Reuniram-se
Ministros com o Presidente em reunião de Conselho de Ministros de
pompa e circunstância. Informaram-nos que trataram das Florestas.
As
televisões na sua saga saudosista de promoção de outros
governantes, de outras políticas, recuperaram a tragédia de há
vinte anos para explorando sem dó a dor dos familiares que
perderam entes queridos naquela trágica noite em que a ponte de
Entre-os-Rios caiu. Repetiram
hora a hora as trágicas
imagens acompanhadas por novas
entoações.
Voltando
à reunião de pompa e circunstância, o que terão falado e decidido
aquelas sumidades que já não nos tenham prometido?
Não
ando pelos muitos cabeços e vales do centro do país para
ver com olhos de ver o que esta a ser feito. Limito-me a viajar na
autoestrada que atravessa vários concelhos
da errada designação «zona do pinhal». Errada, pois que há já
vários anos que não é assim de tanto pinhal. O eucalipto leva a
palma ao pinheiro.
Em
2017 numa das minhas viagens mensais pela A23 a
mesma estava cortada por causa de um incêndio. Quando mais à frente
voltei, por indicação das autoridades, a entrar na A23 apanhei por
baixo do viaduto que existe depois da saída para Proença-a-Nova o
início de um outro incêndio que durou vários dias pelos vales e
cabeços de Vila Velha de Ródão e Gavião consumindo mato,
pinheiros e eucaliptos. O terrível clima do ano de 2017 deixou a
paisagem circundante da A23 numa cor negra de dor e tragédia. Aqui e
ali pequenas bolsas verdes de eucaliptos e de alguns poucos pinheiros
que escaparam à força assassina da união fogo e vento.
Muito
se
escreveu, falou, opinaram uns e prometeram os Governantes. Relembro
os muitos especialistas que depois da casa arrombada criticavam como
sabichões das causas dos incêndios. Relembro os muitos ecologistas
de ar condicionado a falarem das variedades autóctones. Os do
Governo entalados pelos factos e pelos muitos especialistas
sabichões, sem grandes alternativas lá ia prometendo mais estudos e
mais uma reforma da floresta.
Passou-se
o ano de 2018, o ano de 2019, o ano de 2020 e a paisagem circundante
na A23 diz-me que em áreas de empresas e associação de empresários
a terra foi tratada e o que se vê é eucalipto. As
restantes áreas onde ainda havia algum pinhal ou continuam entregues
às variações climatéricas ou o eucalipto vai dominando.
Nada
tenho contra o eucalipto. O eucalipto só por si não arde, sendo
talvez a forma dos proprietários daqueles terrenos de cabeços e
vales tirarem algum rendimento da terra.
O
que me irrita de algum modo é o tanto falarem da floresta, da
reforma para a floresta, do levantamento do cadastro agrícola e tudo
continuar quase
como
dantes.
Infelizmente
para o ambiente e para todos nós que através dos impostos pagamos
os gastos do combate aos incêndios com língua de palmo e meio.
Incêndios que mais não são do que um negócio ruinoso para o país
mas que mexe com muitos lóbis e interesses industriais que
nada têm a ver com a celulose.
São tantos os interesses que se movem que até o Governo convidou o
Presidente para uma reunião de pompa e circunstancia para mais uma
vez virem dizer-nos
que trataram e decidiram assuntos sobre a floresta e a prevenção
dos fogos.
Que
raio de lembrança, que triste ideia foi aquela de oferecer um bonsai
ao Presidente.