A
Google e o Tejo
A
notícia da vinda da Google para Portugal é uma boa notícia, pouco
interessando onde a empresa irá instalar a sua base de trabalho, que
segundo consta será à volta de quinhentos postos para trabalhadores
qualificados.
Estranha
é a posição do sr. Rui Rio ao questionar a localização do
investimento, já como líder não empossado do partido com maior
representação parlamentar. Tão estranha quanto mais o Sr. Rui Rio
ocupou durante vários anos lugar nos Órgãos Sociais da Ordem dos
Contabilistas Certificados e faz da sua profissão de gestor uma mais
valia para se candidatar a futuro governante desta República à
beira mar. Como não acredito que o gestor Rui Rio desconheça que
são as empresas que escolhem o local onde se querem instalar, as
suas declarações enquanto dirigente político mostram-no como um
novo populista provinciano que só conhece o Porto e Lisboa e talvez
as áreas de serviço que existem nas A1 entre Lisboa e o Porto.
Começa mal e ainda não tomou posse, pelo que por este caminho não
vai chegar vender só a alma ao diabo… é preciso muito mais…
Mas,
a concretizar-se este investimento estrangeiro do gigante informático
Google é mais um bom trabalho de uma equipa que tem como cabeça o
Ministro da Economia, que vai fazendo o seu trabalho longe dos
holofotes da comunicação social. No nosso país, talvez porque
sempre vivemos em deficit orçamental, o Ministro das Finanças
assume o papel principal logo a seguir ao Primeiro Ministro, mas se a
economia cresce não se deve só à equipa das finanças publicas ou
seja das engenharias financeiras da contabilidade publica ou das
contas nacionais. Há muito mais gente que trabalha e vai levando a
água ao seu moinho.
Mas,
como não há bela sem senão, uma tragédia continua a do Rio Tejo.
Se o Ministro da Economia nos trás boas notícias já o senhor
Ministro do Ambiente é um zero à esquerda ou à direita da virgula
tanto faz existir como não existir. Quando aparece nos ecrans
televisivos nada adianta, aos costumes diz nada e a regra é o deixa
andar que as águas da chuva logo arrastarão para longe os indícios
das descargas poluentes que as empresas amigas(?) e não só, lançam
no leito do rio. Se não chover, pedirá uns pareceres para publicar
novas coimas, emitirá um despacho que enviará por e-mail aos seus
subordinados e assim irá lavar as mãos em águas purificadas pelos
últimos métodos da industria química.
Às
vezes pergunto-me porque existe um Ministério designado do Ambiente,
se governo após governo, os cursos dos nossos rios continuam a
receber no seu leito toda a espécie de poluição. Acabaram os
guardas rios que eram homens de poucas habilitações literárias mas
que cuidavam melhor da natureza e do ambiente que os doutorados e
mestrados que têm emprego garantido no tão triste Ministério.
Será
que há alguém naquele ministério que se preocupa em pensar em
fazer o levantamento dos prejuízos causados à economia ribeirinha
do Rio Tejo. Ter de importar lampreia de França para manter a
tradição no seu restaurante ribeirinho ao rio, não diz nada ao
senhor Ministro? Não o preocupa?
Tanto
falamos e falam no Ambiente os responsáveis políticos da União.
Olho para trás e não vislumbro um Ministro do Ambiente que tenha
deixado obra feita a bem da Natureza, do ambiente e do país, só interesses
colaterais em negócios.
Triste
o teu percurso ó Rio Tejo. Em Almaraz enchem-te de águas
radioactivas na central nuclear que arrefeces, mas ao entrares em
Portugal lá no distante Rosmaninhal até à foz no Bugio tão mal
tens sido tratado quer pelas industrias, quer por populações que em
ti descarregam toda a espécie de porcaria, matando-te lentamente. Como não
hás-de tu de ir diminuindo o teu caudal...
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