quarta-feira, 10 de maio de 2023

07.05.23

Ontem foi dia de se juntarem para de novo celebrarem o espírito de camaradagem e de amizade e respeito que o tempo vivido na Escola Industrial e Comercial de Peniche neles criou quando ainda jovens a frequentaram nos idos anos sessenta do século passado.

Uns saíram para o mundo do trabalho, que naquele tempo não havia para os jovens das escolas técnicas aquilo que hoje conhecemos como desemprego, terminada o 5° do curso industrial ou do comercial logo se encontrava colocação para o início de uma vida de especialistas na arte, na profissão que escolheram para a sua realização profissional; alguns outros tiveram a oportunidade de continuarem os estudos nos Institutos e Universidades mas sempre com a Escola Industrial e Comercial de Peniche no coração, que um dia os recebeu meninos e os preparou para ainda bem jovens os ver sair com os princípios de vida que ainda hoje comungam, jovens que ainda são nos seus setenta e alguns anos.

Foi o regresso depois do período de uma pandemia que os fez suspender os seus reencontro anuais, estando já em preparação novo encontro para o mês de Outubro em moldes mais abrangentes.

Um agradecimento particular ao Domingos Bandeira que tudo organizou com esmero e amizade, para que todos pudéssemos rever o espírito da Escola Industrial e Comercial de Peniche.

 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

01.05.23

 

Maio, maduro Maio, quem te quebrou o encanto.

És ainda neste teu primeiro dia feriado, dia do trabalhador, mas as nuvens negras dos eunucos já sobrevoam as nossas cabeças, enquanto os vampiros afiam os dentes, batem palmas aguardando sedentos pelo reinício da festa.

Já não terei sangue para os alimentar, estou velho e cansado de ver tanto desperdício, tanta mentira andar de vento em popa como se fosse pura verdade, tanta incompetência política, tanto analfabeto ideológico promovido, tanto lambe-botas, tanto servilismo aos poderosos de Bruxelas.

Nas reuniões a que assisti aquilo que os jovens estudantes de economia colocavam em dúvida, aos políticos e militantes da adesão à então CEE, já nesse tempo a abandonar o caminho do Estado Social e a abraçar a corrente liberal que soprava do outro lado do Atlântico Norte, foi-se confirmando no tempo, vendemos a nossa independência a troco de dinheiros que apenas mascarou empobrecendo o país , hoje ainda mais dependente do exterior, alimentando os cidadãos com uma vida artificial, à beira até de a própria autonomia virmos a perder, tão submissos temos sido ao longo do tempo com aqueles seres sem alma.

Somos hoje um país que se prostituiu de mão estendida aos senhores de Bruxelas, sem que alguma vez tenhamos sido consultados para tais escolhas, nunca fomos chamados a votar não só nas transferências de soberania que políticos eleitos realizaram, como na escolha dos mandantes sem alma que por lá dizem governar.

Já não há nobres como Martim Moniz, nem como Egas Moniz, os atuais nobres políticos endinheirados já não se atravessam arriscando, nem levam cordas ao pescoço, agora só conhecem o dinheiro dolarizado das transações comerciais que tudo tem pervertido, com os arautos da governança a quererem convencer-nos que vivemos em democracia e em liberdade, ocultando essa gente tão serva como os demais mandantes da governança, que democracia e liberdade exigem que sejamos independentes nas nossas ações e vontades.

Não há democracia e liberdade sem independência económica, e nós vivemos de mão estendida aos mercadores e especuladores financeiros exteriores.

O que essa gente sem medula nos vendem já não admira, o que me admira é como é que um povo com quase novecentos anos de história, se entrega outra vez de novo, agora não a Castela mas a uns estrangeirados pouco europeus em Bruxelas, sem contrapartidas, andando sempre de mão estendida a pedir dinheiro aos outros.

Depois, ouço o velho disco de vinil com a voz do Zeca cantando “Maio maduro Maio” e nesse levitar lembro a frase do imperador romano Julius César quando voltou a Roma e sobre o povo que vivia na parte ocidental da Ibéria, terá comentado que era um povo estranho que não se governava mas também não se deixava governar.

Talvez seja esse o nosso próprio ADN ao longo dos quase novecentos anos de história.

25.04.23

Na vida tudo muda, tudo cambia como diz a velha canção sul americana, assim como um dia lá atrás no tempo dos gloriosos descobrimentos marítimos escreveu o nosso maior poeta, Luís Vaz de Camões, «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, todo o mundo é feito de mudança».

Há muitos anos neste mesmo dia 25 de Abril era um jovem sem direito a pensar no seu futuro, um jovem sem outro objetivo que não fosse o de sobreviver juntamente com os seus homens naquela guerra sem sentido nem futuro. Sobreviver era o único objetivo imediato, custasse o que custasse. Dentro do arame farpado ou fora dele, a primeira e única regra para sobreviverem era a de que tinham que matar o outro ser humano considerado como inimigo antes que este os matasse. Era o primeiro e mais importante conceito da vida que levavam para que um dia, sempre sonhado às escondidas não fossem os esbirros da PIDE ouvirem o sonho, poderem voltar para as suas terras, para as suas famílias. Nesse dia 25 de Abril de 1974 a vida correu normalmente dentro do arame farpado, cumprindo-se os procedimentos militares normais, por mera casualidade estavam todos, nenhum grupo de combate estava fora em operação.

Apenas no dia 26 de Abril, pelos homens das transmissões, tomaram conhecimento efetivo de que tinha ocorrido no “Puto” um golpe militar. Tudo o resto era uma incógnita para as suas vidas. Nada sabiam e pouco compreendiam, já que não conheciam nenhum dos militares obreiros do vitorioso dia. Costa Gomes e Spínola eram nomes conhecidos pelos cargos que ocupavam na hierarquia militar, todos os outros eram incógnitas. Há vontade de sobrevivência juntou-se a ansiedade de saber o que os novos senhores propunham para aquele território de Angola em guerra há treze anos, e, a necessidade de mais do que anteriormente manter a disciplina militar dentro e fora do arame farpado. Na sua companhia eram todos milicianos exceto dois, o primeiro e segundo sargento.

O rádio Crown com ondas curtas ia dando a conhecer a alegria que no “Puto” se vivia com o país em festa pelo fim da nova longa noite negra, mantendo-se o futuro deles numa incógnita igual ao que tinham antes do dia 25. Sentiram a mudança de opinião dos oficiais superiores que comandavam o Batalhão, a 26 de Abril deixaram a defesa imperiosa dos bons costumes e públicas virtudes do regime, e, já eram todos amantes da democracia, exceção era o Segundo Comandante Major Nolasco, que defensor da disciplina militar era já antes desse dia um crítico consciente da hipocrisia reinante no Estado Novo.

A organização fascista da PIDE mantinha em Angola todas as suas estruturas, protegida pela Junta de Salvação Nacional, entretanto nomeada no “Puto”. Também os falsos agentes daquela organização fascistas que na Catota o tinham catalogado de "comunista" se diziam defenderem a democracia em posteriores reuniões que ocorreram na sede do Batalhão e onde ele tinha sido eleito para nessas reuniões representar a sua Companhia. O tempo passava, novidades sobre o futuro das suas vidas de militares milicianos continuava no segredo dos deuses.

Lá longe nas quase terras do fim do mundo, tinham conhecimento que com a Liberdade instituída no “Puto”, havia constantes manifestações de jovens que se auto proclamavam de revolucionários marxistas leninistas maoistas, saídos da pequena e média burguesia, sob uma bandeira com a sigla MRPP, que defendiam ruidosamente "não mais um soldado para as colónias". Eram uns valentões esses burgueses revolucionários.

Que lhes reservavam os senhores que mantinham viva a guerra em Angola?

Dia a dia mais difícil se tornava manter a ordem e a disciplina militar.

A UNITA foi a primeira organização a estabelecer um acordo de paz com as autoridades militares em Luanda. Fruto desse acordo foi nomeado para não só acompanhar como transportar nas viaturas militares um grupo da UNITA comandado por um seu capitão. Percorreram todos os aldeamentos (quimbos) da área de atuação da sua companhia. Ele e os seus soldados, onde pontificava um cabo totalmente estrábico cuja família era conhecida como simpatizante militante do MPLA, puderam constatar a alegria da festa contagiante das populações ao ouvirem os discursos dos homens da UNITA. Um total contraste com que durante ano e meio de ação psicológica os recebiam quando os visitavam em operação. De tal modo foi o contraste que naqueles dias em que acompanhou os homens guerrilheiros da UNITA se viu com um rebanho de cabritos que as populações lhe ofereceram como forma de mostrar a alegria e a gratidão por acompanhar e transportar guerrilheiros das suas gentes até à pouco perseguidos pelas tropas do “Puto”.

No dia 26 de Abril guerrilheiros da UNITA tinham atacado um dos aldeamentos de ação da companhia.

Antes de receberem ordem para regressar ao “Puto” ainda foram para a fronteira Norte Angola em Maquela do Zombo, conhecendo uma outra Angola muito diferente da que tinham conhecido lá no leste.

No final de Novembro, dia 29, desembarcaram no mesmo local que quase dois anos antes os tinha visto partir numa noite fria de Dezembro, ainda a tempo de poderem saborear a festa popular em que o país vivia sem medo, sem bufos, onde o sonho era a própria fronteira e a utopia a sua companhia.

Passado um ano menos quatro dias, num outro 25, não primaveril, chegou a "Nova Ordem Democrática" e com ela o fim da festa popular, os sonhos voltaram a ser aconselhados a serem guardados, o país tinha que entrar na ordem pois assim tinham decidido as então duas potências, URSS e EUA em Vladivostok, estando já em Portugal como embaixador o ex diretor da Cia com a experiência necessária pela participação no golpe fascista de 11 de Setembro de 1973 que derrubou e matou o presidente eleito do Chile, Salvador Allende.

Hoje os civis a quem os militares apoiantes da "Nova Ordem Democrática" entregaram de mão beijada os destinos do país celebram a data gloriosa do 25 de Abril de 1974, sem festa popular, escudados e protegidos no palácio da Assembleia.

À festa popular sobrepõem-se discursos políticos fechados no palácio, cada ano que passa mais longe dos ideários que a 25 de Abril os militares revoltosos ofereceram ao país, democracia, desenvolvimento e acabar com as desigualdades.

A democracia vive numa anemia crónica, ameaçada constantemente pelos saudosos da ordem e disciplina do Estado Novo em aliança estreita com os neoliberais das políticas económicas e conservadores ortodoxos do "Deus Pátria e Família".

O desenvolvimento prometido foi trocado por políticos governantes com a subordinação da nossa independência económica ao poder em Bruxelas que não é eleito por sufrágio universal europeu mas apoiado e obediente à vontade exterior à própria Europa, e, tudo isso a troco de muito dinheiro para o mesmo se sublimar satisfazendo lobis, clientelas e amigos com obras megalómanas, em off shores e umas migalhas restantes para a manutenção da ideia de Estado Social, com os cidadãos a viverem uma vida artificial graças ao endividamento público do país.

Se o desenvolvimento económico falhou as desigualdades agravaram-se, sendo hoje muito maiores do que alguma vez o foram em democracia.

Hoje dizemos "25 de Abril Sempre! Fascismo nunca mais!!" mas, os novos agentes do fascismo já estão sentados no palácio da Assembleia, de nada servindo discutir com acusações de quem lhes facilitou a chegada aquela que alguns designam pela casa da democracia.

O mundo é composto de mudança escreveu um dia o poeta, pelo que, mudam-se os tempos mudam-se as vontades, com os novos adeptos do fascismo a terem a tarefa facilitada pela aplicação de políticas sociais economicistas desajustadas e injustas para o comum do cidadão, às quais os órgãos de comunicação social vigentes com os seus servos obedientes juntam horas a fio a “serrarem presunto” com presumíveis e casos de corrupção que cirurgicamente os "novos justiceiros" do ministério público passam para os amigos nesses mesmos órgãos de comunicação social, com o objetivo não só de desgastar a imagem dos fracos governantes, e com isso fazerem crer que todo o descontentamento existente é obra da Democracia, consequência do glorioso 25 de Abril de 1974, dos valentes capitães de Abril que arriscando a própria vida mudaram a agulha da vida deste Portugal que já foi Condado, Nação, que lutou em guerras pela sua independência, que com o saber nacional nos descobrimentos deu novos mundos ao mundo, que sofreu quase três séculos a ditadura religiosa da Inquisição, que virou República vivendo de novo uma noite negra de quarenta e oito anos para na madrugada de 25 de Abril de 1974 pacificamente ser uma Democracia de pleno direito.

 

24.04.23

 

Sentado frente a televisão vejo no canal do conde de Bilderberg a feira de vaidosos na atribuição do prémio Camões ao Chico. O que me ocorre é : - Coitado do Camões, se fosse vivo iria escrever um poema de escárnio e maldizer criticando aquela feira de vaidades num qualquer tasco da cidade bebendo uns copos e cantando a liberdade.

Mudo de canal. Os franchisados insolventes têm um major-general a debitar opiniões pouco credíveis. No esgoto CMTV o mesmo cheiro de todos os dias à volta do futebol.

Desligo e vou dar a volta do final de tarde com a minha amiga, que mais logo há jogo.

21.04.23

 

Vim à consulta com a médica de família. Na sala de espera sou o único com máscara.

Não sou maluquinho da máscara mas, assim como não compareci às chamadas por mensagens para as vacinas da gripe e terceira dose do vírus "sars-cov 2" (covid) quando me vejo rodeado de presumíveis doentes (hospital e centro de saúde) a máscara sempre é uma segurança a qualquer vírus que possa andar passeando entre os presumíveis doentes, de resto não uso máscara.

Comparativamente com a última vez que cá estive em Janeiro não há doentes ou presumíveis doentes em espera, poucos somos os que aguardamos, pois o atendimento está fluindo seja para o balcão de atendimento, seja para para o serviço de enfermagem ou de consulta médica.

O relógio do ecrã diz que está na hora da consulta programada. Vejamos quanto terei de aguardar até que o meu número de senha apareça no mesmo. Compreendo que os agendamentos sofram atrasos, pois cada utente é um mundo mais ou menos complicado. Ainda esta manhã ao pequeno almoço comentava com a minha sombra que a fruta que melhor representa a vida é o melão, pois pode ter excelente aspeto exterior mas só depois de aberto podemos saber a sua qualidade, assim são as múltiplas escolhas de relações que a vida nos oferece.

O meu número apareceu no ecrã chamando-me, quando passava pouco mais de um quarto de hora da que tinha sido agendada. Dirigi-me ao gabinete. Ao entrar deparei-me com dois jovens médicos e não com a minha médica de família, logo a jovem médica me comunicou que como a minha médica estava com a agenda muito carregada lhe pediu ajuda se eu não me importava, como aceitei apresentou-me o jovem médico estagiário. Analisou e registou os tac's e as análises que me tinham sido prescritas no passado mês de Janeiro. Face aos valores o colesterol perguntou-me se tomava medicamento, dizendo para continuar. Depois, disse-me que a coluna estava de acordo com a idade, que a anca é que estava em pior estado de conservação, que as dores de que me queixava tinham todas origem nas problemas da bacia (anca). Falamos mais um pouco, sobre o que fazer para minimizar os males e as dores. Mais um tac, agora aos ouvidos para perceberem a origem do incómodo que sinto no ouvido direito que pouco ou nada ouço.

A caminho de casa pensava na conquista que foi a criação do SNS, que mesmo enfrentando ataques constantes é um bem de valor incalculável, pois a saúde é de longe a maior riqueza que se pode ter em vida.

11.04.23

 

É a TAP é uma empresa que voa, anda no ar, de crise em crise voando. Desde que nasceu sempre foi de milhões, atravessando as crises constantes consumindo milhões

É a TAP é uma empresa que voa e com ela voam milhões de impostos dos cofres públicos

É a TAP uma fonte de discussão sobre a sua existência, a necessidade do país de ter uma empresa de viação bandeira, etc.

É a TAP uma necessidade para políticos e gestores vaidosos, para os quais milhões são como trocos de tostões

É a TAP uma empresa geradora de postos de trabalho, diretos e indiretos. Uma empresa criadora de desigualdades salariais gritantes entre os postos de trabalho que cria e dela estão dependentes muitos trabalhadores

É a TAP uma empresa de serviços que gera números de receitas e exportações para mascarar contas públicas e rácios que os liberais de Bruxelas impõem, aos servos governantes de alguns países

É a TAP uma empresa de vaidades, geradora de conflitos pessoais e políticos, que nos mostra como podem voar milhões sem qualquer contrapartida para o erário público, só vaidades de roupa mal cheirosa nos vem dando ao longo do tempo, não só agora infelizmente

É a TAP uma empresa que voa mas não cria bens transacionáveis geradores de riqueza pelo valor acrescentado neles incorporados. Até parte da manutenção já é subcontratada a outras empresas privadas (tais postos de trabalho indiretos)

É a TAP uma empresa que voa transacionando milhões, que vão voando uns para outros continentes e muitos outros do erário público sublimam-se voando produzindo poluição atmosférica e guerras políticas de alecrim e manjerona

É a TAP é uma empresa que voa e com ela voam milhões de impostos dos cofres públicos.

Neste mundo globalizado de capitalismo muito mais selvagem do que humanista, onde já vale tudo, incluindo tirar os olhos, a não existência da TAP iria causar algum sismo nas nossas contas públicas?

Não seria o espaço económico e comercial, possivelmente ocupado por outras empresas de viação? que por sua vez iriam manter ou criar postos de trabalho complementar, como hoje já acontece?

Quantos funcionários, por categoria profissional da TAP, que foram despedidos ou saíram por mútuo acordo estão no Fundo de Desemprego?

No fim iremos sempre chegar à especialização do trabalhador, do funcionário. Os mais competentes sempre encontram trabalho, deixando para trás o grande exército dos menos competentes.

Competência não se dá por qualquer diploma, de escola, instituto ou universidade. A escola, os institutos e as universidades formam, dão competência do saber de sebenta (livros) ajudando por isso os estudantes para na vida pratica poderem ser competentes.

A TAP que para além dos milhões que consome para se manter em terra e no ar, é dia a dia tema para telenovela de milhões de minutos cozinhados nos canais televisivos, onde todos os servos-papagaios e todos os vaidosos falam, num jogo do gato e do rato que começou por um problema interno de saias, saltando para a praça publica onde se cometem julgamentos populares a torto e a direito, numa triste imagem de como desavenças internas de um governo fraco e sem bússola tem tantas toupeiras no seu interior.

No final a TAP irá de novo para a gestão do capital privado, porque os acólitos neoliberais de Bruxelas mandam e os servos governantes liberais cá do burgo obedecem sem levantar ondas procurando tapar o buraco com uma peneira velha e gasta.

Exemplos de competência temos na nossa história recente. Egas Moniz, prémio Nobel de medicina à época, licenciou-se com média de 10 valores; Saramago, prémio Nobel da literatura não tinha formação universitária; Camacho Vieira durante muitos anos médico da seleção nacional e do Belenenses, eminente ortopedista, quando terminou a especialização na U. Coimbra com 11 valores, teve que vir para Lisboa trabalhar porque não o aceitavam em Coimbra; Salvador Caetano tinha apenas a terceira classe; Américo Amorim ficou-se pelo sétimo ano do liceu; Rui Nabeiro a escola primária, começando a ajudar os pais aos 12 anos.

Claro que há muita gente competente na vida profissional que também foi competente e de excelência nos estudos, mas nem sempre os que estudam são competentes na vida pratica e real. Aqui não nos faltam exemplos de tantos políticos e seus amigos que dão mostras da sua incompetência e lá continuam a mandar e a decidirem sem competência.

A designada quarta revolução industrial do capitalismo apresenta necessidades no saber e saber fazer para o futuro amanhã, que só um bom sistema educativo pode amortizar as dificuldades que a mesma está a colocar hoje e se vão agravar amanhã. O país infelizmente não possui esse sistema educativo de excelência. Vendem-nos a ideia falaciosa de que temos a geração mais bem preparada (tretas da classe burguesa dominante) o que na pratica se verifica que não é verdade, apenas só mais um slogan do marketing político de quem nos vem governando.

Não é preciso ser licenciado, mestre ou doutorado, intelectual ou outra coisa, para olharmos os livros de ensino primário dos netos e ficarmos qual jumento a olhar o vazio, procurando encontrar a lógica de tais manuais.

Volta à ideia que logo após o 25 de Abril criou e sempre como agora afirma: «foi um erro primário e crasso o acabar com as Escolas Industriais e Comerciais, que tantos jovens trabalhadores especializados forneceram à economia do país. Não somos, nem temos de ser todos iguais para aprendermos todos por uma única cartilha de ensino». A cartilha única de ensino com as suas nuances, não é hoje melhor que o antigo “livro único” do regime do Estado Novo.

Das Escolas Técnicas saiam “Trabalhadores Especializados” que tanta falta fazem à economia do país.

Vou acabar com este azedume, em que comecei na TAP e acabo na qualidade de ensino, embora «isto anda tudo ligado». A vida económica do país é também ela uma matriz de vasos comunicantes complexos de muitas variáveis e dúvidas.

10.04.23

 

Bom dia! Boa semana! Hoje em algumas cidades mais do interior fronteiriço é feriado, assim como do outro lado da fronteira espanhola. Possíveis reminiscências de uma outra religiosidade, ainda não aliada às ordens das necessidades que o capitalismo trouxe ao modo de vida das populações.

Segunda-feira de Pascoela, o verdadeiro (matemático) terceiro dia após a morte de Jesus numa sexta-feira (dia zero).

Sorri e segue a sua caminhada fora dos ritos religiosos. O nascermos indefesos e incapazes de sobreviver sem a nossa mãe durante tempo atrás de tempo, para depois podermos viver tanto tempo de vida, é esse em si o verdadeiro milagre da vida humana. Todos os outros milagres pertencem a universos que fomos e vamos criando, imaginando como verdadeiros, onde se inclui o universo da fé religiosa para os milhões de seres humanos que precisam dela, para melhor se enquadrarem a si próprios na sua própria criação, porque somos nós os criadores do nosso próprio mundo.

09.04.23

 

Domingo de Páscoa, que é só mais um domingo. Deixou a religião. Toda esta história da crucificação nada lhe diz, há outras histórias e pareceres sobre a vida e morte de Jesus. Vivendo alheio ao ruído religioso, segue caminhando carregando as suas preocupações e desejos.

As notícias da guerra que de um lado e do outro ouve e lê, não auguram nada de bom. Esse seu pessimismo na fronteira do medo sobre o incerto amanhã, não lhe permite compreender como continua grande parte do rebanho que se proclamam da igreja cristã apostólica romana ou apenas de Cristo, a enviarem tantas mensagens, nas designadas redes sociais, desejando uma "Feliz Páscoa" ou uma "Páscoa Feliz" . Como pode essa gente ser tão indiferente ao sofrimento de todos os que morrem que nem tordos, ou ficam inválidos para o resto da vida, dia a dia na maldita guerra? Como podem falar em "Feliz Páscoa" quando as dificuldades de sobrevivência se agravam todos os dias na vida dos povos europeus, onde o número de cidadãos no limiar da pobreza não para de aumentar todos os dias?

A esperança na Paz fugiu para outras latitudes e longitudes que alegremente ignoram ou desconhecem, aceitando como verdade única, absoluta, sem contraditório, o que lhe impingem os servos do pensamento único ocidental. Que raio de sentimento de felicidade anima e vive nessa gente?

Procura passar ao lado mas o ruído invadiu também a sua outra margem da vida, onde caminha.

A cada Natal, Carnaval e Páscoa se sente mais solitário, mais só por vontade de viver num outro mundo mais decente, solidário e fraterno. Dia a dia se sente mais fora desta vida consumista, mundana sem nexo, sem objetivos próprios, vivendo uma vida artificial de mão estendida ao dinheiro dos credores financeiros.

Não foi de certo com isto que um dia os jovens capitães de Abril sonharam. Os militares não iriam entregar a nossa independência de oitocentos e muitos anos aos servos burocratas de Bruxelas a troco de rios de dinheiro facial que se esfuma nos muitos corredores da burocracia, em obras e projetos megalómanos, nos gabinetes de assessores e consultores amigos do poder político, continuando o país na cauda da Europa quanto ao desenvolvimento, quanto ao nível de vida dos seus cidadãos. Quando conseguimos investir e alcançar serviços públicos de qualidade igual aos existentes em muitos países europeus, logo os liberais e neoliberais mandantes em Bruxelas ameaçam com represálias ordenando, e, os nossos servos governantes curvam-se, obedecem desinvestindo em tal área em tal serviço. Fazem-no mentindo acenando com números globais e rácios da treta, que é o que governo após governo vêm fazendo com o Serviço Nacional de Saúde.

Contudo, dentro de todo o seu pessimismo no incerto amanhã alimenta desejos como ser humano social que ainda é. Nos seus sonhos de velhice ter saúde é o principal. Saúde é não só a maior riqueza como também uma felicidade acima de todos os outros conceitos sobre a mesma.

08.04.23

 

Se não bebe pelo menos 1,5 lt de água ao dia, o pingo da incontinência urinária logo aparece quando se levanta deitando-o psicologicamente abaixo. Ao beber bastante água, em consequência urina muito. Ao muito urinar o potássio vai com a urina e as crises das cãibras fazem-no sofrer. Para amenizar quer as cãibras quer as artroses nos dedos e alguns "bicos de papagaio", que o tac à coluna detetou e a médica da ecografia lombar também viu, recorreu ao cloreto de magnésio, mas perante as dores lombares lembrou-se do que um dia a médica osteopata lhe disse sobre a possibilidade de o cloreto de magnésio lhe provocar pedra no rim. Conclusão, está numa outra rotunda da vida buscando uma saída boa para os males que a idade e os erros trazem à velhice.

07.04.23

 

Anda pelos arrabaldes da cidade grande a pensar no seu canto. Ainda outro dia de lá chegou, mas as preocupações com o que lá deixou plantado no quintal, não tendo nenhuma experiência sobre como plantar tomateiros e pimenteiros e, ainda menos sobre rega gota a gota que lá deixou, estão presentes no tempo do seu dia a dia. Será a água muita ou pouca nos 10 minutos de rega que programou no relógio para à noite e logo de manhã, de dois em dois dias? Só irá votar a meados de Maio e então verá o resultado, anotando o que correu mal, para não repetir o erro.

Das folhas de couve que trouxe fez um caldo verde a que juntou um chouriço bofeiro um chouriço regional que poucos produtores fazem. A sua avó é os seus pais faziam-no. Um chouriço que só se come cozido, porque como o nome indica leva parte do bofe do animal.

07.04.23

 

Chegamos a um tempo de novo o consumismo é rei e senhor impondo-se às tradições religiosas. Os supermercados, símbolos do consumismo, enchem-se de ovos e coelhos de chocolate. As tradicionais amêndoas perderam espaço perante os novos produtos importados dos mandantes americanos.

Não sendo religioso, nestes tempos de agora, gostando de ler livros sobre religião na procura de compreender o porquê e as necessidades que ela cria, quando entra num supermercado e se vê rodeado pela oferta dos tais ovos e coelhos de chocolate questiona-se, sobre o que é que aquilo tem a ver com a Páscoa, celebração religiosa dos cristãos católicos?

No Natal há tradição religiosa dos povos mediterrânicos impuseram a figura óscar do consumismo, o boneco do pai natal. Na festa pagã do Carnaval às tradições populares impuseram desfiles sambistas importados como manifestação turística e cultural de outros povos. Agora temos o desperdício de tanto chocolate que irá ficar para lá do prazo de validade estipulado pelas regras consumistas sobre os produtos fabricados com aromas e conservantes artificiais.

Até no início do mês de Abril, quando a Primavera ainda não ganhou barbas, já morrem pessoas nas praias deste país que a Natureza criou como jardim à beira-mar para os Homo Sapiens que nele se instalaram o virem destruindo pela ganância e arrogância vaidosa das suas gentes.

02.04.23

Vive no seu canto. O silêncio da ausência é sua companhia. Silêncio que vai aceitando, colocando em stand by a loucura que o vinha a atormentar nos últimos tempos. O silêncio de hoje é a paga com juros e correção do silêncio que lá atrás no tempo ele lhe fez, lhe deu.

Mais uma vez, vivendo a sua vida calma cuidando do quintal a remover as ervas daninhas, colocando um sistema de rega gota a gota para que na sua ausência não falte humidade quer às árvores (limoeiro, laranjeira, tangerineira, romãzeira e videiras, as oliveiras não precisam bebem a água pelas folhas) quer às plantas (abóbora manteiga, tomateiro, pimenteiros, mirtilos, framboesa e outras flores sem esquecer as couves) a "sombra" que um dia lhe deu uma morada, lhe liga para lhe dizer que não deve deixar de a procurar, ao que ele lhe diz que já lhe bateu à porta e já lhe enviou parte do que vai escrevendo pedindo por escrito, desculpa, ouvindo de novo o outro lado da ligação dizer que deve procurá-la enquanto estão vivos, porque no outro mundo como lhe irá pedir desculpas? Mas já toquei à campainha, responde, ouvindo de novo que deve procurá-la para cara a cara lhe pedir desculpas, não é ela que lhe vai responder mas sim Deus, e, acaba a conversa.

Ainda não são sete horas e a Sacha já veio ao quarto certificar-se ao mesmo tempo como que lhe diz que está chegando a hora de recomeçar o novo dia, primeiro domingo de Abril.

Depois da volta matinal, tratou da Sacha, tratou de colocar a cafeteira tipo italiana ao lume, sentou-se à mesa para tomar o pequeno almoço.

Deixou as novas máquinas de café em descanso e voltou ao antigo método, porque o que mais gosta para lá da cafeína é do aroma que fica no ar com a cafeteira tipo italiano. Gosta da cafeína e não da espuma que os aditivos adicionados ao grão do café proporcionam.

O dia amanheceu bonito, com o céu azul.

Enquanto tomava o pequeno almoço ouviu, mais uma vez, a missa na rádio. Não é religioso, já foi. Ouve o que diz o padre, porque gosta de ouvir o que dizem e pensam os outros, seguindo ele na outra margem para onde se tresmalhou fugindo ao "pensamento único" da classe dominante política e religiosa.

No contraditório das ideias poderá estar o trilho da vida que nos pode levar a uma sociedade mais decente, fraterna e respeitadora das diferenças, do que este modelo de vida de consumismo supérfluo imposto pelos liberais e neoliberais do capitalismo atual, onde a arrogância, a ganância, a usura do capital sobre a trabalho não conhece limites.

 

28.03.23

Acordou assarapantado, sonhando e gritando. Sabe onde estava mas não reconhece as imagens que o fizeram gritar. Sentiu que o sono tinha ido embora. Procurou sem acender a luz o telemóvel e viu que ainda não eram quatro horas.

O silêncio dominava a casa e o exterior, onde não se ouvia um camião a passar na estrada.

Deitado, acordado a mente não mais deixou de imaginar cenários parando por vezes, tentando decifrar as imagens do sonho, o que não foi capaz.

Às cinco foi à casa de banho, os seus sensores tinham enviado ao cérebro os habituais sinais. Depois, sentou-se na cama, começando a escrever para as pálpebras começarem a ficar pesadas. Deixou o telemóvel escorregar das mãos, fechou os olhos para descansar. Acordou cheio de frio na cama quente. Ao fundo da cama, a Sacha olhava para ele. Viu as horas no telemóvel, eram sete da manhã, hora de se levantar só o frio do corpo lhe metia medo.