segunda-feira, 16 de outubro de 2023

13.06.23

 

Fez ontem anos, cinquenta e quatro, que fui "às sortes" ou seja à inspeção para o serviço militar obrigatório, que de sorte nada tinha. Nesse ano o Estado lembrou-se de mim, convocando-me para comparecer no Regimento de Artilharia Ligeira 1, mais tarde RALIS, tendo sido apurado para todo o serviço, como era esperado já que não apresentava nenhuma deficiência visível aos "lateiros do júri" que ao olharem para a nossa nudez nos apuravam de imediato, pois a guerra que os governantes alimentavam nas três frentes africanas assim determinava.

Nesse mesmo ano, sendo feriado como ainda o é, dia do Santo António padroeiro de Lisboa, continuei em casa dando continuidade ao estudo da disciplina História Geral e Económica já que no dia seguinte tinha prova de frequência da cadeira no velho "Cortiço", ICL à Rua das Chagas.

Agora, já de barbas brancas, gostava de continuar a estudar, mas quando pego em livros do ensino oficial atual, sinto-me incapaz. Às vezes penso se aquilo que penso saber não está tudo errado. Há muitos anos, dei explicações. Hoje não sei se seria capaz de ajudar os atuais jovens que frequentam o ensino oficial.

Esta vida já não é o que foi e muito menos o que alguns, não muitos, chegaram a sonhar quando os jovens militares mudaram a agulha dos carris da antiga vida para dar esperança ao país de uma nova forma de vida.

Vivemos alegremente um modo de vida ilusório, pois já nada depende exclusivamente de nós, entregues que fomos aos credores da finança especulativa e gananciosa sem limites e aos liberais que em Bruxelas dirigem esta salada de países como União Europeia. A riqueza que se criamos não chega para alimentar a máquina do Estado que diminuindo em número de funcionários públicos efetivos, aumentou e continua a aumentar em massa salarial com tantos ministros, tantos secretários de estado, tantos diretores gerais, com todos eles a precisarem de um exército de gente assessores, secretários e ajudantes, recrutados por confiança política nas organizações dos próprios partido políticos governantes, em que alguns ainda de fraldas, sem experiência nem calo da vida, auferem remunerações criminosas quando as comparamos com pessoal médico do SNS por exemplo.

Podem vir as festas dos Santos Populares, pode chegar a nova peregrinação dos católicos para a “jmj” para com esse evento comercial que nos dizem ser de fé virem depois tapar os olhos com os números do turismo e as exportações que o mesmo evento gera a mando dos servos liberais em Bruxelas, o país como há cinquenta e quatro anos não enxerga um futuro radioso para as suas gentes que estudam e trabalham, porque para os reformados e aposentados há muito que o seu país não é para eles fazendo jus à frase «este país não é para velhos».

Não há muitos anos um governo à direita "roubou" nas remunerações dos velhos, para agora este mesmo governo em ação que se diz socialista alterando a lei que atualizava o valor das reformas voltar a "roubar" desse modo no valor das pensões futuras dos reformados e pensionistas.

Se os de Bruxelas ameaçam com um espirro, logo os governantes cumprem zelosamente essas ordens sem olharem às condições em que os cidadãos vivem objetivamente. Foi assim com o aumento o IVA na eletricidade e comunicações para depois quando a economia justificava a baixas da taxa do mesmo IVA, argumentarem os políticos governantes que tinham de obter autorização dos burocratas liberais bruxelianos. Já nem autonomia fiscal aparentamos possuir ter. Triste fado o deste nosso torrão à beira mar que é Portugal.

Não é fácil encarar a triste realidade da ilusão, sem sentirmos a revolta a tomar conta de nós numa tristeza que aparenta não ter retrocesso. Por onde andará a esperança?

Fácil é viver cantando e rindo em viagens submissas sempre de mão estendia às esmolas de Bruxelas, apontando a culpa aos outros quando em crescendo os salazaristas conversos democratas na Nova Ordem Democrática face aos erros cometidos por sucessivos governantes afinam as gargantas cantando o velho hino da mocidade portuguesa, faltando-lhes perder alguma vergonha escondida para ao cantarem estenderem o braço direito a exemplo dos falangistas da vizinha Espanha.


11.06.23

 

Cansado deste tempo de guerras do diz que diz entre politiqueiros. Sou republicano, defendo a Republica, mas estou cansado das lutas do diz que diz ou disse mas não disse. Um país com quase novecentos anos de história merecia ter outra qualidade de governantes, de políticos, e não estes discursos de populismo barato e mentiroso entre uns e outros, por vezes ao nível mais baixo que o das varinas na ribeira.

Cansado por não perceber como pode um país depois de ter vivido quarenta e oito anos de uma ditadura feroz de tanta miséria, terem os seus cidadãos ao fim de uma dezena de anos após a instauração de Nova Ordem Democrática escolhido para governar um ressabiado converso democrata, salazarista convicto, e não contentes com esses anos de governação perdidos em que se "marcou passo", se fez à "direita volver" e "marcha atrás" em questões sociais do Estado Social, ainda o elegeram anos mais tarde para presidente. 

Tresmalhado do rebanho, sente alguma acalmia no seu espírito quando desliga das mentiras que os órgãos de comunicação difundem a mando dos patrões sem rosto nem alma humanista.

Não contentes com o ressabiado converso democrata, salazarista convicto, escolhem de novo para o substituir como presidente um outro converso democrata, antigo salazarista, que nos últimos anos do Estado Novo foi educado pelos padrinhos do regime para ser o futuro dirigente do partido único, a Ação Nacional Popular de Marcelo Caetano, como tal futuro Primeiro Ministro todo poderoso que dominava o pais em ditadura miserável há mais de quatro décadas, para desse modo continuar a zelar pela manutenção da ordem segundo os bons costumes e publicas virtudes da trilogia Deus, Pátria e Família.

Como pode este país progredir se até muitos dos ditos nobres republicanos da Nova Ordem Democrática, que se fazem passar por esquerda ao centro ou esquerda democrática apoiaram a eleição para um segundo e triste mandato do converso democrata “enfant terrible” do Estado Novo?