sexta-feira, 23 de abril de 2021

21.04.23



 


Vejo tantos a auto proclamarem-se que pelo andar de alguma comunicação social ainda vamos descobrir que o 25 de Abril também foram eles que o fizeram ou colaboraram, pois tantos são os que fazem passar a ideia de que estavam a par da movimentação dos militares oposicionistas à vergonhosa e cruel ditadura de que alguns muitos faziam parte integrante do sistema sem contra ela lutarem.

Soube que tinha havido um golpe militar no “Puto” já a noite era bem noite. A dúvida da tendência política do glorioso golpe pernoitou até meio da manhã do dia 26 quando as transmissões confirmaram ter havido no “Puto” um golpe comandado por capitães. A Esperança de que aquele inferno onde vivíamos poderia mudar brilhou nos olhos dos que sonhavam com outro modo de vida para todos aqueles jovens militares que lutavam na defesa de um Império virtual. Mas, as noites continuaram noites ainda por alguns meses, numa incerteza onde apenas o içar da bandeira portuguesa todas as manhãs representava a Esperança de podermos voltar sãos e salvos para o colo das nossas mães, para os braços das nossas mulheres, para os copos com os nossos amigos.

Depois, a alegria e a força popular com as suas lutas internas de controle da mesma, fez soar alarmes em muitos dos que tinham contribuído arriscando as suas vidas, para o glorioso golpe, e, num outro 25 resolveram por um ponto de ordem na alegria e na força popular entregando de mão beijada o poder aos elementos civis da burguesia política que se opunham à força da onda popular. O 25 primaveril mudou de agulha no ano seguinte para um 25 invernoso, que ano após ano, governos após governos nos fez chegar ao estado a que o Estado chegou, parafraseando o saudoso capitão Salgueiro Maia, a quem um antigo apoiante e amigo da PIDE metamorfoseado em democrata eleito Primeiro Ministro em eleições livres, recusou uma pensão ao glorioso capitão de Abril, concedendo pensão a um antigo mas seu amigo da PIDE. Não é pois de admirar as perturbações dos tempos democráticos que ainda vivemos, tempos de uma democracia doente, descrente das suas virtudes para as quais ainda não foi encontrado o caminho alternativo da reversão que nos faça acreditar que pelo menos os nossos netos e vindouros irão viver numa sociedade mais decente e fraterna que esta criada não no 25 primaveril mas a partir de um 25 invernoso.

Houve e há gente política na estrutura do Estado que nada tem de comum com o 25 de Abril de 1974. Quando não comparecem às cerimónias oficiais de celebração da gloriosa acção militar contra o sistema salazarento é o acto que melhor podem prestar ao 25 de Abril, acto revelador do seu próprio ser em sentido lacto, porque a essa gente o 25 de Abril de 1974 nada lhes deve, antes pelo contrário.


21.04.21


 



Quando vais ao médico e ele te prescreve um medicamento alguma vez puseste em causa o que te prescreveram? Alguma vez perguntaste que efeitos secundários tinham as drogas-químico-farmacêuticas que te prescrevem?

Mas, tu sabes que todo o medicamento, incluindo os ditos naturais e homeopáticos, uns mais outros menos podem provocar efeitos secundários, consoante a natureza do próprio ser que as toma.

Eu tomo e prefiro a Aspirina ao Paracetamol. Outros não o podem fazer por causa dos efeitos que o ácido acetilsalicílico lhes causa. Cada um de nós é assim um sistema complexo e desconhecido na sua composição própria e como tal nas suas reacções.

O que é que os jornalistas da nossa praça sabem do assunto vacinas, para andarem a lançar o medo e o pânico nas pessoas incautas que passam o tempo a ver televisão?

O vírus veio mudar muita coisa da vida corrida que “doucement” os líderes e seus lacaios do acentuado liberalismo económico consumista nos impuseram, aceitando nós de braços abertos esse modo de vida stressante, acreditando que nada nos poderia parar na religião do ter sempre mais, de necessitarmos de consumir o que o outro já tinha, sem tempo de pensarmos para que necessitávamos nós daquilo. Na ganância do ter sempre mais deixamos de ouvir a mãe Natureza, os seus lamurios, as suas queixas. Até mesmo quando a mãe Natureza se zanga e revolta com chuvas torrenciais que tudo destroem na sua correria, com terramotos mortíferos de grandes destruições, com vulcões a vomitarem fumos tóxicos e lava, as teias do sistema capitalista civilizado que nos controla o modo de vida, vendem-nos essas imagens de tragédia e horror, porque para eles, donos do mundo, tudo é um bem comercializável.

Eu ando por cá porque fui salvo pela Penicilina aos cinco anos 😉 não dou um segundo a ouvir dizeres coisas sobre as vacinas, porque o que está por detrás e não nos contam é na verdade uma guerra económica de preços a pagar, ou seja de milhões para os bolsos dos que vão controlando o sistema do actual capitalismo civilizado consumista, os tais donos do mundo em que aceitamos viver.


21.04.18

 

A aragem fria que corria ao iniciar o dia acalmou, e a energia do Deus Sol chegou para mais um dia pleno de vida nestas terras longínquas.

Um tempo num dia diferente dos que nas cidades olham pela janela ou varanda, os prédios em frente ao seu, não ouvem o chilrear da passarada ao pequeno almoço, mas em compensação têm o barulho dos carros conduzidos por stressados condutores.

A calma, o silêncio a fazerem jus ao canto dos machos enquanto as fêmeas em azáfama saltitante procuram algo para comer na terra ou algum elemento que lhes sirva para a construção do seu palácio.

Na rádio Antena1 o Prof. Júlio M Vaz com Inês Meneses comentam o que alguém escreveu e falam-me de Armona, a ilha onde um dia em férias da guerra lá longe, conheci a mãe das minhas filhas, onde passei boas férias apanhando e comendo berbigão, lingueirão, pouca ameijoa e bons choquinhos até que mudei para a minha Consolação e por lá fui passando férias. Mas hoje não troco este estar aqui no profundo e esquecido interior por um tempo na Ilha de Armona e até mesmo a Consolação vai perdendo espaço no meu sentir.

Fui um felizardo ao crescer à beira mar, em praias concessionadas mas quase desertas pela maioria dos que naquele tempo podiam fazer férias neste Portugal amordaçado. Depois da escola e de terminados os exames que naquele tempo os jovens tinham anualmente na escola secundária, eram férias até ao fim de semana anterior ao começo das aulas em novo ano escolar. De dois em dois anos vínhamos passar o mês de Agosto até depois da festa de Setembro em honra de N. S. da Piedade com os meus avós, que sempre moraram na Rua do Espírito Santo sendo por lá que passávamos o tempo ouvindo as histórias que os mais velhos contavam à noite quando os vizinhos se reuniam à porta das casas sentados nas suas pequenas cadeiras. A ti Isabel, mulher do ti Albano sapateiro, gostava de contar histórias do fantástico mundo dos lobisomens e das almas penadas. No final da noite pegava-se nas cadeiras e na candeia regressando cada um às suas casas. As noites de quinta feira eram noites de transmissão televisiva de touradas e nessas noites acompanhados sempre das próprias cadeiras ia-se até às bombas de gasolina onde um gerador de electricidade permitia que houvesse televisão. Uma vez ou outra lembro-me de ir assistir no café do Salgueiro onde bebia um refresco de groselha ou de limão. Só já no final da década de sessenta a luz eléctrica chegou, com ela as noites foram perdendo o encanto já que muitas das reuniões de vizinhos e familiares foi sendo substituída pelo ver e ouvir televisão. Quando ia como o meu avô Chico Capelo à Casa do Povo ele ficava sempre cá atrás junto à porta, ao perguntar-lhe porque ficávamos ali respondeu-me que não queria morrer de morte macaca. E não morreu dessa mas de outra ainda mais repentina.

Com o terminar dos estudos, primeiro morreu minha avó e um ano depois o meu avô seguiu-lhe o caminho para o além desconhecido aos nossos cinco sentidos, comigo já no serviço militar. Veio a guerra e o regressar da mesma para casar e constituir um novo núcleo familiar. Só quando os meus pais fizeram esta casinha e vieram para cá voltei também de novo à Zebreira de onde os primos-amigos já tinham saído em busca de uma vida melhor. Assim fui-me habituando a ficar por aqui desfrutando o descanso e o calor humano que meus pais sempre me tiveram. Depois quando minha mãe partiu um dia desta viagem terrena coloquei-a com a ajuda de um primo na urna mas de novo não me despedi dela. Foi a segunda vez que não me despedi de quem com tanto amor me gerou e criou. A primeira vez que não me despedi foi quando parti para a guerra, não tive coragem de a ver chorar lágrimas de desespero com medo que o seu menino por lá pudesse ficar como tantos outros jovens que nunca mais regressaram à terra que os viu nascer e partir. Desempregado, metido em negócios ruinosos, acabei sozinho mas sempre que podia vinha até cá visitar meu pai. Minhas filhas gostavam de vir, criaram amizades que ainda hoje mantêm, embora hoje só a mais nova seja assídua em vir até cá. Com as vindas até junto de meu pai fui ganhando raízes ou foram as raízes dos meus antepassados que se agarraram a mim, não sei pois há tanta coisa na vida para as quais não encontramos explicação.


21.04.16 (S. Domingos)

 

Hoje não sigo nenhum credo religioso, mas respeito quem segue desde que não me queira convencer a aderir ao seu. Fui religioso praticante católico de missa e terço na minha juventude. Hoje sigo o meu caminho nas conversas que tenho com o Deus do Universo.

No respeito que tenho pelas tradições religiosas, quase em exclusivo a cristã católica, lembro-me de que os meus pais foram um ano “Festeiros do S. Domingos” aqui na Zebreira.

Este ano devido à situação pandémica que todos vivemos, segui a transmissão, via facebook, da cerimónia religiosa na capela de Sta. Marina em Segura (terra de nascimento de meu pai) que a Junta de Freguesia proporcionou a todos. Nos próximos dias (segunda feira) haverá a Romaria de Nossa Sra. Do Almurtão com transmissão via facebook da cerimónia religiosa. Pergunto-me porque não foi o S. Domingos agraciado com cerimónia igual, isto é, transmissão via internete (facebbok por exemplo) da cerimónia religiosa desde a sua Capela no Carvalão?

Será que o S. Domingos já não tem festeiros para a realização da sua romaria e desse modo com ajuda da Junta ou da Câmara ou da Paróquia, assim como de outros zebreirenses poderem pintar ou caiar as paredes e portão da pequena Capela?

Se o S. Domingos já não tem festeiros interessados em manterem a tradição religiosa não seria de a própria Junta tomar a iniciativa de chamar a si o encontrar solução e assim com a anuência da paróquia procurar que por exemplo as festas passem a ser organizadas por uma “comissão de festas” integrada por exemplo no próprio Clube de modo a que as tradicionais festas se realizem mantendo as capelas em bom estado de conservação e que as mesmas pudessem gerar alguma receita para o fundo de maneio do próprio clube, prestando-se conta posteriormente do facto numa Assembleia de Freguesia. Estarei a ser utópico ou apenas optimista? Estarei a pedir muito?

Quando as coisas deixam de funcionar é preciso encontrar uma solução alternativa que possa dar continuidade às tradições que são parte integrante da história da Zebreira não as deixando morrer.


21.04.16

 


Não há Liberdade em sentido lacto sem Democracia. A Democracia implica a existência de Partidos políticos, como garantia e substancia dela própria. Sem partidos políticos divergentes não há Democracia. Contudo, a Democracia Portuguesa não se limita à existência apenas dos partidos políticos com ou sem assento no Parlamento. A sociedade civil tem o direito, o dever e a obrigação de ter intervenção política na vida do país que somos todos nós cidadãos, todos diferentes mas todos portugueses, nascidos ou nacionalizados com direitos, obrigações e deveres para com a sociedade em geral e em especial para com as suas gentes quando analisamos ao nível das Autarquias.

Ao longo deste ciclo democrático nascido com o glorioso 25 de Abril de 1974 as eleições autárquicas são não só o momento de a sociedade civil através dos seus movimentos de cidadãos interessados na vida política das suas terras, intervirem de acordo com a visão do bem social para as suas gentes, como também o momento de os mesmos se afirmarem vivos e interessados nos destinos não só da sua terra como também do país a que pertencem e são.

Os partidos políticos do arco da governação não veem com bons olhos estes movimentos que nascem fora do seu controle. É normal que assim seja, fechados que vivem sobre si próprios, apenas se lembrando dos anseios populares de muitas regiões do país aquando dos processos eleitorais. Estão habituados a dominar nas estruturas locais do designado mundo rural, onde foram estabelecendo ao longo do tempo os seus tentáculos na população residente tipo «Alberto João» já que infelizmente economicamente são a maior fonte de emprego (trabalho é outra coisa) das suas regiões, onde o velho "favor" do antigamente continua a funcionar como regra de agradecimento e subordinação ao poder.

É sinal de vitalidade cívica o aparecimento de movimentos de cidadãos fora da lógica partidária a concorrerem às suas Autarquias. Depois ganhará e será eleito quem tiver mais votos colocados em urna, mas só o aparecimento de gente interessada em lutar de modo diferente na defesa das suas gentes é, não só bom sinal mas também saudável politicamente, porque ganhem ou não, são desde logo um tocar dos sinos a rebate para os que militando nos partidos designados como tradicionais se instalaram no poder pensando que tudo podem executar que nada os irá afectar.

No principio não pensava deste modo, contudo, olhando ao que vamos ouvindo e vendo a Política e a Democracia nada perdem com o aparecimento destes movimentos regionais, antes pelo contrário, porque pode não ser bom, para ambos, Política e Democracia «o deixa andar que vamos ganhar» que tantas vezes se instala nas estruturas políticas dominantes de uma qualquer região do país.

Bem hajam os que respeitando a nossa Constituição se propõem lutar por um outro modo de fazer o que à política regional compete, ou seja, lutar de forma diferente pelo bem estar das suas gentes e do desenvolvimento económico da sua região.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

21.04.15(2)

 

Canal televisivo publico a tratar numa reportagem “Linha da Frente” dos problemas que as monoculturas intensivas e super intensivas apresentam para o futuro.

Não conheço a monocultura do abacate no Algarve. No sudoeste alentejano já tinha visto o mar de plástico que são as estufas. Nas viagens entre Ferreira do Alentejo e Beja pela estrada nacional acompanha-se o mar verde do olival intensivo, assim como o mar de plástico que cobre a produção de uva de mesa sem grainha.

Nas minhas viagens entre a Zebreira e a sede de concelho Idanha a Nova fui assistindo a espaço de acordo com as minhas visitas mensais à mudança da paisagem com o abate das velhas árvores, oliveiras, azinheiras, alguns sobreiros e outras espécies com muitos anos de vida. Grandes máquinas desbravaram o terreno e prepararam-no para a monocultura do amendoal. Dividido entre a antiga situação e o que via se transformando, segui com atenção as notícias do grande investimento em curso compreendendo a venda dos terrenos pelos antigos proprietários que pouco ou nenhum rendimento tiravam da terra. É o concelho de Idanha a Nova uma bio região pertencente há rede internacional bio. Acreditei que ao pertencer a tal rede internacional bio, os cuidados ambientais fossem minimizados, embora todo o anterior habitat de aves, animais e flora tivesse sido simplesmente destruído. Ali o abate das azinheiras não causou problemas ao “deus mercado”.

A paisagem virou um oceano de verde desde a estrada municipal até ao horizonte. Felizmente esta época de chuvas tem sido muito satisfatória com os campos verdejantes e floridos excepto na linha intensiva do arvoredo, levando-me a pensar. - que raio de pesticida bio estarão a usar, para logo pensar, será que há herbicidas bio? Tenho duvidas.

Menos dúvidas tenho quanto à normal pouca pluviosidade que ocorre anualmente nesta região. Dizem-me que aquele oceano verde consome menos água do que a antiga cultura do tabaco. Volto a ter duvidas, mas como não sou entendido no assunto calo-me com as minhas duvidas. Que não há matéria orgânica verde na linha das pequenas árvores é um facto observável à vista de observador e a gota a gota está lá.

No final da curta vida útil das amendoeiras intensivas como irá ficar aquela enorme extensão de terreno? Talvez nem seja necessário chegar ao fim da vida útil para os terrenos e as águas subterrâneas acusarem valores de nitratos e nitritos muito acima da média considerada limite. Ainda vamos no início e os peixes no Rio Aravil parece(?) que já fugiram para outras paragens em busca de outras águas. Quando as máquinas sugadoras começarem a aspirar os frutos lá irá ocorrer a mortandade da passarada como já acontece no Alentejo e, campo sem as sinfonias do canto das aves ficará muito mais pobre e triste.

Por outro lado os técnicos no ar condicionado dos gabinetes irão sempre argumentar a favor destes investimentos. Primeiro porque os autorizaram. Segundo porque dir-nos-ão que o valor dos números das exportações da agricultura esta a subir contribuindo para o equilíbrio da balança comercial e etc. Pois é, as exportações agrícolas até podem subir mas a dependência agrícola dos bens comuns e tradicionais irá manter-se e em alguns casos agravar-se.

Já hoje durante a tarde tinha pensado como irá ficar a água da fonte onde vou encher os garrafões para depois a beber? Sim, bebo água das fontes não a comprando nos supermercados. Bebo porque as aguas por cá são leves havendo um ou outra ferrosa. Bebo porque a agricultura normal nesta região era extensiva, só que com aquele oceano e a utilização intensiva dos pesticidas a usar no combate às pragas, e a utilização dos adubos agora designados por nutrientes para garantia de boa produção de amêndoas não sei não como irão ficar ou já estão as águas subterrâneas.

Fico a pensar sem saber se será este o melhor caminho para a sustentabilidade da vida das populações que resistem e teimam em viver nestas terras tão ricas em cultura histórica.

O que me parecia ser uma boa solução pode tornar-se num problema ainda maior. Esperemos que esteja equivocado, mas as minhas duvidas pouco ou nada tem a ver com as preocupações dos grupos ambientalistas ortodoxos.


21.04.15

 

Pouca televisão vejo. E do pouco que vejo são mais os canais públicos que os privados. Vou saindo das redes sociais como um dia fui deixando de fumar o meu cigarrinho sem filtro (Português Suave). Mesmo neste retirar voluntário ou nesta vida quase suspensa que levamos neste último ano, sempre vamos ouvindo e lendo a informação que nos oferecem.

Não dou e recuso-me a dar para tanto peditório que corre pelas cidades virtuais. Não sou, nunca fui juiz. Elaborei autos como “pjm” na minha companhia de caçadores. Alguns autos de "corpo delito". Não fui imparcial nesses autos por mim elaborados aquando do serviço militar lá longe em terras distantes. Não fui imparcial com a consciência de que não o estava a ser. E, não tendo sido imparcial ganhei a minha guerra já que nenhum dos subordinados envolvidos cumpriu prisão atrás de grades porque na prisão do arame farpado já todos nós estávamos. Nunca tive felizmente um louvor por esse trabalho ou pelas outras boas acções que levei a cabo nesse tempo que me e nos roubaram de juventude. Hoje, ontem e amanhã o que eu quero é que o sr. Rosa, o sr. Alexandre, o sr. Sousa que é também Sócrates mas de agora, e os srs. Procuradores do Ministério Público estejam e fiquem bem longe de mim e dos meus, se é que ainda tenho algo de meu.

Não me lembro de ter dado palpites acusatórios sobre o que parece que cirurgicamente o sr. Alexandre e o sr. do MP sentados nas suas cadeiras nos seus gabinetes de ar condicionado davam para os amigos de alguns órgãos manhosos ditos de comunicação. Também agora não opino sobre as considerações que o sr. Rosa escreveu num longo relatório sobre os casos acusatórios sobre presumíveis actos duvidosos e dolosos que o sr. Sousa que gosta mais de ser Sócrates embora fique a séculos de distância de qualquer arroto dado pelo Sócrates grego, cometeu ou tenha cometido aquando do exercício de poder como Primeiro Ministro deste país que um dia lá atrás no tempo viu o Sol ficar encoberto num dia invernoso em que muitos dizem ter sido reposta a verdade da presente democracia. De boas intenções está o mundo e andamos nós em especial cheios de as ouvirmos ciclicamente. Não opino, porque não li nem irei ler as tantas folhas que uns e outros escreverem proclamando cada um da sua interpretação das leis que constituem a montanha em que vivemos sem que de verdade a conheçamos na sua múltipla dimensão. E, se não opino, não dou para os peditórios que correm.

Não dou para os peditórios que envolvem o sr. Sousa que gosta também de ser Sócrates de agora, assim como abomino de novo a acção da Justiça no caso que presumivelmente envolve a sra. Cabrita e um outro deputado. Não sei se na montanha das leis que nos regulam há alguma lei ou acórdão que diga que nos casos em que possa estar a ocorrer algum ilícito de presumível corrupção ou favorecimento indevido primeiro prende-se em «show on» e depois então ouve-se o que os presumíveis presos têm a declarar a fim de se encontrar arguidos para o processo. Estas acções levadas a cabo por elementos da polícia judiciária com o Ministério Publico arrepiam e metem medo a quem gosta de ler e aprender o que foi a Inquisição e o papel que teve o Santo Ofício nesses tenebroso tempos de quase três séculos e se lembra que na sua juventude existiam Tribunais Plenários para julgamento sumário de quem professasse ideias políticas e sociais divergentes do poder político que nos trazia a ferros numa miséria de vida, onde a corrupção existia transversal salva pelo tenebroso lápis azul para que dela não tivesse o cidadão conhecimento.


Não e não gosto desta democracia onde os justiceiros da Justiça elaboram julgamentos populares através de amigos escolhidos em manhosos órgãos de comunicação social. À Justiça pede-se recato que seja célere na sua actuação que tão importante é na defesa de um Estado Democrático que promova o bem estar social dos seus concidadãos. O que vamos ouvindo e lendo é o contrário, muito «show on», foguetório para julgamentos populares em manhosos órgãos de comunicação e depois uma lentidão exasperante mas indiciadora de que a produtividade não faz parte do universo da Justiça. A agravar todo este estado de coisas, sucessivos Governos fracos com os interesse dos poderosos, incapazes de legislar de forma clara e sucinta sobre os problemas que os designados «crimes de colarinhos brancos» trazem à Democracia, entretendo-se a Assembleia da Republica a discutir coisas e a aprovar o que os lideres presentes e ausentes mandam.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

21.04.11


 

A beleza que é estar a preparar o almoço olhar pela janela e ver a preocupação de segurança que a pequena fêmea pintassilgo com uma pena no bico, teve antes de entrar entre as folhas da videira onde estão a construir o seu ninho para poderem garantir a continuação da sua espécie, assim como encherem a atmosfera com as suas sinfonias de canto, sem esquecer as cores da plumagem dos machos, já que são eles o maestro e os músicos do vosso encantador trinado.

Claro que só um outsider desta vida pode achar que a beleza da pequena fêmea pintassilgo observada através da janela vale mais do que várias visitas a um tal MAAT onde pensa nunca entrar pelo seu próprio pé.

21.04.10

 

A montanha não pariu um rato, mas há muitos ratos e ratazanas na montanha.

A montanha que nos custa os olhos da cara sustentá-la é um monte de leis onde enorme número de ratos e ratazanas vivem sob as saias do orçamento do Estado que todos pagamos porque o Estado somos nós.

A montanha na sua natureza é toda ela feita de leis. Leis que nos dizem serem leis iguais para todos, isto é, a matéria da lei é única. Contudo os ratos e as ratazanas que vivem anafados na montanha, ou seja nas e das leis, têm visões e alucinações diferentes e até divergentes de como é a natureza da própria montanha, ou seja da própria lei, lendo e aplicando a energia que emana da montanha, que nos dizem ser igual para todos, de acordo com os seus princípios. Princípios que pouco ou nada têm a ver com a moral igualitária com que a montanha se foi construindo, sendo o princípio da igualdade a própria essência base constituinte da montanha.

Dito isto, não acredito na fé imparcial dos ratos e ratazanas que vivem anafados na montanha. Todos, mas mesmo todos são influenciáveis, há muito que deixaram para trás a pureza da igualdade e do bom senso.

Com ratos e ratazanas tão poderosos, criados por um sistema democrático fraco nas acções, só temos que levar a vida longe dos personagens que habitam e vivem na e da montanha, pois ao cairmos nas malhas da Justiça nunca mais saberemos o que é, e, onde mora a verdade da própria lei.


Escrevo, numa casa onde há alguns anos o sr. José Sócrates, na altura dirigente socialista da distrital, esteve para indicar ao dirigente socialista da concelhia, qual seria o candidato do partido à Junta de Freguesia já que a concelhia estava dividida entre dois possíveis candidatos. Quem me contou esta história foi um digno não só militante de base do Partido Socialista já falecido, mas também um ilustre benfeitor social desta sua própria terra. Também o escolhido candidato e posterior Presidente de Junta (no tempo em que o cargo não era remunerado) já faleceu há mais tempo. O sr. José Sócrates tinha a cortesia de ligar quase semanalmente ao sr. João mesmo depois deste ter exercido o cargo na Junta de Freguesia. Quando o sr. José Sócrates chegou a Primeiro Ministro, logo esqueceu o amigo militante de base do Partido Socialista. Também o então amigo e antigo Presidente da Câmara e líder da concelhia depressa esqueceu o amigo. Fez anunciar no velório a sua presença para no dia seguinte, o do funeral, não comparecendo por motivos que só a ele dizem respeito. O velho João já não contava entre os vivos para o defender e apoiar cegamente.

É também por isso que vivo indiferente aos ruídos que correm a alta velocidade pelas ruas, avenidas e redes sociais, sobre o que um tal juiz Carlos Alexandre tinha aprovado como acusação do M. Público e a leitura que fez um outro juiz de seu nome, Ivo Rosa, sobre os milhares ou milhões de parágrafos acusatórios. Há muito que não dou para esse triste peditório. Não tomo partido nem de um nem de outro. Quero e desejo que vivam longe de mim e dos meus.

Quanto ao sr. José Sócrates só lhe digo para ter recato e remeter-se ao silêncio, deixando os seus advogados tratarem de o defenderem das tristes mas não menos graves acusações de que é alvo e d’outras que presumivelmente possam ter prescrito. Aguardemos pelos próximos capítulos que a Montanha nos irá dar. Para já a procissão deixou o adro da igreja e vai segundo anunciado a caminho da Relação, presumindo este quase nada, que depois a via sacra poderá continuar para outras instâncias. Aguardemos serenamente.

O sr. José Sócrates enganou o meu pai com as suas atitudes pessoais e políticas, mas nunca enganou os filhos do sr. João. Lembrar-se-á o sr. José Sócrates da acção que colocou em tribunal ao grande jornalista de investigação do jornal Publico sobre os projectos das várias casas que presumivelmente terá assinado quando não o deveria ter feito. O sr. José Sócrates ganhou a acção, era já Primeiro Ministro com maioria absoluta. Nesse processo um dos filhos do sr. João era testemunha abonatória do bom nome do arguido jornalista do jornal Publico, enquanto o outro filho do sr. João dizia ao pai que o sr. José Sócrates não era flor que se cheirasse enquanto Primeiro Ministro. Teve é certo condições para alavancar o país do estado febril que há muito se encontrava. Boas escolhas ministeriais o sr. José Sócrates enquanto Primeiro Ministro teve, assim como, ideias boas e projectos não lhe faltaram para que déssemos passos em direcção a um outro futuro, não devendo ser criticado politicamente pelas medidas e escolhas tomadas no seu Governo. Mas, todos nós temos algo que não controlamos e o seu ego narcisista levou-o a meter-se por caminhos pantanosos pensando que a si tudo lhe era permitido e não é bem assim, seja-se primeiro ministro, político ou simplesmente um cidadão comum. Em Democracia há regras que pesam mais quando se é político do que simples cidadão.

Na verdade nunca o considerei um socialista de gema. O sr. José Sócrates iniciou-se na política no pós 25 de Abril. Fe-lo enquanto jovem na Juventude do PPD de então onde pontificava o jovem Pedro Passos Coelho, combatendo na altura os ideias de esquerda moderada e ou radical. Foi a sua escola ideológica. Todos nós mudamos e evoluímos e dessa forma abandona a sua origem entrando no Partido Socialista na altura de António Guterres. Era o sr. Deputado à Assembleia da Republica quando li a notícia em vários jornais que ao ser apanhado em excesso de velocidade perto de Ponte de Sor, terá tentado convencer a patrulha da guarda a desculpa-lo por ser Deputado. Mais tarde a tristíssima história de um político Deputado procurar obter a licenciatura de Engenheiro numa universidade privada de muito duvidosa essência pedagógica. O sr. José Sócrates na altura já pessoa importante no partido e na triste política do meu país achava que poderia chegar mais alto se ostentasse o titulo académico de Engenheiro em vez de Engenheiro Técnico. Vaidades de mau prenúncio. Mas como quem não arrisca nas suas escolhas não pode ganhar o sr. José Sócrates chegou ao poder com maioria absoluta, tendo condições para como disse atrás alavancar a vida deste pobre país. Só que a vaidade em crescendo num egocentrismo exacerbado julgou-se que poderia fazer tudo e enganou-se. Ao caminhar em terrenos pantanosos na altura sem dar ouvidos a ninguém a não ser ao seu próprio ego, em plena crise financeira ocidental espalhou-se e saiu não só pela porta dos fundos mas pela porta mais pequena dos fundos. O país voltou a andar para trás, a regredir entregue que foi em eleições livres aos liberais mais ortodoxos que conhecemos neste ciclo democrático.

Tenha recato sr. José Sócrates, deixe-se de dar entrevistas a pasquins semanais ou a canais televisivos de informação manhosa. Remeta-se ao silencio e deixe o partido que lhe proporcionou chegar onde chegou, em paz. Na verdade o sr. nunca foi um socialista dos antigos mas sim um liberal de falas sociais. O sr. sempre se deu melhor com o dinheiro do capital do que com a luta dos mais pobres por melhores condições de trabalho. Deixe o país em paz e vá lá sonhando em ser Presidente da Republica numa ilha que ainda estará para nascer, porque nem na Berlenga o conseguirá, e no recato veja se aprende alguma coisa do que é a humildade política.

Não o condenei aquando da acusação. Não o condeno agora, porque essa missão de julgar cabe à montanha da Justiça que o sr. José Sócrates com os seus amigos do Partido Socialista e os seus amigos adversários do PSD têm construído numa teia tão complexa onde os ratos e as ratazanas que nela vivem e dela vivem possam cada um ter a sua opinião de modo a que se possa encontrar sempre um rato ou uma ratazana que julgue de acordo com os desígnios dos mais endinheirados, porque riqueza é uma outra coisa muito mais ampla do que a vossa visão egocêntrica de poder endinheirado.


Assim, não tenho posição sobre as conclusões do juiz de instrução, nem tive aquando das notícias que ia ouvindo aquando da acusação. Dizer que um é melhor que o outro, não é a minha praia já que vivo na outra margem da vida, uma margem que os senhores desconhecem ou acham que só os loucos, os extremistas, os solitários acreditam nela.