quarta-feira, 20 de maio de 2020

Andam atarefados os políticos da Nação neste tempo novo


Andam atarefados os políticos da Nação. Apoiantes de uns e de outros enchem de comentários as redes sociais deste tempo novo em que vivemos sem ainda compreendermos bem o porque do que se passa hoje, sendo incapazes de imaginarmos como será o amanhã tão próximo.
Vem do tempo velho uma comunicação social sem contraditório social. Os órgãos existentes difundem todos a mesma ideologia, uns mais temperados de sal, outros mais avinagrados e outros sem tempero algum. O contraditório deles ou entre eles resume-se à concorrência comercial em busca de audiências convertidas depois em receitas. Um mundo da comunicação onde vale tudo incluindo “o tirar olhos”, desde as meias verdades às falsidades; onde os pedantes, os lambe-cus são promovidos, arvorados a ícones da sociedade. A televisão domina em esmagadora maioria a comunicação. Jovens jornalistas ainda de fraldas profissionais correm em busca dos momentos de glória com notícias das desgraças que é o que lhes ordenam com promessas de alguma atenção numa futura promoção. São as desgraças, as tristes misérias sociais, que vendem audiências. Audiências que se transformam em receitas. Nos telejornais da noite noticiam com tanto à vontade cenas macabras de violência doméstica para logo à seguir instruírem os espectadores com telenovelas onde a violência do ciúme, dos ódios, traições e mortes é prato principal com sobremesa gourmet. Quando não nos servem novelas impingem-nos merdas como os big brothers e outros reality shows por forma a nivelarem por baixo os níveis de consciência dos cidadãos na sua sociedade de consumo, procurando impedir que os fieis espectadores possam pensar por si próprios já que viver também é pensar na nossa vida, na nossa experiência. Lá atrás num tempo a preto e branco o “Botas” achava que o povo não precisava de saber ler. Os senhores(?) hoje, actuam de forma que o povo não pare para pensar na vida, nas experiências e nos porquês, o saber ler pouco lhes importa.
Os políticos, fracos ideologicamente, na luta desenfreada pela conquista do voto, submetem-se a dar entrevistas tristes em programas cor-de-rosa e de exploração das misérias humanas.

Corria a vida no seu ritmo normal quando chegou lá do Oriente viajando em turística ou mesmo em classe executiva um vírus desconhecido que gosta de se alojar nas células humanas para a sua sobrevivência, fazendo-nos sofrer levando mesmo os mais frágeis de saúde a terminarem a sua viagem mais cedo de forma abrupta e dolorosa. Assim mais uma vez a vida que corria normal num dia normal mudou alterou-se num instante.
Apavorados pelo desconhecimento técnico e científico sobre o vírus, conhecendo o poder maléfico que o mesmo vinha causando nos países onde tinha entrado sem visto diplomático, subjugados pela guerrilha constante surda e muda da caça ao voto-futuro, da pressão oposicionista contínua dos órgãos de comunicação televisivos, o Governo com o Presidente hipocondríaco, decidiram que todos tínhamos que ficar em casa com poucas excepções. A generalidade dos cidadãos aplaudiram, baterem palmas e deram vivas. A saúde dos cidadãos está acima de todos os outros interesses, era o mote. Até os líderes religiosos se fecharam em copas debaixo das suas saias.
O país, assim como todos os outros países, não estava preparado para ter disponíveis todos os meios necessários para garantir a protecção efectiva dos profissionais de saúde e seus auxiliares que nos hospitais lutavam e lutam para curar e salvar as vidas de todos os doentes que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde. Os anos consecutivos de desinvestimento no SNS por opções políticas neoliberais e liberais poderia fazer com que o mesmo não aguentasse o afluxo de doentes. Para que tal não viesse a acontecer delinearam uma estratégia em que nos impuseram a casa como espaço de vida enquanto procuravam soluções para gerirem os meios necessários e fundamentais disponíveis para o combate defensivo realizado pelos profissionais de saúde no SNS de forma séria, competente e exemplar. Na praça televisiva algumas vozes de papagaios sempre criticas do Governo foram ficando afónicas perdendo o pio.
Os opositores comunicacionais televisivos tradicionais sentiram o apoio dos cidadãos às medidas propostas pelo Governo com a concordância do Presidente que depois de se ter refugiado com medo, apareceu para apoiar com algumas bicadas mal dadas a política do «fiquem em casa»; vai daí, chamaram para a frente noticiosa os seus melhores morgados. Não podendo por em causa as medidas governamentais tomadas havia que lançar o medo na população. Passaram as vinte e quatro horas do dia a falarem do número crescente de infectados de mortes e mais mortes dando voz e tempo de antena a qualquer papagaio que acusasse Governo que actuava por reacção e não de forma preventiva etc. Vinte e quatro horas de medo que virou pânico em muitas gerações.

O Governo sem reservas suficientes de meios necessários e fundamentais para proceder ao ataque defensivo em força, procurava acudir aos fogos que iam aparecendo quer na saúde quer na economia. Com poderes reforçados pelo «estado de emergência» legisla à pressa cometendo erros e vendo-se depois obrigado a corrigir sobre correcção de erros anteriores.
O tempo passava. O Mundo às voltas com os números de infectados e de mortes. Os papagaios sempre prontos a criticar por criticarem. Os morgados televisivos em estado orgástico quando os números de mais infectados e de mortes era a realidade crescente ocorrida nos comunicados da Direcção Geral de Saúde. E o tempo passava.
O país fechado em casa, agarrado ao vício televisivo e das badaladas redes sociais, definha, entra em layoff, não pensa, não questiona os porquês.

Os bens alimentares não faltaram nas grandes organizações de supermercados. Se não faltaram é porque alguém continuava com medo ou sem medo a trabalhar desde a produção até ao local de consumo sem esquecer os distribuidores logísticos. Unidades de pesquisa e de produção trabalham correndo contra o tempo em busca de soluções, adaptando-se e criando soluções para suprir as faltas evidenciadas pelo SNS principalmente nos hospitais de combate. O lixo que se amontoava nas ruas era recolhido pelos operários da recolha do mesmo.
As lutas da informação e da contra-informação estavam e continuam no auge. Criam-se crises políticas de divergências entre ministros, entre o Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças. A máquina da Administração Publica pouco habituada a trabalhar sob pressão comete erros de processo. Erros, que alguns «bufos» que por lá existem fazem chegar cirurgicamente à comunicação social notícias dos mesmos. Porém, processos que indiciavam possíveis compadrios são abafados e saem da comunicação social. O Governo resume-se a meia dúzia de Ministros que enfrentam a crise gerada quer pelo desconhecimento do vírus quer pela estratégia de combate defensivo à designada pandemia. Todos os outros ministros vivem na sombra da imagem que o Primeiro Ministro obtém junto dos cidadãos, mostrando à evidência que o país não necessita de um Governo tão pesado para os seus fracos recursos.

O Primeiro Ministro, o mais esperto dos políticos de hoje, percebe, oxalá que a tempo, que o país vai a pique. Talvez naquela reunião nocturna badalada pelos oposicionistas, o Ministro das Finanças lhe tivesse mostrado o túnel sem fundo para onde caminhávamos cantando e rindo batendo palmas e dando vivas às janelas. Talvez não sei nem sou adivinho. Depois dessa noite o Primeiro Ministro mete a mudança de marcha atrás e de acérrimo defensor do confinamento caseiro passa os dias correndo por ruas e restaurantes mostrando que temos de ter confiança e voltarmos a viver respeitando-nos e ajudando-nos uns aos outros num espírito nacional solidário sem ser nacionalista. 
Depois da saúde primeiro chegou agora a hora em que sendo a saúde uma das maiores riquezas que podemos ter na vida, sem a economia a funcionar não há possibilidade de garantir saúde a todos os cidadãos num SNS publico como o nosso que mesmo sub-orçamentado há vários anos funciona salvando vidas sem olhar a quem. 
Há pois que procurar sabermos viver o meio termo com educação cívica e respeito pela saúde dos outros, porque é no meio que mora e está a virtude.

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