sexta-feira, 28 de junho de 2019

Serenidade










Pergunto-me, será que a Democracia que hoje existe não só na América, mas também pela nossa Europa é a Democracia que um dia sonhámos e ainda sonhamos ser o melhor dos regimes políticos?
Não terá sido ela, a Democracia, ocupada lentamente pelos seus inimigos silenciosos mas poderosos que com os seus agentes de falas redondas nos entretêm de tantos em tantos anos e, assim nos vão comendo os miolos, com os seus bens materiais e imateriais supérfluos que sem os pedirmos nos fazem entrar pelas portas, janelas e paredes de nossas casas?
Hoje as paredes já não precisam de ter ouvidos como no tempo da dupla “Botas e Professor”, nós damos-lhes toda a informação graciosamente, seja por estas redes sociais ou pela utilização dos telemóveis. Tudo o que falamos via internet ou telemóvel, os passos que damos no nosso dia a dia, tudo esta na nuvem ao serviço deles.
A Democracia acabou por ser o melhor regime político para todos. Uns porque pensamos e vivemos na ilusão da Liberdade, outros porque desse modo nos entretém com jogos de poder, nos dão uns amendoins de terceira para bebermos com uns tintos ou uma minis no tempo de verão, enquanto eles se passeiam pelos seus novos palácios combinando entre eles qual a melhor forma de nos continuarem a iludirem, aumentando quer os volumes de negócios, tão necessários ao crescimento económico, quer os seus lucros vergonhosos e usurários alguns mesmo ainda de escravatura.
Ao andar por aqui quando ainda as sete da manhã vêm longe, sei que ao não desligar o telemóvel, eles, os invisíveis poderosos e seus lacaios, se quiserem sabem que pouco passava das seis quando o astro Rei Sol me convidou a vir até cá, para beber este silêncio, esta calmaria onde nem os peixes saltam fora de água. Aqui ao desfrutar a natureza com a minha amiga, ainda não sabia daquela imagem do pai com a sua filha mortos na margem do rio, apenas porque queriam emigrar para aquela que um dia nos disseram ser a terra de todas as oportunidades, queriam... sonhando o pai com um outro futuro para a sua menina… mas, a terra do Tio Sam nunca foi de oportunidades iguais para todos, sendo hoje governada por um bando de fanáticos loucos e perigosos para a Paz no Planeta, um bando onde se poderão contar pelos dedos das mãos os originários nativos daquelas terras descendentes dos primeiros “Sapiens” que lá chegaram.
Eu a minha amiga Sacha e a Natureza da pequena barragem da Toulica num respeito mutuo procurando a sintonia da vida, coisa que não está fácil.




segunda-feira, 17 de junho de 2019

Pode alguém ser quem não é?









Nasci na então freguesia de Santa Maria dos Olivais em Lisboa. Cresci e formei-me homem junto ao mar em Peniche. As raízes dos antepassados que me deram origem estão junto à fronteira com Espanha nas terras raianas de Idanha a Nova. Por terras transmontanas, minhotas e angolanas criei laços. Sou por isso e por direito próprio um Português de lés a lés. Português, europeu e ocidental de acordo com educação judaico-cristã em busca da razão que me dá alento para continuar a caminhar.
Vejo pouco televisão. Cansa-me mais ou neurónios do que propriamente a vista. A moral e a ética que apregoam e difundem não é complementar ao meu pensar, preferindo eu caminhar sem a sua companhia. Ainda vai havendo livros, jornais e revistas… amigos e outras coisas para fazer com emoção e prazer.
Contudo como não sou um bicho do mato, sempre acabo por ser um espectador ocasional, mais das notícias que dos outros programas.
Vejo, ouço, registo e vejo-me a cada dia mais distante da corrente maioritária. Não vou falar da política, nem dos políticos e amigos destes, nem sequer do nevoeiro cerrado que envolve o futebol, a minha política é outra e no futebol não sou adepto dos actuais clubes ganhadores. Falo por exemplo da publicidade encapotada que nos noticiários nos vendem como notícia, quer sobre festivais de musica, quer sobre as provas de surf.
Quais são as cidades deste País consideradas pela UNESCO como cidades da Musica?
Qual a cidade com praias e condições para a realização do evento mais importante a nível mundial de uma prova de surf?
A resposta é fácil, mas parece desconhecida pelos serviços de informação dos canais televisivos públicos e privados todos em busca unicamente de audiências (excepção ao canal 2 da RTP).
À primeira pergunta temos duas cidades e uma delas ainda este ano foi reconhecida pela UNESCO como Cidade Criativa da Musica – Idanha a Nova, pois claro!. Lá bem no interior beirão fazendo fronteira com a Extremadura Espanhola.
A resposta à segunda ainda é mais fácil e transparente como as águas do mar que a cercam, Peniche, pois claro! Bem no litoral onde o oceano Atlântico é o Mar azul de muitos sonhos e emoções.
Há festivais de musicas ao longo do ano em Idanha a Nova, mas notícias sobre eles nos canais televisivos não as ouço. Serei apenas eu a não ver qualquer referência a esses eventos porque vejo pouca televisão?
O mesmo se passa com Peniche, que desapareceu praticamente de ser notícia pelos diversos eventos que se realizam à volta do surf e do mar. Foi em Peniche que a 15 de Agosto se começaram a realizar as provas de triatlo. Este ano a Federação programou-o para o passado dia 8 de Junho. Que canal televisivo deu notícia a este grande evento?
Se Idanha a Nova fica lá no interior esquecido, já Peniche fica bem no litoral rodeado por mar. Mas o tratamento noticioso é o mesmo, porque? pergunto-me e não tenho resposta.
Sendo estas duas cidades os locais a que estou ligado umbilical-mente pergunto-me? - Pode alguém ser quem não é?














domingo, 16 de junho de 2019

1606


Mais um dia que marcou a minha e nossa vida. Ao caíres naquela madrugada de 14 de Maio perdeste todas as capacidades de ainda um dia poderes olhar o mar azul sentado no banco onde tantas vezes te sentaste metido com os teus pensamentos, com os teus segredos e desejos, de poderes voltar a olhar as tuas oliveiras, que para ti eram árvores sagradas, sorrindo quando elas carregavam ou de semblante carregado quando apresentavam pouco fruto
Não sei mais nada de ti, a água secou no teu corpo e partiste para um outro universo desconhecido dos nossos cinco sentidos. Cumprisse a tua viagem. Foste exemplo para teus filhos e netos.
Hoje escrevo-te sabendo que não irás poder ler, de qualquer modo escrevo-te sem estar triste. Tristeza bem grande foi ver-te um mês e um dia mês na cama do hospital vegetando longe de tudo e de todos. Sentir a tua mão apertar as nossas mãos quando te visitávamos, olhando-te impotente perante o teu estado vegetativo, procurando que a luz da esperança que existia no fundo do nosso universo consciente desse um sinal e ele já não podia chegar, o apertar de mãos era apenas e só o sinal de quereres que tudo pudesse terminar de vez, era o teu pedido para te deixarmos partir sem mais sofrimento, sem causares mais incomodo para os outros, pois foi sempre esse o teu desejo quando os dois sentados lado a lado falávamos da vida e da morte. Esse sofrer sim, dor maior de uma tristeza única que ficou guardada numa das minhas gavetas.
Por tudo, hoje é apenas um dia diferente, o dia em que há três anos os teus órgãos cansados de tanta luta desigual deixaram de funcionar, nada mais havendo a fazer do que colocar-te junto dos restos da tua companheira, cumprindo os teus hábitos religiosos, para que se fizesse jus ao amor que vos uniu desde o dia em que a conheceste, quando andavas na escola primária de Segura e foram visitar a escola primária de Salvaterra do Extremo os vossos olhares se cruzaram, segundo me contaste numa das viagem que fazíamos para comermos aquele bacalhau à brás de que tanto gostavas.
Que estejas em paz e possas encontrar a Luz.
Aquele abraço de até sempre Pai.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

08.06


De uma forma ou de outra a gente se habitua, com mais ou menos aceitação dos factos, nunca deixamos de ser pessoas de hábitos. Mais ou menos conservadores, mais ou menos revolucionários no sentido de rebeldia perante os hábitos e costumes da sociedade onde nos inserimos. Ela própria, a macro-imagem de hábitos e costumes que nós criamos em colectivo sem muitas vezes tomarmos consciência disso; outros com poder nos impõem hábitos e costumes de forma suave ou violenta e, nos fazem crer numa salvação à posterior se nos portarmos de acordo com os seus interesses de classe.
Mais uma vez, mais um dia em que o meu ser foi despertando à medida que a rotação do planeta nos proporciona a chegada dos raios e energias diurnas. Na cidade, no campo ou junto ao mar é este o momento de abraçar o novo dia, dando-me e agradecendo a oportunidade de poder viver estes momentos, ouvir o silêncio, escutar o meu próprio ser, deixando-me embalar nas coisas boas já vividas, para não ter medo do que a vida me possa trazer e dar, para ganhar a força e a vontade de continuar a fazer o meu caminho, a ouvir e a escutar o que não nos querem dizer, a ver um pouco mais do que as imagens e cenas que nos oferecem.
Hoje é um dia especial, diferente de muitos outros que por mim passaram. Não é por ser sábado, que para este “velhote” reformado tanto faz que seja sábado, domingo ou segunda, pois os dias já são todos iguais.. Hoje é especial por há quarenta e dois anos ter realizado um sonho, um desejo maior que muitos outros. Um desejo sonhado numa tarde, na longínqua cidade de Luanda quando nas férias dadas pelas altas patentes, deixando para trás a minha fiel companheira G3, fugia à prisão do arame farpado, fugia às rações de combate, em busca de um outro sol, de um outro ar, esperando a noite chegar para voar para o colo de minha mãe, os braços de meu pai e irmão. Na rotunda então chamada Serpa Pinto olhando o céu do azul de Angola encontrei em letras sagradas e imortalizadas no canto, o nome que há quarenta e dois anos dei à primeira filha.
São dias a juntar a muitos outros, cada um diferente mas, todos com o seu quê de especial.
Dias e lembranças que ajudam a viver e resistir neste mundo tão distante da democracia que Abril nos fez sonhar, mas, que Novembro tratou de acalmar para hoje vivermos neste tempo onde a alienação se uniu ao fanatismo e a verdade deixou de ter espaço e importância. Um tempo em que, como no tempo do "botas" e do "professor" o maior cego é aquele que não quer ver. Mas, nesse tempo ainda tínhamos a alternativa da comunicação social em jornais opositores que nos ensinaram a ler e a ver nas entrelinhas, enquanto hoje, seja pública ou privada a comunicação social alinha toda ela pelo mesmo método fechado de análise por forma a impedir o progresso das consciências, distraindo-nos com reality shows e a promoção de figuras duvidosas.
Tenham um bom fim de semana, aproveitem o feriado que de Camões nunca teve nada, passando depois de Abril a uma outra qualquer designação apenas e só interessante para os políticos e seus correlegionários à volta do poder, na distribuição de viagens e comendas, como sempre, antes e agora, distante de quem trabalha e sofre para viver e sobreviver neste bocado de jardim à beira mar criado mas sempre adiado, onde as flores há muito deixaram de florir.


quinta-feira, 6 de junho de 2019

Abraço de almas


A lembrança perde-se no tempo. Olho para trás, divido-me entre o agora e o passado, indo em busca daquele abraço de almas.
Tão longe, tão distante que quase lhe perdi o gosto, o cheiro, aquele sabor de almas e corpos se fundindo na energia da permuta dos amantes.
O que é que nos aconteceu?
Poder-se-à viver sem lembranças?
Poder, pode-se, mas não é a mesma coisa!

domingo, 2 de junho de 2019

Meditando





Fecho os olhos, a pouco e pouco o pensamento ausenta-se, fico apenas com o sentir da respiração num vai e vem cadenciado, quais ondas do mar azul infinito que observo do alto da minha duna, num vai e vem beijando a areia, acariciando as rochas como um dia levarão parte das minhas cinzas. Quero ficar assim, ausente de tudo, de todos menos de mim, no embalo deste sonho acordado que me leva... para onde ainda não sei, mas desconfio...

ICL_010619




Chegou o dia do almoço dos antigos alunos estudantes dos anos sessenta e setenta daquela Escola que deu continuação há antiga Aula do Comércio instituída pelo Primeiro Ministro de Reino Sebastião José de Carvalho e Melo, Marques de Pombal, se seu nome I.C.L. Instituto Comercial de Lisboa, “O Cortiço” situado na Rua das Chagas em Lisboa e que hoje tem como seguidora adaptada aos novos e futuros tempos o actual ISCAL.
Reunimos-nos como sempre em saudável convívio de reencontro de colegas, onde as lembranças vêm dos tempos difíceis de estudantes até aos tempos que vivemos hoje.
Com almoço semestral ou anual o importante é o convívio, a reunião de todos, porque mais do que o almoço, festejamos a vida, com a noção de que o tempo cada ano vai sendo mais curto para com a nossa juventude o festejarmos dando graças à vida por tais momentos.
Bem hajam os organizadores, com especial ênfase para o amigo José Estimas que mesmo ausente esteve presente.