terça-feira, 16 de junho de 2020

Sr. Primeiro Ministro


Ouvir e ver o Primeiro Ministro justificar o aumento dos casos de contágio do vírus, pelo aumento do número de testes efectuado, é muito pouco, poucochinho mesmo. Afinal quantos testes estamos a fazer por dia e por regiões? Estamos a aumentar o número de testes, mas quanto e porque?
Desde sempre que sigo mais o número de infectados que o número de mortes, embora lamente todas as mortes. Mas das mortes anunciadas quantas são hospitalares e quantas são não hospitalares? Quantos faleceram do vírus sem terem outras patologias associadas?

O Sr. P. M. não deve ter tempo para dormir uma sesta quanto mais uma noite de sono retemperador. Mas Sr. P. M. o que que têm andado a fazer os vários Ministros e Secretários de Estado que não estão na frente de combate à pandemia? Terão estado todos em quarentena? Em teletrabalho ministerial a fazer o que propriamente? Estarão à espera do novo Orçamento?

Só ao fim desta eternidade de tempo suspenso das nossas vidas é que chega às televisões um filme governamental publicitário a convidar os portugueses a passarem as suas férias e a visitarem o País. É muito pouco, poucochinho mesmo. Onde estão os conselhos práticos cívicos de como nos devemos comportar nas praias, nos parques de campismo, nos jardins públicos? Onde estão os conselhos cívicos para evitarmos ao máximo a vida social em grupos numerosos ou com pessoas desconhecidas? Não quero acreditar que estejam à espera que o vírus não goste do nosso calor… e procure outras zonas onde se multiplicar. Ele, vírus, já provou que gosta do nosso ADN.

O Sr. P. M. não sabe mas quando eu tinha doze anos cheguei à Praia da Consolação. O meu pai era Guarda Fiscal. Na praia já existiam as bandeiras símbolos de como nos devíamos comportar no que toca ao banho de mar. Havia como hoje há a sinalética de “Zona Proibida a Banhos”. A canalha irreverente da juventude cumpria, na zona proibida ninguém tomava banho, até porque se os pais soubessem ai ai. Mas nestes tempos modernos de agora a sinalética de “Zona Proibida a Banhos” não é respeitada por muitas crianças e pais. E se o jovem banheiro apita e chama a atenção de que não podem lá estar saltam os pais, tios, avós, outros familiares e amigos a questionarem o jovem banheiro dos porquês de a sua criança não poder tomar banho, argumentando de forma ameaçadora que a praia não é dele. Antigamente o banheiro tinha o Cabo de Mar a quem recorrer como autoridade. Depois, uma mente brilhante, conhecida em Coimbra por ter “conta de fiado”nas farmácias chegou a Ministro. No seu reinado ministerial acabou com a Guarda Fiscal, com ela a figura do Cabo de Mar. A nossa costa ficou mais pobre mas ele, o tal ministro, deixou de ter “conta de fiado” e vive como um marajá num bunker sem que o Ministério Publico encontre ilícitos no seu fulminante enriquecimento. Não basta pois Sr. P. M. dizer que temos de respeitar o distanciamento social, é preciso martelar a cabeça das pessoas com filmes publicitários educativos e de respeito cívico. O povo é sereno mas não vai lá com palavras bonitas, tem de haver acção.

O vírus mesmo sendo um ser não vivo é esperto, mais esperto que muitos de nós como o Sr. P. M. sabe. Todo o cuidado é pouco e a economia precisa de ir retomando a sua actividade procurando outras formas de produzir, de inovar… Parar é morrer lentamente… por mais medo que os reformados, os pensionistas e os de ordenado ou vencimento certo ao fim do mês tenham de poderem ser infectados, a economia tem de voltar a ter vida.

Os pobres e os quase pobres são muitos milhares que precisam de trabalhar, de se deslocarem de casa para o trabalho e deste para casa em transportes colectivos públicos desfasados da realidade actual pelo reduzido número de oferta apresentada. Vejo chegar os autocarros da RL à estação de Alverca cheios. Se durante o estado de emergência chegavam vazios, agora neste tempo de calamidade vêm cheios. Todos com mascara mas todos juntos, porque são trabalhadores, muitos temporários, ou precários de contrato a prazo, ou diário mesmo. Se não trabalharem não terão dinheiro para procurarem sobreviver e para poderem educar os seus filhos. Não gosto de subsídios para quem precisa de trabalhar. Só o trabalho dignifica a pessoa humana. Os subsídios existem por necessidades, mas não dignificam a pessoa humana… e há tanto para fazer neste nosso país.

Como é que o Governo do Sr. P. M. vai obrigar as transportadoras privadas a aumentarem a oferta de mais transporte nas horas de ponta? Sabe Sr. P. M. autocarros, comboios e os barcos são transportes para muitos milhares de trabalhadores portugueses que podem querer cumprir o distanciamento social, mas não têm condições para o poderem fazer e, de quem é a culpa? Deles não é certamente. Não falo na TAP porque quando viajava de avião procurava sempre outra alternativa à TAP, depressa me cansei do seu mau serviço e educação. Serei faccioso na minha opinião sobre a TAP, assim como sobre o Novo Banco e outros tristes casos da nossa economia, como os apoios a empresas com sedes em off shores fiscais.

Sabe Sr. P. M. é muito bom vermos e ouvirmos o conselho de «compre made in Portugal) mas depois vamos aos supermercados e encontramos fruta de Espanha, de Marrocos, da Argentina, do Brasil etc etc. Vi bichas de clientes nas ruas da baixa de Lisboa a aguardarem a vez de entrarem nas lojas de roupa ditas de marca onde duvido que haja por lá roupa «made in Portugal».

Para terminar esta conversa minha com o Sr. P. M. faça tudo o que seja possível e impossível para que o Prof. Mário Centeno possa passar de quadro superior do Banco de Portugal a seu Governador. Esqueça as possíveis divergências que possam ter existido entre vós e, não tenha medo da isenção que ele poderá ter ao governar a instituição Banco de Portugal, hoje muito dependente do Banco Central Europeu aonde ele um dia poderá chegar para tristeza de muitos dos seus opositores políticos e partidários.

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