quarta-feira, 10 de março de 2021

21.03.05

 

Reuniram-se Ministros com o Presidente em reunião de Conselho de Ministros de pompa e circunstância. Informaram-nos que trataram das Florestas.

As televisões na sua saga saudosista de promoção de outros governantes, de outras políticas, recuperaram a tragédia de há vinte anos para explorando sem dó a dor dos familiares que perderam entes queridos naquela trágica noite em que a ponte de Entre-os-Rios caiu. Repetiram hora a hora as trágicas imagens acompanhadas por novas entoações.

Voltando à reunião de pompa e circunstância, o que terão falado e decidido aquelas sumidades que já não nos tenham prometido?

Não ando pelos muitos cabeços e vales do centro do país para ver com olhos de ver o que esta a ser feito. Limito-me a viajar na autoestrada que atravessa vários concelhos da errada designação «zona do pinhal». Errada, pois que há já vários anos que não é assim de tanto pinhal. O eucalipto leva a palma ao pinheiro.

Em 2017 numa das minhas viagens mensais pela A23 a mesma estava cortada por causa de um incêndio. Quando mais à frente voltei, por indicação das autoridades, a entrar na A23 apanhei por baixo do viaduto que existe depois da saída para Proença-a-Nova o início de um outro incêndio que durou vários dias pelos vales e cabeços de Vila Velha de Ródão e Gavião consumindo mato, pinheiros e eucaliptos. O terrível clima do ano de 2017 deixou a paisagem circundante da A23 numa cor negra de dor e tragédia. Aqui e ali pequenas bolsas verdes de eucaliptos e de alguns poucos pinheiros que escaparam à força assassina da união fogo e vento.

Muito se escreveu, falou, opinaram uns e prometeram os Governantes. Relembro os muitos especialistas que depois da casa arrombada criticavam como sabichões das causas dos incêndios. Relembro os muitos ecologistas de ar condicionado a falarem das variedades autóctones. Os do Governo entalados pelos factos e pelos muitos especialistas sabichões, sem grandes alternativas lá ia prometendo mais estudos e mais uma reforma da floresta.

Passou-se o ano de 2018, o ano de 2019, o ano de 2020 e a paisagem circundante na A23 diz-me que em áreas de empresas e associação de empresários a terra foi tratada e o que se vê é eucalipto. As restantes áreas onde ainda havia algum pinhal ou continuam entregues às variações climatéricas ou o eucalipto vai dominando.

Nada tenho contra o eucalipto. O eucalipto só por si não arde, sendo talvez a forma dos proprietários daqueles terrenos de cabeços e vales tirarem algum rendimento da terra.

O que me irrita de algum modo é o tanto falarem da floresta, da reforma para a floresta, do levantamento do cadastro agrícola e tudo continuar quase como dantes.

Infelizmente para o ambiente e para todos nós que através dos impostos pagamos os gastos do combate aos incêndios com língua de palmo e meio. Incêndios que mais não são do que um negócio ruinoso para o país mas que mexe com muitos lóbis e interesses industriais que nada têm a ver com a celulose. São tantos os interesses que se movem que até o Governo convidou o Presidente para uma reunião de pompa e circunstancia para mais uma vez virem dizer-nos que trataram e decidiram assuntos sobre a floresta e a prevenção dos fogos.

Que raio de lembrança, que triste ideia foi aquela de oferecer um bonsai ao Presidente.



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