sexta-feira, 11 de maio de 2018

Talvez greve


Noite de segunda feira, os canais televisivos privados e não só, fazem a publicidade da greve dos médicos para o dia seguinte, o primeiro de três dias de greve.
A greve é um direito, que as organizações sindicais dos trabalhadores têm como arma na sua luta política por melhores condições de trabalho. Não há greves para beneficiarem terceiros.

Manhã de terça feira, a volta matinal com a Sacha foi um pouco mais cedo é certo, mas à porta do Centro de Saúde menos pessoas na fila para a obtenção da possível consulta. Todos os dias há fila de pessoas. Talvez na terça, a consulta urgente tenha ficado para outro dia, pelo motivo da propaganda feita pelos canais televisivos à greve, ou pode ter sido só e apenas um mero acaso. Feita a volta, tomo o meu banho e meto-me no carro em direção ao Hospital de Vila Franca de Xira onde tinha exames marcados, iniciando-os com análises marcadas para as nove horas e dezanove minutos. Cheguei antes do tempo que os serviços pedem, tirei a senha e estava despachado às nove horas e quinze minutos. Com o sangue despachado, subi ao primeiro piso para fazer o RX marcado para as nove e trinta e nove, dirigi-me ao balcão de atendimento, depois segui a linha amarela como me indicaram e eram nove e meia e estava despachado. Procurei então, no segundo piso, saber se haveria interesse em marcar a presença para o electrocardiograma que estava marcado para o meio dia e trinta e cinco ao que a funcionária amavelmente me disse que seria melhor ir tomar um café ou subir ao quinto andar e desfrutar da paisagem da lezíria e do Tejo. Optei pela primeira das hipóteses já que a fome dava sinal de estar viva. Tomei o pequeno almoço no bar do hospital e li mais umas folhas de um livro sobre a raça da minha amiga Sacha, quando olhei as horas, já eram onze horas, decidi-me pelo subir ao segundo piso do hospital para confirmar a presença, aí chegado tirei a senha e aguardei um pouco pela minha vez, seguindo depois para a sala de espera, e quando abria o telemóvel para escrever sobre a nova ida ao hospital já o ecran televisivo me chamava para o exame. Eram onze horas e trinta minutos estava despachado. Em todo o tempo que passei no hospital ouvi apenas um funcionário dizer que uma médica nesse dia não estava porque aderiu à greve.

A greve é um direito, os médicos podem fazer greve mas não me digam que a mesma é para beneficio dos utentes do serviço nacional de saúde. As classes profissionais fazem greve na defesa dos seus interesses, repito, dos seus interesses e não para benefício de terceiros.

A greve dos médicos em sintonia com as declarações do dirigente do maior partido da oposição ao governo, na pseudo defesa do Serviço Nacional de Saúde é como dar uma garrafa de água vazia a quem esta com sede. Contudo, o partido que governa não deixa de ter culpas no cartório porque ao longo dos vários governos em que exerceu o poder executivo, aplicou na saúde em nome de uma social democracia moribunda, medidas de gestão idênticas aos seus opositores políticos liberais, e todos eles no cumprimento do pensamento neoliberal que há anos domina a política liberal da União Europeia. O tempo das políticas do Estado Social Europeu há muito que foi arquivado nas catacumbas de Bruxelas e de Estrasburgo.

O que nos vale é ainda existir consciência profissional e humana em muitos médicos e enfermeiros que trabalham na saúde publica, seja nos hospitais ou nos centros de saúde. A esses, eu agradeço a sua dedicação ao bem estar de todos aqueles que a esses serviços recorrem e deles necessitam.

A luta por melhores condições de trabalho é um direito que todos exigimos, um dever, uma obrigação que o Estado pelo seu governo deve dar a todos os agentes e utentes cidadãos. Essa luta deve ser continua e nunca em função do partido que esta a exercer o poder.

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