A
manhã estava fria como são as manhãs de Dezembro na Zebreira, levantou-se com
cuidado para não os acordar, a neta dava sinais de ir acordar por isso todo o
cuidado era pouco. No quintal saboreou o sol de inverno, procurou alguns paus
mais pequenos para colocar na pequena lareira da cozinha. Depois do lume aceso
foi ao frigorífico buscar o chouriço que tinham comprado na praça no dia
anterior e retirou a cerveja que ainda lá estava desde o passado mês de Setembro,
quando visitou o pai na altura do aniversário dos seus 89 anos, pegou no pão e
cortou umas fatias. O pão da Zebreira feito na padaria do João, amigo das suas
filhas, era o melhor pão que conhecia; há bons pães em Portugal mas aquele é
diferente para melhor que todos os outros. Sentado na mesa pequenina ao lado do
lume ia saboreando aquele pequeno almoço que tanto gostava de fazer ali; não
era nem apreciador nem bebedor de cerveja nem compreendia porque gostava tanto
daquele pequeno almoço; recuava no tempo na busca das razões que não
compreendia e quando deu por si já tinha comido o chouriço e todas as fatias
que tinha cortado. O seu pai ainda não tinha chegado do lar para onde um dia
decidiu ir e bem. Lar que fica a menos de 500 mt de casa. De casa também não
vinha barulho, continuavam a dormir e naquele silêncio com o sol a entrar pela
janela como que sentia a mãe entrando na cozinha a arrastar a perna direita
sorrindo para ele, como antigamente o fazia quando o via a beber cerveja logo
pela manhã ao pequeno almoço.
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