sexta-feira, 5 de julho de 2019

Donzela



35, 36 ou antes um 37… talvez mesmo um 38, sei lá
Um pé na areia deixa uma donzela a sua marca. Ainda o Sol está atrás da dunas quando ela caminha à beira mar deixando a sua marca, o seu perfume.
Vai pensativa no seu caminhar ao passar por mim. Deixou um sorriso, mas seu olhar não sorriu, que preocupações a consomem? Uma noite de festa mal acabada? Ou, o amor que não chegou?
Quem saberá o porque?
Com tanto mar para amar, vai pensativa a donzela que comigo se cruzou, no seu lento caminhar.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Eu e o meu mundo

Eu e o meu mundo sem fronteiras, sem amarras visíveis e invisíveis, apenas lembranças que por estas areias, ondas e dunas foram vividas, em dias, meses e anos de juventude e não só. É como se as raízes das oliveiras dos meus antepassados chegassem até aqui, fugindo da canícula raiana.
Aqui, onde a sinfonia do vento acompanha o coro das ondas enrolando em abraços beijados a areia, em beijos abraçados as rochas, em cumplicidades de muitas vidas muitos sonhos sonhados e desejados pelos amantes da vida sem fronteiras, sem amarras.

Para onde queres voar



Para onde queres voar se tu não tens asas? Diz-me a minha sombra
- Não sejas assim. Deixa-me voar, deixa-me ser livre, voar nas asas do vento. Ir em busca de outros continentes do meu próprio ser dual. Deixa-me voar e lá do alto ver como vivemos esta correria louca e suicida sem outro sentido que não seja a ilusão do ter sempre mais, esquecendo o outro que corre a mesma corrida a nosso lado, deixando para trás de mão estendida pedindo ajuda os outros que por razões conhecidas e desconhecidas não conseguem entrar no sistema que de ilusão em ilusão nos leva para o desconhecido onde todos nós somos reduzidos a pó depois da água secar no nosso corpo, desconhecendo que acontecerá, que caminhos irá percorrer o espírito após a separação.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Palavras


Palavras soltas
Palavras que doem
Perduram em nós
Qual sentença
Que nos persegue
Perseguem
Palavras que não são só palavras

Palavras que são lágrimas
Secas
Dor
Sangrando

Palavras que são vida

Palavras são emoções
Momentos
Palavras que nos fazem felizes
Ao ouvi-las
Ao vê-los
Ao saboreá-las
Palavras que são marcas quânticas na nossa alma

Palavras são
O Tudo e o Nada
Só palavras
Soltas
Que são emoções
Que são sofrimento

Palavras que são vida

Valente Capitão


Como a vida muda sem quase darmos por ela. Com 29 anos, era capitão e enfrentou de corpo aberto aquilo que foi um dos últimos suspiros da besta fascista salazarista. Com 29 anos sabia o que era a guerra cruel, sabia como doía a alma quando se perde um jovem camarada numa mina, numa emboscada, conhecia a angústia da espera que o heli pudesse chegar para tentar salvar um ferido, naquelas guerras sem solução militar, que os esbirros, os eunucos, os mandantes do regime "botas-professor" se recusavam a admitir por interesses ideológicos de classe, por obediência cega à ideologia de regime fundado em 1933 pelo chefe "botas" e continuado pelo "professor" das conversas em monólogo.
O tempo passou e ao passar levou muito cedo o valente capitão, o valente e grande comandante de homens. A guerra não o derrotou, tão pouco o velho regime o vergou quando na manhã de 25 de Abril enfrentou de frente o carro de combate no Terreiro do Paço, mas são os novos mandantes vitoriosos do pós Novembro que o entristecem na sua vida de militar, para depois um filho da puta de câncer o levar tão cedo desta vida, quando tanto ainda tinha para dar à sua família, ao seu país.
Homens da sua estatura fazem falta, muita falta.
Estive atento às televisões durante as minhas refeições no dia de ontem, andando pelos canais televisivos, mas como só consigo ver um de cada vez, pelo que me parece que a Memória do Grande Capitão só teve honras no canal público, os outros privados esqueceram a sua memória. A eles não lhes interessa divulgar Homens da estatura do Capitão Salgueiro Maia, são alérgicos, gostam mais das guerras do dizer mal, da critica do bota abaixo.
Mais um dia em que os factos demonstraram a necessidade, o benefício da existência de uma televisão pública, brindando-nos com uma reportagem demonstrativa de como há lá gente que sabe fazer e bem, que sabem conjugar imagens e sons em peças únicas de qualidade. Ontem dei de boa vontade a taxa que me cobram na factura da electricidade para o audiovisual.
https://www.youtube.com/watch?v=k1kilWU5ln4&t=1475s


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Pede-se respeito



Esta manhã ao fazer a minha caminhada com a minha amiga Sacha, um tipo de mosquito muito estranho pousou-me na mão. Era de um verde quase transparente. Olhei à minha volta não fosse algum dos fanáticos radicais do PAN andar por ali, não que fossem horas de já estarem acordados, mas podiam estar a regressar da noite e como tal o melhor era salvaguardar-me. O desgraçado do bicho picava-me a pele da mão, levantei a outra mão e num movimento rápido dei-lhe um golpe desfazendo-o sem dor. Certifiquei-me de novo que nenhum fanático andava por aquela rua e segui o meu caminho com o incomodo da picada do esquisito mosquito.
Já não sou fumador há vinte anos mais dia menos dia, mas é com pesar que comparo as medidas do tempo do “Botas” e do seu fiel seguidor o “Professor” com estas de agora. Antigamente dava multa não ter licença de uso de isqueiro, embora a publicidade ao tabaco fosse muita, agora os bens instalados na casa da Democracia mudaram de instrumento e com muito suor decidiram criar a disposição legal que multa quem deitar a beata do cigarro, entenda-se, no chão.
O Estado democrático infelizmente a ser tão parecido em algumas medidas com o Estado Novo, que parecem não ter importância, mas grão a grão enche a galinha o papo. Em vez de se procurar educar a população com campanhas televisivas que ajudem a um maior civismo de todos os cidadãos uns para com os outros, criam os senhores bem sentados na sala com ar condicionado a preceito na casa da Democracia medidas populistas, demagógicas, repressivas, penalizadoras de aplicação pratica muito duvidosa.
Se as forças ditas de segurança se queixam da falta de pessoal para patrulharem as ruas, avenidas, campos de futebol etc., etc., onde irá o Estado buscar elementos de seguranças para vigiarem e aplicarem a multa a quem deita a beata do cigarro no chão? Será que estão a pensar em reactivar a “bufaria”? Não sei não, pois a cada dia fico mais perplexo com o pouco que ouço e vejo.
Em vez de criarem burocracias, que só enervam e revoltam o cidadão consciente, trabalhem senhores de fato e gravata de marca bem instalados na sala de ar condicionado a preceito, que o trabalhinho é muito bom e bonito. Foi para isso que foram eleitos, de modo a colocarem o bem comum e social do País que ainda somos, como primeira e ultima prioridade, exigindo os vossos eleitores apenas e só Respeito.
Políticos de pensares diversos e divergentes são indispensáveis à Democracia, mas não a tratem mal por favor.