Ao
ver hoje o Presidente da República a fazer publicidade à acção de
recolha de alimentos para o Banco Alimentar, sempre com aquela
conversa da solidariedade para com os desprotegidos da sorte, fez-me
lembrar as senhoras, que por acaso ou não, eram próximas de sua
família, nos tempos em que a juventude era obrigada a participar
numa guerra em África, inglória para todos. Falo das senhoras do
Movimento Nacional Feminino, nas suas intervenções junto dos
soldados e transmitidas depois como exemplos de solidariedade das
senhoras da alta sociedade para com os bravos soldados, que
desprotegidos da sorte davam a vida pela Pátria. Já os seus meninos
ou ficavam livres do serviço militar, ou quando o cumpriam mesmo no
dito Ultramar, tinham quase sempre uma boa especialidade, um militar
de alta patente como padrinho para que o menino não tivesse que
comer e beber junto dos tais desprotegidos da sorte, que depois das
fotos para a propaganda, eram brutos e incultos.
O
Sr. Presidente dá mostras do desgaste que os anos de mandato
presidencial sempre provocam. Pois já esta semana numa das suas
emissões opinativas, veio com a história de que os órgãos de
comunicação social deveriam merecer uma atenção por parte do
Estado. Isto é, o Sr. Presidente não esquecendo que o próprio é
numa parte importante, um produto televisivo, está a pedir para os
seus amigos, uns benefícios fiscais, ou uns subsídios fora do
alcance dos fiscais de Bruxelas. Não lhe fica nada bem essas
insinuações para benefício dos amigos. Como se a lei do mercado
para eles não fosse a mesma que para o pequeno empresário agrícola
ou industrial. Em vez de pedir, poderia fomentar a discussão do
porquê da crise que os órgãos de comunicação televisiva e
escrita estão a atravessar, com tantas dificuldades económicas e
financeiras.
Eu
gosto de ler Sr. Presidente mas já não me lembro de quando comprei
o último jornal. Mas não substitui o jornal pelas ditas redes na
net. Simplesmente não me atraem. Estarei a ser inculto por deixar de
comprar jornais?
Para
acabar, o Sr. Presidente continua a dar uma imagem de solidário com
os mais pobres, desde que envolva quase sempre organizações
religiosas, mas não têm uma palavra solidária para com os antigos
combatentes que vagueiam pelas cidades sem eira nem beira, aqueles de
quem as senhoras suas conhecidas se serviam para propagandear um
Portugal do Minho até Timor que na verdade nunca passou de mais um
mito criado por políticos com a bênção da igreja católica
apostólica romana.
Viva
o 1º de Dezembro! Viva o povo anónimo português!!
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