segunda-feira, 12 de abril de 2021

21.04.10

 

A montanha não pariu um rato, mas há muitos ratos e ratazanas na montanha.

A montanha que nos custa os olhos da cara sustentá-la é um monte de leis onde enorme número de ratos e ratazanas vivem sob as saias do orçamento do Estado que todos pagamos porque o Estado somos nós.

A montanha na sua natureza é toda ela feita de leis. Leis que nos dizem serem leis iguais para todos, isto é, a matéria da lei é única. Contudo os ratos e as ratazanas que vivem anafados na montanha, ou seja nas e das leis, têm visões e alucinações diferentes e até divergentes de como é a natureza da própria montanha, ou seja da própria lei, lendo e aplicando a energia que emana da montanha, que nos dizem ser igual para todos, de acordo com os seus princípios. Princípios que pouco ou nada têm a ver com a moral igualitária com que a montanha se foi construindo, sendo o princípio da igualdade a própria essência base constituinte da montanha.

Dito isto, não acredito na fé imparcial dos ratos e ratazanas que vivem anafados na montanha. Todos, mas mesmo todos são influenciáveis, há muito que deixaram para trás a pureza da igualdade e do bom senso.

Com ratos e ratazanas tão poderosos, criados por um sistema democrático fraco nas acções, só temos que levar a vida longe dos personagens que habitam e vivem na e da montanha, pois ao cairmos nas malhas da Justiça nunca mais saberemos o que é, e, onde mora a verdade da própria lei.


Escrevo, numa casa onde há alguns anos o sr. José Sócrates, na altura dirigente socialista da distrital, esteve para indicar ao dirigente socialista da concelhia, qual seria o candidato do partido à Junta de Freguesia já que a concelhia estava dividida entre dois possíveis candidatos. Quem me contou esta história foi um digno não só militante de base do Partido Socialista já falecido, mas também um ilustre benfeitor social desta sua própria terra. Também o escolhido candidato e posterior Presidente de Junta (no tempo em que o cargo não era remunerado) já faleceu há mais tempo. O sr. José Sócrates tinha a cortesia de ligar quase semanalmente ao sr. João mesmo depois deste ter exercido o cargo na Junta de Freguesia. Quando o sr. José Sócrates chegou a Primeiro Ministro, logo esqueceu o amigo militante de base do Partido Socialista. Também o então amigo e antigo Presidente da Câmara e líder da concelhia depressa esqueceu o amigo. Fez anunciar no velório a sua presença para no dia seguinte, o do funeral, não comparecendo por motivos que só a ele dizem respeito. O velho João já não contava entre os vivos para o defender e apoiar cegamente.

É também por isso que vivo indiferente aos ruídos que correm a alta velocidade pelas ruas, avenidas e redes sociais, sobre o que um tal juiz Carlos Alexandre tinha aprovado como acusação do M. Público e a leitura que fez um outro juiz de seu nome, Ivo Rosa, sobre os milhares ou milhões de parágrafos acusatórios. Há muito que não dou para esse triste peditório. Não tomo partido nem de um nem de outro. Quero e desejo que vivam longe de mim e dos meus.

Quanto ao sr. José Sócrates só lhe digo para ter recato e remeter-se ao silêncio, deixando os seus advogados tratarem de o defenderem das tristes mas não menos graves acusações de que é alvo e d’outras que presumivelmente possam ter prescrito. Aguardemos pelos próximos capítulos que a Montanha nos irá dar. Para já a procissão deixou o adro da igreja e vai segundo anunciado a caminho da Relação, presumindo este quase nada, que depois a via sacra poderá continuar para outras instâncias. Aguardemos serenamente.

O sr. José Sócrates enganou o meu pai com as suas atitudes pessoais e políticas, mas nunca enganou os filhos do sr. João. Lembrar-se-á o sr. José Sócrates da acção que colocou em tribunal ao grande jornalista de investigação do jornal Publico sobre os projectos das várias casas que presumivelmente terá assinado quando não o deveria ter feito. O sr. José Sócrates ganhou a acção, era já Primeiro Ministro com maioria absoluta. Nesse processo um dos filhos do sr. João era testemunha abonatória do bom nome do arguido jornalista do jornal Publico, enquanto o outro filho do sr. João dizia ao pai que o sr. José Sócrates não era flor que se cheirasse enquanto Primeiro Ministro. Teve é certo condições para alavancar o país do estado febril que há muito se encontrava. Boas escolhas ministeriais o sr. José Sócrates enquanto Primeiro Ministro teve, assim como, ideias boas e projectos não lhe faltaram para que déssemos passos em direcção a um outro futuro, não devendo ser criticado politicamente pelas medidas e escolhas tomadas no seu Governo. Mas, todos nós temos algo que não controlamos e o seu ego narcisista levou-o a meter-se por caminhos pantanosos pensando que a si tudo lhe era permitido e não é bem assim, seja-se primeiro ministro, político ou simplesmente um cidadão comum. Em Democracia há regras que pesam mais quando se é político do que simples cidadão.

Na verdade nunca o considerei um socialista de gema. O sr. José Sócrates iniciou-se na política no pós 25 de Abril. Fe-lo enquanto jovem na Juventude do PPD de então onde pontificava o jovem Pedro Passos Coelho, combatendo na altura os ideias de esquerda moderada e ou radical. Foi a sua escola ideológica. Todos nós mudamos e evoluímos e dessa forma abandona a sua origem entrando no Partido Socialista na altura de António Guterres. Era o sr. Deputado à Assembleia da Republica quando li a notícia em vários jornais que ao ser apanhado em excesso de velocidade perto de Ponte de Sor, terá tentado convencer a patrulha da guarda a desculpa-lo por ser Deputado. Mais tarde a tristíssima história de um político Deputado procurar obter a licenciatura de Engenheiro numa universidade privada de muito duvidosa essência pedagógica. O sr. José Sócrates na altura já pessoa importante no partido e na triste política do meu país achava que poderia chegar mais alto se ostentasse o titulo académico de Engenheiro em vez de Engenheiro Técnico. Vaidades de mau prenúncio. Mas como quem não arrisca nas suas escolhas não pode ganhar o sr. José Sócrates chegou ao poder com maioria absoluta, tendo condições para como disse atrás alavancar a vida deste pobre país. Só que a vaidade em crescendo num egocentrismo exacerbado julgou-se que poderia fazer tudo e enganou-se. Ao caminhar em terrenos pantanosos na altura sem dar ouvidos a ninguém a não ser ao seu próprio ego, em plena crise financeira ocidental espalhou-se e saiu não só pela porta dos fundos mas pela porta mais pequena dos fundos. O país voltou a andar para trás, a regredir entregue que foi em eleições livres aos liberais mais ortodoxos que conhecemos neste ciclo democrático.

Tenha recato sr. José Sócrates, deixe-se de dar entrevistas a pasquins semanais ou a canais televisivos de informação manhosa. Remeta-se ao silencio e deixe o partido que lhe proporcionou chegar onde chegou, em paz. Na verdade o sr. nunca foi um socialista dos antigos mas sim um liberal de falas sociais. O sr. sempre se deu melhor com o dinheiro do capital do que com a luta dos mais pobres por melhores condições de trabalho. Deixe o país em paz e vá lá sonhando em ser Presidente da Republica numa ilha que ainda estará para nascer, porque nem na Berlenga o conseguirá, e no recato veja se aprende alguma coisa do que é a humildade política.

Não o condenei aquando da acusação. Não o condeno agora, porque essa missão de julgar cabe à montanha da Justiça que o sr. José Sócrates com os seus amigos do Partido Socialista e os seus amigos adversários do PSD têm construído numa teia tão complexa onde os ratos e as ratazanas que nela vivem e dela vivem possam cada um ter a sua opinião de modo a que se possa encontrar sempre um rato ou uma ratazana que julgue de acordo com os desígnios dos mais endinheirados, porque riqueza é uma outra coisa muito mais ampla do que a vossa visão egocêntrica de poder endinheirado.


Assim, não tenho posição sobre as conclusões do juiz de instrução, nem tive aquando das notícias que ia ouvindo aquando da acusação. Dizer que um é melhor que o outro, não é a minha praia já que vivo na outra margem da vida, uma margem que os senhores desconhecem ou acham que só os loucos, os extremistas, os solitários acreditam nela.

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