quinta-feira, 30 de novembro de 2017


Por defeito encontro-me quase sempre em contra-mão, respeitando contudo as regras do transito quando sentado ao volante ou quando dou corda aos meus sapatos e ando pelas ruas do meu país.
Foi ou é assim que nas últimas presidenciais o candidato do meu voto ou ficou em último ou em penúltimo, mas pouco me importa, em consciência não desperdicei a minha oportunidade de me exprimir democraticamente.
Na noite de domingo, no intervalo do espectáculo Valencia – Barcelona, ouvi um dos muitos políticos transformados em comentadores televisivos que fazem campanha na TV. Ouvi parte das suas opiniões que o meu fígado começa a não ter saúde para muita opinião. Fiquei de certo modo contente com as classificações dos ministros actuais que ele lá botou com ares de certeza única. Contente, porque na quase maioria absoluta sou divergente e isso deixou-me satisfeito comigo mesmo.
A economia mexe, dá passos seguros de crescimento aproveitando as conjunturas dos vários mercados com os quais temos relações comerciais, pese embora o investimento publico seja bastante anémico e não se possa atribuir ao mesmo o efeito alavanca do crescimento económico. Devagar vai crescendo e nota-se algum azedume quando esses políticos comentadores e seus amigos têm de falar no crescimento da economia, talvez por isso façam das desgraças que nos aconteceram casos relevantes na política interna.
Que eu saiba há um Ministério e como tal um Ministro que desde a tomada de posse foi sempre criticado, até enxovalhado por vezes na comunicação televisiva. Um homem, um professor, um político do qual gosto, faz o seu trabalho diário quase sempre longe dos holofotes televisivos e revisteiros, de forma serena, eficaz como se vê, num caminho que até agora tem bons resultados. Outros recebem louros mas ele lá continua fazendo o seu trabalho dentro dos condicionalismos que a política económica que Bruxelas nos dá. Para mim dos melhores ao contrário do que divulgou tal político comentador.
Ao contrário do da Economia já o ministro das obras e afins parece gostar dos holofotes televisivos. Fala muito das obras publicas mas de tanto falar ainda não fui capaz de compreender o que é que ele pensa sobre a ferrovia, que modelo vamos ter, vamos ficar «orgulhosamente sós» ou vamos aderir à bitola europeia ? A nova linha de Sines à fronteira do Caia, para impulsionar o Porto de Sines como vai ser construida, em que modelo de carris? Outras duvidas prendem-se com a eterna questão do aeroporto de Lisboa e qual o poder que o seu Ministério têm perante os interesses da empresa estrangeira que gere infelizmente os nossos aeroportos?. Outras situações importantes envolverão o seu Ministério como as barragens face às alterações climáticas, o novo hospital central de Lisboa oriental, isto é, trabalho em parceria com os outros Ministérios envolvidos nas decisões a tomar não lhe falta e um pouco mais de recato talvez lhe fizesse bem e lhe permitisse ter ideias claras sobre o futuro.
Quanto às auto-estradas como o país esta cheio de betuminoso, não podendo pelas características das mesmas, exportar algumas em ultra-sub-aproveitamento que ideias terá para reverter algum dos encargos que as mesmas nos custam?  

segunda-feira, 27 de novembro de 2017


Tempos agitados estes que estamos vivendo no sub-universo da política e dos futebois.
Dos futebois, vejo, ouço mas calo-me que já dei para esse peditório, onde o rei continua nu, mal acompanhado, mas não queremos ver ou nos recusamos a acreditar que este espectáculo que eles, os que mandam na sociedade nos querem impingir como um grande negócio, uma industria (do que não nos dizem), possa ser o espelho da decadência moral da actual sociedade por nós também criada, e onde sem dor e docemente nos vão chupando o sangue da manada.
Na política, como não há apolíticos, tudo na vida tem seu significado por mais abstencionistas e desinteressados possam existir, repito, não há apolíticos. Vai daí num copo de água cria-se uma tempestade com ondas maiores que as ondas gigantes do canhão da Nazaré. Se o copo entorna algum pingo sobre a mesa ou no chão, logo o mesmo toma a dimensão igual ou idêntica ao terramoto com maremoto de 1755.
Depois, queixam-se uns e queixam-se os outros. E, estes gajos do facebook continuam a aborrecer-me dizendo-me para aproveitar o sol, quando o que nos faz falta é... chuva moderada e abundante para ver se com ela se pode limpar alguma da sujidade com que somos brindados logo pela manhã.
Festas foguetório e tragédias são-nos servidas sem que as tivéssemos alguma vez pedido ou votado nelas. Contam uns, dizem-me outros, que as festas e o foguetório é normal em todos os partidos, em todos os governos centrais e autárquicos de todos os países, mas não me dizem contudo, qual o contributo deste foguetório para o Bem Comum.
Assim nos vamos habituando a que possa não haver dinheiro para financiar um pouco mais a saúde, um pouco mais a educação tão necessária e urgente, para financiar um pouco mais a defesa e bem estar dos cidadãos, até para criar os sistemas alternativos de abastecimento de água às populações quando as barragens batem no fundo.
Assim nos vamos habituando e esquecendo do que é o Bem Comum, de que todos nós fazemos parte de uma comunidade que deveria ser mais respeitada, mais bem gerida, com muito menos má despesa publica.
Todos sabemos que para melhorar o Bem Comum é preciso muito mais trabalho e menos foguetório. Tempos agitados estes que vamos vivendo… onde parece que o Bem Comum deixou de ser o foco, a essência da política e das estruturas partidárias conexas.

domingo, 26 de novembro de 2017

Vim de um tempo em que as palavras escritas tinham a força suficiente para iludirem “o lápis azul” não deixando cair “a força da razão”
Vim de um tempo onde a meio da tarde, alguns mais afoitos, vendendo parte do seu ganha pão, gritavam pelas ruas da cidade, Lisboa, Capital, Republica, Popular, enquanto «ouvidos clandestinos» mas atentos tomavam suas notas observando quem comprava os jornais e que jornais comprava
Vim de um tempo em que a educação começava pela casa familiar, pela escola e pela leitura de jornais, revistas e livros e ia até ao termino da viagem que é a vida. Um tempo onde o Estado Novo salazarista ditatorial tinha medo da liberdade de pensamento que o aprender a ler poderia trazer aos cidadãos
Vim de um tempo sem Liberdade, onde uns obedeciam ordeiramente, outros integravam as forças obscurantistas, outros lutavam clandestinamente contra o regime opressivo da Liberdade, e outros para emigrarem tinham de o fazer clandestinamente “a salto”
Vim de um tempo que como todos os tempos seus antecedentes foi-se deslocando para o passado, deixando de ter o seu presente e dando espaço ao tempo novo
Tempos novos foram chegando, carregados de esperanças, anunciados por velhas e renovadas antenas; com esses tempos novos aportou ao país a Liberdade numa madrugada redentora
Tempos novos de muitas esperanças e utopias; um tempo onde o tempo parecia não ter tempo, tantas as esperanças, tantos os sonhos sonhados e desejados
Mas, com os tempos novos vieram também novos tempos mais calmos, mais enquadrados numa tal ordem democrática multi-unívoca; para trás, no horizonte ficaram algumas das esperanças, nas estantes e nos baús estão guardados os livros e os discos de vinil difusores de outras utopias
No tempo de hoje, vivo num tempo confuso, onde nada parece ser o que é
No tempo de hoje mais do que nunca a memória colectiva esta doente, cada vez mais curta, ignorando a nossa dimensão, a nossa capacidade de sobrevivência como estado independente e soberano; no tempo de hoje são muitos os deveres e poucas riquezas alternativas à nossa força de trabalho
No tempo de hoje não nos iludamos com as liberdades televisivas e internautas, eles tratam-nos da saúde se não trabalharmos mais e melhor por nós; se nos deixarmos embalar quando acordarmos dos embalos e das novelas já os nossos netos estão a viver no tempo de onde viemos, de onde conseguimos fugir; eles continuam atentos e não dormem!
No tempo de hoje, «os direitos, deveres e obrigações» ainda não são o sentido orientador e ordenado; ainda vivemos no tempo de hoje um tempo onde a ordem ainda terá de ser «os deveres, os direitos e as obrigações» a força motora do sentido da economia e da vida colectiva
No tempo de hoje precisamos de um Estado mais rico, mais solidário com os seus cidadãos; onde não se pode confundir solidariedade com cedências e facilitismo, quaisquer que sejam as forças que vivam e negoceiem «os deveres, direitos e obrigações»  
Infarmed
Ora aí esta mais um caso para encher espaço na comunicação social e nas chamadas redes sociais internautas. A cada cabeça irá corresponder uma sentença, sendo normal e esperado que a maioria esteja contra a medida anunciada.
Todos os que começam a Governar este povo, prometem descentralizar a gestão publica. Quase sempre com medidas avulsas na transferência de responsabilidades para as Autarquias Locais e por aí se tem ficado, criando muitas vezes um vazio de responsabilidades entre os órgãos do Estado.
Mas, e se a tão falada Agência Europeia do Medicamento fosse instalada na cidade do Porto?
Há quantos anos eu me questiono porque é que todos os Ministérios estão instalados em Lisboa? Falando em Ministérios fala-se em Secretarias de Estado em Direcções Gerais?
Neste Governo onde como em todos os outros passados, há Ministros mais competentes que outros (alguns são uma tristeza). Para mim o Ministro da Saúde é dos mais competentes deste Governo, os lobis que enfrenta são muito fortes e nada fáceis de conciliar, sabendo nós a importância que a saúde representa na nossa vida, principalmente quando estamos mais vulneráveis pelo próprio envelhecimento populacional, a sua vida política de governante não é nada fácil.
Quando ouvi a notícia, pensei com os meus botões, aí esta uma medida de descentralização efectiva. Logo a minha sombra se riu e me avisou dos problemas que a mesma iria ocasionar. A sociedade portuguesa no seu conservadorismo crónico é adversa a mudanças.
As cidades cresceram em imóveis. Para fugir às rendas especulativas o comprar casa ao banco, apareceu como a melhor solução para as famílias. Os Governos de então apresentavam os rácios económicos do crescimento à base da construção como a solução para o país. Tudo alegre e feliz a andar sobre o betão. Nenhum dos Governantes teve a visão de que essa tendência política iria trazer muitos constrangimentos à gestão futura. Mas ela aí esta.
Uma empresa grande ou pequena ao transferir as suas instalações de uma cidade para outra terá de cumprir com determinados procedimentos, e para esses casos a Lei do Trabalho eu conheci. Não sei que estatuto têm os colaboradores do Infarmed, por isso quando ouço falar em ilegalidades face à Lei do Trabalho, calo-me.
Mas, como ando em contra-mão digo, porque é que o Ministério do Mar no futuro não se transfere para o Porto? Ou o Ministério da Agricultura para Santarém? Ou a Secretaria de Estado do Turismo para Faro? Não podem as reuniões do Concelho de Ministros e não só, serem efectuadas por vídeo-conferência?

Será que o país no futuro vai continuar a ser regido pelos interesses corporativos instalados no e do funcionalismo publico? 

sábado, 25 de novembro de 2017


Acordei já o dia tinha voltado a sorrir. Acordei como se estivesse na ponta do Cabo Carvoeiro, a olhar o mar, o horizonte infinito… para trás tinham ficado as terras raianas que o Erges divide, e onde o Tejo entra em Portugal. Vi a Berlenga mas não reparei na Nau dos Corvos povoada pelos seus amigos. Uma onda bateu forte e subiu até cá acima, dei dois passos atrás encostei-me à oliveira cordovil do meu quintal. Acordei e continuei a sonhar, a pensar como tudo nos pode acontecer. Hoje estou bem, amanhã logo se verá e quando chegar o momento de não ter consciência do momento seguinte é para ali, para as profundezas daquelas águas de cor única que quero voltar, é nelas que quero repousar lançado num dia de vento norte. Não quero nem flores nem lágrimas, apenas que possa ser lembrado «como um tipo respeitador» nada mais.
Já acordado, ouvindo as notícias inconscientemente adiciono a este meu sonho e desejo que o «banho final» não pague qualquer cêntimo de impostos ou taxas, se tiver que ser clandestino pois que o seja… que morrerei cansado de viver no meio de quem só tem direitos à custa do sempre pagador Zé Contribuinte, de quem se verga e amocha perante os representantes do neo-liberalismo sedento e tão valentes lutadores dos seus direitos se apresentam perante os tendencialmente social democratas.

Não sou social democrata, na verdade já nem sei bem o que sou politicamente, gostaria que os minhas netas e neto, vivessem numa sociedade muito mais decente do que a actual, muito mais humana, solidária, fraterna, muito menos consumista, onde a riqueza não se imponham pelos bens materiais de ostentação… onde os direitos tenham o mesmo peso e medida que os deveres e obrigações, onde a Liberdade de uns acabe onde começa a Liberdade do outro!

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Se aquele homem do talho, onde gosto de comprar a carne e os enchidos. Aquele homem que se levanta ainda o dia não chegou, para preparar as coisas que vai procurar vender durante uma manhã, onde muitas vezes o tempo de espera por vender, um frango, meio quilo de carne é mais do que todo o tempo que os clientes demoram a comprar os seus produtos
Se aquele homem do talho ali passa as suas manhãs para depois de almoçar, ir trabalhar para a unidade de transformação que detém na zona industrial, até às cinco da tarde
Se aquele homem do talho, no final da tarde deixa a sua unidade de transformação para ir à sua quinta ver como está o gado e onde têm outros empregados
Se aquele homem do talho, que tudo o que vende no talho é de sua produção
Se aquele homem do talho que me vende carne de primeira, sempre saborosa e os enchidos à moda da região, são para o meu gosto, excelentes
Se aquele homem do talho, um pouco mais velho ou talvez um pouco mais novo, que eu, pensar sociológicamente e politicamente diferente de mim, como o poderei classificar?
Quem sou eu, pequeno burguês da cidade, para julgar ou classificar aquele homem do talho?


Quando o último antigo combatente das campanhas africanas de Angola, Guiné e Moçambique, terminar esta nossa viagem no tempo.
Quando já não houver memória-viva que possa contar aos netos e bisnetos, o que foi sofrer, o que foi andar numa guerra sem nexo, apenas porque alguns espíritos iluminados queriam manter a todo o custo um império que nunca existiu, sob as suas influências e ordens, para que “as famílias amigas” pudessem continuar a sua acumulação de capital à custa das populações que habitavam e viviam nessas antigas colónias, transformadas em pérolas do tal império.
Quando isso acontecer, quando os números oficiosos, das estatísticas, dos rácios, assim o decretarem, o Presidente da Republica, o Governo e o Parlamento, irão em sessão unânime propor um voto, de saudade para alguns poucos, e de descanso para a maioria que assim se livra definitivamente do incomodo que os grisalhos-antigos-combatentes teimavam em representar, de uma guerra que só existia na memória deles, pois não consta nem contará dos manuais da história futura.
Quando tal acontecer, quando já não existir lembrança dessa peste grisalha, mas, algum neto, algum bisneto dessa memória que o seu avô, o seu bisavó falava, e que um dia encontrou no fundo do baú cartas escritas em papel azul e amarelo chamado aerograma (coisa esquisita) que a sua avó, a sua bisavó, a sua namorada ou a sua madrinha-de-guerra lhe escreveram quando andava nessa tal guerra... Quando tal acontecer e fizer nascer em si a curiosidade de ir em busca pelo país, se ainda existir país, dessa memória na toponímia das avenidas, das praças, das ruas, dos largos, das quelhas e veredas, qualquer dois ou três kbytes do seu caderno de apontamentos digital, servirão para referenciar qual o lugar, qual a aldeia, qual a vila, qual o concelho, qual a cidade que decidiu um dia homenagear os seus filhos jovens que um dia foram combater nas antigas colónias ultramarinas em troca de uma mão cheia de nada, numa quelha, num largo, numa rua, numa praça, numa avenida com os simples dizeres anónimos “Antigos Combatentes do Ultramar”

Quando tal acontecer…

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Hoje é o dia que o tempo ajuda a manter na memória. Não me lembro de me teres dado à vida, sei o dia porque vocês assim mo ensinaram e registaram, mas não esqueço o telefonema que me apanhou a meio da manhã, a viagem que na zona de Abrantes cerca das duas da tarde me fez chegar a notícia que parecia adivinhar. Já lá vão dezoito anos, quando eu te coloquei na urna, um tempo com muitas mudanças na vida, mas um tempo que não apaga as memórias que ao longo dos anos soubemos construir e partilhar os quatro.
O tempo, esse mistério, na sua dita ordem natural, quis que dos quatro já só cá estejam os teus dois filhos. Filhos que semearam e criaram tuas netas e neto, na esperança sempre renovada de uma vida melhor para os novos vindouros, porque foram essas as raízes que o vosso exemplo de pais e de vida fizeram crescer em nós.
Viemos de longe de muito longe e vamos para longe, para onde parece não haver memória…