As
noites de verão na Zebreira, lá onde Portugal quase que acaba de mão dada à
Estremadura Espanhola, são diferentes.
Hoje
já não há pessoas sentadas à porta de casa conversando com as vizinhas e
contando histórias do sagrado e do profano aos mais novos que iam passar as
férias longe da cidade.
Nas
paredes das casas abandonadas sente-se a ausência das conversas colectivas, o
progresso da cidade também lá chegou, primeiro com a eletricidade e depois com
a praga da televisão.
Na
velha casa à beira da estrada, não há televisão, nem rádio, ouve-se o silêncio
da noite interrompido de vez enquando pelos camiões que cavalgam a Estrada
Nacional vindos de Espanha, olham-se as estrelas, as constelações e procura-se
a Via Láctea enquanto a neta irrequieta vai fazendo perguntas.
Na
velha casa onde não há televisão nem rádio o mundo chega pela Internet e aquela
noite terminou com o reencontrar alguém que esta à beira mar lá no Lugar da
Estrada.
A
noite fazia adivinhar o calor do dia seguinte e este não se fez rogado com o
termómetro a passar os 38ºC.