Noite
de segunda feira, os canais televisivos privados e não só, fazem a
publicidade da greve dos médicos para o dia seguinte, o primeiro de
três dias de greve.
A
greve é um direito, que as organizações sindicais dos
trabalhadores têm como arma na sua luta política por melhores
condições de trabalho. Não há greves para beneficiarem terceiros.
Manhã
de terça feira, a volta matinal com a Sacha foi um pouco mais cedo é
certo, mas à porta do Centro de Saúde menos pessoas na fila para a
obtenção da possível consulta. Todos os dias há fila de pessoas.
Talvez na terça, a consulta urgente tenha ficado
para outro dia, pelo
motivo da propaganda feita pelos canais televisivos à
greve,
ou pode ter sido só e apenas um mero acaso. Feita a volta, tomo o
meu banho e meto-me no carro em direção ao Hospital
de Vila Franca de Xira onde tinha exames marcados, iniciando-os
com
análises marcadas para as nove horas e dezanove minutos. Cheguei
antes do tempo que os serviços pedem, tirei a senha e estava
despachado às nove horas e quinze minutos. Com o sangue despachado,
subi ao primeiro piso para fazer o RX marcado para as nove e trinta e
nove, dirigi-me ao balcão de atendimento, depois
segui a linha amarela como me indicaram e eram nove e meia e estava
despachado. Procurei então, no segundo piso, saber se haveria
interesse em
marcar a presença para o electrocardiograma que estava marcado para
o meio dia e trinta e cinco ao que a funcionária amavelmente me
disse que seria melhor ir tomar um café ou subir ao quinto andar e
desfrutar da paisagem da lezíria e do Tejo. Optei pela primeira das
hipóteses já que a fome dava sinal de estar viva. Tomei o pequeno
almoço no bar do hospital e li mais umas
folhas de um
livro sobre a raça da minha amiga Sacha, quando olhei as horas, já
eram
onze horas, decidi-me pelo
subir
ao segundo piso do hospital para confirmar a presença, aí chegado
tirei a senha e aguardei um pouco pela minha vez, seguindo depois
para a sala de espera, e quando abria o telemóvel para escrever
sobre a nova ida ao hospital já o ecran televisivo me chamava para o
exame.
Eram onze horas e trinta minutos estava despachado. Em todo o tempo
que passei no hospital ouvi apenas um
funcionário dizer
que uma médica nesse dia não estava porque aderiu
à
greve.
A
greve é um direito, os médicos podem fazer greve mas não me digam
que a mesma é para beneficio dos utentes do serviço nacional de
saúde. As classes profissionais fazem greve na defesa dos seus
interesses, repito, dos seus interesses e não para benefício de
terceiros.
A
greve dos médicos em sintonia com as declarações do dirigente do
maior partido da oposição ao governo, na pseudo defesa do Serviço
Nacional
de Saúde
é como dar uma
garrafa de água vazia a quem esta com sede.
Contudo, o partido que governa não deixa de ter culpas no cartório
porque
ao longo dos vários
governos em que exerceu o poder executivo,
aplicou
na
saúde em
nome de uma social democracia moribunda,
medidas
de
gestão idênticas
aos
seus opositores
políticos
liberais,
e todos eles
no cumprimento
do
pensamento
neoliberal
que há anos domina
a política liberal da União Europeia.
O
tempo das
políticas do
Estado Social
Europeu
há
muito que foi arquivado nas catacumbas de
Bruxelas
e
de Estrasburgo.
O
que nos vale é ainda
existir consciência
profissional e
humana em
muitos médicos e enfermeiros que trabalham na saúde publica, seja
nos hospitais
ou
nos
centros de saúde. A esses, eu agradeço a sua dedicação ao bem
estar de todos aqueles que a esses serviços recorrem e
deles necessitam.
A
luta
por melhores condições de trabalho é um direito que todos
exigimos, um dever, uma obrigação que o Estado pelo seu governo
deve dar a todos os agentes e utentes cidadãos. Essa luta deve ser
continua e nunca em função do partido que esta a exercer o poder.
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