Ontem
à noite assisti a
duas rábulas televisivas que me fizeram rir, tal a piada que aqueles
dois comentadeiros
oficiosos têm
naquilo que apregoam. Eles sabem tudo, até o futuro já é cliente
dos dois tão certos e sabidos são nas suas afirmações. Um mais
venenoso que o outro. Um mais populista no gingar
do seu ego. Eles sabem tudo. As suas fontes ocultas são divinas,
detentoras de toda a verdade, porque na verdade, "a verdade é
só uma e os outros não falam verdade" . Fazem-me lembrar
outros tempos onde a vida corria a preto e branco num cinzento de
fome e miséria.
Leio
no livro de Henry Morse Stephens "Portugal: A História De Uma
Nação" «A grandeza dos portugueses na Índia foi devida à
coragem e ao heroísmo do povo português e essas qualidades
provinham da série de grandes reis, que tinham educado o povo na
liberdade, na coragem e na constância. Se não fossem os grandes
reis como D. João I, D. João II, o Príncipe
Perfeito, e grandes príncipes como D. Pedro, duque de
Coimbra, e o infante D. Henrique, o Navegador,
a nação portuguesa nunca teria feito o que fez e a História de
Portugal ministra-nos uma eloquente lição: um povo educado em
grandes pensamentos e numa alta concepção do dever, encontra sempre
com segurança um alvo para as suas energias, mostrando em nobres
feitos o resultado da sua educação».
Mais
à frente escreve o autor, «A grandeza de um povo depende da opinião
que de si forma como indivíduos e como cidadãos; enquanto creem em
si, tudo conseguem; quando a fé na sua invencibilidade desaparece, a
posição que tem entre as nações declina rapidamente».
Foi
o que nos aconteceu com a chegada da Inquisição a implementação
do poder que os assassinos do Santo Ofício tiveram durante anos e
séculos levando a Nação outrora gloriosa e respeitada a ser aquilo
que somos hoje no contexto das Nações e em particular na União
Europeia. É certo como escreveu o grande Luís Vaz de Camões nos
seus sonetos:
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Muita
coisa mudou, muita volta deu o Planeta e a própria vida dos povos e
das nações desde esse outro tempo. Não deixámos de ser uma Nação
independente depois dos sessenta anos sob o domínio dos Filipes de
Castela, mas as nuances, as diferenças são muitas com reis e
republicanos a comandarem a vida neste rectângulo à beira-mar.
Hoje
somos uma Nação governado por um Governo que nem para mudar uma
taxa do imposto IVA o pode fazer sem primeiro pedir autorização aos
burocratas de Bruxelas. Uma Nação onde os novos Condes de Andeiro,
os morgados Migueis de Vasconcelos, abundam em horário nobre em
canais televisivos privados e público vestidinhos a preceito.
E,
quando um português que não foi educado nas cortes partidárias de
agora, não passou pelas falsas universidades de “boys
and girls”
em final de férias , chega ao poder para controlar e gerir as
finanças públicas, quando esse cidadão nascido
em Olhão sem
curriculum em negócios duvidosos de
luvas e outros favores quer
públicos quer privados se impõe como
Ministro quer
internamente quer no seio da União Europeia, aí estão os
comentadeiros, os andeiros e os morgados,
em obediência quer aos seus nobres quer aos do clero retrógrado e
ultra conservador uns e outros de face oculta, aí
estão como seus peões de brega andeiros e morgados a
denegrir, a
rebaixarem a
imagem política e pessoal do Homem que soube fazer orçamentos
anuais sem rectificativos, que soube criar uma equipa para controlar
a despesas pública, que contribuiu para o crescimento da economia,
que soube impor no exterior algum respeito à Nação, que sem
diminuir a
elevada carga fiscal herdada
soube
cirurgicamente
dar
mais rendimento disponível às famílias. Esse Homem, Ministro das Finanças, é o inimigo
público a abater por essa gente mesquinha, invejosa e pouco ou nada
patriótica, agora não ao serviço de Castela mas de um outro reino
bem mais perigoso para todos nós cidadãos que gostamos de ser
portugueses, que
gostamos do nosso rectângulo
à beira mar cujos
antepassados navegando pelo mar profundo e distante deram novos mundo
ao mundo, que soubemos repudiar com uma “revolução
de cravos”
a política do «orgulhosamente sós» .
Esse inimigo de muitos rostos ocultos tem nome e
vários donos,
é o capitalismo selvagem financeiro e
desumano,
os novos vampiros deste
século que
com falas bonitas nos vão chupando o sangue.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.