam através da ciência mostrar a inexistência de um ser divino que designamos por Deus. Os outros, os das religiões, quase sempre com medo de que o seu poder possa ser questionável, as suas verdades absolutas postas em causa, procuram fechar as mentes dos seus seguidores, servindo-se para tal do maior produto imaterial que ao longo da história lhes deu o poder, ou seja, "o medo do pecado" .
Mesmo assim chegamos aqui depois de Nicolau Copérnico, de Galileu Galilei, de Charles. Darwin e de tantos outros cientistas, filósofos e livres pensadores serem perseguidos e condenados só porque cometiam o «pecado» de verem, estudarem e concluírem saberes, que os religiosos no seu poder quase absoluto de então, negavam apavorados, escondendo o medo que eles próprios sentiam por esses avanços do conhecimento lhes poder tirar status e poder.
No passado da nossa história o clímax do fanatismo medroso da Igreja foi a Inquisição com o famigerado tribunal de assassinos designado por Santo Ofício. Os Autos de Fé o maior exemplo da piedade que os ditos religiosos tinham sobre o conceito do sofrimento e da vida humana, foi exercido, levado a cabo em nome do seu piedoso deus.

Tenho as minhas dúvidas e a minha ideia sobre a eutanásia, não vou criticar uns e aplaudir outros nem sequer tecer armas sobre as minhas dúvidas e a minha certeza de estar em perfeito juízo para poder decidir. Ao referendo digo não. Não! porque irá dar largas aos fanáticos, ao ódio que cega as mentes, aos oportunistas retrógrado, aos "beatos" que nem sequer frequentam a missa dominical das religiões mas que agora batem com a mão no peito num «ai Deus que nos acuda e nos livre das garras de satanás» que nos querem matar.
A eutanásia não é o fim da picada e muito menos o fim do mundo. A eutanásia não é matar os velhos. A eutanásia não só é fraturante na sociedade como no íntimo de muitos, dos que estão a favor e dos que estão contra a sua promulgação. É porventura uma das decisões mais difíceis, senão mesmo a mais difícil, que o ser humano poderá ter após o nascimento.
Para terminar. A ciência e a medicina desenvolveram-se graças à luta de muitos homens do saber contra os preceitos, as verdades absolutas das Igrejas. Dizer que a ciências médicas se desenvolveram para defender a vida é apenas meia mentira escondendo o Sol com uma peneira, porque lhe falta o elemento fundamental, o ser humano, o tal "Homo Sapiens" de que todos fazemos parte. Todo o desenvolvimento do conhecimento científico ao longo dos séculos na área da saúde tem como objectivo o bem estar do ser humano, porque é este o seu principal elemento. Por mais que os defensores do "não" possam gritar e propagar por todos os meios ao seu dispor, de que é a "vida" no seu conceito mais conservador-religioso e abstrato, não é verdade. A ciência que hoje chamamos de Medicina desenvolveu-se e desenvolve-se na procura de melhorar o bem estar do ser humano.
Em última análise será o ser humano consciente, na posse de todas as suas valências psíquicas que caberá a dificílima decisão sobre o que fazer à sua vida ao seu sofrer sem solução, caso a lei que autoriza a eutanásia venha a ser promulgada. Ao técnico de saúde restará a obrigação de exercer a sua profissão de acordo com a legislação em vigor porque na eutanásia não se mata ninguém, acaba-se com o sofrimento de alguém que teve capacidade de escolha.

A eutanásia é como o "aborto" sempre existiram na sociedade, de forma clandestina mas existiram. Torná-la não clandestina será o fim da picada? Duvido. Eu e as minhas dúvidas.

Lembro o slogan que um dia encontrei nas ruas da cidade de Luanda depois de Abril 74, " A minha Liberdade acaba onde começa a Liberdade do outro".

Parafraseando o padre Felicidade Alves "Deus na sua transcendência a todos os Homens quer bem".

Acabo, esperando não voltar a falar deste assunto que só ao ser humano na sua intima unidade diz respeito desde que tenha Liberdade de escolha.

Os papagaios


Os papagaios televisivos do Reino a mando dos seus chefes na sombra, andam loucos para que apareça um caso positivo do filha da puta do vírus chinês baptizado de "coronavírus". Correm desenfreados atrás das suspeitas todos reclamando exclusividade, esfregam as mãos para que os técnicos de saúde do IRJ comuniquem o resultado de alguma das análises à DGS seja positivo. Murchos, desiludidos até hoje felizmente, aguardam qual alcateia esfomeada que surja nova suspeita de que o filho da puta do vírus se possa ter alojado num humano habitante deste reino ou que esteja em transito por cá.
Emboscados que estão nesta ansiedade ansiosa, eis que surge a triste notícia de um cidadão português infectado ao largo do Japão, trabalhador que é duma dessas cidades-flutuantes-poluentes que tantos sonhos criam em tantos cidadãos da tal nomeada classe média, onde tantos gostam de pertencer.
- E agora?
- Como é que podem utilizar este caso do cidadão português infectado lá longe no oriente, para continuarem a atacar dissimuladamente o nosso Serviço Nacional de Saúde público?
- Que notícias fabricar para atacar o Governo do Estado pelo que deveria ter feito e não fez?
- Quantos dos papagaios televisivos já correram, voaram e nadaram para chegarem perto do tal navio cidade-flutuante-poluente a fim de obterem em exclusividade uma imagem, uma fotografia do cidadão português infectado e, ao que parece meio abandonado no seu cubículo pela estrutura empresarial dona ou gestora da tal cidade-flutuante-poluidora?
- Como não podem atacar os SNS nem os amigos empreendedores privados da cidade-flutuante-poluidora viraram-se para a Embaixada de Portugal no Japão criando cenários nas mentes dos seus fieis seguidores, alguns dos quais esperam já ansiosos pela investigação a levar a cabo pelas jornaleiras da praxe que a tudo tem acesso e sobre tudo sabem de sua justiça.
Entretanto a ave agoirenta que comanda os destinos da sua ordem profissional continua a sua cruzada por um Serviço Nacional de Saúde nas mãos de privados e companhias de seguro bem mais suas amigas ao seu jeito.
Tudo “A Bem da Nação ou do Reino”, já nem sei.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Caminho solitário


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Tudo cambia


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Se aqui estivesses


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

As virgens ofendidas.


Os órgãos de comunicação que ao longo dos últimos dois três anos têm promovido a figuras pública pessoas que defendem valores da raça branca sobre em especial a raça negra esquecendo que a origem a todos é comum, pessoas que defendem valores muito próximos do nazismo e do fascismo, desde ontem à noite que não falam de outra coisa que não seja os insultos racistas que se verificaram num jogo de futebol em Guimarães onde energúmenos cobardes gritaram e ofenderam o jogador Marega que saiu do campo sozinho revoltado com os insultos mas talvez também pela atitude complacente, não só, com os seus colegas de equipa, mas também com a complacência de uma equipa de arbitragem comandada por um conhecido "padre sem paramentos", auxiliada por um "ferarri encarnado" os quais se esqueceram(?) de cumprir com os regulamentos do organismo superior das competições futebolísticas, a FIFA, que manda nestes casos suspender o jogo de imediato, saindo todos do rectângulo de jogo.
As virgens ofendidas da comunicação televisiva que só falavam dos energúmenos e cobardes adeptos de claques sportinguistas que invadiram e atacaram os seus próprios jogadores, esquecendo, limpando e branqueando imagens de outras claques de outros clubes tão ou mais energúmenos que aqueles de Alcochete, que não só, também eles já invadiram centros de estágios, como uma delas já tem no seu curriculum pelo menos duas mortes, falam agora muito ofendidos do que há muito grassa e cresce no futebol sob a protecção de venerandos dirigentes que se apoderaram de tais instituições, "O Fanatismo Odioso" .
Até se parecem com os PIDES da Catota em Angola que depois de Abril74 em reuniões onde eu estava presente se diziam serem pela Democracia que sempre defenderam.

Quanto aos órgãos que superintendem o futebol, Liga, Federação, Governo através de uma Secretaria de Estado, emitirão comunicados de palavras redondas, ofendidas de repulsa pelo acontecido, abrirão um inquérito, talvez o clube de Guimarães sofra uma multa mais pesada, talvez veja o estádio interdito aos adeptos, recorrendo o clube talvez aos advogados que com recursos têm impedido que se efectuem jogos à porta fechada num outro clube, cujos processos se vão arrastando numa qualquer gaveta de um juiz ou funcionário de justiça amigo. 
Por parte do Governo, a nulidade negativa configurada num Secretário de Estado aos costumes dirá pouco que mais que nada enunciando as ocasionais palavras que somos todos contra qualquer forma de racismo podendo acrescentar que estará em curso um processo de averiguações.

Qual será a posição do Director Geral da PSP que numa entrevista televisiva que gostei de ouvir deu mostras de ser intransigente para com os energúmenos cobardes que vivem e se escondem nas famigeradas claques ou grupo de adeptos organizados cujo origem é a mesma, extremistas organizados a soldo das direcções dos clubes (quais guardas pretorianas), sob a imagem de que dão colorido ao espectáculo futebolístico. Um colorido fanático a acicatar ódios entre adeptos e jogadores.
Depois com o passar do tempo talvez o ocorrido seja esquecido pelos que se deixam embalar no amor-fanático-clubístico, pelas vitórias dos seus clubes ou da selecção nacional em mais um europeu. E tudo continuará como dantes.
Depois, bem depois, alguns dirão que não, que isto não anda tudo ligado que o futebol nada tem a ver com a política, pelo que as claques e ou grupo organizados de adeptos não deverão ser totalmente proibidos, continuando a andar pelos tais órgãos de comunicação a defender a existências das mesmas desde que com certos limites nunca enunciados, porque o fanatismo e o ódio não têm limites.
Depois, outra vez, virada a página do futebol-política-futebol, entrando na página da sociedade em geral iremos continuar passivamente a queixarmos-nos muito ofendidos com o aparecimento de populistas arrivistas, videirinhos farsantes, mentirosos e saudosistas da ditadura de uma pequena classe de elite sobre todas as outras classes, como são estas aves negras do Chega que vêm chegando da hibernação democrática a que se submeteram disfarçados, mascarados e recauchutados durante anos e que agora tão promovidos são, nos tais órgãos de comunicação de virgem ofendidas com aquilo que ontem à noite ocorreu num jogo de futebol, como se isso não fosse corrente na sociedade em geral que em palavras repudia o racismo mas que na pratica olha para o lado de forma sempre mais ou menos encoberta e complacente.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Hipocrisias


Palavras bonitas, elogiosas se ouviram ontem no Parlamento. Até parece que a senhora se dignou ir cumprimentar alguns antigos combatentes. Os partidos todos com palavras reconhecendo os antigos combatentes. Foi uma festa. Todos unidos e interessados nos votos que os antigos combatentes que vão resistindo à passagem do tempo ainda lhes possam dar.
Mas, como era de esperar todo o palavreado usado naquela hora, misturou interesses divergentes. Tão diferentes que por esperteza política saloia misturam antigos combatentes que obrigados pela força de um regime foram combatentes em várias frentes de combate numa "guerra" , com os actuais militares que vão voluntários para "missões de paz" .
Será que "ser obrigado" e "ser voluntário" tem o mesmo significado para aquela gente que anda e vive pelo Parlamento?
Será que aquelas cabeças não sabem distinguir o que foi combater numa guerra onde quase tudo faltava, com as actuais "missões de paz"?
Será que os seus pais e avós nunca lhes contaram o que porventura tenham passado?
Será que a senhora, os assessores e deputados nunca leram nada sobre a guerra colonial?
Então na tal comissão leiam antes de começarem a discutir, leiam por exemplo o livro de Carlos Vale Ferraz "Nó Cego" ou num outro registo “O Muro” de Afonso Valente Batista e, depois antes de falarem pensem e meditem, não misturem alhos com bugalhos. Tenham vergonha.
Que interesses tem aqueles políticos ao misturar coisas tão distintas?
Já quando há uns anos atrás envergonhados deram aos antigos combatentes a esmola anual no máximo de 150€ sujeita a IRS, não tiveram coragem por razões de classe em distinguir aqueles que fizeram a guerra em quartéis-generais dos outros que sofreram a guerra no mato. Ontem, voltam a misturar interesses, organizações e corporações.
Pergunto, o que é que a Liga dos Combatentes fez ao longo destes quarenta e seis anos em defesa da saúde dos antigos combatentes que vieram da guerra sofrendo de stress pós guerra? Que se saiba, NADA!!
Talvez por isso os elogios que recebeu.
Mas pelo menos parece que ninguém se lembrou de elogiar o trabalho meritório e arriscadíssimo que as senhoras do Movimento Nacional Feminino, pondo a sua vida em perigo tiveram naqueles anos de guerra. Valha-nos pelo menos issso.
Não sou "ex-combatente" , sou "antigo combatente" porque andei no mato e sofri as agruras de uma guerra sem sentido, porque, sem solução militar.
Já nada espero do actual regime em relação aos anos de guerra. Aliás nunca reivindiquei nada para mim. A minha revolta é alimentada pela hipocrisia de todos os governos em relação aos antigos combatentes que sofrem doenças mentais por causa da guerra, de políticos que usam os sem abrigo em acções de caridade e nem uma palha mexeram e mexem para minimizar a vida dos sem abrigo antigos combatentes.
Aquilo que o anterior regime de ditadura feroz me tirou, anos da minha juventude, não me pode ser devolvido pelo actual regime democrático medroso por vezes cínico em palavras redondas dos actuais políticos.
Fodam-se! É a palavra que melhor espelha o sentimento meu e de muitos como eu.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Uma porra esta vida


Não entendo o barulho, o ruído à volta do IVA da electricidade. Eu sei que 6 é diferente de 23. Eu sei que aplicando os seis por cento que se pagará menos no custo total factura. Eu sei que essa descida na taxa poderia dar para mais uns tostões de poupança no parco rendimento de muitas famílias. Mas também sei que esse IVA não é o factor principal no custo da electricidade que suportamos como se fossemos o povo mais rico da União Europeia e arredores. O problema vem de trás, é mais velho ou da mesma idade que a aplicação da taxa máxima do IVA à electricidade. O problema, a causa, foi de certo modo a ganância o enorme erro de políticos aquando da entrega a preços de saldos das nossas empresas publicas estratégicas ao capital estrangeiro. O problema a resolver ontem que hoje é tarde são as “Rendas” que temos de pagar aos monopolistas ususrários a quem entregámos as nossas empresas estratégicas, repito.
E o que se passa na electricidade passa-se nas telecomunicações sem esquecer todas as outras.
Mas por populismo barato porque falar do IVA pode dar votos, eles entretêm-nos e dividem-nos escondendo o medo de mexer nas famigeradas “Rendas”. Dizem escondendo-se medrosos os que governam que essa acção de renogociar os valores das “Rendas” poderia por em causa a imagem do nosso País nos mercados estrangeiros. Quer dizer, em causa perante os grandes capitalistas e os fundos tão fundos que em muitos nem a nascente do fundo é conhecida.
Já saímos do espartilho que a santa aliança FMI-UE nos fez viver sob as erradas previsões efectuadas por altos cérebros de competentíssimos quadros insensíveis ao sofrimento humano. De cábulas passámos a bons alunos, continuando contudo na cauda do pelotão europeu com o carro de vassoura sempre à vista lá atrás.
Temos governantes que nacionalizaram um buracão de fundo abissal chamado BPN e deixaram nas mãos duvidosas dos accionistas os bens tangíveis e intangíveis que os enriqueceram à custa das falcatruas e vigarices efectuadas pela gestão do banco. Temos governantes que nos enganaram com cara de hóstias e promessas de santinhos com o BES, com o BANIF. Governantes que nos continuam a pedir sacrifícios para continuarmos a pagar não só o IVA a 23% na electricidade mas em todos os bens e serviços a ela, taxa, sujeitos; porque quando a meio de um exercício económico lá atrás os governantes de então alteraram a taxa de IVA de 17 para 19 por cento era, disseram-nos, que temporário para o reequilíbrio das contas do Estado. Dos 17, depois 19, já vamos em 23 por cento, porque as contas nunca estão equilibradas. E mesmo que deitem foguetes por apresentarem previsão de excedente orçamental as contas continuarão desiquilibradas, sendo que o mesmo desequilíbrio não é em si nenhum mal, antes uma quase necessidade crónica do modelo económico consumista seguido. E tudo isto infelizmente para continuarem a meter milhões em bancos privados. Será que é também por causa da imagem do País no exterior que metem os milhões arrecadados por impostos e dívida pública nas mãos dos representantes do capitalismo financeiro?
Para capitalizar uma empresa publica com fundos públicos é o cabo dos trabalhos, dizem-nos que as leis(?) não o permitem e, os euro-burocratas liberais de Bruxelas não gostam. Nós acreditamos mas duvidamos continuando a jogar à bisca, à sueca e ao bilhar de bolso.
Para meter milhões nos bolsos de usurários capitalistas privados é «tudo a bem da Nação» beneficiando a imagem no exterior junto de gajos que nós nem sequer sabemos quem são. Uma porra esta vida de marinheiros!
Depois queixamo-nos muito ofendidos com o aparecimento de arrivistas farsantes, mentirosos e saudosistas do “Botas” da ditadura de uma pequena classe de elite sobre todas as outras, como são estas aves negras do Chega que vêm chegando da hibernação democrática a que se submeteram disfarçados, mascarados e recauchutados.
Uma porra esta vida de marinheiros!

O Medo


Com a idade vão aparecendo as maleitas, as dores e outras mazelas quer físicas quer mentais. Com a idade ficamos mais sensíveis aos medos. Medos quer das doenças e outras maleitas quer dos outros medos que os senhores, donos do mercado, nos infundem a toda a hora com notícias tão ou mais alarmantes do que o perigo em si mesmo. Claro que devemos ter sempre cuidados com a própria saúde, com a falta dela ou com os surtos e epidemias que ciclicamente aparecem e nos querem visitar, pondo em perigo a nossa velha companheira de viagem que é a saúde.
Uma coisa é termos cuidado, evitarmos situações de risco que possam tornar o nosso sistema imunitário mais vulnerável do que a própria idade o vem tornando. Outra coisa é deixarmos que o medo de podermos ser vítimas dos desconhecidos fungos, bactérias e vírus, tome conta de nós fragilizando-nos mentalmente ao ponto de termos medo de sair à rua, medo de andar em transportes públicos com outras pessoas que usam máscaras para respirarem, medo de ir a um hospital publico, de ir ao centro de saúde com medo dos doentes que possam lá estar. Medo até de ter medo.
O não ao medo é necessário e urgente, pois o medo é um outro vírus, velho mas em constante renovação. Um vírus para o qual a cura depende mais de nós próprios do que de todos os meios que o Serviço Nacional de Saúde ou das próprias forças de segurança tenham à nossa disposição.
O medo é o vírus que os donos do mercado espalham quase em continuo através dos seus fiéis órgãos de comunicação. Um vírus para o qual não há vacina disponível a não ser a nossa própria capacidade de resistir de lhe dar um pontapé no cú mandando-o às urtigas mais venenosas que existem.

Eutanásia


Eutanásia. Um bem ou um mal necessário? Não sei. Tenho muitas dúvidas. Dúvidas minhas que não me impedem de respeitar a vontade do outro.
Dúvidas e medos mais da qualidade da lei que poderá sair de S. Bento do que de outra coisa. Não acredito no saber com qualidade da maioria dos que por lá se sentam às ordens das estruturas partidárias, assim como, dos vários gabinetes de amigalhaços que a pedido elaboram os seus pareceres com a chancela de grandes firmas de advogados, consultores, revisores etc. pagos a preço altamente inflacionado pela chancela curricular de tais amigalhaços.
Várias vezes falava da eutanásia com o meu pai. Ele um defensor convicto. Eu e as minhas dúvidas. Depois quando o visitava vivo-morto naquele quarto do HUC sabendo eu a sua opinião sobre o viver vegetativo questionava-me sobre o porquê de tanto sofrer. Não acreditava naquilo que os médicos me diziam sobre o seu não sofrimento, pois o aperto que a sua mão nos dava dizia-me exactamente o contrário, o seu sofrimento por não o deixarmos partir desta viagem. Felizmente apenas viveu naquele estado vegetativo um mês e quatro dias.
Confundir ou misturar cuidados paliativos com a eutanásia é querer misturar o azeite com o vinagre ou de outro modo, o que é que o cu tem a ver com as calças? Claro que há que melhorar e muito o apoio, o investimento na área dos cuidados, mas no meu fraco entender isso não pode tirar a liberdade a alguém que em consciência um dia pode tomar a decisão de não querer viver sofrendo e fazendo sofrer, alterando a vida a todos aqueles que vivendo à sua volta o amam. A decisão será sempre sua e nunca poderá ser de terceiros, excepto em caso muito mas muito excepcionais, restritos, claros e concisos de pais sobre filhos menores que não tiveram tempo ou saber para a escolha consciente do acto de poder morrer de morte assistida. Uma coisa não invalida a outra.
O referendo não acaba com as minhas dúvidas, aumenta-as. A discussão pública só irá dividir ainda mais o país e as dúvidas, as minhas, aumentam exponencialmente, porque continuamos a ser culturalmente um país de brandos costumes e públicas virtudes, onde o fanatismo crescente cega até os que parecem ter a lucidez necessária para olhar as diversas cores do arco íris sem o ver a preto e branco. A discussão pública irá dar mais voz às religiões quando o facto é mais político de interesse público do que religioso, sabendo eu, que a grande maioria que professam a sua fé num Deus religioso estarão contra a implementação da eutanásia, pois que o fanatismo religioso esquece, não respeita, a liberdade de quem não segue nenhuma religião, de quem vive e não aceita a existência de um Deus religioso, esquecendo eles, os religiosos, que a Inquisição que durou séculos neste país foi oficialmente e definitivamente extinta pelo Marquês de Pombal.
Não há que matar ninguém. A eutanásia não é, nem poderá nunca ser uma forma de morte aleatória. Antes um decisão consciente de alguém sobre a sua própria maneira de viver a sua própria vida doente e sofrida.
Outras dúvidas me assaltam sobre a oportunidade da discussão deste assunto e sobre os custos que isso poderá acarretar ao eterno sub-orçamentado Serviço Nacional de Saúde. Pelas notícias que vamos tendo conhecimento só os muitos ricos têm acesso à morte assistida em clínicas privadas em outros países. Morrer sem dor por opção própria custa muito dinheiro. Que verbas irão ser cativadas no SNS para financiar os casos que possam existir de eutanásia se a mesma for aprovada?
Há ainda tanta coisa para fazer neste país, há ainda tanta coisa para realizar a bem das populações que sofrem quer no litoral quer no interior, o porque deste assunto fraturante da nossa sociedade estar na ordem do dia? só porque alguns políticos vaidosos do seu umbigo e que se acham de esquerda o colocam na ordem por se acharem com mais ideias dos que os seus outros adversários?


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Não, não vou por aí

Não, não quero discutir política. Fujo dessas discussões sem meter a cabeça na areia como a avestruz. Fujo quer da política, quer do futebol cá do reino, uns e outros viciados cada um a seu modo com alguns pontos comuns. Não quero saber se o “A” fala verdade ou se esta calado, se o “B” disse o que disse ao meter a mão na massa em negócios públicos ou as contas do “C” certinhas ao tostão para uns e para outros enganou-se em mais de um milhão. Tudo isso que nos dizem e nos querem fazer crer, não passa do prefácio para uma nova telenovela real que muitos de nós já vivemos lá atrás no tempo em que o tempo não existia fora das mordaças abjectas do regime. Já dei para esse longo e cansativo peditório.
Estou cansado, quero paz, pelo que me canso ao ouvir as notícias de imagens televisivas, os folhetins investigatórios emitindo juízos condizentes a julgamento popular de acordo com os interesses de “justiceiros” duvidosos, que com amigos na sombra manobram os cordéis da comunicação que nos servem em bandejas “democráticas” como se os seus pareceres fossem verdades absolutas onde o contraditório esta normalmente ausente.
Democratas de fatinho de marca, bem falantes de falas redondas, submissos com o capital inimigo das amplas liberdades obtidas depois de Abril74, trouxeram-nos com as suas falas e medos para o actual estado onde a Democracia se vê ameaçada por uma Justiça justiceira, por uma comunicação social populista amiga de extremistas, saudosa dos tempos em que o “botas” e os seus capangas nos traziam amordaçados com medo até de que as paredes ouvissem os nossos sonhos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
Não, não vou por aí, recuso-me a seguir o rebanho, prefiro ser uma ovelha ranhosa na outra margem.  

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Classe média

Recuso-me a ser classificado de classe média. Sou e quero continuar a ser pequeno burguês filho de pai funcionário público e mãe doméstica já falecidos.
A classe média é uma mentira política e social para iludir, enganar, convencer os mais distraídos de que somos todos iguais e essa coisa da luta de classes, é coisa do passado, já não há lugar, não existe mais. Como nos querem enganar com essa coisa de sermos quase todos classe média. A luta de classes mudou, alterou-se e muito é certo, mas as diferentes classes sociais continuam aí.
Como não comungo dessas missas de classe média, vou continuar enquanto por cá andar a ser pequeno burguês de classe. Não sou, não quero pertencer a essa caldeirada de classe média onde abundam seres humanos muito pouco recomendáveis. São mais que muitas as urtigas e ervas daninhas venenosas que se incluem nessa tal de classe média.
Não vou nesse barco.
Não quero pertencer a essa caldeirada mal cheirosa.
Assim há muito que saltei borda fora.
Vale mais só que mal acompanhado.
Prefiro andar pelos trilhos e picadas mal tratadas da outra margem. Sou pequeno burguês de origem e de carácter, não vou mudar. Que se lixe, para não dizer um outro e caloroso palavrão, digo e repito, que se lixe a classe média. Não lhe pertenço.