quarta-feira, 7 de abril de 2021

21.04.07

 

Vivo um tempo que não gosto. Sinto-me preso por correntes invisíveis. Teias invisíveis prendem-me os movimentos, deixam-me sem ideias. Queria fazer coisas e não as faço porque não as devo fazer, dizem-me. E eu me sentindo preso em Liberdade, resisto.

Nunca fui de sair de casa para me sentar numa esplanada. Só quando estudava andei por cafés e esplanadas. Uma vez por outra, mais na Consolação gosto de ir tomar o pequeno almoço fora, de resto o pequeno almoço é em casa à minha maneira. Até mesmo o comer fora me desabituei. Fazer o próprio comer em casa é relaxante dando-me a oportunidade de experimentar inovações, que nem todas saem bem é certo mas aprende-se a não repetir o erro.

Está a chegar o tempo do pequeno almoço dos tempo da guerra quando a minha mãe me mandava pelo correio do SPM um queijo à cabreira e o recebia lá longe nas quase terras do fim do mundo e o degustava com pão e cerveja logo pela manhã quando estava dentro do arame farpado, ficando a faltar o cigarro Português Suave sem filtro que hoje já levo mais de vinte anos sem fumar tabaco. Nunca fumei outra coisa que não fosse tabaco. Assisti a uma sessão de liamba e chegou-me ter sido, o chamado "fumador passivo". Já me esquecia, também cheguei a pagar cinco escudos angolares por um cigarro de barbas de milho. Mas agora uma vez por outra quando o tempo o permite volto ao pão com queijo com uma cervejinha "super bock" fresca logo ao pequeno almoço.

Acordei cansado, mais do que nos dias anteriores. Falta-me vontade para ir para os trilhos da beira rio andar os quilómetros que fazia antes de terem decretado este tempo de vida suspensa. Mais uma vez os políticos querem tratar dos problemas desconhecidos causados por um não menos desconhecido vírus com antipiréticos numa população cuja alimentação não tem potenciado as defesas da própria imunidade. Há que resistir vivendo sem arriscar contactos pessoais fora do agregado familiar.

Diz-me o relógio destas novas tecnologias que esta noite até dormi mais tempo que nas noites anteriores. Às normais cinco horas e meia das noites anteriores, esta noite dormi mais uma hora. Contudo o tempo de sono profundo foi muito menor que nas outras noites. Fico a pensar como é que um simples relógio no pulso durante a noite distingue o sono profundo do sono leve, mas por mais que pense não chego lá, por isso limito-me a registar a informação destes novos domínios da tecnologia, num tempo em que vivo resistindo sentindo o cansaço tomar conta de mim.


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