domingo, 9 de dezembro de 2012


Eu vim de longe, eu vou para longe, o que eu andei para aqui chegar…

Parado no sofá do meu barco, sinto-me sentado nas nuvens ao ouvir a exposição daquele senhor que dizem ser um iluminado estrangeirado que por azar meu e de muitos como eu, é o ministro do orçamento do meu País.
Se vim de longe porque parei aqui, é a minha dúvida, que mal fiz eu aos deuses para merecer tal sofrimento? Para onde me querem levar, não sei, só sei que não quero ir com eles, prefiro continuar a remar contra a maré…

Como vim de longe, sentado nas nuvens depois do atordoamento dos gráficos e da exposição confusa e omissa na verdade dos factos, vislumbrei o riso sarcástico do Prof. Marcelo Caetano «não gostavam das minhas conversas em família, pois tomem lá que este meu neto-afilhado ideológico vos vai tratar da saúde»

Mesmo na noite mais escura há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não mas vou sozinho no meu barco remando contra a maré, cansado das corporações que numa e na outra margem agitam bandeiras do pró e do contra… onde vais desaguar Portugal?



Apareceste na minha zona de Alverca no tempo em que eu me mudei para cá. Todos os dias te via logo pela manhã, quando passeava com o meu amigo Master, só que tu “Serra” logo fugias e evitavas o contacto, magra, sempre com o rabo entre as pernas aumentavas teu passo e deixava-nos ficar para trás. Nesse tempo por entre carros aparecia o “Cascão” gato de rua que não dando também a mão se mostrava mais social apanhando sempre que podia uma réstia de sol. Que fazer?
No Face vi a notícia do sapateiro de Vila Franca de Xira condenado por alimentar cães chamados de vadios, ou seja cães sem dono, cães livres sem eira nem beira. A revolta da situação fez nascer o sentimento de passar a alimentar-vos. Alimentamos tantos “animais vadios” com os nossos impostos porque não vos dar algo com carinho já que cá em casa já somos oito animais.
Para o Cascão foi mais fácil pois logo se habituou e à hora certa lá está ele debaixo do automóvel mais bem colocado à espera que lhe ponhamos a ração húmida que os fidalgos cá de casa deixam.
Para a Serra onde colocar se andava sempre andando? Era verão e passei a sair à noite colocando a marmita junto a uma árvore a coberto do vento, até que um dia te vi deitada na relva do outro lado da estrada N10, atravessei-a e não me aproximando muito deixei-te a marmita que foste buscar logo que me afastei; voltei a deixar a marmita junto à árvore porque ali o sistema de rega não atingia a molhava e podias comer o que te deixávamos. Quase sempre de manhã tinha que atravessar a N10 para ir buscar a marmita e assim se criou a nossa ligação.
E nas férias como ia ser? Para o Cascão e para ti, Serra, encontramos solução.
Quando regressamos o Cascão por cá continuava a horas mais ou menos certas e à comida húmida juntamos uma dose de comida seca a horas diferentes a coberto da noite, limpando tudo logo pela manhã. De ti, Serra, ouvi histórias, com o cio e uma matilha de cães atrás chamaram o serviço camarário… mas nunca senti que te tivessem apanhado; logo ao segundo dia pela manhã cedo te vi no meio da rua, olhaste-me, meteste o rabo entre as pernas e seguiste teu caminho como sempre apressada. Passei a encontrar-te por aqui e passei a ir colocar-te a marmita junto a uma daquelas coisas aberrantes que colocaram para os animais defecarem (dinheiro publico gasto inutilmente) onde outras pessoas também colocavam comida. À noite antes de me deitar lá ia eu colocar a comida seca ao Cascão e a marmita a ti Serra, que passaste a ser Linda depois de encontrar e falar com a Mena e com outras pessoas que te alimentavam, embora deixasses muita da comida para o bando de pombos. Ainda te tentaram apanhar colocando comprimidos na comida mas sempre conseguiste fugir. A mulher da limpeza de rua dizia-me um dia que o teu olhar era de quem tinha um dom, disse-lhe que sim que era o dom da Liberdade depois de teres sido maltratada pelos possíveis donos, se é que alguém é dono de alguém. Com as minhas idas, quer com o meu amigo quer sozinho, passei a ficar imóvel para ti com calma, com paciência até que desistias e mudavas de canteiro. Conheci-te vários companheiros de aventura pelas ruas, um em especial, cão pequeno bem tratado, preto com as pontas das patas brancas, ponta do rabo branca e uma circunferência branca à volta do focinho, companheiro que logo passou a ter ciúmes do Master quando nos aproximávamos de ti. Uma noite vi deixares a Mena fazer-te festas, falei com ela sobre como te colocar a trela já que havia quem ficasse contigo. Não havia que ter medo, havia que ter calma, paciência e tempo. Assim foi, deixei de te ver, de te encontrar no nosso caminhar pela ruas e passei a ver o teu amigo preto sozinho ou com outro cão que de vês enquanto aparece por cá. Uma manhã fria vi vir na minha direção uma senhora toda apressada, eu não a conhecia, não me lembrava de a ter visto, mas era comigo que ela queria falar, era para me dizer que a Linda a Serra já estava bem, já tinha casa em Alhandra tendo inclusive a Senhora Professora trazido fotografias dela com um outro Serra da Estrela que ela tinha; que eu já não precisava mais de levar comida, que ela e o seu marido sabiam que eu lhe levava comida. A noite tem os seus segredos e naquela manhã feliz por ti Serra disse à senhora que iria continuar a levar para os outros coitados sem eira nem beira. Agora ando preocupado com o teu amigo que deixei de ver por cá, será que também encontrou um lar, ou anda por novas ruas em busca de ti ou de um novo amigo humano? Não sei, mas gostava de saber…
Quanto ao nosso amigo Cascão continua a aparecer. Agora com a chuva deixou de ter hora certa, mas os sítios por onde o vejo são os mesmos, sempre cuidadoso ao atravessar passeios e a estrada. Às vezes segue-me na rua mas sempre à distância… Será que um dia também vai deixar alguém fazer-lhe festas?
Vou fechar o computador, está na hora de lhe levar a comida seca.



A manhã estava fria como são as manhãs de Dezembro na Zebreira, levantou-se com cuidado para não os acordar, a neta dava sinais de ir acordar por isso todo o cuidado era pouco. No quintal saboreou o sol de inverno, procurou alguns paus mais pequenos para colocar na pequena lareira da cozinha. Depois do lume aceso foi ao frigorífico buscar o chouriço que tinham comprado na praça no dia anterior e retirou a cerveja que ainda lá estava desde o passado mês de Setembro, quando visitou o pai na altura do aniversário dos seus 89 anos, pegou no pão e cortou umas fatias. O pão da Zebreira feito na padaria do João, amigo das suas filhas, era o melhor pão que conhecia; há bons pães em Portugal mas aquele é diferente para melhor que todos os outros. Sentado na mesa pequenina ao lado do lume ia saboreando aquele pequeno almoço que tanto gostava de fazer ali; não era nem apreciador nem bebedor de cerveja nem compreendia porque gostava tanto daquele pequeno almoço; recuava no tempo na busca das razões que não compreendia e quando deu por si já tinha comido o chouriço e todas as fatias que tinha cortado. O seu pai ainda não tinha chegado do lar para onde um dia decidiu ir e bem. Lar que fica a menos de 500 mt de casa. De casa também não vinha barulho, continuavam a dormir e naquele silêncio com o sol a entrar pela janela como que sentia a mãe entrando na cozinha a arrastar a perna direita sorrindo para ele, como antigamente o fazia quando o via a beber cerveja logo pela manhã ao pequeno almoço.

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Portas e o bóson de Higgs

O bóson de Higgs também chamado de partícula de Deus é para uns a demonstração de que Deus existe e para outros de que Deus não existe. Assim, bóson de higgs são portas que se abrem ao conhecimento e ao desconhecido porque depois de ser encontrado e conhecido irão procurar o que poderá ter existido antes da sua formação e outros ficam com as suas certezas nas dúvidas sobre quem é Deus. Será Deus resumível aquela pequena partícula mas portadora de energia universal?

Portas muito complexas estas ao alcance de alguns mas sobre as quias muitos gostam de falar e opinar.
Falemos de outras Portas, as que da China se abrem para o universo das pequenas e médias empresas portuguesas. Tal como o bóson me deixam muitas dúvidas.

O ministro da economia é um tal Álvaro que caiu em desgraça ainda não tinha começado a trabalhar como ministro (ninguém o avisou de que é preciso ser “cagão” com os títulos nesta República) e como tal o jovem é culpado de tudo o que de desgraça se passa na economia deste falso jardim.
Depois há um tal de Paulo que sendo dos estrangeiros aparece como vendedor das nossas riquezas abrindo as suas portas ao mundo como salvador. Se no Perú falou em castelhano não percebi porque na China não falou em mandarim, mas como sou duro de línguas a culpa deve ser minha, daí muitas das minhas dúvidas. 
Portas que se abrem na China correspondem a exportações porque segundo sei o mercado chines é a oriente e esta fora do espaço Schengen. Segundo também li e escutei na rádio o problema das empresas exportadoras é o seu financiamento, isto é, os vendedores vendem os seus produtos para lá das nossas portas (fronteiras) mas depois os bancos não dão condições para as empresas poderem fornecer nos prazos acordados o que com tanto esforço e dedicação foi conseguido vender. Não havendo cumprimento nos prazos lá se vão as nossas riquezas (saber e competência no trabalho).

Mas que bóson o nosso, o da economia é culpado de tudo, o dos estrangeiros é salvador vendendo sem saber das condições de cumprimento, o chefe anda perdido no trânsito do IC19 e o das finanças anda à volta com os desvios que tirando os milhões que dá aos financeiros da banca não acerta uma previsão.

Protões, electrões, neutrões andam girando por aí e por aqui de forma ordenada nesta imperfeição, sem abrirem portas dão estabilidade ao núcleo central do átomo e enquanto assim for vamos mantendo a esperança de dias melhores irão girar.


Os subsídios

Transformámo-nos num povo de subsídios. É subsídio para trabalhar, é e foi subsídio para não trabalhar, subsídio para o desempregado, subsídio para a reinserção e tantos existem que nem sei a sua designação.
No âmbito do trabalho por conta de outrem existem três subsídios que atestam o nosso atraso económico e social. O primeiro é o subsídio de alimentação, isto é, para podermos comer algo ou um pouco melhor temos que ter um subsídio. Depois vieram os subsídios de férias e o de Natal ou seja os chamados 13º e 14º. Ainda me lembro das discussões sobre as previsões de gastos de pessoal e a sua contabilização; salvo raras excepções os estrangeiros não entendiam os cálculos dos gastos com pessoal.
O ano tem 12 meses, trabalhamos 11 e recebemos 14, porque?
Esta na lei do trabalho argumentava.
Nunca vi estes subsídios de alimentação, de férias e de Natal como uma conquista dos trabalhadores, antes pelo contrário. O trabalhador deve ser remunerado condignamente e se me dão subsídios estão a dar-lhe uma esmola e não a pagar o que me devem pagar.
Há muito que deixei de saber o que é receber subsídios e vejo perplexo o que se diz e escreve sobre o dito 13º e 14º.
Vejo doutos economistas, doutos jornalistas e doutas figuras da política opinarem sobre a manutenção do Estado Social no nosso país, como se o mundo não estivesse em constante evolução e o que era ontem já não é hoje e não sabemos como será no futuro que se nos apresenta carregado e cada vez mais incerto.
Temos um governo que anda à procura de aprender a governar e a reboque de uns doutos vai procurando tapar o sol com a peneira sem mexer no essencial, ou seja, na riqueza dos abastados.
Advogam muitos a justeza dos subsídios com o Tribunal Constitucional mas este TC não é ele constituído por juízes nomeados pelos partidos? Todos sabemos que o TC não é independente, é mais um representante da classe dominante.
As corporações sindicais fazem manifestações e declaram greves que só prejudicam quem trabalha e ganha pouco ou é trabalhador independente e não conhece o cheiro nem a cor dos tais subsídios. Mudar de rumo para estas corporações é difícil e talvez tenham medo de seguir a estratégia de um passo atrás dois à frente.
Um país que é uma Nação que não consegue tributar os abastados dá-se ao luxo de pagar aos pensionistas os tais 13º e 14º (subsídios). Porque é que tais doutos não falam nisto em vez que intoxicarem as pessoas com a sustentabilidade do SNS e do Fundo da Segurança Social.
Eu fiz os meus descontos, dirão alguns. Claro que sim.
Os descontos eram feitos para assegurar uma velhice condigna em função dos que se ganhou ao longo da vida contributiva. Assim pensávamos porque todos acreditávamos estar no caminho certo do progresso e desenvolvimento. Mas o progresso trouxe-nos felizmente um aumento da esperança de vida e infelizmente ao mesmo tempo uma diminuição em progressão geométrica das oportunidades de trabalhar e deste modo diminuem as contribuições para a Segurança Social. Não é preciso nenhuma licenciatura para perceber isto.
Vivemos hoje a pior ditadura que conheci nos meus 61 anos de idade e não ouvi falar de política após o 25 de Abril, a meu modo sempre fui um político amante da Liberdade e solidário com os outros desde 1969, por isso muitos dos doutos não me são estranhos.
Lute-se pela integração dos subsídios no montante da remuneração anual. Os valores assim calculados serão pagos nos 12 meses do ano. E acabe-se de uma vez com a política dos subsídios.
Copie-se os métodos de outros países ocidentais quanto às pensões, Suíça por exemplo. Tenha-se a coragem de mexer no valor das pensões. Um país que não é capaz de criar riqueza para pagar as suas dívidas não pode pagar pensões acima de um determinado valor. Que valor? – Metade da remuneração bruta do Presidente, digo eu como proposta.
Não se tem coragem para estabelecer plafons então tribute-se com uma sobretaxa as pensões acima desse valor.
Aos valores poupados faça-se a afetação, 50% para as pensões abaixo do salario mínimo e os outros 50% para um fundo de capitalização para o desenvolvimento da economia com prioridade nas empresas exportadoras de bens transacionáveis.
Se só a economia consegue combater a ditadura do desemprego, alimente-se o FCDE com:
- 50% dos valores de poupança nas pensões excedentárias
- verbas equivalentes aos aumentos dos custos de energia e comunicação de 2012 pela aplicação de uma sobretaxa às empresas que actuam nesses setores de actividade, por um período de cinco anos
- sobretaxa financeira a aplicar anualmente por igual período, cinco anos e calculada com base no diferencial  entre a taxa de IRC para os bancos e a taxa de IRC para as PME dos últimos 5 anos.
- uma taxa residual às empresas exportadoras de bens transacionáveis que recorram e usufruam do FCDE para a sua recapitalização futura.
- 15% dos gastos da Assembleia da República serão afectos a este fundo nos próximos cinco anos
A gestão do FCDE será partilhada entre elementos nomeados pelos parceiros sociais no máximo de cinco para um período de quatro anos sem direito a indeminizações no caso de saírem antes do fim do mandato. A gestão prática será dada à instituição financeira existente em Portugal e que melhores condições ofereça em concurso.
O Futuro é incerto mas pertence aos vindouros, criemos condições para que possam florescer em Paz.


O barco vai cheio
Cheio de passageiros
Cheio de vazio
Cheio de solidão
Os semblantes vão carregados
A custo, ouvem-se vozes tão baixas
Que parece terem medo de se ouvir
O barco vai cheio
Não se ouvem vozes como antigamente
Falam dos desamores no trabalho
Nas dificuldades em casa
Falam do vazio em que vivem
Não acreditam na esperança
O barco vai cheio
Cheio de solidão
Cheio de medo sem esperança
Os semblantes vão carregados
Onde está a utopia?
Por onde anda a esperança?
O barco vai cheio
Cheio de solidão

terça-feira, 19 de junho de 2012


Gestores de topo

Topo que se confunde com vara.
Vestem bem, de marca, assumem o poder através de amizades regalias dadas pelo poder político do Estado. São administradores, presidentes, chairman, ceo, directores, chefes de divisão e até chefes de serviço para não se falar nos empregados súbditos. Distinguem-se pelo grau de mordomias que usufruem. O objectivo de quase todos (as excepções serão uma raridade mas podem existir) é servirem-se mais a eles do que à entidade onde prestam colaboração, sem nunca esquecerem o padrinho que lá os colocou. Sofrem bastante com os concursos públicos, provas efectuadas, avaliações etc… tudo fazem porque há sempre uma mão amiga no circuito.
Frequentam cursos de pós-graduação, mbas, seminários de alta direcção, tudo sempre em nome da produtividade e da excelência, certificados que são quase todos por uma ISO qualquer.
Contribuem de forma activa para o PIB da Nação com os seus ordenados e mordomias. Quando tem de tomar decisões há sempre uma empresa consultora onde conhecem um amigo e que a peso de ouro lhes prepara um relatório de forma que ele possa decidir, acto de gestão esse quase nunca tomado de livre vontade sem antes consultar ou informar o padrinho ou alguém que este o aconselhe. É bom ter cuidado nestes tempos de muita alternância política, nada melhor do que ter as costas quentes pelos estudos dos consultores-amigos certificados, assim pode-se hierarquizar o negócio, perdão, a decisão. Quantas vezes antes de decidirem se devem os veículos da empresa abastecer nos postos da GALP ou da REPSOL não mandam substituir toda a rede informática, terminais, notebook e software porque o sistema anterior está lento e não lhes dá as coordenadas GPS pretendidas, felizmente as financeiras encontraram a solução e quando procedem à venda – aluguer da viatura incluem tudo (viatura, manutenção completa com duas mudas ano de pneus, seguro contra todos e um plafond considerável de combustível mês…) grandes engenheiros financeiros estes e, depois é bom de ver que com o sistema informático lento nestes tempos de mudanças vertiginosas é difícil tomar decisões.
Encostado para trás e olhando a Ponte vasco da Gama lá ao longe no meio do rio lembrou-se de alguns que conheceu e ia tomando as suas notas no seu bloco A5. O engenheiro P, antes vereador da câmara de Lisboa com pelouro, porque isto de ser vereador com poleiro ou sem poleiro, desculpem, pelouro não é a mesma coisa. O tal engenheiro estava em desgraça política no seu partido mas fora nomeado administrador naquela empresa de novas tecnologias; o seu método de gestão era reunir à noite uns tantos quadros em sua casa e conspirar contra o outro administrador que tinha a responsabilidade da produção que nem um nem o outro controlavam acusando-se mutuamente de falta de condições para o exercício… tentava assim o dito P manter-se á tona d´água. Quando ele confrontou as contas da advogada amiga do dito P, com os valores facturados e solicitados a pagamento que não correspondiam ao trabalho realizado e, depois de mais uma reunião nocturna, a amiga advogada figura publica nas hostes desportivas, compareceu no seu escritório e o argumento que levava era sorrir traçando as pernas e destraçando de modo a mostrar que não usava cueca e nada mais acrescentou aos factos a não ser que ainda não tinham passado 48H e já ele recebia uma nota de honorários de 25 contos. Ops 25cts por mostrar as pernas e a vagina? Não cedeu.
O tal de P caiu em desgraça sem antes o ter tratado mal junto de responsáveis das empresas accionistas. Depois caiu e passou por lá outro engenheiro que chegou de autocarro pois tinha passado como administrador pela CARRIS, não se lembra do nome do senhor pelo que o designa com senhor engenheiro. O dito sr. engenheiro geria metendo medo, gritando e acusando. Chegava pelo final da manhã e o seu primeiro e profícuo acto de gestão era bater com o jornal CM na secretária para afastar o pó, depois, ia sentar-se na casa de banho defecar alto e ler o CM. Mais um belo quadro da holding estatal IPE. O dito sr. não podia gerir a empresa porque ele não lhe dava números certos quanto aos valores em divida, de manhã perguntava e davam-lhe um numero, à tarde perguntava e davam-lhe outro numero e assim era impossível gerir, o D. F. era uma força de bloqueio. Antes de sair da empresa cansado de aturar tanto desperdicio, ainda colaborou em muitos estudos efectuados por quadros e empresas dos accionistas e ainda teve tempo para conhecer outro administrador e engenheiro que também via nele a tal força de bloqueio para o desenvolvimento da produção da engenharia de sistemas. Saiu um dia pelo seu pé sem ter contudo recebido os valores a que teria direito. A experiência dos grupos portugueses chagara ao fim, tinham criado um buraco e não se entendiam como fechá-lo; ainda não passou muito tempo que tinha visto o nome da empresa como uma dos investimentos italianos em Portugal e ele nunca se encontrou por lá com qualquer representante da empresa italiana accionista. Havia dívidas à Segurança Social e hoje questiona-se se os accionistas portugueses já pagaram os valores em divida com juros e custas?
Lembra-se dos tempos que passava nas Amoreiras, onde uma senhora marquesa servia em serviço de prata e porcelana fina o chá pelos corredores. Ele esperava que a reunião terminasse com fumo branco. O representante do grupo financeiro dizia-lhe que tinha sido tudo tratado e acordado conforme tinham combinado. Chegava à empresa e o administrador informava-o que o representante da Marconi o informara que não tinha havido acordo. O gestor do Grupo BES foi para a Telecel, o da Marconi passou pelos CTT e ele segui a sua vida pelo seu pé.
Na imagem corporativa conheceu gente com quem gostava de trabalhar, era uma média empresa de produção de imagem corporativa; havia contudo um accionista que era um fundo de investimento onde um ex-GALP de Sines espalhava o terror e cansou-se das insinuações do tal executivo que como o mundo é uma aldeia confessava suas lamentações na alcofa de uma amiga, tinha problemas de consciência com a sua saída de Sines logo na altura em que se falava de desvios de um Chefe dos Serviços Financeiros. Verdade ou não pouco lhe importava tinha decidido sair e ir trabalhar com espanhóis na esperança de voltar a trabalhar com os franceses. Os espanhóis estavam cá a trabalhar com uma estrutura montada, os franceses estando cá não tinham estrutura esperavam a adjudicação da barragem para a montar e contavam com ele. Vieram eleições e com elas emergiu da sombra um tal de C que com o T a primeiro-ministro decidiram parar e suspender os trabalhos da barragem e assim lá ficou com os espanhóis e ficou padeiro por uns anos. O sistema de gestão mexicano não era fácil e foram dias semanas meses e anos difíceis; amigos e família foram ficando para trás e quando os quis recuperar já era tarde demais; um dia a empresa compensou de tanta dedicação e colocou-o no desemprego.
Começava assim uma nova vida, com o desemprego veio o deserto com tempestades constantes de areia e os oásis que encontrava a secarem-se rapidamente sem lhe darem tempo para se refrescar da canseira de vida que tinha começado.
Num deses oásis trabalhou como independente a recibo verde, que passava em nome da mulher. Uma clínica de renome onde se geravam receitas consideráveis mas as receitas não se viam nos extractos bancários; clínica interligada com uma outra empresa de importação e comercialização de equipamentos e onde o seu papel era apanhar as causas dos buracos que dia a dia chegavam via correio ou telefone que naquela época a internet dava os primeiros passos. Bombeiro a acudir aos problemas de falta de cumprimento quer bancário quer fiscal; por um lado uma fonte de dinheiro funcionava e pelo outro uma fonte de incumprimentos existia. Montou um sistema de informação com a Repartição de Finanças de forma a ter tempo de poder fazer alguma coisa para o cumprimento das obrigações que não tinham sido cumpridas e que a administração fiscal solicitava. Queixava-se o acionista que nunca tinha pago tanto dinheiro ao Estado e questionava-o sobre a possibilidade de pagar 30.000 cts a um amigo que dizia que conseguia eleminimar todo o cadastro das empresas na administração fiscal. Sem nunca lhe dar uma resposta positiva sobre essa forma de resoluçãp para os muitos milhares em divida cansou-se, e um dia depois de mais uma reunião deixou o dito oásis e seguiu caminhando nas dunas áridas da vida que conhecia e aprofunfava em conhecimento. Agora com a cabeça recostada no banco olhando as águas calmas do rio lembrava a reportangem que na noite anterior vira num dos canais televisivos sobre o grupo económico do tal senhor. A vida nem sempre é boa mãe para os que trabalham e procuram cumprir com as regras civicas da sociedade. Gestores de topo que se confundem com vara.

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Lembras-te dos tempos de bicicleta
Dos tempos de escola
Dos poucos dias sem chuva no inverno

Lembras-te do vento berlengueiro, das rajadas
Das viagens sem oleado
Colocando as bicicletas atravessadas na estrada
Agachando-nos para que a chuva passasse

Lembras-te disso?

E agora,
Lembras-te do tempo onde estamos?


Hoje vive-se melhor do que há 30 anos e nesse tempo vivia-se melhor do que ha 60 quando teria nascido, é a evolução das condições de vida e com elas a esperança de vida. Vivemos mais anos com qualidade minima de vida, vivemos e pensamos mais em termos da nossa propria liberdade.
Nem tudo no desenvolvimento é positivo, houve e há coisas que parecendo ser tornam-se negativas em termos sociais. A TV é um caso. A caixa que mudou o mundo é imparável mas acabou com grande parte da vida social nas aldeias, associações, bairros e até nos próprios edíficios de habitação. Ficamos fechados em casa a ver o que nos ecran nos debitam como informação, deixou de haver coabitação, tornamo-nos isolados solitários independentes, que quando acordamos para a vida futura estamos mais sós do que alguma vez imaginamos. É o divórcio, a separação, os filhos que partem para a sua vida e nas paredes antes com vida só existem quadros lembrando coisas do passado ou representando investimentos em arte que podem ter valorizado muito mas não nos dão uma ponta de atenção um pouco por pouco que seja de carinho e a caixa com um novo ecran com uma nova tecnologia de 3D lá continua no quarto, na sala, na cozinha e até no quarto dos miudos que já se foram a debitar sempre imagens e sons dando-nos a ideia errada que não estamos sós.
Com o desenvolvimento das comunicações o planeta tornou-se uma aldeia global num ápice. Não se precisa mais de ficar esperando o carteiro, basta abrir o computador ligado a uma rede virtual e ver na caixa que está algures num sítio que não conhecemos mas que nos parece pertencer as mensagens que nos enviaram. Aquilo que poderia ser um modo de comunicação depressa se transforma numa caixa de poluição a exemplo da caixa de correio à entrada de casa ou do prédio, tantos são as mensagens que são reenviadas mas que nada nos dizem, mesmo aquelas que feitas com imagens e musica a condizer se transformam em mais uma a correr sem nada nos dar pois são tantas e tantos os e-mails recebidos sem uma mensagem pessoal, sem duas palavras escritas para nós que cansam quem esperava comunicar. Desaprendemos a escrever, não gostamos nem fazemos um esforço para escrever comunicando. A comunicação passou a ser a lei do menor esforço, o mínimo divisor comum. Associado à escrita chega a voz e a imagem mas a comunicação nem sempre é fácil e nem sempre é fluente, os solitários procuram através da tecnologia encontrar o que lhes falta, amor e carinho de amigos distantes também chamados de virtuais.
TV, computador e internet, faces diferentes da comunicação global, do desenvolvimento economico mas nem tanto no desenvolvimento social.



(Para minha companheira de vida)

  
Procurei nas livrarias, percorri as estantes,
Folheei páginas e páginas, li, reli e voltei a ler
Mas não encontrei nenhum livro
Que dissesse, que transmitisse
A emoção do amor que por ti sinto
É bom depois dos cinquenta ser outra vez moço tolo
É bom saber que existes e que daqui a pouco podes sorrir para mim…


Queria oferecer-te algo especial mas ainda não consegui lá chegar...


Pensei em oferecer-te uma flor
Mas as flores podem adoecer e morrem
E eu não quero que o meu sentimento por ti possa adoecer ou sequer morrer




Estou a ficar velho,
cansado de lutar e das lutas.
Nas fotos onde te tenho
encontro forças para continuar.
Olho-te mais do que tu imaginas
És a fonte das minhas forças
és a energia que me alimenta!



domingo, 6 de maio de 2012



Partem uns, outros ficam e novos chegam
Com o tempo a memória vai lentamente esbatendo a saudade…
A fotografia teima em lembrar quem tanto nos quis e nos quer…
Para que o espírito perdure nas nossas memórias vivas e, saibamos respeitar quem tanto nos quis, quem tanto nos quer!


Mãe
Não é eterna saudade
Mas sim uma saudade sempre presente! 
Às vezes tenho vontade de te ligar
Às vezes tenho saudades
Às vezes… Mãe
Uma coisa no peito, uma vontade de falarmos
Às vezes… Mãe
Sinto tudo à minha volta sublimar-se
Fico sem saber que fazer, para onde caminhar…
Às vezes… Mãe…

terça-feira, 1 de maio de 2012



Três rafeiros

O mais velho chegou no decorrer do ano de 2004. O divórcio e a venda da habitação quase paga obrigaram-no a procurar uma outra casa e assim mudou-se para a outra margem, foi para sul. Nesse tempo ainda a filha mais nova vivia com ele um viver de pelo menos dormir e por vezes jantarem juntos, ela continuava a estudar e já ia trabalhando para ganhar para os seus vícios. Habituou-se à outra margem, as condições monetárias da vida tinham-no transformado num NINJA moderno (sem rendimento, sem trabalho, sem seguros).
Naquele tempo mudaram-se com eles o Jeremias e a Pequenina dois gatos rafeiros com histórias e comportamentos diferentes, para trás no tempo da mudança tinha ficado o Onix o seu amigo labrador, não resistiu à perda de imunidade que uma carraça lhe causou e sofrendo mas sempre amigo acabou por partir no mês de Fevereiro anterior à sua ida para a outra margem. O Jeremias era um gato possante majestoso que um dia a pedidos insistentes da filha J tinha vindo da rua para casa, era um gato porreiro; passado pouco tempo de estar na casa nova como que defendendo os humanos das más vibrações apareceu doente, foi operado, fez quimio e ainda viveu mais um ano altura em que o mal sempre atento e insistente o atacou de novo e não mais recuperou da segunda intervenção. A Pequenina era diferente, pequena de tamanho, rafeira com cruzamento siamês era um animal velhinho, calmo, carente e mediúnico; chegou a casa com o falecimento de sua mãe, na última visita ao palheiro encontraram-na chamou-a e ela veio à sua mão, na semana seguinte trouxeram-na para casa. Ela sabia quem eram as pessoas boas que entravam em casa, via para além dele, velhinha procurando sempre calor e colo foi perdendo os dentes e veio a falecer dois anos depois num Natal. Não foi cremada como os outros mas enterrada em Vila de Rei, Bucelas.
Ainda a Pequenina era viva e a G sua companheira arranjou-lhe uma gatita que foi batizada com o nome de Mia, uma rafeirita recolhida com duas semanas de vida num terreno em Moscavide. Depressa se habituou e com a Pequenina aprendeu a andar por casa sem procurar sair para a rua, ao sábado aquando das limpezas as varandas ficam abertas nem sequer procura ficar um pouco vai e em menos de 30 segundos está de volta para dentro, independente, escolhe os momentos de receber festas e comer e dormir é o seu prato favorito.
Pelo Carnaval de 2009 chegou o terceiro rafeiro, de sua graça Master, é cão e veio de Alverca onde há mais de um ano andava e sobrevivia na rua. No seu corpo as marcas da sobrevivência, no seu comportamento os traumas dos maus tratos. É um cão majestoso mas medroso, não gosta de passar na porta de cafés ou de bares, não gosta de passar junto a pessoas que estejam reunidas a falar alto, mete o rabo entre as pernas baixa a cabeça e faz força para mudarmos de direcção; quando outros cães lhe ladram, segue o seu caminho não lhes liga mas quando encontra cães que andam sem eira nem beira fica dando ao rabo todo contente querendo sempre ir ter com o outro ou outros; um cão que quase não ladra mas que fala com ele batendo com os dentes, que se habituou às paredes de casa e o recebe aos saltos quando abre a porta, mete-lhe as patas nos ombros e tenta lamber-lhe a cara o que ele evita quase sempre, depois das festas e de satisfeito vai para o seu canto. Um cão que é muito mais do que um cão.

Tinha dormido mal, sonhou e acordou várias vezes durante o sono por isso custava a acordar, a TSF rádio tocava mas maquinalmente baixou o som como que não querendo ser incomodado, o telemóvel despertou e repetiu o movimento, virou-se escondendo na almofada o ouvido que ainda tinha capacidade de audição. Contudo o amigo Master vendo que não se levanatava chegou perto da cama e sem por a pata nesta começou a falar batendo com os queixos numa linguagem sua, sem latir para não incomodar os vizinhos aquela hora, já eram 06H10 e lá estava ele olhando-o abrindo e fechando a boca naquela fala seca oôôt oôq âããa meio a dormir saiu da cama e foi directo às escuras para a casa de banho metendo-se debaixo do chuveiro. Fez a barba ainda mais rápido que nos dias anteriores, já não usava cremes para barbear as lâminas descartáveis deslizam e deixam-lhe a pele macia. A Mia que tudo assiste ao fundo da cama (é lá o seu lugar) espera-o em cima do móvel que existe no hall para receber umas festas no pescoço e depois começar a miar pedindo comida fresca. Agasalhou-se e sairam para a rua, o Master corria escadas abaixo até à porta da rua, normalmente fechada mas se ela não estivesse fechada, que faria? Ir-se-ia embora ou ficaria a esperá-lo? Uma duvida que o assaltava mas para a qual ainda não tinha coragem para experimentar.
A manhã estava fria, o outono que começou com alguma chuva andava agora seco acentuando-se o arrefecimento nocturno. Era noite fechada ainda, algumas pessoas caminhavam apressadas para o trabalho ou para o ponto de encontro onde outros passariam para as levar. O Master escolhia o caminho e ele procurava controla-lo sem o forçar. Na rua seguiram para a Rotunda do Toiro descendo depois a avenida até ao cruzamento da escola primária que agora tinha outra designação. Esperaram pelo sinal verde e atravessaram. Chegados ao terreno baldio o Master entrou na sua actividade de cheirar tudo para trás e para a frente, tudo tem um cheiro um significado que o leva a ter redobrada atenção. Depois de cheirar, de alçar a perna e defecar, seguem pela rua do Minipreço abaixo até ao Jardim da Praça ____ na passadeira dos peões os carros passavam como se eles não estivessem a atravessá-la, viraram à direita, passavam pelo lavadouro municipal que agora era mais museu do qe outra coisa e foram em direcção ao Largo da Praça e voltaram para casa. Estava feito o primeiro passeio do dia. Ainda era noite quando entraram em casa e a Mia miava inquieta pedindo comida fresca.
Abriu uma lata de comida e deu-lha. Depois tratou do Master enquanto via e ouvia as notícias da manhã na TV. Por fim tomou ele o seu pequeno almoço. Torradas com manteiga e leite com café solúvel acompanhando a toma dos comprimidos para a tensão arterial e para as dores das artroses nas mãos. Fez a cama, abriu o computador e enquanto este iniciava falou com os seus anjos, santos e Deus.


Não estava habituado mas as contingências da vida atiraram-no para aquela situação, acordar todos os dias sem ter a obrigação de se levantar… não estava reformado, ainda faltam muitos anos para se reformar, mas estava classificado com um chip de “velho para trabalhar”, não pertencia a numero clausus mas também não sabia ao que pertencia, tinha bilhete de identidade e numero de contribuinte, tinha obrigações mas os direitos estavam esquecidos não estavam gravados no chip, ninguém o queria para trabalhar e o organismo que lhe daria o direito a uma pensão de reforma não o considerava nas suas listagens, era ainda muito novo para aparecer na listagem dos que tinham direito a receber pensão de reforma…
 
Na noite anterior tomou um comprimido para dormir, um dos poucos na sua existência de vida e ao acordar olhou para dentro e não se lembrou de acordar durante a noite nem tão pouco do acordar com impulsos corporais desconhecidos, também nem sequer do ressonar do cão ou do cio da gata se lembrou, apenas aquela impressão na boca que admitiu ser do comprimido. Iria evitar tomar outro ou não queria voltar a tomar.
Sofre calado, nem sequer pensa no que tem para pagar, vive os dias como se à volta fosse o Iraque, sente as bombas a rebentarem perto cada vez mais perto, mas vive, pensa e continua a sonhar, continua a construir planos, não hipóteses mas planos…
Agora até sabe quando é que tem que enviar as contagens da água, da electricidade e do gás, no último dia de cada mês faz a contagem …
Olha o mar, olha o rio e o correr da água já não o descansa, não o acalma como outrora; o Guincho já nada lhe diz! É apenas mar vento e areia, tudo numa corrida desenfreada, não encontra ali calma nem descanso…
Lembra os amigos e as amigas, mas não lhes telefona, é preciso poupar, é preciso não gastar o que não se tem … a ganhar…
Vai à net ver se tem correspondência, o último vício de luxo a que se dá a si próprio… não quer perder as ligações com o mundo
Lembra-se dos presos políticos que escreviam, que liam para se manterem vivos e assim faz; em dois dias consegue ler o Agualusa nos momentos em que está em casa, num domingo lê de uma assentada os Cem Anos de Solidão, lê as teorizações entre a existência ou não, de Céu e de Deus …
Não se sente triste, não perdeu a esperança, nem anda a fugir… apenas se retrai… guarda para amanhã o que poderia fazer hoje na esperança de que o amanhã vai chegar mais livre e sem o peso das obrigações por cumprir…
Olha para trás e consegue ver onde foi o cruzamento em que se despistou, e se fosse hoje que faria? O mesmo ou tornar-se-ia diferente… abandona o pensamento e segue o seu rumo… não mais parou de cair e levantar, mas cada vez que cai mais difícil é levantar…
O onde, o como, está decidido em consonância, só falta o quando…
Não foge! Nem esquece! Sabendo que um dia vai voltar…

segunda-feira, 30 de abril de 2012


Amigo

Companheiro

Que tudo farejas e assim tudo sabes

Que tudo escutas e assim tudo ouves

Amigo

Companheiro

Incondicionalmente Incondicional!

No teu tempo ainda não havia as provas de surf nessas águas.Se tivesses vivido mais uns anos serias um cão-surfista de top, mas a vida nem sempre é boa para os mais fiéis.Neste dia 19 de Fevereiro como ser quase humano que eras acabaste a tua luta contra a doença que te ia consumindo sem nunca te tirar a alegria de estares em família.Hoje tenho outro amigo comigo, também veio para a minha família no mesmo mês em que tu me deixaste, não te substitui mas como tu companheiro: 
Tudo fareja e tudo sabe
Tudo escuta e tudo ouve em silêncio
Escuta até as almas penadas que não nos largam



no silêncio das ondas se espraiando

no silêncio do grito das gaivotas

no silêncio de estar só,

ali frente ao mar,

ao universo,

à fonte de vida de onde um dia talvez tenha submergido,

para num outro dia mais tarde,

quem sabe lá voltar...





A princípio era o verbo, e este se fez gente, e a gente se espalhou mundo fora, uns correram em busca do graal outros em busca de paz e outros ainda em busca de nada.
Ao fim de 60 anos de idade e outros tantos de vida busco a calma, a paz interior, o ser solidário e companheiro, de meu pai enquanto viver, de minha companheira, de minha neta, de minhas filhas e dos amigos que queiram pertencer a este clube de compreensão, honestidade e respeito por cada um de nós.
Penso que só assim podemos estar bem connosco próprios para podermos dar aos outros e com eles partilhar/dividir o que a vida tem de melhor.
O passado é passado está arrumado, mas moldou-nos nos nossos afectos, na maneira como encaramos os outros e construímos o presente no futuro.
Vamos ver até onde conseguimos ir neste mar que anda encapelado e ausente...