
Depois
das voltas matinais, desde ir ao pão ainda o sol despontam dos lados
extremenhos, de comer as laranjas geladinhas apanhadas da árvore
como aperitivo do pequeno almoço, acender a lareira para que o ar
posso ser um tudo nada mais aconchegante, ouvir as notícias na
rádio, que a televisão ainda não voltou a ser vista e ouvida desde
que os senhores do poder executivo lá longe na cidade grande fizeram mais um negócio
duvidoso de interesses poucos claros, designado como TDT. Olho o céu
enquanto o computador arranca. Com a internet móvel ligo-me ao
mundo, vejo as páginas dos jornais incluindo os ditos desportivos,
mais por cusquice do que por fé religiosa por algum clube, já a
tive mas também já a perdi há uns anos lá para trás. Arruma-se
os ramos podados das árvores e outros colocam-se para depois se
queimarem. E nestas lides chega a hora de preparar o almoço. Coisa
simples comidas com o gosto que no campo ganham outro sabor.
Olho
e saboreio a carne gulosa e saborosa que compro no talho de
Idanha-a-Nova, e penso:
Se
aquele homem do talho, onde gosto de comprar a carne e os enchidos.
Aquele homem que se levanta ainda o dia não chegou, para preparar as
coisas que vai procurar vender durante uma manhã, onde o tempo de espera por vender, um frango, meio quilo de carne é mais
do que todo o tempo que os clientes demoram a comprar os seus
produtos
Se
aquele homem do talho ali passa as suas manhãs para depois de
almoçar, ir trabalhar para a unidade de transformação que detém
na zona industrial, até às cinco da tarde
Se
aquele homem do talho, no final da tarde deixa a sua unidade de
transformação para ir à sua quinta ver como está o gado, onde têm
outros empregados
Se
aquele homem do talho, que tudo o que vende no talho é de sua
produção
Se
aquele homem do talho que me vende carne de primeira, sempre saborosa
e os enchidos à moda da região, são para o meu gosto, excelentes
Se
aquele homem do talho, um pouco mais velho ou talvez um pouco mais
novo, que eu, pensar sociológicamente e politicamente diferente de
mim, como o poderei classificar?
Ah
quem sou eu, pequeno burguês da cidade, para julgar ou classificar
aquele homem do talho?
Nisto
a minha sombra segreda-me, «deixa-te disso e saboreia o almoço que
fizeste e tão bem te esta a saber, com o garfo da tua avó Jesus, o vinho regional tem alma e
bebido nesse copo do século XIX... aproveita e desfruta os bons
momentos que a vida te vai concedendo que o sol de inverno brilha e
aquece um pouco os corpos que o recebem»
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