Eles
aí estão, sem grandes ideias de governo, com chavões e ideias
claras contra aquilo que muitos consideram como avanços
civilizacionais.
Políticos
engravatados, bem comportados com os poderosos da finança, da
industria e do comercio, mais interessados em promover familiares e
amigos, foram desgastando a discussão por uma sociedade mais
decente, mais solidaria, quase tudo sob o chavão das políticas de
integração europeia. Outros políticos engravatados e submissos ao
liberalismo económico, ofereceram ao capital privado e estrangeiro,
bens públicos de elevado interesse nacional, seguindo políticas
sociais contra os trabalhadores e reformados. Políticas
que no todo, havendo uma excepção, não foram revertidas por políticos engravatados, que em aliança
quase contra natura, segundo os comentadores e analistas situados ao
centro, apenas distribuíram pelo país uns antipiréticos e ansiolíticos nada
mais, vendendo novos chavões como o do deficit zero ou de superavit
nas contas publicas, como se estes chavões tenham tornado a
sociedade mais decente e solidária.
Mas
como poderá haver solidariedade para com os imigrantes, quando as
oportunidades de trabalho ou até de emprego escasseiam para os
nacionais que os procuram? As taxas de desemprego que nos vendem a
custo zero, são falaciosas e quase nunca traduzem a verdadeira
situação da sociedade.
Mas
como poderá haver solidariedade entre todos, se os diversos
políticos desta frágil União Europeia, para criarem a sua imagem
de caridosos, foram instituindo e criando sem dar por isso uma
sociedade frágil subsídio dependente. Em nome de teorias sob o
funcionamento dos mercados, pagaram bem e bons subsídios a alguns
para que deixássemos de produzir aqui e ali. Num país onde a
formação cultural e profissional não era nem é famosa, de baixos salários e desigualdades crescentes, leva-nos a
situações caricatas, fruto das leis injustas que muitas vezes se
fizeram sem visão de futuro.
Não
sou contra a instituição do RSI. Mas como poderá haver
solidariedade entre cidadãos que trabalharam toda a vida e hoje
sobrevivem com reformas ou pensões iguais ou até inferiores a
outras famílias que vivem e sobrevivem do RSI, sem nunca mostrarem
interesse em procurar trabalhar. Há muito que acho que quem recebe o
RSI deveria ter que prestar trabalho comunitário, na sua freguesia
onde teria que ir levantar o mesmo. Por exemplo, limpar as ruas e
zonas verdes… limpar
os baldios existentes à volta da comunidade, etc. etc..
Mas
não. Os papagaios da comunicação a mando dos senhores que
controlam os cordelinhos da vida, vendem-nos a ideia que é ao centro
é que se ganha quer a vida, quer as eleições políticas e
entretém-nos com big brothers e talk shows. E tudo isto debaixo das
barbas de ministros que vaidosos da sua posição, nada fazem, antes
procuram passar entre os pingos da chuva, ao mesmo tempo que
acrescentam mais uma página A4 ao seu curriculum vão criando e
nomeando amigos para entidades reguladoras que a única coisa que
fazem deve ser o controle das mordomias que lhes oferecem os
governantes amigos.
Não
queremos ver, o que se vai passando neste mundo globalizado da nossa
Europa, depois ficamos alarmados com os resultados das eleições que
se vão realizando nos diversos estados, nas diversas regiões. É
melhor discutir as curvas, as pernas ou os seios de uma modelo ou
apresentadora de TV, discutirmos a porcaria do IVA das touradas, do
direito dos animais se sentarem à mesa nos restaurantes… quando o
essencial, seria olhar os porquês dos partidos tradicionais estarem
moribundos, alguns em coma profunda… com os radicais agora à
direita a ocuparem o espaço político dos parlamentos regionais e
nacionais.
Casa
onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, velho ditado,
mas país onde não há trabalho a xenofobia e o racismo crescem como os
cogumelos venenosos.
Uns atrás dos outros os políticos ao centro vão caindo ou sentindo a areia a fugir-lhes debaixo do pés. Será que a culpa é só deles?
E eu, tu, nós, vós, eles, não temos culpa quando nos acomodamos aos desmandos, que dia a dia vão acontecendo à nossa frente, sejam de juízes, de enfermeiros até de professores, estivadores, funcionários numa qualquer repartição publica, etc., limitando-nos comodamente a culpar os políticos da ocasião... Olhamos apenas a árvore não querendo ver o que se passa na floresta. Eles não dormem, estão aí andando no meio de nós quais lobos esfomeados com pele de cordeiro.