domingo, 27 de maio de 2018

Eutanásia Futebol e Política


Isto anda tudo ligado. A política é a arte que tudo engloba, que tudo trata seja directamente ou seja por via indirecta, isto porque todos somos políticos. Mesmo aqueles que dizem não votar, estão com essa atitude, com essa opção, a serem políticos por omissão, mas a concordar com a maioria parlamentar que escolhe o líder para nos governar.
A política brindou-nos este fim de semana com mais um congresso de um partido político. Há uns anos fui como convidado assistir a um congresso político na FIL no Parque das Nações, fiquei vacinado, curado e mais independente. Não tenho paciência para tanto beija-mão, para tanta bajulação ao Chefe Supremo. Os congressos podem ser momentos importantes na política mas esta não termina com o discurso final do vencedor, nem tão pouco se limita apenas e só aos partidos e seus congressos.

Assim, penso que aquilo a que temos assistido no futebol nos últimos tempos, também têm ligações políticas, embora nos queiram fazer pensar que não, que o futebol é um mundo à parte. Quando líderes populistas apelam ao ódio, quando elementos conotados com a extrema direita são entrevistados nas televisões sobre o que se passa em Alvalade, ou, quando “toupeiras” invadem, vasculham ficheiros e processos jurídicos em curso na Justiça, para que o clube de Benfica se possa manter-se na ribalta do futebol, quando perante estes acontecimentos os poderes políticos no exercício público aos costumes dizem nada, procurando passar entre as gotas da chuva, estão politicamente a procurar lavar as mãos como nos contam que um dia o colonizador romano de nome Pilatos lavou as suas em Jerusalém, querendo fazer crer que o futebol é o tal mundo à parte.

Igualmente a posição que cada um de nós tem sobre a eutanásia, se traduz politicamente entre o ser contra ou ser a favor. Independente do que os de “avental” ou os de “saias” com mais ou menos paramentos, possam pensar, lembro-me das minhas conversas com o meu pai quando este estava no Lar da Zebreira, eu tinha dúvidas sobre a eutanásia, mas ele, meu pai não tinha, e sendo religioso, defendia a eutanásia, advogando que não era viver estar numa cama do hospital ou em casa, ligado a uma máquina ou não, sem ter reacções de fala ou de conhecimento estando totalmente dependente de terceiros. Quis o destino que uma noite, uma madrugada ou uma manhã caísse no quarto e o sangue lhe invadisse o cérebro tornando-o cientificamente um ser humano sem possibilidade de poder voltar a ter o mínimo dos mínimos de qualidade de vida, logo ele que defendia a eutanásia para essas situações. E assim, viveu trinta e quatro dias numa cama de hospital sofrendo ele, sofrendo nós, vindo a falecer de morte natural(?). As minhas dúvidas, hoje pretendem-se mais com a letra e o espírito da lei, que poderá ser aprovada no parlamento. A qualidade dos nossos legisladores é tão fraca, que tenho medo que seja mais uma lei para agradar a uns e a outros, sendo como tal aprovada com mais buracos interpretativos, que o famoso queijo suíço.
Depois de nascermos o que temos mais certo é a morte. Tenho as minhas dúvidas mas não sou contra que cada um de nós dentro de todas as suas capacidades mentais possa declarar que se este ou aquele acontecimento lhe tirar a possibilidade de qualidade de vida mínima, tornando-o dependente vegetativo de terceiros, possa nessas condições acabar esta viagem mais cedo de forma serena. Os que são contra esta possibilidade tem o seu direito a viverem de forma vegetativa, não devem é impedir a liberdade de escolha a quem não perfilha ou aceita os pressupostos que impedem a legalização da eutanásia. Não me vejo a decidir sobre a vida de um outro ser ou de um familiar, mas se o outro ser humano tiver acautelado, decidido de acordo com os pressuposto de uma lei restrita, respeitá-lo-ei. Para mim a eutanásia nunca poderá ou deverá permitir que eu possa decidir sobre a vida mesmo que em sofrimento de um outro ser meu irmão.
Àqueles que são contra por preconceitos religiosos digo aqui o que no destacamento do Malele lá longe na fronteira com o Congo Zaire de Mobutu, dizia nas conversas longas que tinha com o capelão militar do batalhão: -Se Deus sendo pai de todos nós, e, sendo um bom pai deseja como tal, o melhor para os seus filhos e nunca o sofrimento dos mesmos.

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