segunda-feira, 29 de março de 2021

21.03.29

 

Era esperado. Puseram-se a jeito. Era apenas uma questão de tempo. Só os ingénuos por um lado e os espertos carreiristas que a tudo dizem sim ao líder podiam acreditar que nesta legislatura presidencial tudo iriam ser rosas, abraços e beijinhos. Agora aí tem a primeira prova da convivência entre Belém e S. Bento para este mandato presidencial. Este é apenas o primeiro cálice envenenado, outros lhes serão servidos pelo certo. O homem nunca enganou os precavidos.

Podem agora vir a terreiro reclamar, justificar, invocar a possível inconstitucionalidade da medida aprovada pela A. R. e promulgada pelo poder Presidencial, mas o mal feito lá atrás aquando da campanha para a eleição presidencial mostra como em política nada se resolve sem ideologia, e, esta não são tretas do passado, continuando a ser aquilo que distingue os políticos e as políticas. Direita e Esquerda continuam a existir assim como a luta de classes não se sublimou com a criação da designada "classe média" ou do "centralismo político". Designações, criações estas, uma e outra, de matriz híbrida como interessa ao agora designado «capitalismo civilizado». Como híbridas que são por natureza, não criam novas soluções, novas alternativas, antes gostam de passar o tempo a embaralhar as cartas para que tudo continue como dantes, tropas em Abrantes, enquanto o Zé pensar que o voto é a arma do Povo e o melhor é não fazer ondas, levar a “vidinha” sem grandes sobressaltos, que a vida do vizinho pouco lhe interessa.


sexta-feira, 26 de março de 2021

21.03.26

 

No baú da memória. 

Uma 2ª Via porque o original obtido no ano anterior ainda com 9 anos, ficou num sábado depois da MP perdido debaixo das pedras que faziam de baliza no num jogo de futebol no antigo Juncal.

Lourinhã, porque lá a obtenção da licença de bicicleta era mais fácil de obter do que na Câmara de Peniche. Pior foi depois no regresso subir até ao Casal da Foz com as forças a faltarem e o vento sempre o vento da nortada a empurrar para trás.

Contudo, um “sortudo” porque podia ir de bicicleta para a Escola I. C. de Peniche enquanto que alguns amigos tinham que fazer o caminho a pé pela praia do Baleal para podermos estudar, em busca de uma vida melhor do que a dos nossos pais.

Coisas que o baú trás à memória neste tempo de vida meia suspensa.



quarta-feira, 24 de março de 2021

21.03.24

 

Se o senhor fosse um político que tivesse como único objectivo a defesa dos interesses públicos do Estado que o senhor representa em nosso nome, não andaria nas bocas do mundo, nem seria notícia nos telejornais de canais televisivos “inimigos” de tudo que seja «causa publica» porque para aquela gente «causa publica» é ideologia de esquerda ou mesmo comunista.

Mas o senhor como político e como ministro (com letra pequena) quando abre a boca sai asneira.

Asneira, é todo o processo da alienação das barragens. Embora a empresa que detinha a posse das mesmas seja privada e como tal podendo gestioná-las de acordo com os interesses dos seus accionistas privados de maioria chineses, o senhor ministro (com letra pequena) tinha a obrigação moral e política de salvaguardar o interesse nacional.

Mas o senhor como político e ministro (com letra pequena) mostrou a sua pequenez para logo depois vir com uma outra Asneira (esta de letra maiúscula) que é o aumento do preço da água, porque com erros do modelo de desenvolvimento, o senhor não disse mas digo eu, seguido pelos diversos governos a água é efetivamente um bem escasso a salvaguardar. Mas, que fez o Ministério que o senhor comanda em relação à tão estudada e necessária barragem do Alvito no rio Ocreza? Preocupa-se mais o senhor e a sua equipa com os negócios que a exploração do lítio pode trazer, sem ainda se saber qual o impacto e o custo ambiental que as baterias do mesmo minério terão no futuro para o ambiente, isto para não falarmos na própria exploração do mesmo, já que a inoperacionalidade dos vários governos relativamente às minas de exploração de outros minérios que ficam abandonadas é de bradar aos céus.



segunda-feira, 22 de março de 2021

22.03.22

 

Na nossa juventude em terras de Peniche vivíamos os quatro. A família originária do outro lado do país, tinha quase toda ela saído das terras raianas de Idanha a Nova em busca de uma vida melhor que aquela que a terra pobre prometia aos que nela trabalhavam. Vivemos os quatro longe dos outros familiares. Dias festivos eram os dias das festas religiosas e os dias de aniversário, mas mesmo estes, sem festas que o dinheiro estava contado ao tostão para que pudéssemos, os dois filhos, estudar. Não sei se na cidade grande já se festejava o dia do pai nesse tempo sombrio dos anos sessenta do século passado. Não me recordo de lá na aldeia estas coisas destes dias serem lembradas. Celebrava-se o dia da mãe que era a 8 de Dezembro, dia feriado e festivo por ser o dia de Nossa Senhora da Conceição, então também considerada "Padroeira de Portugal". O mundo da aldeia estava muito longe do mundo da cidade. Mas também o país vivia amordaçado, fechado sobre si próprio num orgulhosamente "sós". O sonho de uma outra vida era muito condicionado pelo regime de uma ditadura feroz num entendimento quase perfeito entre os políticos e a igreja. Dizia-se à boca fechada, e era verdade, que as paredes tinham ouvidos.

Crescemos assim simples e humildes desconhecendo a vida na cidade grande. Cidade que nos tinha visto nascer mas de onde saímos ainda meninos.

Voltamos para a cidade grande para continuarmos a estudar ainda e sempre com os tostões todos contados, sem festas de aniversários a não ser um almoço ou jantar melhorado por uma sobremesa. Crescemos pois no ambiente familiar de um mundo a quatro quase à margem do mundo que nos rodeava.

Com o crescimento que os estudos nos davam fomos mudando e adaptando a nossa maneira de interagirmos com a sociedade. Aprendemos a gostar de política. Ganhámos consciência do que a política poderia dar à sociedade. A ideologia passou a fazer parte do nosso crescimento enquanto seres humanos.

Quando chegou a Liberdade ao nosso país, estava eu na guerra lá longe no designado leste angolano. Já o meu irmão terminava os estudos de economia. Só depois os meus pais passaram a ir ao cinema e ao teatro. Os tostões contados não terminaram mas davam para sem exageros viver a vida de forma mais folgada. Os filhos estavam arrumados, seguindo cada um o seu caminho em novos núcleos familiares.

Porque também somos aquilo que vivemos no passado, vivo indiferente às comemorações que se fazem dos dias, seja ele o dia do pai, seja o dia dos namorados, seja o dia da árvore ou outro qualquer. Vivo assim porque todos os dias são dias para celebrarmos a vida de forma positiva, agradecendo aos nossos deuses. Deuses que podem ser os nossos pais estejam eles onde estiverem, já que pouco importa a distancia que nos separa pois há sempre pelo menos um céu que nos une. É assim que mudo de ano não a um de Janeiro mas a vinte e dois de Dezembro.

Não ligando importância às comemorações que a sociedade actual instituiu, ligo, contudo, importância ao dia 22 de Março de mil novecentos e quarenta e sete. O dia em que a árvore que anos antes o amor entre cristão e cristão-novo criou, permitiu que dela saísse o fruto que neste dia criou uma outra árvore que passado cerca de três ano deu os seus dois frutos. O primeiro chamou-se João e o segundo dá pelo nome de Carlos.




sexta-feira, 19 de março de 2021

21.03.19(2)

 

Há quem não goste criticando e perguntando da necessidade do Senhor se apresentar perante as câmaras televisivas fardado com camuflado.

Desde o início desta "nova-guerra" que sou da opinião que os militares deveriam estar também na frente das decisões. Políticos defenderam que isto não era uma questão de guerra mas sim de saúde pública. Vai daí, ignoraram os militares e mandaram-nos a quase todos nós ficarmos entrincheirados nas nossas casas.

De batalha em batalha, sempre confinados mais ou menos entrincheirados, nunca o número de feridos e mortos deixou de ir paulatinamente subindo. Um tempo houve que altos responsáveis políticos clamavam o sucesso da sua decisão de confinados metermos a cabeça nas areias do nosso litoral. Gritaram os bobos da corte o nosso milagre. Andávamos neste jogo viciado de sueca a discutir o milagre, e, o inimigo invisível saltando de festa em festa, de convívio em convívio, viajando sem passe social nos parcos transportes públicos, sempre na sua forma silenciosa de atacar batendo palmas ao o êxito da sua táctica mortífera mascarando-se em novas versões.

Os do cientismo moderno apresentaram a arma salvadora para podermos voltar ao passado. A nova arma da quarta geração tecnológica era e é, a velha vacina, agora desenvolvida por novos caminhos do cientismo moderno prometendo não só combater o vírus como garantir maiores e chorudas riquezas aos seus donos accionistas.

Perante a necessidade de um planeamento para a vacinação da população constituíram os políticos uma «task force» para a montagem e aplicação das tão esperadas, desejadas e sonhadas vacinas. Naquele grupo foram pela primeira vez incluídos militares. Para chefiar a tal «task force» um elemento civil, daqueles que não têm cartão de filiação partidária mas quando o partido governa estão sempre como administradores numa qualquer entidade pública ou privada. Todos conhecemos a quase anarquia que foram os primeiros tempos da vacinação. Atrás de um erro conhecido outros se lhe seguiam. Estava montado o baile que alimentava os vampiros televisivos tão sedentos de sangue andam nestes últimos anos. Com a moral em baixo vimos o tal elemento civil, daqueles que não têm cartão de filiação partidária mas quando o partido governa estão sempre como administradores numa qualquer entidade pública ou privada, sair pela porta dos fundos. Desorientados, os políticos que mandam nestas coisas viram no Senhor Almirante a esperança de que a anarquia vigente acabasse. Em boa hora o fizeram, muito tarde mas fizeram. E, com um marinheiro Almirante ao leme a «task force» mudou radicalmente de imagem. O plano de vacinação passou a ter um rumo. Como em qualquer batalha há sempre novos trilhos, velhas veredas que têm de ser percorridas. Todas as mudanças de trilhos, todas as alterações são encaradas pela «task force» como necessárias ao cumprimento das metas que se propõem, deixando os vampiros e especialistas televisivos à procura de qualquer virgula que não esteja bem colocada.

Fez e faz muito bem o Senhor Almirante ter-se rodeado dos seus operacionais, onde os elementos civis não foram esquecidos, para comandar a operação do Plano de vacinação. O se apresentar em camuflado é normal, está a comandar uma batalha de uma guerra-de-tipo-novo que os políticos não quiseram reconhecer como tal, limitando-a a um problema de saúde publica apenas. A guerra-de-tipo-novo já matou muita gente, já deixou muitas mazelas nos feridos que foi fazendo, já deu cabo da vida familiar a muitas famílias, já fechou muitas empresas, mandou para a falência milhares de pequenas empresas e já fez gastar milhões de milhões ao Estado que um dia os vampiros da alta finança irão pedir e todos nós ou os nossos vindouros a vão pagar com língua de palmo e meio, principalmente se tudo voltar ao antigo passado pré-pandemia.



PS: Sou Filho de guarda-fiscal, fui educado na disciplina para-militar. Não sou militar. Fui militar obrigado a contra-gosto quando jovem. Aprendi que há militares e militares. Respeito-os sem medo.

21.03.19

 

Desenganem-se. O futuro será diferente. O tempo não volta para trás. Eles bem querem que tudo volte a ser como antes. Teimosos, não querem ver os avisos. Gastam-se rios de milhões a querer voltar para trás. Incapazes não preparam o futuro. Pediram ideias e planos. O Professor, no seu jeito de poeta, apresentou ideias e planos. Bateram-se palmas, deram-se vivas. Não se fez uma grande festa. Não se desceu a Avenida. Também não se subiu a mesma. A Liberdade estava confinada. O Marquês não sorriu. A decretada pandemia assim aconselhou. Veio nova vaga que o tempo não volta para trás. De novo mais milhões para salvar a Nau que sem velas nem bússola navega em águas tumultuosas. Os deuses estão zangados. Ninguém os escuta. A Nau parece ir afundar. Valorosos remadores sulcam a nova vaga. Terra à vista gritam os que viajam em camarotes. Nos camarotes terão ouvido recados e promessas. Ainda a Nau não acostou ao areal, já eles teimosos saltaram a prometerem de novo mais passado que futuro. Das negociatas dos camarotes dão-nos um outro plano. O Plano do Professor, no seu jeito de poeta, ficou para trás, que o tempo não volta para trás. Atribuem ao novo plano um nome de acordo com o velho marketing político. Nada de novo. Passado e mais passado com novas roupas. Só as gaivotas do costume os seguem na esperança de continuarem a beber o sangue da manada. No cimo da avenida o Marquês continua solitário e triste. Ainda não será desta que o seu povo irá deixar de ter o "carro - vassoura" sempre à vista. Alguns embandeirados de notas irão descer a avenida. Poucos ou nenhuns a irão subir que as forças vão faltando. Lá do alto o Marquês na sua solidão pensa tristemente: - esta gente não aprendeu nada com a História.



quarta-feira, 10 de março de 2021

21.03.05

 

Reuniram-se Ministros com o Presidente em reunião de Conselho de Ministros de pompa e circunstância. Informaram-nos que trataram das Florestas.

As televisões na sua saga saudosista de promoção de outros governantes, de outras políticas, recuperaram a tragédia de há vinte anos para explorando sem dó a dor dos familiares que perderam entes queridos naquela trágica noite em que a ponte de Entre-os-Rios caiu. Repetiram hora a hora as trágicas imagens acompanhadas por novas entoações.

Voltando à reunião de pompa e circunstância, o que terão falado e decidido aquelas sumidades que já não nos tenham prometido?

Não ando pelos muitos cabeços e vales do centro do país para ver com olhos de ver o que esta a ser feito. Limito-me a viajar na autoestrada que atravessa vários concelhos da errada designação «zona do pinhal». Errada, pois que há já vários anos que não é assim de tanto pinhal. O eucalipto leva a palma ao pinheiro.

Em 2017 numa das minhas viagens mensais pela A23 a mesma estava cortada por causa de um incêndio. Quando mais à frente voltei, por indicação das autoridades, a entrar na A23 apanhei por baixo do viaduto que existe depois da saída para Proença-a-Nova o início de um outro incêndio que durou vários dias pelos vales e cabeços de Vila Velha de Ródão e Gavião consumindo mato, pinheiros e eucaliptos. O terrível clima do ano de 2017 deixou a paisagem circundante da A23 numa cor negra de dor e tragédia. Aqui e ali pequenas bolsas verdes de eucaliptos e de alguns poucos pinheiros que escaparam à força assassina da união fogo e vento.

Muito se escreveu, falou, opinaram uns e prometeram os Governantes. Relembro os muitos especialistas que depois da casa arrombada criticavam como sabichões das causas dos incêndios. Relembro os muitos ecologistas de ar condicionado a falarem das variedades autóctones. Os do Governo entalados pelos factos e pelos muitos especialistas sabichões, sem grandes alternativas lá ia prometendo mais estudos e mais uma reforma da floresta.

Passou-se o ano de 2018, o ano de 2019, o ano de 2020 e a paisagem circundante na A23 diz-me que em áreas de empresas e associação de empresários a terra foi tratada e o que se vê é eucalipto. As restantes áreas onde ainda havia algum pinhal ou continuam entregues às variações climatéricas ou o eucalipto vai dominando.

Nada tenho contra o eucalipto. O eucalipto só por si não arde, sendo talvez a forma dos proprietários daqueles terrenos de cabeços e vales tirarem algum rendimento da terra.

O que me irrita de algum modo é o tanto falarem da floresta, da reforma para a floresta, do levantamento do cadastro agrícola e tudo continuar quase como dantes.

Infelizmente para o ambiente e para todos nós que através dos impostos pagamos os gastos do combate aos incêndios com língua de palmo e meio. Incêndios que mais não são do que um negócio ruinoso para o país mas que mexe com muitos lóbis e interesses industriais que nada têm a ver com a celulose. São tantos os interesses que se movem que até o Governo convidou o Presidente para uma reunião de pompa e circunstancia para mais uma vez virem dizer-nos que trataram e decidiram assuntos sobre a floresta e a prevenção dos fogos.

Que raio de lembrança, que triste ideia foi aquela de oferecer um bonsai ao Presidente.



21.03.03

 

Os que governaram como guerreiros troikanos num tempo sem conhecimento de pandemia provocada por um desconhecido vírus, provaram à sociedade nesse seu tempo de governação que nunca souberam, nunca foram competentes a planear sequer um único OE. O seu planeamento resumiu-se a diminuir pensões, a retirar apoios sociais, a atacar as estruturas do SNS, a aumentar impostos sobre o rendimento das famílias e a ceder bens públicos ao desbarato a investidores privados estrangeiros… essas medidas foram o seu saber de planeamento.

Andam, neste tempo de agora, esses arautos da desgraça, representantes fieis da política ultraliberal, a clamar em todos os locais, em todos os órgãos de comunicação afetos aos seus interesses, andam eles e elas a pedirem e a clamarem pela necessidade de o Governo apresentar um “planeamento” para o desconfinamento.

Embora não seja um adepto destes «estados de emergência» porque eram precisas outras medidas para as quais nunca houve coragem e vontade política para as implementar, cumpro e respeito o confinamento, mesmo quando viajo entre fronteiras.

Compreendo e defendo que o Governo não avance com calendários para o desconfinamento, porque ainda há muitos infectados (65.793 segundo dados de ontem da DGS) não se conhecendo na pratica qual a forma como o contágio se realizou e está a realizar. Há apenas palpites e previsões nada mais que isso a não ser que a função de contágio é exponencial.

Depois, na minha opinião, o que levou à diminuição do números de contágios e mortes diárias não foram só as medidas tomadas pelo Governo mas mais do que isso o medo que as pessoas tiveram ao verem morrer tanta gente incluindo gente não tão idosa. Todos os valentões e negacionistas têm um buraco ao fundo das costas e ninguém gosta de morrer ainda para mais sofrendo com o desconhecido e malvado vírus.

Num país com tradições religiosas aproxima-se o tempo da Pascoa. Os do Governo irão estar sobre forte pressão quer dos representantes e arautos da desgraça como das forças invisíveis e poderosas do clero religioso e ultra-conservador. O que se passou no Natal foi um presente envenenado. Vejamos pois como irá o Governo trabalhar para evitar o regabofe que se passou no tempo natalício. Talvez seja melhor trabalharem com mais recato sem andarem tanto pelas televisões a alimentar os papagaios-eunucos amigalhaços dos arautos da desgraça. Tanta exposição mediática não sei se será tão necessária, pois há tanta coisa a fazer e a tratar…





Domingo

 

Estranho como tanta gente se contenta com a «merda» que os canais televisivos portugueses nos servem. Ainda por cima pagamos quer obrigados quer voluntariamente para nos servirem a «merda» que nos oferecem.




21.03.02

 

Já não são muitos os antigos combatentes das guerras inglórias em Angola, Guiné e Moçambique. Inglórias porque de ambos os lados não houve vencedores só vencidos. Nelas morreram seres humanos, muitos sem saber porque combatiam naquelas terras, muitos outros vieram deficientes para o resto de suas vidas, uns fisicamente e outros psicologicamente.

Depois de muitos anos ignorados e até mal tratados pelos políticos que beneficiando do glorioso 25 de Abril de 1974 nos têm governado quer em Governos quer na Assembleia da Republica quer na Presidência da Republica, prometeram os do Governo de agora dar umas benesses aos que ainda sobrevivem.

Os ainda sobreviventes ignorados, abandonados e esquecidos, muitas vezes até mal tratados, como se a culpa do que aconteceu posteriormente ao fim das hostilidades fosse culpa dos antigos combatentes que pela força de um regime miserável e ditatorial nela participaram, aguardam sem grandes esperanças que as tais prometidas benesses lhes cheguem esperando a chegada de um tal “Cartão do Antigo Combatente” cuja aprovação por Portaria foi publicada no Diário da Republica no dia 03 de Setembro de 2020.

Passaram-se os meses de Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro de 2021 e Fevereiro e o “Cartão do Antigo Combatente” poderá tornar-se em mais uma aldrabice que os Governantes prometeram mas que não mostram vontade em cumprir. Não nos venham com desculpas que o sacana do vírus não serve de desculpas para a não emissão e envio de tal promessa.

O que faz falta senhores governantes já não é só avisar a malta, o que faz falta é a vossa educação cívica e política até mesmo democrática de respeito pelos cidadãos idosos que um dia foram obrigados a combateram pelo País numa guerra inglória.

Quando vejo anunciado que no tal Plano de Recuperação e Resiliência estão previstos 198 milhões(?) para a modernização dos serviços públicos eu, antigo combatente com o número mecanográfico 04420571, idoso com 70 anos de idade e de vida, republicano e laico, tenho muitas duvidas de que esses tais milhões não sejam gastos improdutivamente em consultores e cursos de formação ministrados por “amiguetes” continuando os cidadãos novos e idosos a serem mal atendidos e mal tratados nos muitos organismos públicos do Estado. Ficarei contente se estiver enganado mas, gato escaldado de água fria tem medo.

Mesmo que o prometido «Cartão de Antigo Combatente» já possa estar na caixa do correio que hoje ainda não fui verificar, nada do que atrás digo retiro ao desabafo que escrevi.


 Mumbué Ponte de Zadi



21.03.01

 

Nas festas populares das vilas e concelhos do país os homens do carrossel falam bem alto - «nova corrida, nova viagem», para alegria dos amantes daquelas diversões.

Já no carrossel da vida com ou sem festas vamos andando numa corrida contínua de muitas viagens num outro carrossel com altos e baixos.

Na viagem semestral ao HVFX nota-se a diferença do que era esta PPP e no que está agora que o contrato dizem que não vai ser continuado. Diferenças para pior, claro e, não me digam que é por causa do "covid".

Neste carrossel da vida a gestão hospitalar é para mim das mais complexas. Tanto mais complexa quando a mesma é pública já que na saúde privada tudo se resume a centros de exploração em busca do lucro que satisfaça a ganância dos seus investidores. Na ordem pública não sendo o hospital um centro de exploração que vise o lucro não pode nem deve ser um centro de gastos sem nexo por tudo e por nada. Situação que se agrava quando a população utente e beneficiária é por natureza idosa, de fracos recursos económicos, culturais e cívicos. Daí a medida certa da contenção nos gastos ser, segundo penso, um dos itens mais difícil de controlar na gestão pública hospitalar. Não é disso que falo, até porque não tenho saberes para tal. A diferença que noto infelizmente é na própria organização do atendimento e respeito pelos utentes beneficiários que o Hospital presta à sua população.

Aquando da notícia de que o M da Saúde não iria renovar o contrato da PPP eu que sendo defensor do SNS público mas que não vejo nas PPP que possam existir um inimigo do SNS fui questionado num inquérito sobre a satisfação. A todos os itens do inquérito dei a pontuação 10 e apenas um 9. Contudo nas três últimas vindas nota-se a degradação do serviço de atendimento. É pena mas que fazer?




21.02.28

 

Domingo é o dia da semana em que nas televisões falam vários papagaios. Dizem-se esses mesmos papagaios ex-políticos e independentes, mentindo logo naquilo que se afirmam pois não são ex-políticos mas políticos sem militância activa conhecida nos seus partidos políticos mas…, são ainda menos independentes já que defendem posições políticas e ideológicas concretas sempre no mesmo sentido. 

Um mais anti Estado Social que o outro mas ambos papagaios-correio mandatados por terceiros.



21.02.27

 

Dizem-nos que na aldeia não há progresso. Sempre nos disseram isso. Efectivamente ainda hoje a vida da aldeia se resume ao trabalho duro e incerto nos campos. Um trabalhar de sol a sol de esperanças sem certezas.

As cidades foram e são o centro onde as oportunidades de vida menos dura pode ser encontrada pelos aldeões que procuram fugir ao destino de vida quase feudal de muitos antepassados. Assim foi, assim é, ainda.

Escreve quem nasceu num quarto alugado numa rua esmagada entre fábricas na cidade grande. Nasceu mas, cresceu na aldeia à beira-mar a norte da cidade grande. Nasceu mas nunca se achou um citadino, um lisboeta, um alfacinha. Na guerra, na sua Companhia de Caçadores era dos raros senão mesmo o único nascido na capital, mas enquanto alguns se diziam de Lisboa sem nesta terem nascido, ele que nasceu num quarto alugado numa rua esmagada entre fábricas na cidade grande de Lisboa era o alferes Peniche. Foi em duas aldeias, em duas praias nos arredores de Peniche que cresceu e se fez homem nascido que foi num quarto alugado numa rua esmagada entre fábricas na cidade grande que era e é Lisboa. Nas voltas que a vida toma é neste tempo de agora um visitante mensal das terras onde no início do século passado os seus avós criaram os seus pais. Terras raianas do interior sul da Beira Baixa onde ainda há quem resista vivendo do seu trabalho e daquilo que a Natureza lhes permite. Como em muitas outras aldeias do pobre interior deste país são mais as casas que os seus habitantes que por lá continuam trabalhando na vida dura e incerta do campo que não sendo rico tem entre as quatro estações duas grandes épocas, o frio de gelar e o calor do forno. Mas a tudo nos habituamos e logo depois nos arrabaldes da cidade grande sentimos falta quer desse mesmo frio ou até do calor que à tarde tudo sufoca mas que nos dá a oportunidade das noites quentes ao luar aonde ainda se observa a olho nu a nossa galáxia que na juventude dizíamos ser a Estrada de Santiago.

Caminhando nos terrenos da Herdade do Souto, sentindo o vento frio vindo de terras de Espanha, olhando lá longe a silhueta branca da Estrela, pode-se viver um sentimento quer de Liberdade quer de Paz que é muito difícil encontrar hoje nas cidades. Até o seu amigo oceano Atlântico, o seu mar de Peniche seja no Baleal, na ponta do Cabo Carvoeiro, seja na Consolação não lhe dá o mesmo sentimento pois são duas formas distintas da Natureza que a vida lhe ofereceu conhecer e de que tanto gosta. Aquele sentir de Liberdade não o encontra no mar quer este esteja calmo ou zangado, é diferente. Ao mar aprendeu a respeita-lo, não deixando de ter feito na sua juventude aventuras que hoje acha terem sido de enorme irresponsabilidade mas ao realizar essas irresponsáveis aventuras a sorte protegeu-o. Talvez por ter consciência dessa irresponsabilidade o mar não lhe dá esses sentimento de Liberdade quando o olha frente a frente.

Dizem-nos que na aldeia não há progresso. Sempre nos disseram isso e é verdade. Mas a vida na aldeia tem outra dimensão a quem já nada tem a fazer na cidade grande entre os cogumelos doentes de betão. Nas ruas da urbe não existem ervas a bater palmas quando depois da chuva cair aparece o Sol para as ajudar a crescerem. Nos jardins da urbe raros são os silêncios em que se pode escutar as conversas das árvores tal é o ruído da vida à sua volta. E nem falar na gastronomia porque em parte pela qualidade da água, em parte pela própria exploração agrícola, os alimentos ganham outro sabor outra alma.

E, quando pensamos há quanto tempo não vamos ao cinema, ou não assistimos a um teatro. Festivais é outro assunto. Depois, o país é pequeno e bem servido de auto-estradas. Cheguei ontem aos arrabaldes da cidade grande e já sinto saudades das terras raianas do interior sul da Beira Baixa.




21.02.23

O silêncio domina a madrugada. Dou uma volta pelas capas dos jornais, incluindo os desportivos. Só irei ler o Público mais tarde. Entro nas redes sociais e saio. Tudo igual. Nada de anormal se passou enquanto dormi. Ontem estavam 3 graus e hoje 5 é a diferença.

Ontem enquanto pintava a minha cama de ferro ouvi na rádio Antena1 falarem de um tal plano que os do Governo pretendem apresentar aos burocratas liberais de Bruxelas e colocaram em apresentação pública na Internet. Percebe-se a azia dos "comentadeiros" oficiosos e oficiais de alguns súbditos e saudosos do "homem de poço". Eles que desbarataram rios de dinheiro a destruir alguns sectores produtivos, aquando da entrada para a CEE, estão com saudades desses tempos gloriosos para a sua corte de amigalhaços constituída por gente de bem e de boas famílias com saberes em como transferir valores para lugares seguros, não fosse ou vá o diabo tecê-las. É muito dinheiro à disposição, sem ser contudo nenhuma basuca. Também eu tenho receio na boa aplicação produtiva de tantos euros. Alguns, para não dizer muitos, dos objectivos falados não irão produzir valor acrescentado (riqueza futura). Se nas muitas ajudas necessárias a sectores não produtivos a curto, médio e longo prazo a cultura fica à margem das benesses, a ciência e a investigação científica passam entre os pingos das frases feitas de transição digital e ou economia verde. Nomes bonitos mas que cheiram a mais negociatas para e com os poderosos. Nevoeiro cerrado existe à volta desses interesses fazendo lembrar que o tal D. Sebastião acabou por nunca chegar numa tal manhã de nevoeiro. O interior, o sempre falado interior irá continuar a ser apenas interior difícil de repovoar se nele não existirem empresas produtivas que criem condições para os mais jovens se fixarem. Afinal, ali à frente vejo terras de Espanha e estando no interior profundo tenho o oceano Atlântico penicheiro ou até nazareno a cerca de três horas sem ser necessário correr a uma velocidade acima do limite. Contudo para as empresas produtivas investirem no interior é necessário e urgente um política fiscal séria e diferenciada. Não basta autoestradas é preciso mais. O mais, a exemplo de outros países, passa por políticas fiscais diferenciadas para as diferentes regiões.

Dar o benefício da dúvida é o que me resta mas as esperanças geradas pelo Plano apresentado pelo prof. António Costa e Silva começam a sublimarem-se. Iremos assim continuar a pedalar na cauda do pelotão com o carro vassoura à vista, não se vislumbrando trepadores para pelo menos conquistarmos o prémio da montanha.

Vejo pouca televisão. Depois de cerca de dez anos sem televisão aderi à mesma na versão tdt. Há canais que só quando dão futebol os vejo. Com acesso aos vários canais espanhóis vou vendo quer o canal publico quer o canal da Extremadura. Não sendo muito diferentes dos nossos, são mais positivos. Falam da pandemia sem a carga das mortes e da falência dos hospitais públicos. Há quase sempre uma mensagem de esperança.

Na década de noventa do século passado trabalhei na filial portuguesa de uma empresa de Espanha. Ouvi a alguns espanhóis a frase que «a mulher se queria em casa e de preferência com uma pata partida». Nas diversas fabricas que a empresa tinha

até no telefone e na recepção eram homens que executavam essa tarefa. Mesmo nos escritórios na sede em Barcelona predominava o sexo masculino. Agora ao ver um pouco da televisão de Espanha constato grandes alterações. No telejornal da manhã discutiam diversos intervenientes o problema político existente no seio do Governo entre o PSOE e o Podemos. Dos cinco intervenientes só havia um homem e até a politóloga era uma mulher. 

Fiquei a pensar e embora veja pouca televisão.