Ouvir
e ver o Primeiro Ministro
justificar o aumento dos casos de contágio do vírus, pelo aumento
do número de testes efectuado, é muito pouco, poucochinho mesmo.
Afinal quantos testes
estamos a fazer por dia e por regiões? Estamos a aumentar o número
de testes, mas quanto e porque?
Desde
sempre que sigo mais o número de infectados que o número de mortes,
embora lamente todas as mortes. Mas das mortes anunciadas quantas são
hospitalares e quantas são não hospitalares? Quantos
faleceram do vírus sem terem outras patologias associadas?
O
Sr. P. M. não deve ter tempo para dormir uma sesta quanto mais uma
noite de sono retemperador. Mas
Sr. P. M. o que que têm andado a fazer os vários Ministros e
Secretários de Estado que não estão na frente de combate à
pandemia? Terão estado todos em quarentena? Em teletrabalho
ministerial a fazer o que propriamente? Estarão à espera do novo
Orçamento?
Só
ao fim desta eternidade de tempo suspenso das nossas vidas é que
chega às
televisões um filme governamental publicitário a convidar os
portugueses a passarem as suas férias e a visitarem o País. É
muito pouco, poucochinho mesmo. Onde estão os conselhos práticos
cívicos de como nos devemos
comportar nas praias, nos parques de campismo, nos jardins públicos?
Onde estão os conselhos cívicos para evitarmos ao máximo a vida
social em grupos numerosos ou com pessoas desconhecidas? Não
quero acreditar que estejam à espera que o vírus não goste do
nosso calor… e procure outras zonas onde se multiplicar. Ele, vírus, já provou que gosta do nosso ADN.
O
Sr.
P. M. não sabe mas quando eu
tinha
doze anos cheguei à Praia da Consolação. O meu pai era Guarda
Fiscal. Na praia já existiam as bandeiras símbolos de como nos
devíamos comportar no que toca ao banho de mar. Havia como hoje há
a sinalética de “Zona Proibida a Banhos”. A canalha irreverente
da juventude cumpria, na zona proibida ninguém tomava banho, até
porque se os pais soubessem ai ai. Mas nestes tempos modernos de
agora a sinalética de “Zona Proibida a Banhos” não é
respeitada por muitas crianças e pais. E se o jovem banheiro apita e
chama a atenção de que não podem lá estar saltam os pais, tios,
avós, outros familiares e amigos a questionarem o jovem banheiro dos
porquês de a sua criança não poder tomar banho, argumentando de
forma ameaçadora que a praia não é dele. Antigamente
o banheiro tinha o Cabo de Mar a quem recorrer como autoridade.
Depois, uma mente brilhante, conhecida em Coimbra por ter “conta de
fiado”nas farmácias chegou a Ministro. No seu reinado ministerial
acabou com a Guarda Fiscal, com ela a figura do Cabo de Mar. A nossa
costa ficou mais pobre mas ele, o tal ministro, deixou de ter “conta
de fiado” e vive como um marajá num bunker sem que o Ministério
Publico encontre ilícitos no seu fulminante enriquecimento. Não
basta pois
Sr. P. M. dizer
que temos de respeitar o distanciamento social, é preciso martelar a
cabeça das
pessoas com
filmes publicitários educativos e de respeito cívico. O
povo é sereno mas não vai lá com palavras bonitas, tem de haver
acção.
O
vírus mesmo sendo um ser não vivo é esperto, mais esperto que
muitos de nós como o Sr. P.
M. sabe. Todo o cuidado é
pouco e a economia precisa de ir retomando a sua actividade
procurando outras formas de produzir, de inovar… Parar
é morrer lentamente… por mais medo que os reformados, os
pensionistas e os de ordenado ou vencimento certo ao fim do mês
tenham de poderem ser infectados, a
economia tem de voltar a ter vida.
Os
pobres e os quase pobres são muitos milhares
que precisam de trabalhar,
de se deslocarem de casa para o trabalho e deste para casa em
transportes colectivos públicos desfasados da realidade actual pelo
reduzido número de oferta apresentada.
Vejo chegar os autocarros da RL à estação de Alverca cheios. Se
durante o estado de emergência chegavam vazios, agora neste tempo de
calamidade vêm cheios.
Todos com mascara mas todos juntos, porque são trabalhadores, muitos
temporários, ou precários
de contrato a prazo, ou diário mesmo. Se
não trabalharem não terão dinheiro para procurarem sobreviver e
para poderem educar os seus filhos. Não gosto de subsídios para
quem precisa de trabalhar. Só o trabalho dignifica a pessoa humana.
Os subsídios existem por necessidades, mas não
dignificam a pessoa humana…
e há tanto para fazer neste nosso país.
Como
é que o Governo do Sr. P. M. vai obrigar as
transportadoras
privadas
a aumentarem
a oferta de mais transporte nas horas de ponta? Sabe Sr. P. M.
autocarros, comboios e os barcos são transportes para muitos
milhares de trabalhadores portugueses que podem querer cumprir o
distanciamento social, mas não têm condições para o poderem fazer
e, de quem é a culpa? Deles
não é certamente. Não
falo na TAP porque quando viajava de avião procurava sempre outra
alternativa à TAP, depressa
me cansei do seu mau serviço e educação.
Serei faccioso na minha opinião sobre a TAP, assim como sobre o Novo
Banco e outros tristes casos da nossa economia, como
os apoios a empresas com sedes em off shores fiscais.
Sabe
Sr. P. M. é muito bom vermos e ouvirmos o conselho de «compre made
in Portugal) mas depois vamos aos supermercados e encontramos fruta
de Espanha, de Marrocos, da Argentina, do Brasil etc etc. Vi bichas
de clientes nas ruas da baixa de Lisboa a aguardarem a vez de
entrarem nas lojas de roupa ditas
de marca onde
duvido que haja por lá roupa «made in Portugal».
Para
terminar esta conversa minha com o Sr. P. M. faça tudo o que seja
possível e impossível para que o Prof. Mário Centeno possa passar
de quadro superior do Banco de Portugal a seu Governador. Esqueça as
possíveis divergências que possam ter existido entre vós e, não
tenha medo da isenção que ele poderá ter ao governar a instituição
Banco de Portugal, hoje muito dependente do Banco Central Europeu
aonde ele um dia poderá chegar para tristeza de muitos dos seus
opositores políticos e partidários.
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