Isto
anda tudo ligado. A política é a arte que tudo engloba, que tudo
trata seja directamente ou seja por via indirecta, isto porque todos
somos políticos. Mesmo aqueles que dizem não votar, estão com essa
atitude, com essa opção, a serem políticos por omissão, mas a
concordar com a maioria parlamentar que escolhe o líder para nos
governar.
A
política brindou-nos este fim de semana com mais um congresso de um
partido político. Há uns anos fui como convidado assistir a um
congresso político na FIL no Parque das Nações, fiquei vacinado,
curado e mais independente. Não tenho paciência para tanto
beija-mão, para tanta bajulação ao Chefe Supremo. Os congressos
podem ser momentos importantes na política mas esta não termina com
o discurso final do vencedor, nem tão pouco se limita apenas e só
aos partidos e seus congressos.
Assim,
penso que aquilo a que temos assistido no futebol nos últimos
tempos, também têm ligações políticas, embora nos queiram fazer
pensar que não, que o futebol é um mundo à parte. Quando líderes
populistas apelam ao ódio, quando elementos conotados com a extrema
direita são entrevistados nas televisões sobre o que se passa em
Alvalade, ou, quando “toupeiras” invadem, vasculham ficheiros e
processos jurídicos em curso na Justiça, para que o clube de
Benfica se possa manter-se na ribalta do futebol, quando perante
estes acontecimentos os poderes políticos no exercício público aos
costumes dizem nada, procurando passar entre as gotas da chuva, estão
politicamente a procurar lavar as mãos como nos contam que um dia o
colonizador romano de nome Pilatos lavou as suas em Jerusalém,
querendo fazer crer que o futebol é o tal mundo à parte.
Igualmente
a posição que cada um de nós tem sobre a eutanásia, se traduz
politicamente entre o ser contra ou ser a favor. Independente do que os
de “avental” ou os de “saias” com mais ou menos paramentos,
possam pensar, lembro-me das minhas conversas com o meu pai quando
este estava no Lar da Zebreira, eu tinha dúvidas sobre a eutanásia,
mas ele, meu pai não tinha, e sendo religioso, defendia a eutanásia,
advogando que não era viver estar numa cama do hospital ou em casa,
ligado a uma máquina ou não, sem ter reacções de fala ou de
conhecimento estando totalmente dependente de terceiros. Quis o
destino que uma noite, uma madrugada ou uma manhã caísse no quarto
e o sangue lhe invadisse o cérebro tornando-o cientificamente um
ser humano sem possibilidade de poder voltar a ter o mínimo dos
mínimos de qualidade de vida, logo ele que defendia a eutanásia
para essas situações. E assim, viveu trinta e quatro dias numa cama
de hospital sofrendo ele, sofrendo nós, vindo a falecer de morte natural(?). As minhas dúvidas, hoje
pretendem-se mais com a letra e o espírito da lei, que poderá ser
aprovada no parlamento. A qualidade dos nossos legisladores é tão
fraca, que tenho medo que seja mais uma lei para agradar a uns e a
outros, sendo como tal aprovada com mais buracos interpretativos, que
o famoso queijo suíço.
Depois
de nascermos o que temos mais certo é a morte. Tenho
as minhas dúvidas mas não
sou contra que cada um de nós dentro de todas as suas capacidades
mentais possa declarar que se este ou aquele acontecimento lhe tirar
a possibilidade
de qualidade
de vida mínima, tornando-o dependente vegetativo de terceiros, possa
nessas condições acabar esta viagem mais cedo de forma serena. Os
que são contra esta possibilidade tem o seu direito a viverem de
forma vegetativa, não devem é impedir a liberdade de escolha a quem
não perfilha ou aceita os pressupostos
que
impedem a legalização da eutanásia.
Não me vejo a decidir
sobre a vida de um outro ser ou de um familiar, mas se o outro ser
humano tiver acautelado, decidido de acordo com os pressuposto de uma
lei restrita, respeitá-lo-ei. Para mim a eutanásia nunca poderá ou
deverá permitir que eu possa decidir sobre a vida mesmo que em
sofrimento de um outro ser meu irmão.
Àqueles
que são contra por preconceitos religiosos digo aqui o que no
destacamento do Malele lá longe na fronteira com o Congo Zaire de
Mobutu, dizia nas conversas longas que tinha com o capelão militar
do batalhão: -Se
Deus sendo pai de todos nós,
e, sendo um
bom
pai deseja como tal, o melhor para os seus filhos e nunca o
sofrimento dos mesmos.