quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Vivemos um tempo de equívocos.

 

Vivemos um tempo de equívocos. É tudo tão anormal. Tanta cobiça, tanta inveja que me falta o ar. Calado vejo vírus peçonhentos no ecrã televisivo. Cada um mais peçonhento que o outro. A informação que nos dão está carregada de medo, de invejas, sempre de meias-verdades, de ódio até. O que eles nos servem em bandejas coloridas é peçonha viral. Mais perigosa que o tal vírus que chegou para mudar a vida dos humanos. Mas que os humanos governantes teimam em ignorar.

Dúvidas de final de ano e outras anotações ao correr dos factos.

 

Mantenho as minhas dúvidas quanto à necessidade de termos uma companhia aérea bandeira. Falam os defensores dessa estratégia dos benefícios que a mesma tem na economia mas, esquecem ou ignoram os elevados custos suportados para a obtenção desses benefícios.

Não conheço nenhum dos gestores da TAP. Não conheço nem tenho conhecimentos para avaliar a sua capacidade técnica para o cargo, mas não gosto da sua atitude face às notícias que são difundidas de aumentos salariais; a excepção será a remuneração do actual líder nomeado para presidir à gestão da empresa. Acho exagerado a remuneração do CEO, mesmo sem aumento, atendendo aos resultados de exploração, à situação de pré - falência da empresa onde o seu papel, contributo e desempenho tem sido mais um custo pesado que um leve benefício. Enquanto os líderes da empresa não interiorizarem que devem ser eles os primeiros a darem o exemplo (baixando também as suas remunerações, por exemplo… e nem falo nas mordomias) a coisa não avança e, se a coisa não avança nada de bom nos espera enquanto contribuintes indirectos para a manutenção de alguns "tachos" e empregos improdutivos lesivos da nossa saúde pública.

Uma outra dúvida tenho. Na tal comissão de vencimentos que propôs os aumentos para os gestores administradores o accionista Estado tem assento? Se tem, o seu representante ou representantes já colocaram o lugar à disposição do Ministro? Ou este triste folhetim não passa de mais uma guerra de interesses entre as facções internas do partido que nos governa? O Ministro que tutela a empresa tem muitos falsos-amigos no seu partido político, sem esquecer os que frequentam o palácio em Belém, daí as minhas dúvidas. Mas se o Ministro tinha conhecimento e avalizou, então, cometeu um erro primário.

Deixando os problemas à volta das asas da TAP, a cena que se passou em Évora com a escolta ao transporte das vacinas para o Hospital, só se dá por culpa da falta de coragem política deste e de todos os anteriores ministros e governos incapazes que foram e têm sido em reformar numa só estrutura de comando as duas forças de segurança interna onde ao fim de 46 anos de democracia ainda se vislumbram resquícios do 24 e 23 de Abril de 1974. Triste cena aquela a dar aso e matéria aos politiqueiros peçonhentos que vão medrando nos canais televisivos.

Por falar nas vacinas concordo com a estratégia aplicada. Primeiro todos os profissionais de saúde que estão na frente de combate nos hospitais públicos do nosso SNS. O aldrabão político do bastonário da OdM talvez por constar do quadro de pessoal do HS João, aproveitou logo a oportunidade para tomar a vacina. Terá o sujeito medo que venham a faltar vacinas? Ainda bem que a sra Ursula Von der Leyen que preside e bem à UE centralizou a contratação das vacinas na estrutura da própria União Europeia, senão o que não seria dito e redito a todas as horas pelos jornalistas e politiqueiros peçonhentos das nossas televisões.

Estiveram bem os deputados do PSD, PS, PCP e BE recordando ao eunuco Ventura as suas próprias e inflamadas palavras aquando do anúncio da sua candidatura à Presidência da República, afirmando na altura, perante as câmaras televisivas que iria ser candidato mas não se demitiria das suas funções de deputado. Não passa de mais um eunuco com lugar garantido no pódio dos maiores aldrabões conhecidos na actualidade.

Por falar no eunuco Ventura que se apresenta numas eleições Presidenciais com ambições a ser Primeiro Ministro, é também cómico e por vezes triste ouvir as declarações de gente com imagem e ou responsabilidades políticas no partido político que nos governa trocarem as mãos pelos pés e vice-versa em declarações de um «striptease» trapalhão para justificarem o voto nestas eleições presidenciais no actual presidente-e-candidato. Estas ou aquelas personagens que se acham socialistas do dito socialismo moderno auto proclamados apoiantes do candidato-presidente são tão de esquerda como eram sociais-democratas os deputados constituintes da antiga Acção Nacional Popular de Marcelo Caetano que depois se auto-designaram por "Ala Liberal". Gente do “centro híbrido” que estão sempre dispostos a servirem quem lhes possa cheirar a poder. Mas é o que temos.