segunda-feira, 18 de maio de 2020

O primeiro dia desta segunda fase do tempo novo


Ontem à noite assisti a duas rábulas televisivas que me fizeram rir, tal a piada que aqueles dois comentadeiros oficiosos têm naquilo que apregoam. Eles sabem tudo, até o futuro já é cliente dos dois tão certos e sabidos são nas suas afirmações. Um mais venenoso que o outro. Um mais populista no gingar do seu ego. Eles sabem tudo. As suas fontes ocultas são divinas, detentoras de toda a verdade, porque na verdade, "a verdade é só uma e os outros não falam verdade" . Fazem-me lembrar outros tempos onde a vida corria a preto e branco num cinzento de fome e miséria.

Leio no livro de Henry Morse Stephens "Portugal: A História De Uma Nação" «A grandeza dos portugueses na Índia foi devida à coragem e ao heroísmo do povo português e essas qualidades provinham da série de grandes reis, que tinham educado o povo na liberdade, na coragem e na constância. Se não fossem os grandes reis como D. João I, D. João II, o Príncipe Perfeito, e grandes príncipes como D. Pedro, duque de Coimbra, e o infante D. Henrique, o Navegador, a nação portuguesa nunca teria feito o que fez e a História de Portugal ministra-nos uma eloquente lição: um povo educado em grandes pensamentos e numa alta concepção do dever, encontra sempre com segurança um alvo para as suas energias, mostrando em nobres feitos o resultado da sua educação».
Mais à frente escreve o autor, «A grandeza de um povo depende da opinião que de si forma como indivíduos e como cidadãos; enquanto creem em si, tudo conseguem; quando a fé na sua invencibilidade desaparece, a posição que tem entre as nações declina rapidamente».

Foi o que nos aconteceu com a chegada da Inquisição a implementação do poder que os assassinos do Santo Ofício tiveram durante anos e séculos levando a Nação outrora gloriosa e respeitada a ser aquilo que somos hoje no contexto das Nações e em particular na União Europeia. É certo como escreveu o grande Luís Vaz de Camões nos seus sonetos:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Muita coisa mudou, muita volta deu o Planeta e a própria vida dos povos e das nações desde esse outro tempo. Não deixámos de ser uma Nação independente depois dos sessenta anos sob o domínio dos Filipes de Castela, mas as nuances, as diferenças são muitas com reis e republicanos a comandarem a vida neste rectângulo à beira-mar.
Hoje somos uma Nação governado por um Governo que nem para mudar uma taxa do imposto IVA o pode fazer sem primeiro pedir autorização aos burocratas de Bruxelas. Uma Nação onde os novos Condes de Andeiro, os morgados Migueis de Vasconcelos, abundam em horário nobre em canais televisivos privados e público vestidinhos a preceito.

E, quando um português que não foi educado nas cortes partidárias de agora, não passou pelas falsas universidades de “boys and girls” em final de férias , chega ao poder para controlar e gerir as finanças públicas, quando esse cidadão nascido em Olhão sem curriculum em negócios duvidosos de luvas e outros favores quer públicos quer privados se impõe como Ministro quer internamente quer no seio da União Europeia, aí estão os comentadeiros, os andeiros e os morgados, em obediência quer aos seus nobres quer aos do clero retrógrado e ultra conservador uns e outros de face oculta, aí estão como seus peões de brega andeiros e morgados a denegrir, a rebaixarem a imagem política e pessoal do Homem que soube fazer orçamentos anuais sem rectificativos, que soube criar uma equipa para controlar a despesas pública, que contribuiu para o crescimento da economia, que soube impor no exterior algum respeito à Nação, que sem diminuir a elevada carga fiscal herdada soube cirurgicamente dar mais rendimento disponível às famílias. Esse Homem, Ministro das Finanças, é o inimigo público a abater por essa gente mesquinha, invejosa e pouco ou nada patriótica, agora não ao serviço de Castela mas de um outro reino bem mais perigoso para todos nós cidadãos que gostamos de ser portugueses, que gostamos do nosso rectângulo à beira mar cujos antepassados navegando pelo mar profundo e distante deram novos mundo ao mundo, que soubemos repudiar com uma “revolução de cravos” a política do «orgulhosamente sós» . Esse inimigo de muitos rostos ocultos tem nome e vários donos, é o capitalismo selvagem financeiro e desumano, os novos vampiros deste século que com falas bonitas nos vão chupando o sangue.

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