terça-feira, 30 de janeiro de 2018


São os circuitos de águas quentes sanitárias, os sistemas de arrefecimento por schiller, propiciadores da existência e desenvolvimento da bactéria legionella.
Ela existe na natureza faz parte do nosso meio ambiente e é inofensiva até ser por nós respirada e se alojar nos nossos pulmões. Quando isso acontece a nossa saúde sofre bastante podendo mesmo, chegarmos ao fim à nossa existência.
Há leis e normas que regulamentam os cuidados a ter para evitar que a sua presença possa causar danos à nossa saúde. Falar, discutir, defender que a lei proíbe a sua existência, que se as empresas que não cumpram essas normas são mais ou menos penalizadas, não dá saúde aos infectados, nem acaba com o problema que a sua existência pode causar à nossa saúde.
Com obrigatoriedade ou sem obrigatoriedade de comunicar a sua existência nas instalações, ao Instituto Nacional de Saúde Publica, a legionella existe e é combatida normalmente por duas vias, a sobre-dosagem de cloro nos circuitos de água quente sanitária e o chamado choque térmico (que consiste em subir a temperatura da água a uma elevada temperatura, o que nas instalações hospitalares nem sempre é fácil de controlar, algum dos doentes internados pode ir à casa de banho nesse período e ao utilizar a água quente pode sofrer queimaduras.
Disse-me um engenheiro responsável pela manutenção de uma grande superfície no centro de Lisboa que utilizando os processos químicos e o choque térmico tinham a presença da bactéria controlada, mas verificavam que a mesma ao fim de dois a três meses de levar tratamento com determinada composição química se adaptava e sobrevivia. É pois um bichinho perigoso quando a respiramos nos aerossóis que andam no ar, o seu modo de transporte fora do seu habitat normal, as canalizações de águas quentes sanitárias e as torres de arrefecimento.
Não sou químico,  muito menos engenheiro, mas tenho experiências bastante positivas no combate hospitalar e não só, à tristemente famosa bactéria legionella.
Sem produtos químicos, sem choques térmicos, o anel Wellan2000 colocado nos circuitos com retorno ajudou ao despiste das colónias de legionella em hospitais públicos e num ginásio municipal. Pelo seu modo de funcionamento por bio-sinais, processo físico, sem químicos, sem gastos de energia ou de manutenção, nem de instalação, o simples e complexo sistema do anel Wellan2000 contribuiu para a despistagem da bactéria legionella. O sistema só por si não nos permite afirmar que garante o despiste total mas ajuda de forma efectiva a que as instalações se tornem saudáveis sem corrosão e oxidação e sem bactérias a desenvolverem-se nos seus biofilmes de matérias orgânicas de base ferrosa.
Contudo, o cepticismo perante o modo tecnológico do seu funcionamento, ainda é a regra geral no pensamento de muitos responsáveis que nem o teste de comprovação autorizam que se faça nas suas instalações, mas nós cá estamos prontos para ajudarmos quem se disponha a fazer pelo menos o teste de comprovação sem custos nem encargos, porque o saber da experiência assim nos tem ensinado.
Sermos cépticos perante uma nova tecnologia é normal, ver para acreditar também o é ou será, mas não tem sido fácil.






Antigamente, no tempo em que a liberdade estava amordaçada, os jornais afetos ao poder oligárquico de Salazar-Tomás-Caetano usavam notícias falsas para meter medo aos seus leitores, comiam criancinhas ao pequeno almoço aqueles que possuídos pelo diabo queriam que Portugal fosse um estado subordinado aos interesses dos russos nesse tempo denominado de comunistas-soviéticos. Os que não eram afetos ao regime liam os outros jornais exercitando os seus neurónios na busca de informações que os homens do lápis azul tinham deixado passar nas entrelinhas, por descuido ou ignorância.
Com a vitória do Movimento Militar dos Capitães, em Abril de 1974, instaurou-se a quase total Liberdade, uns querendo instaurar a utopia, outros querendo controlar à maneira dos soviéticos as estruturas do Estado, outros saudosistas queriam que o tempo voltasse para trás, outros ainda sob a capa de uma tal social-democracia uniram-se e aproveitando o poder que os militares mais moderados tinham no dividido MFA, criaram as condições para que a normalidade democrática do capitalismo se fosse instalando e tomasse conta de todas as estruturas do Estado, com os militares a entregarem de mão beijada aos políticos o poder que anos antes tinham conquistado com o risco das suas vidas, e dado aos portugueses.
Ainda a vida política não estava totalmente controlada, calma e serena, de mão beijada fomos aceites como um país aderente à hoje designada União Europeia, para tanto os amigos poderosos que controlavam Bruxelas adoçaram-nos com toneladas de dinheiro para podermos sair do marasmo económico e termos estruturas publicas a nível europeu. O dinheiro chegou e com ele o abandono dos campos, de muitos barcos de pesca, as vilas e aldeias as despovoarem-se a caminho das cidades que cresceram a ritmos nunca vistos, construimos estradas, auto-estradas, escolas publicas secundárias em todos os concelhos, universidades do saber e da excelência em várias cidades, hospitais em quase todas as cidades, levou-se a luz elétrica a todas as aldeias e lugares, os campos de futebol deixaram de ser pelados e passaram a ser relvados, não há concelho que não tenha piscinas publicas e outras instalações de apoio desportivo e social, o país mudou, modernizou-se e a vida das populações deu um salto qualitativo, o país lavou a cara e voltou a viver a sua vida calma de publicas virtudes e brandos costumes.
Quantas das toneladas do dinheiro vindo foram aplicados no desenvolvimento das nossas infraestruturas industriais? Dos nossos barcos de pesca e pescadores? Quantas? Muito poucas ou nenhumas! Também não era esse o interesse dos poderosos de Bruxelas quando nos levaram e aceitaram no seu seio. Eles já tinham essa capacidade industrial criando excedentes que era preciso colocar, já tinham e possuíam vacas-leiteiras a mais, batatas em excesso, vinho bom e outro fabricado para exportar, tinham excedentes de frutas para vender, afinal eram eles que também precisavam de nós como extensão do seu mercado, mas nós nunca soubemos olha-los nos olhos, defender o que produzimos bem e com qualidade, não soubemos defender o nosso mar, sempre nos vergamos aos poderosos de Bruxelas, sorrindo e pouco mais.
Em nome do bem estar e do desenvolvimento os tais da tal social-democracia começaram a venderam-nos a ideia que ter empresas publicas era mau, era contra as normas da concorrência. Quer dizer que depois de nos termos aplicado a eletrificar o país, construir hospitais instituindo um Serviço Nacional de Saúde que alguns dos poderosos de Bruxelas invejam na sua soberba ao olharem-nos com inveja, depois de construirmos as escolas para dar oportunidades de estudo a todos os que vivem por cá… depois de nos modernizarmos recorrendo quase sempre ao endividamento externo havia que chegar o xeque-mate com pezinhos de lã, privatizar a palavra de ordem, dar de mão beijada aos antigos e novos senhores representantes do capital, aquilo que estamos e vamos continuar a pagar, sempre em nome do progresso e do bem estar social.
Deram-nos novos canais televisivos, novas estações de rádio, com tudo isso os jornais elaborados por jornalistas competentes desapareceram e os que resistem obedecem a lógicas de tabloides sem o mínima preocupação de informar correctamente.
Quando aparece um Governo que para ter apoio parlamentar faz acordos com os partidos mais à esquerda, logo os bobos vem a terreiro gritar - ai daqui el rei peixe frito, é agora que vamos para o fundo do poço, onde o anterior Governo já nos tinha colocado com a ideia que aquele era o caminho sem retorno ou derivações. Perante a necessidade de venderem a alma ao diabo, (alma já não devem ter mas possuem muitos diabretes saudosistas e invejosos), aproveitam todos os pintelhos, todas as migalhas de coisas mal feitas por qualquer político do Governo actual para nos seus tabloides, jornais e canais televisivos, criarem o medo, a desconfiança, fazerem da possível hipótese o caminho virtual de uma luta contra a corrupção. Assim, dizem-nos que duas borlas no futebol isentaram um prédio de IMI. Não gosto da proximidade entre os políticos e os clubes de futebol, mas se é o Ministro das Finanças que dá o parecer sobre a cobrança ou não do imposto IMI, então já percebo porque é que estou há mais de uma semana à espera de pagar o Imposto de Selo de uma doação que me fizeram, é que entretido com o futebol o senhor Ministro ainda não despachou a dolorosa que tenho que pagar.
De há muitos anos digo que em nenhum Estado, em nenhuma Civilização existiu uma Justiça independente. A Justiça lacto senso, é em si a encarnação dos interesses das classes dominantes. Ela, Justiça, é o espelho da moral e da ética que vigora nessa sociedade organizada politicamente. Se olharmos para a nossa história recente é isso mesmo que vemos, todos os juízes competentíssimos dos tribunais plenárias do salazarismo-caetanismo passaram num toque de mágica a serem competentíssimos juízes nos tribunais da liberdade pós 25 de Abril. Hoje temos uma justiça, de letra minúscula, que nos faz fugir dela pelo descrédito e desconfiança a que os seus agentes a conduziram. Uma justiça ao serviço de uma classe dominante oculta, que não quer perder os seus privilégio de continuar a controlar a nossa vida colectiva.
Bem, depois temos os ressuscitar dos bufos, figura central da oligarquia salazar-tomáz-caetano e que passado este tempo de democracia, voltam a emergir no sistema como os camaleões se adaptam às circunstâncias na busca de bem servirem os seus donos ocultos.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018


Não sou contra tudo o que se vai fazendo de novo. Guardo para mim o poder não gostar, mas eu sou apenas eu, um ser que teima em pensar. Não sou saudosista, nem tão pouco fã de tudo o que hoje se diz serem tradições antigas, pois nem tudo o que era antigamente feito era bom ou de louvar, como disse não sou saudosista. Sendo um zero à esquerda e à direita da virgula em questões de arte e arquitectura, não vejo no património nacional por nós herdado o traço que tenha que ser seguido nos dias de hoje. Felizmente vive-se melhor hoje do que há quarenta anos atrás em quase todos os aspectos, embora não haja bela sem senão.
No início da obra questionei-me do porque ser ali o único lugar onde o foram construir. Logo ali onde existia a lagoa no Valcabeiro. Porque ali? A economia social é um bem, uma conquista da democracia e depois de feito a lagoa será apenas e só uma lembrança fotográfica e de alguns mais idosos habituados na dureza do verão ali procurarem água para os seus animais e para as suas hortas.
A Zebreira é uma terra de características diferentes de muitas outras. Normalmente todas as terras tem um largo onde pontifica a igreja e de lá partem muitas das ruas que as compõem. O largo da igreja é também na generalidade o largo principal das festas populares. Na Zebreira nada disso acontece, construíram a Igreja Matriz numa das pontas da povoação, longe da estrada nacional, do castelo e do chafariz publico, o largo da Igreja é hoje rodeado por casa carentes de vida onde os mortos mais abaixo são a sua companhia na esperança de uma outra vida melhor. O local das festas foi levado para terrenos já da Herdade do Soudo, fora da povoação e é por lá que hoje se concentram alguns dos bens sociais da população que resiste, luta e teima em aqui viver . E quando tudo parecia indicar que era por lá que a construção do Lar teria lugar, foi o mesmo efectuado numa outra ponta contraria da povoação. Não sou contra nem digo mal, pois até digo, bem haja a quem teve a ideia e lutou por ela, pois o meu pai e nós, até beneficiamos bastante da sua localização, a qual permitiu durante alguns anos a que o meu pai residente no lar pudesse ir quase todos os dias passar umas horas na sua casa à beira da estrada nacional.
E, o que era uma lagoa é hoje um bem social que a todos orgulha, pelo bem estar que trouxe não só a muitos dos idosos mas também aqueles que com o seu trabalho contribuem para o  bom nome da Instituição e da Zebreira ou Vila da Zebreira.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Lembras-te mãe, o pai também se lembra, que quando andava na escola em Peniche para lá da dificuldade de não ser capaz de fazer um risco direito, de cortar um pedaço de madeira em esquadria, o problema das notas era o português. Mesmo quando andei na seçção para fazer o exame de admissão ao Instituto Comercial o medo maior era a prova de português. Nunca fui bom aluno em línguas, as regras gramaticais sempre as estudei para de imediato se evaporarem da memória, é que nem decorando conseguia. Vocês aí onde estão, ou por onde andam, sabem disso tão bem como eu.
Hoje fico sem palavras quando me dizem que gostam do que vou escrevendo. Logo eu que não sei as regras gramaticais, que já procurei numa destas novas gramáticas da minha neta Maria para ver se as aprendia, mas mal comecei a ler logo desisti por não me enquadrar ou assimilar os novos nomes das coisas.
O pior é que nem sei o que dizer ou como agradecer os elogios de alguns amigos via face
Escrevo ao sabor dos dedos no teclado traduzindo as imagens que em mim passam e navegam, influenciadas pelos livros que vou lendo, talvez seja só e apenas isso, talvez seja uma outra forma de fazer fotografia, sei lá.
A Google e o Tejo
A notícia da vinda da Google para Portugal é uma boa notícia, pouco interessando onde a empresa irá instalar a sua base de trabalho, que segundo consta será à volta de quinhentos postos para trabalhadores qualificados.
Estranha é a posição do sr. Rui Rio ao questionar a localização do investimento, já como líder não empossado do partido com maior representação parlamentar. Tão estranha quanto mais o Sr. Rui Rio ocupou durante vários anos lugar nos Órgãos Sociais da Ordem dos Contabilistas Certificados e faz da sua profissão de gestor uma mais valia para se candidatar a futuro governante desta República à beira mar. Como não acredito que o gestor Rui Rio desconheça que são as empresas que escolhem o local onde se querem instalar, as suas declarações enquanto dirigente político mostram-no como um novo populista provinciano que só conhece o Porto e Lisboa e talvez as áreas de serviço que existem nas A1 entre Lisboa e o Porto. Começa mal e ainda não tomou posse, pelo que por este caminho não vai chegar vender só a alma ao diabo… é preciso muito mais…
Mas, a concretizar-se este investimento estrangeiro do gigante informático Google é mais um bom trabalho de uma equipa que tem como cabeça o Ministro da Economia, que vai fazendo o seu trabalho longe dos holofotes da comunicação social. No nosso país, talvez porque sempre vivemos em deficit orçamental, o Ministro das Finanças assume o papel principal logo a seguir ao Primeiro Ministro, mas se a economia cresce não se deve só à equipa das finanças publicas ou seja das engenharias financeiras da contabilidade publica ou das contas nacionais. Há muito mais gente que trabalha e vai levando a água ao seu moinho.
Mas, como não há bela sem senão, uma tragédia continua a do Rio Tejo. Se o Ministro da Economia nos trás boas notícias já o senhor Ministro do Ambiente é um zero à esquerda ou à direita da virgula tanto faz existir como não existir. Quando aparece nos ecrans televisivos nada adianta, aos costumes diz nada e a regra é o deixa andar que as águas da chuva logo arrastarão para longe os indícios das descargas poluentes que as empresas amigas(?) e não só, lançam no leito do rio. Se não chover, pedirá uns pareceres para publicar novas coimas, emitirá um despacho que enviará por e-mail aos seus subordinados e assim irá lavar as mãos em águas purificadas pelos últimos métodos da industria química.
Às vezes pergunto-me porque existe um Ministério designado do Ambiente, se governo após governo, os cursos dos nossos rios continuam a receber no seu leito toda a espécie de poluição. Acabaram os guardas rios que eram homens de poucas habilitações literárias mas que cuidavam melhor da natureza e do ambiente que os doutorados e mestrados que têm emprego garantido no tão triste Ministério.
Será que há alguém naquele ministério que se preocupa em pensar em fazer o levantamento dos prejuízos causados à economia ribeirinha do Rio Tejo. Ter de importar lampreia de França para manter a tradição no seu restaurante ribeirinho ao rio, não diz nada ao senhor Ministro? Não o preocupa?
Tanto falamos e falam no Ambiente os responsáveis políticos da União. Olho para trás e não vislumbro um Ministro do Ambiente que tenha deixado obra feita a bem da Natureza, do ambiente e do país, só interesses colaterais em negócios.
Triste o teu percurso ó Rio Tejo. Em Almaraz enchem-te de águas radioactivas na central nuclear que arrefeces, mas ao entrares em Portugal lá no distante Rosmaninhal até à foz no Bugio tão mal tens sido tratado quer pelas industrias, quer por populações que em ti descarregam toda a espécie de porcaria, matando-te lentamente. Como não hás-de tu de ir diminuindo o teu caudal...


sábado, 27 de janeiro de 2018



Depois das voltas matinais, desde ir ao pão ainda o sol despontam dos lados extremenhos, de comer as laranjas geladinhas apanhadas da árvore como aperitivo do pequeno almoço, acender a lareira para que o ar posso ser um tudo nada mais aconchegante, ouvir as notícias na rádio, que a televisão ainda não voltou a ser vista e ouvida desde que os senhores do poder executivo lá longe na cidade grande fizeram mais um negócio duvidoso de interesses poucos claros, designado como TDT. Olho o céu enquanto o computador arranca. Com a internet móvel ligo-me ao mundo, vejo as páginas dos jornais incluindo os ditos desportivos, mais por cusquice do que por fé religiosa por algum clube, já a tive mas também já a perdi há uns anos lá para trás. Arruma-se os ramos podados das árvores e outros colocam-se para depois se queimarem. E nestas lides chega a hora de preparar o almoço. Coisa simples comidas com o gosto que no campo ganham outro sabor.
Olho e saboreio a carne gulosa e saborosa que compro no talho de Idanha-a-Nova, e penso:
Se aquele homem do talho, onde gosto de comprar a carne e os enchidos. Aquele homem que se levanta ainda o dia não chegou, para preparar as coisas que vai procurar vender durante uma manhã, onde o tempo de espera por vender, um frango, meio quilo de carne é mais do que todo o tempo que os clientes demoram a comprar os seus produtos
Se aquele homem do talho ali passa as suas manhãs para depois de almoçar, ir trabalhar para a unidade de transformação que detém na zona industrial, até às cinco da tarde
Se aquele homem do talho, no final da tarde deixa a sua unidade de transformação para ir à sua quinta ver como está o gado, onde têm outros empregados
Se aquele homem do talho, que tudo o que vende no talho é de sua produção
Se aquele homem do talho que me vende carne de primeira, sempre saborosa e os enchidos à moda da região, são para o meu gosto, excelentes
Se aquele homem do talho, um pouco mais velho ou talvez um pouco mais novo, que eu, pensar sociológicamente e politicamente diferente de mim, como o poderei classificar?
Ah quem sou eu, pequeno burguês da cidade, para julgar ou classificar aquele homem do talho?
Nisto a minha sombra segreda-me, «deixa-te disso e saboreia o almoço que fizeste e tão bem te esta a saber, com o garfo da tua avó Jesus, o vinho regional tem alma e bebido nesse copo do século XIX...  aproveita e desfruta os bons momentos que a vida te vai concedendo que o sol de inverno brilha e aquece um pouco os corpos que o recebem»

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018



Dizem-me uns que pareço andar triste. Dizem-me outros que pareço estar doente. Outros mais directos perguntam-me «O Carlos anda triste não anda?». Sorrio e depois fico a falar com o meu silêncio, vejo-me ora nas margens do rio de águas tranquilas e límpidas, ora sentado num banco de cimento que já não existe na minha praia onde o vento norte e as ondas do mar afastam os maus olhados e pergunto-me «Ó Carlos como é que se pode andar alegre e contente neste mundo?».
Como se pode andar alegre e contente num sistema onde um por cento da população acumula oitenta por cento da riqueza gerada no planeta. Onde a comunicação social nas mãos dos defensores do "status quo" actual nos servem continuamente merda em bandejas de prata fina, fazem de mentiras verdades indiscutíveis, onde a justiça popular slogan dos movimentos mais radicais do pós 25 de Abril e tão odiada pelos homens do poder e seus súbditos seguidores, se transformou agora em instrumento comunicacional televisivo com derivações transgénicas nas redes sociais, colocando em segundo ou terceiro plano o poder de julgar que os Tribunais devem ter em privado até à sentença, com a agravante, de ser considerada essa falsa justiça televisiva um garante da liberdade e da democracia. Fazem da desgraçada violência doméstica notícia, o homem que matou, a professora que assassinou, dão frases bombásticas por forma que o cidadão qual drogado se alimente de quantas facadas foram dadas e aonde, ou de como foi assassinado que truques foram utilizados, em vez de se ouvirem especialistas sérios e competentes, homens do saber psiquiátrico, catedráticos do saber nas universidades e dos consultórios, falarem das causas do ciúme e como é que o mesmo ciúme pode e deve ser tratado depois de reconhecido como doença grave pelo serviço nacional de saúde. Isso não interessa ao sistema, poderia afectar as receitas, é mais urgente reconhecer como doença o vício dos videojogos internauticos.
Eu sei que há muito, desde os meus tempos de juventude que ando e sigo pela outra margem. Já não sou religioso mas na minha busca do entender alguns porquês, até ouço a missa ao domingo via rádio, enquanto dou o meu passeio, na esperança que os pregadores tenham a coragem que há muito perderam de falar da moral televisiva que todas as manhãs, tardes e noites os canais do sistema difundem; mas se nem da palavra do Papa Francisco quase falam, como vão falar e elucidar os seus acólitos sobre um sistema que hoje o Chefe da Igreja Católica no Vaticano reconhece ser amoral e injusto. A maioria dos pregadores gosta mais de falar e difundir as ideias conservadoras e retrógradas do Papa polaco que morto continua vivo.
Como se pode andar contente e alegre numa freguesia destas? Onde se difunde que a felicidade é mais fácil alcançar se não pensares muito, que riqueza se confunde com dinheiro, contas offshore’s, bens de ostentação, que a amizade se comunica por pedido numa rede social e prontos tudo bué de fixe.
Tristeza nem sempre é doença. A minha a ser mesmo tristeza mais não é do que o reflexo das injustiças aceites, dos oportunistas transformados em lideres, dos demagogos populistas e extremistas de direita que sobem aos palcos e são levados aos ombros, dos mafiosos com uma corte de santinhos atrás.
Assim, ando por fora, sigo pela outra margem e depois de ler A Queda de um Homem, a Última Viúva de África segue-se, Que Importa a Fúria do Mar, pois podemos remar contra a maré mas não devemos nadar contra a corrente...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018



Ando fora dos noticiários. A minha amiga rádio tem estado calada. Ao almoço ou ao jantar na hora dos telejornais, não consigo ouvir a maior parte do que dizem, pelas imagens faço as minhas deduções. Hoje à noite há bola e o Presidente parece que faz dois anos no Palácio de Belém, com isto mais umas imagens de Davos, o caso da justiça transformado em caso político passou a segundo plano, mas vai voltar a ocupar os canais com os comentadores todos a opinarem.
Dum pingo de água, os da meteorologia fazem avisos amarelos e laranjas a toda hora. Ainda não choveu e já os citadinos estão cansados da chuva que não cai dos céus.
Na comunicação social que espreito nos jornais pela internet, tudo serve para criar casos políticos que possam prejudicar a imagem do governo, da coligação parlamentar que o apoia ou de um dos seus elementos executivo, tudo serve para grandes títulos, mesmo que sejam mentiras, o que importa é vender a ideia, a imagem..., a verdade fica esquecida ou arquivada na gaveta do director.
Contrariando a imagem interna no exterior olham-nos com um pouco mais de respeito e de expectativa perante as medidas e o caminho que a falsa «geringonça» tem conduzido o país. Já não ouvimos nem lemos os doutos comentadores agourarem sobre as perspectivas das não menos famosas agências de rating internacional. Fazem-se emissões de divida publica e não se comentam as taxas, eles lá sabem o porque. Quanto às taxas de desempregados, não comento, pois não acreditava aquando do anterior governo e continuo a não acreditar no actual; gostava mais de saber a evolução dos desempregados inscritos com mais de 40 anos de idade, assim como dos postos de trabalho criados para os jovens e para os desempregados de longa duração. Eles sabem, só que é mais interessante falar das médias e dos números de inscritos no centros de emprego.
Quanto ao caso com Angola ou da justiça com um dos seus políticos de nome Manuel Vicente, não sei se o senhor já foi constituído arguido, se foi acusado e do que foi acusado. Sei que muitos dos elementos angolanos que constituem o equivalente ao nosso Ministério Publico em Angola, têm ou receberam formação em Portugal e frequentaram cursos de formação no Centro de Estudos Judiciários, pelo que entendo que a recusa de MP enviar o processo para Angola, não terá tanto a ver com a qualidade da justiça em Angola, mas sim com os preconceitos políticos dos elementos que hoje mandam no MP. Políticos no MP sim, pois não há apolíticos. Estranho a posição agora assumida, quando no passado eles próprios mandaram arquivar processos tão ou mais prejudiciais à imagem nosso país e a nossa economia. Será que só os «Jacinto Leite Capelo Rego» angolanos e moçambicanos é que lavam dinheiro no nosso mercado financeiro? Cadê os outros?
O senhor Presidente celebra dois anos desde que tomou posse. Já gostei mais do seu protagonismo. Não é pelo que disse ou comentou aquando dos desgraçados incêndios do verão passado, ou que comenta sobre o Governo, mas sim pelo silêncio, pelo seu assobiar para o lado, o ignorar simples de quem lava as mãos como Pilatos, no que respeita à situação dos sem abrigo-antigos-combatentes, fez-me começar a olha-lo de outro modo. 

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Estamos muito longe sem sabermos por vocês andam. Sei que viemos de muito longe para esta caminhada que todos desejamos longa, duradoura com qualidade de vida. Nesta viagem aprendemos uns com os outros, aprendemos com o nosso próprio ser, com os erros, derrotas e sofrimentos mais do que com as vitórias e a felicidade. Com os outros aprendemos a defendermos-nos porque há outros e outros. Viemos de muito longe para vivermos momento a momento o milagre que a vida, indefesos à nascença para nos tornarmos seres de muitas e variadas formas.
Coisas estranhas vivem comigo e ganham força se impondo lentamente. Já não é só o acordar e pensar que acordei num quarto distante com janela para o quintal, ora sentindo o frio, ora sentindo o calor. Já não é só e apenas isso, agora é também o estar a descascar batatas, a preparar uma sobremesa, olhar a parede e ver uma janela a dar para o quintal, onde do lado direito junto ao muro vejo canteiros e vasos com as ervas aromáticas plantadas. Estranho a ausência de carros a passarem e acordo desta visão com a parede opaca à minha frente, parede que me separa da cozinha do vizinho. Não sei que coisa é esta que em mim vive e ganha força.
Não penso no futuro, talvez também já não o tenha. O futuro será para os mais novos, para aqueles que agora andam como a minha neta Maria na antiga quarta classe, ou seja, no quarto ano da primária numa escola EB/JI. Resta-me viver os dias que a vida me vai oferecendo, em paz comigo e com os outros por forma a que possa continuar a ter alguma actividade, alguma utilidade à sociedade onde estou inserido. Se a audição esta cada vez mais fraca, coisas de família, que a vista não me falte, para poder continuar a ler e assim saber que caminho devo fazer. A cadela Sacha, foi para a sua alcofa descansar mais um pouco. A gata Ísis resolveu vir para cima da minha mesa, ronronar e ao mesmo tempo fixar o seu olhar no ecran do computador, sempre pronta a também ela passar os seus dedos no teclado. Aconchego-a a ver se fica mais sossegada, não esta fácil.
A interioridade não me mete medo, apenas e só receio o acesso à saúde. Hospitais existem, públicos e privados, mas são mais os meios técnicos que os meios humanos para estes funcionarem como foram planeados e previstos, sem ovos não se fazem omeletes daí algum receio. E afinal, o que é na verdade a interioridade? Não precisamos de correr muito depressa para irmos da fronteira marítima, à fronteira com Espanha, quaisquer três horas a três horas e meia chegam para ir de Peniche às Termas de Monfortinho, IP6, A8, A15, A1, A23 e depois saindo em Castelo Branco apanhar a Nacional 240. Se estivermos no verão, numa manhã se sai da ponta do Cabo Carvoeiro com 17 graus e nessa manhã chegamos à fronteira com Espanha possivelmente com uns 34 graus.
O interior onde mora a interioridade, hoje em dia já tem auto-estrada, já tem IP’s, tem estradas que o ligam ao litoral e estradas que o ligam à Europa por Espanha. O interior tem melhores ares, ares mais puros, menos poluídos, as suas águas de solos graníticos são de composição físico-química menos duras que as do litoral; o interior tem azeite, tem vinho, cortiça mas também muitos matos, muitas terras abandonadas. Mas o interior não tem jovens e ao não ter jovens não tem crianças, vindouros para a sua continuidade. E, porque é que o interior não tem jovens? Porque é que o sistema tirou ou faz os poucos que ainda existem, sonharem com o el dourado da cidade? Porque, pergunto-me mas não tenho respostas nem saberes

domingo, 14 de janeiro de 2018

Não vou a trinta porque já não ia a cinquenta. Vou no meu passo calmo porque já andei correndo. A trinta a pancada também acontece, o atropelamento pode ser fatal. Parece-me que estamos a voltar ao tempo do álcool zero. Seja a trinta, a cinquenta ou mais, o acidente irá continuar a existir. Porque não se vai às causas, não se vai à raiz do mal. Acha-se que podando uns ramos do mal que este diminuiu. Tenho duvidas, ou estão a mandar-nos para as auto-estradas, para depois virem com a conversa de mais investimento em betão e betuminoso? Sei não, mas desconfio.
Excesso de velocidade. Elevado grau de alcoolemia, ocupam o pódio das causas das mortes por acidentes. Falta de educação cívica, condutores sedados com químicos ditos farmacêuticos, não entram nas causas quanto mais nas estatísticas. Não fica bem dizer que o condutor X não teve educação cívica e seguia em excesso de velocidade. O poder da industria química da saúde humana não tolera que os seus clientes sejam inibidos de conduzir por prescrição médica, quando têm de tomar coketails de drogas para a ansiedade, para os nervos, para o sono.
Assim se e quando a lei for promulgada, não irei a trinta porque já não ia a cinquenta. Irei no meu passo calmo porque já andei correndo.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

130917
O tempo parece passar constante no seu caminhar, sem sobressaltos, mantendo todas as suas características de tempo infinito e indefinido.
O tempo tem medidas criadas há muitos muitos anos atrás, ainda o Planeta Terra era plano e fixo no Universo com o Sol a andar à sua volta, quando um cérebro ou vários trabalhando em conjunto, acharam por bem dividi-lo em dias, horas, minutos e segundos. Depois os dias criaram semanas, meses e anos.
Com tempo a correr no seu tempo, a Humanidade foi evoluindo, criando sempre novas esperanças. Ao longo do tempo, com ou sem tempo, fomos assistindo, estudando, lendo, tomando conhecimento dos avanços e retrocessos civilizacionais, das novas teorias cientificas e das duvidas teológicas sobre muitas delas.
Gosto do tempo, de o viver, de o sentir passar por mim. Que coisa seria eu sem o tempo que já passei nesta viagem de tempo incerto? Não tenho pressa, gosto de viver o tempo passando por mim no seu caminhar.
Eu sei que o tempo parece diferente, consoante o lugar onde nos encontramos mas ele é sempre medido por uma constante de tempo definida.
Mas às vezes penso, e se o tempo não tivesse tempo?
Quando dois relógios registam a mesma hora, e um segue num avião à volta do mundo registando menos tempo que o outro em terra… então, qual a medida certa do tempo?
Ah se eu soubesse
Ah se eu pudesse dizer-te tudo o que eu sinto por ti, por nós,
se ao menos eu fosse capaz
de traduzir em actos tudo aquilo que processo na mente,
o mundo seria um universo de luz e felicidade
Ah se eu soubesse... Ah se eu pudesse