Porque
será que os políticos raramente nos dão grandes exemplos de
cidadania? O amor à causa pública só existe quando estão na
oposição ao Governo. Depois, assim que chegam ao poder logo
encontram justificações para esquecerem o ex-amor
à causa pública. Já se
habituou
a mais esta tristeza. Também por isso e
mais não
tem
filiação partidária reconhecendo
ele que só haverá Democracia se existirem partidos políticos de
diversas ideologias de preferência sempre mais do que dois, porque
se existirem apenas dois partidos os sonhos e as utopias ficam como
que deficientes, são
asas de
guias cortadas
sem
o grande horizonte azul.
Os
caminhos e os seus
sonhos
de juventude desaguaram no mar, habitando
ainda entre a linha do horizonte e a orla
da praia
onde as ondas enrolam a areia e beijam as rochas, querendo ele acreditar
que um
dia chegará um tempo novo de uma outra Sociedade Mais Decente para
todos sem distinção.
Desde
o início destes tempos de medo e pânico viral que nunca
entendeu as medidas impostas pelo Governo, nem compreendeu o
instalar,
o alastrar
do medo, a
criação do pânico que o próprio medo gerou. O caminho deveria ter
sido outro. Um caminho com medidas onde não faltasse o educar as
populações a suspenderem a sua vida social, um educar, um
explicar que tínhamos de
viver sem medo mas
sem podermos ter a chamada vida social da sociedade de consumo a que
nos habituámos.
O país não estava abastecido de todos
os equipamentos necessários e fundamentais para
os
profissionais de saúde poderem enfrentar nos hospitais públicos as vagas de doentes infectados pelo vírus; ao
mesmo tempo
os
cientistas não
sabiam,
desconheciam
o comportamento deste
novo
vírus. Com medo os que mandam aplicaram medidas draconianas.
Tínhamos
de ter criado novos
cuidados,
novos hábitos, aprendendo
a viver colectivamente esta situação de pandemia com
coragem.
Com
medo que o SNS não aguentasse estabeleceram as tais medidas duras que
levaram ao pânico. Um pânico que levou
muitos a
baterem
palmas e darem
vivas ao Presidente, outros ao Primeiro Ministro e Ministra da Saúde.
O medo político tirou-lhes a visão necessária
para onde poderíamos estar
a
caminhar alegremente batendo palmas e dando vivas. A
frase « a saúde primeiro» é só meia verdade.
Agora,
os cientistas ainda não conhecem de todo o malvado vírus, as
duvidas permanecem e são maiores entre eles, cientistas. Vendo que
estávamos a mergulhar alegremente
para
o fundo do poço,
os que mandam Presidente
e governam Primeiro
Ministro,
meteram
marcha atrás e andam
correndo de uma lado para o outro tomando
o pequeno almoço numa esplanada, almoçando, visitando fábricas,
dormindo em hotéis indo
à praia apanhar um pouco de sol e tomar banho,
tentando
com o seu exemplo
dar confiança aos cidadãos medrosos
e desconfiados que eles ajudaram a criar.
Ao
tempo
em duplicado de emergência segui-se o tempo de calamidade com a
abertura gradual de algumas actividades que estavam fechadas por
ordens governamentais. Um tempo em que as medidas que se impunham de
educação cívica, de acção psicológica de como nos devemos
comportar ao
andarmos
nas ruas, nos trabalhos e no tempo de lazer foi esquecido.
O
Estado mandou para a linha da frente os profissionais de saúde e
pessoal auxiliar, mas esqueceu a floresta dos seus cidadãos que
esperavam as suas ordens os seus conselhos que nunca chegaram, só as
ordens chegavam tão repetidas e comentadas era nos sítios do
costume. O Estado com os políticos e seus funcionários encolheu-se
quando deveria estar na outra frente a ajudar, a educar civicamente
as populações, principalmente aquelas onde agora os focos de
contagio na cidade grande preocupam até os mais optimistas.
O
velho ditado de “Nem tanto à terra Nem tanto ao mar” foi
esquecido por quem não deveria ter sido.
Por
outro lado o malvado vírus veio por a nu o individualismo egoísta
da nossa sociedade de
consumo.
Por
fim, parece que em termos económicos e sociais não se aprendeu
nada. A obsessão é voltarmos aos índices anteriores à chegada do
vírus, com os costumeiros bobos da corte a opinarem sobre o
desemprego, sobre a fome, sobre a TAP e os bancos apontando
o dedo acusador ao Governo do centro esquerda.
Vai
ou não vai é a questão política mais falada. Sem
esquecer as peregrinações e o mundo do futebol tão necessário às
lavagens.
Poderão
chegar novos rios de dinheiro. Com
essa chegada novos
observatórios, novos institutos, novas fundações e talvez novas
empresas municipais e inter-municipais se irão formar a par das
novas empresas de consultadoria com raízes ocultas em amigos
políticos para gerirem e beberem grande parte desses fundos que
poderão chegar perdendo-se o rasto ao desaguarem no estuário da
cidade grande.
O
capital financeiro irá beneficiar enchendo
os bolsos com prémios aos seus administradores.
A
TAP irá receber os tais fundos para continuar a perder milhões
alegremente porque é de bandeira.
As
empresas de trabalho temporário terão novos e avultados lucros.
A
precariedade no trabalho será definitivamente o modelo instalado no
mundo laboral privado.
Os
funcionários públicos irão continuar a ser a excepção no mundo
laboral.
Os
pensionistas e os reformados poderão estar mais descansados que não
lhes irá faltar a pensão nem tão pouco lhes será declarado uma
nova
versão de
«lay
off»
para eles.
Os
ambientalistas de ar condicionado continuarão a ter tempo de antena
em busca de uma boa colocação com futuro estável.
A
tão falada e gasta coesão do território verá as culturas
intensivas ocuparem largas áreas de regadio mesmo sem a garantia das
chuvas; muitos hectares de terrenos ficarão mais pobres ao serem
esventrados para a exploração de novos metais finos, sem que as
condições ambientais de exploração e pós exploração sejam
salvaguardadas na vida real, já que os consultores serão bem pagos
para lhes darem o aval no papel a enviar para os burocratas de
Bruxelas.
A
floresta
irá continuar a ser tema de estudos, comissões e discussões
acaloradas para se chegar ao verão e há menor vaga de calor
começarem os pinheiros e os eucaliptos a aderem sem nunca se saberem
quem foram os mandantes dos pirómanos que as incendeiam.
Quando
a vacina chegar já os donos disto tudo terão arrecadado maior
riqueza do que em período homologa anterior à declaração
pandémica. Os ricos, donos disto tudo, serão mais ricos, os pobres
mais pobres e a tal classe média das estatística continuará a
chorar a perda de meios e regalias.
Tudo
isto numa visão optimista claro.