A
montanha não pariu um rato, mas há muitos ratos e ratazanas na
montanha.
A
montanha que nos custa os olhos da cara sustentá-la é um monte de
leis onde enorme número de ratos e ratazanas vivem sob as saias do
orçamento do Estado que todos pagamos porque o Estado somos nós.
A
montanha na sua natureza é toda ela feita de leis. Leis que nos
dizem serem leis iguais para todos, isto é, a matéria da lei é
única. Contudo os ratos e as ratazanas que vivem anafados na
montanha, ou seja nas e das leis, têm visões e alucinações
diferentes e até divergentes de como é a natureza da própria
montanha, ou seja da própria lei, lendo e aplicando a energia que
emana da montanha, que nos dizem ser igual para todos, de acordo com
os seus princípios. Princípios que pouco ou nada têm a ver com a
moral igualitária com que a montanha se foi construindo, sendo o
princípio da igualdade a própria essência base constituinte da
montanha.
Dito
isto, não acredito na fé imparcial dos ratos e ratazanas que vivem
anafados na montanha. Todos, mas mesmo todos são influenciáveis, há
muito que deixaram para trás a pureza da igualdade e do bom senso.
Com
ratos e ratazanas tão poderosos, criados por um sistema democrático
fraco nas acções, só temos que levar a vida longe dos personagens
que habitam e vivem na e da montanha, pois ao cairmos nas malhas da
Justiça nunca mais saberemos o que é, e, onde mora a verdade da
própria lei.
Escrevo,
numa casa onde há alguns anos o sr. José Sócrates, na altura
dirigente socialista
da distrital, esteve para indicar ao dirigente socialista
da
concelhia, qual seria o candidato do partido à Junta de Freguesia já
que a concelhia
estava
dividida entre dois possíveis candidatos. Quem me contou esta
história foi um digno não só militante de
base do
Partido Socialista já falecido, mas também um ilustre benfeitor
social desta
sua própria terra. Também o escolhido candidato e posterior
Presidente de Junta (no tempo em que o cargo não era remunerado) já
faleceu há mais tempo. O sr. José Sócrates tinha a cortesia de
ligar quase semanalmente ao sr. João mesmo depois deste ter exercido
o cargo na Junta de Freguesia. Quando o sr. José Sócrates chegou a
Primeiro Ministro, logo esqueceu o amigo militante de base do Partido
Socialista. Também o então amigo e
antigo Presidente
da Câmara e líder da concelhia depressa esqueceu o amigo. Fez
anunciar no velório a
sua presença para
no
dia seguinte, o do funeral, não comparecendo por
motivos que só a ele dizem respeito. O velho João já não contava
entre
os vivos para
o defender e apoiar cegamente.
É
também
por isso
que vivo indiferente aos ruídos que correm a alta velocidade pelas
ruas, avenidas e redes sociais, sobre o que um tal juiz Carlos
Alexandre tinha aprovado como acusação do M. Público e a leitura
que fez um outro juiz de seu nome, Ivo Rosa, sobre os milhares ou
milhões de parágrafos acusatórios. Há muito que não dou para
esse triste peditório. Não tomo partido nem de um nem de outro.
Quero e
desejo que
vivam longe de mim e dos meus.
Quanto
ao sr. José Sócrates só lhe digo para ter
recato e
remeter-se
ao silêncio, deixando
os seus advogados tratarem de o defenderem das tristes mas
não menos graves
acusações de que é alvo e d’outras que presumivelmente possam
ter prescrito.
Aguardemos pelos próximos capítulos que a Montanha nos irá dar.
Para já a procissão deixou o adro da igreja e vai segundo anunciado
a caminho da Relação, presumindo este quase nada, que depois a via
sacra poderá
continuar para outras instâncias.
Aguardemos
serenamente.
O
sr. José Sócrates enganou o meu pai com as suas atitudes pessoais e
políticas, mas nunca enganou os filhos do sr. João. Lembrar-se-á o
sr. José Sócrates da
acção que colocou em
tribunal ao
grande jornalista
de investigação do jornal Publico sobre os
projectos das
várias casas que
presumivelmente terá assinado quando
não o deveria
ter feito.
O sr. José Sócrates ganhou a acção, era
já Primeiro Ministro com maioria absoluta.
Nesse processo um dos filhos do sr. João era testemunha abonatória
do bom nome do arguido jornalista do jornal Publico, enquanto o outro
filho do sr. João dizia ao pai que o sr. José Sócrates não era
flor que se cheirasse enquanto Primeiro Ministro. Teve
é
certo
condições para alavancar o país do estado febril que há muito se
encontrava.
Boas
escolhas ministeriais o sr. José Sócrates enquanto Primeiro
Ministro teve, assim como, ideias boas e projectos não lhe faltaram
para que déssemos passos em direcção a um outro futuro, não
devendo ser criticado politicamente pelas medidas e escolhas tomadas
no seu Governo. Mas, todos nós temos algo que não controlamos e o
seu ego narcisista levou-o a meter-se por caminhos pantanosos
pensando que a si tudo lhe era permitido e não é bem assim, seja-se
primeiro ministro, político ou simplesmente um cidadão comum. Em
Democracia há regras que pesam mais quando se é político do que
simples cidadão.
Na
verdade nunca o considerei um socialista de gema. O sr. José
Sócrates iniciou-se na política no pós 25 de Abril. Fe-lo
enquanto jovem na
Juventude do PPD de então onde
pontificava o jovem Pedro Passos Coelho,
combatendo na altura os ideias de esquerda moderada e
ou radical. Foi a sua
escola ideológica. Todos nós mudamos e evoluímos e dessa forma
abandona a sua origem entrando no Partido Socialista na altura de
António Guterres. Era o sr. Deputado à Assembleia da Republica
quando li a notícia em vários jornais que ao ser apanhado em
excesso de velocidade perto de Ponte de Sor, terá tentado convencer
a patrulha da guarda a desculpa-lo por ser Deputado. Mais tarde a
tristíssima história de um político Deputado procurar obter a
licenciatura de Engenheiro numa universidade privada de muito
duvidosa essência pedagógica. O sr. José Sócrates na altura já
pessoa importante no partido e na triste política do meu país
achava que poderia chegar mais alto se ostentasse o titulo académico
de Engenheiro em vez de Engenheiro Técnico. Vaidades de mau
prenúncio. Mas como quem não arrisca nas suas escolhas não pode
ganhar o sr. José Sócrates chegou ao poder com maioria absoluta,
tendo condições para como disse atrás alavancar a vida deste pobre
país. Só que a vaidade em crescendo num egocentrismo exacerbado
julgou-se que poderia fazer tudo e
enganou-se. Ao caminhar em terrenos pantanosos na altura sem dar
ouvidos a ninguém a não ser ao seu próprio ego, em plena crise
financeira ocidental espalhou-se e saiu não só pela porta dos
fundos mas pela porta mais pequena dos fundos. O país voltou a andar
para trás, a regredir entregue que foi em
eleições livres aos
liberais mais ortodoxos que conhecemos
neste
ciclo democrático.
Tenha
recato sr. José Sócrates, deixe-se de dar entrevistas a pasquins
semanais ou a canais televisivos de informação manhosa. Remeta-se
ao silencio e deixe o partido que lhe proporcionou chegar onde
chegou, em paz. Na verdade o sr. nunca foi um socialista dos antigos
mas sim um liberal de falas sociais. O sr. sempre se deu melhor com o
dinheiro do capital do que com a luta dos mais pobres por melhores
condições de trabalho. Deixe o país em paz e vá lá sonhando em
ser Presidente da Republica numa
ilha que ainda estará
para nascer, porque nem na
Berlenga
o conseguirá, e no recato
veja se aprende alguma coisa do que é a humildade política.
Não
o condenei aquando da acusação. Não o condeno agora, porque essa
missão de
julgar cabe à montanha
da Justiça que
o sr. José Sócrates com os seus amigos do Partido Socialista e os
seus amigos adversários do PSD têm construído numa teia tão
complexa onde os ratos e as ratazanas que nela vivem e dela vivem
possam cada um ter a sua opinião de modo a que se possa encontrar
sempre um rato ou uma ratazana que julgue de acordo com os desígnios
dos mais endinheirados, porque riqueza é uma outra coisa muito mais
ampla do que a vossa visão egocêntrica de poder endinheirado.
Assim,
não tenho posição sobre as conclusões do juiz de instrução, nem
tive aquando das notícias que ia ouvindo aquando da acusação.
Dizer que um é melhor que o outro, não é a minha praia já que
vivo na outra margem da vida, uma margem que os senhores desconhecem
ou acham que só os loucos, os extremistas, os solitários acreditam
nela.