Os
poderes, presidencial, executivo e legislativo ainda não encontraram
a melhor saída da rotunda do «medo-confiança» onde entraram de
cabeça sem antes pararem e pensarem três vezes. Depois de terem
instituído formalmente o medo, os órgãos da comunicação social
em busca de audiências sem olharem a meios instituíram o pânico na
sociedade. O país entrou em quase coma induzido. Ao darem por isso,
os poderes presidencial e governativo (o legislativo continua em
situação de coma induzido) saltaram para fora da rotunda dando
vivas e olés procurando transmitir confiança aos cidadãos.
Esqueceram-se mais uma vez da falta de educação cívica que existe
na sociedade. Depois aparecem os lobistas de todos ao matizes a
pressionarem o Governo com o palavreado de que este e aquele sector
de actividade reclama «queremos trabalhar».
Desde
o mês de Março mesmo em estado de emergência que
se notava
o receio,
o
medo que os do Governo tinham com o verão e as férias que a quase
totalidade da população pensa ser um direito sem discussão.
A
saúde primeiro foi o mote para a emergência. Com o aproximar do
desejado calor de
verão entrou-se
no estado de calamidade onde
os mesmos que instituíram o pânico vão
dando voz aos que olhando para o seu negócio sazonal esquecem a
saúde primeiro e querem a vida social e mundana a todo o custo.
Está
mais uma vez à vista o que pode acontecer com as festas e
romarias sociais,
com as visitas aos lares de idosos, porque
coitadinhos dos velhinhos não poderem receber as visitas dos
familiares diziam alguns e ele tomava nota da intenção que
essas
notícias tinham
por detrás.
Os
ajuntamentos de jovens pela noite. As festinhas particulares e
privadas. As empresas que não cuidaram da segurança na higiene
cívica dos seus colaboradores. Tudo
aconteceu e acontece. Assim do
país
modelo
no combate ao vírus estamos
a
um passo do poço em
apenas um mês .
Como
ainda estamos longe da educação cívica de outros povos.
Somos
um país onde o Chico Esperto continua
a ser uma
imagem
de marca tão
popular como a do Zé Povinho.
Almoçava
no domingo o seu guisado de borrego dando atenção à entrevista que
ocorre nesse dia na Antena 1. O entrevistado era o ministro da
propaganda do actual governo e do partido político que dirige os
destino do país. Deu-lhe atenção porque não é figura do seu
agrado. Quando o ministro da propaganda começou por enaltecer o
civismo dos portugueses face ao covid-19 veio-lhe à imagem o
ministro da propaganda iraquiano
aquando
da triste e assassina invasão do Iraque pelas
forças americanas. Com os americanos às portas de Beirute ainda o
tal ministro falava das pesadas derrotas que estavam a infligir ao
invasor. Assim lhe pareceu o nosso actual ministro da propaganda. E
só não lhe deu um treco ao ouvi-lo enaltecer as vitórias
alcançadas contra a propagação do vírus, indo buscar como exemplo
a realização em Lisboa dos jogos finais de
futebol
da UEFA deste ano. Valeu-lhe o almoço estar-lhe a saber bem, o vinho
Alpedrinha da Adega do Fundão a ser boa companhia e depois de umas
boas cerejas da Gardunha o café e um cálice pequenino de uma boa
aguardente bagaceira, tudo produtos nacionais incluindo os
ingredientes que
a terra dá
com que preparou o seu almoço. O ministro foi falando mas ele
desligou, não é figura política do seu agrado, o
pouco que ouviu sobejou-lhe.
Para
ele tudo
o que esta a acontecer era previsível que viesse a suceder, face à
estratégia delineada no mês de Março. O
medo nunca foi bom conselheiro. Ele
sempre foi dizendo aos que não o ouvem, que «nem tanto ao mar nem
tanto à terra». O
achatar da celebre curva indiciava o prolongamento da crise com novos
contágios.
Depois
há políticas na gestão dos meios públicos que vêm de trás, de
vários governos e que não se alteram ou emendam de um dia para o
outro. Investiu-se
e investe-se rios de dinheiro numa Autoridade de Proteção Civil
que pouco ou nada protege e deixou-se para segundo plano o
investimento nas forças de segurança, seja em meios físicos seja
em meios humanos, que na presente batalha contra o inimigo invisível
tanta falta fazem, já que, os existentes meios
humanos não
chegam
para controlar e vigiar todos os locais onde os cidadãos
irresponsáveis, mal criados civicamente, se reúnem em convívio, seja
de dia ou pela calada da noite. E, nem quer falar, comentar a tão importante ACT – Autoridade
para as Condições de Trabalho.
Já
os de mais idade lhe diziam: - cá se fazem, cá se pagam. Só que por
uns pagam os outros e sempre assim foi e sempre assim será.