Antigamente,
no tempo em que a liberdade estava amordaçada, os jornais afetos ao
poder oligárquico de Salazar-Tomás-Caetano usavam notícias falsas
para meter medo aos seus leitores, comiam criancinhas ao pequeno
almoço aqueles que possuídos pelo diabo queriam que Portugal fosse
um estado subordinado aos interesses dos russos nesse tempo
denominado de comunistas-soviéticos.
Os que não eram afetos ao regime liam os outros jornais exercitando
os seus neurónios na busca de informações que os homens do lápis
azul tinham deixado passar nas
entrelinhas,
por descuido ou ignorância.
Com
a vitória do Movimento Militar dos Capitães, em Abril de
1974, instaurou-se
a quase total Liberdade, uns querendo instaurar a utopia, outros
querendo controlar à maneira dos soviéticos
as estruturas do Estado, outros saudosistas queriam que o tempo
voltasse para trás, outros ainda sob a capa de uma tal
social-democracia uniram-se e aproveitando o poder que os militares
mais moderados tinham no dividido MFA, criaram as condições para
que a normalidade democrática do capitalismo se fosse instalando e
tomasse conta de todas as estruturas do Estado, com os militares a
entregarem de mão beijada aos políticos o poder que anos antes
tinham conquistado com
o risco das suas vidas, e
dado aos portugueses.
Ainda
a vida política não estava totalmente controlada, calma e serena,
de mão beijada fomos aceites como um país aderente à hoje
designada União Europeia, para tanto os amigos poderosos que
controlavam Bruxelas adoçaram-nos com toneladas de dinheiro para
podermos sair do marasmo económico e termos estruturas publicas a
nível europeu. O dinheiro chegou e com ele o abandono dos
campos, de muitos barcos de pesca, as vilas e aldeias as
despovoarem-se a caminho das cidades que cresceram a ritmos nunca
vistos, construimos estradas, auto-estradas, escolas publicas
secundárias em todos os concelhos, universidades do saber e da
excelência em várias cidades, hospitais em quase todas as cidades,
levou-se a luz elétrica a todas as aldeias e lugares, os campos de
futebol deixaram de ser pelados e passaram a ser relvados, não há
concelho que não tenha piscinas publicas e outras instalações de
apoio desportivo e social, o país mudou, modernizou-se e a vida das
populações deu um salto qualitativo, o país lavou a cara e voltou
a viver a sua vida calma de publicas virtudes e brandos
costumes.
Quantas das toneladas
do dinheiro vindo foram aplicados no desenvolvimento das nossas
infraestruturas industriais? Dos nossos barcos de pesca e pescadores?
Quantas? Muito poucas ou
nenhumas!
Também não era esse
o interesse dos poderosos de Bruxelas quando nos levaram e aceitaram
no seu seio. Eles já tinham essa capacidade industrial criando
excedentes que era preciso colocar, já tinham e possuíam
vacas-leiteiras a mais, batatas em excesso, vinho bom e outro
fabricado para exportar, tinham excedentes de frutas para vender,
afinal eram eles que também precisavam de nós como extensão do seu
mercado, mas nós nunca soubemos olha-los nos olhos, defender o que
produzimos bem e com qualidade, não soubemos defender o nosso
mar, sempre nos vergamos aos poderosos de Bruxelas, sorrindo
e pouco mais.
Em
nome do bem estar e do desenvolvimento os
tais da tal social-democracia começaram a venderam-nos a ideia
que ter empresas publicas era mau, era contra as normas da
concorrência. Quer dizer que
depois de nos termos
aplicado a eletrificar
o país, construir
hospitais instituindo um Serviço Nacional de Saúde que alguns dos
poderosos de Bruxelas invejam na sua soberba ao olharem-nos com
inveja, depois de construirmos
as escolas
para dar oportunidades de estudo a todos os que vivem por cá… depois
de nos modernizarmos recorrendo quase sempre ao endividamento externo
havia que chegar
o
xeque-mate com
pezinhos de lã, privatizar
a palavra de ordem, dar de mão beijada aos antigos e novos senhores
representantes do capital, aquilo que estamos e vamos continuar a
pagar, sempre em nome do progresso e do bem estar social.
Deram-nos
novos canais televisivos, novas estações de rádio, com tudo
isso os jornais elaborados por jornalistas competentes desapareceram
e os que resistem obedecem a lógicas de tabloides sem o mínima
preocupação de informar correctamente.
Quando
aparece um Governo que para ter apoio parlamentar faz acordos com os
partidos mais à esquerda, logo os bobos vem a terreiro gritar
- ai daqui el rei peixe frito, é agora que vamos para o
fundo do poço, onde o anterior Governo já nos
tinha colocado com a ideia que aquele era o caminho sem retorno ou
derivações. Perante a necessidade de venderem a alma ao
diabo, (alma já não devem ter mas
possuem muitos diabretes saudosistas e invejosos), aproveitam todos
os pintelhos, todas as migalhas de coisas mal feitas por qualquer
político do Governo actual para
nos seus tabloides, jornais e canais televisivos, criarem o medo, a
desconfiança, fazerem da possível hipótese o caminho virtual
de uma luta contra a corrupção. Assim, dizem-nos que duas borlas no
futebol isentaram um prédio de IMI. Não gosto da proximidade entre
os políticos e os clubes de futebol, mas se é o Ministro das
Finanças que dá o parecer sobre a cobrança ou não do imposto IMI,
então já percebo porque é que estou há mais de uma semana à
espera de pagar o Imposto de Selo de uma doação que me fizeram, é
que entretido
com o futebol o senhor Ministro ainda não despachou a dolorosa que
tenho que pagar.
De
há muitos anos digo que em nenhum Estado, em nenhuma Civilização
existiu uma Justiça independente. A Justiça lacto senso, é em si a
encarnação dos interesses das classes dominantes. Ela, Justiça, é
o espelho da moral e da ética que vigora nessa sociedade organizada
politicamente. Se olharmos para a nossa história recente é isso
mesmo que vemos, todos os juízes competentíssimos dos tribunais
plenárias do salazarismo-caetanismo passaram num toque de mágica a
serem competentíssimos juízes nos tribunais da liberdade pós 25 de
Abril. Hoje temos uma
justiça, de letra minúscula,
que nos faz fugir dela pelo descrédito e desconfiança a que os seus
agentes a conduziram. Uma
justiça ao serviço de uma classe dominante oculta, que não quer
perder os seus privilégio de continuar a controlar a nossa vida
colectiva.
Bem,
depois temos os ressuscitar dos bufos, figura central da oligarquia
salazar-tomáz-caetano e que passado este tempo de democracia, voltam
a emergir no sistema como os camaleões se adaptam às circunstâncias
na busca de bem servirem os seus donos ocultos.