Andam
atarefados os políticos da Nação. Apoiantes de uns e de outros
enchem de comentários as redes sociais deste tempo novo em que
vivemos sem ainda compreendermos bem o porque do que se passa hoje,
sendo incapazes de imaginarmos como será o amanhã tão próximo.
Vem
do tempo velho uma comunicação social sem contraditório social. Os
órgãos existentes difundem todos a mesma ideologia, uns mais
temperados de sal, outros mais avinagrados e outros sem tempero
algum. O contraditório deles ou entre eles resume-se à concorrência
comercial em busca de audiências convertidas depois em receitas. Um
mundo da comunicação onde vale tudo incluindo “o tirar olhos”,
desde as meias verdades às falsidades; onde os pedantes, os
lambe-cus são promovidos, arvorados a ícones da sociedade. A
televisão domina em esmagadora maioria a comunicação. Jovens
jornalistas ainda de fraldas profissionais correm em busca dos
momentos de glória com notícias das desgraças que é o que lhes
ordenam com promessas de alguma atenção numa futura promoção. São
as desgraças, as tristes misérias sociais, que vendem audiências.
Audiências que se transformam em receitas. Nos telejornais da noite
noticiam com tanto à vontade cenas macabras de violência doméstica
para logo à seguir instruírem os espectadores com telenovelas onde
a violência do ciúme, dos ódios, traições e mortes é prato
principal com sobremesa gourmet. Quando não nos servem novelas
impingem-nos merdas como os big brothers e outros reality shows por
forma a nivelarem por baixo os níveis de consciência dos cidadãos
na sua sociedade de consumo, procurando impedir que os fieis
espectadores possam pensar por si próprios já que viver também é
pensar na nossa vida, na nossa experiência. Lá atrás num tempo a
preto e branco o “Botas” achava que o povo não precisava de
saber ler. Os senhores(?) hoje, actuam de forma que o povo não pare
para pensar na vida, nas experiências e nos porquês, o saber ler pouco lhes importa.
Os
políticos, fracos ideologicamente, na luta desenfreada pela
conquista do voto, submetem-se a dar entrevistas tristes em programas
cor-de-rosa e de exploração das misérias humanas.
Corria
a vida no seu ritmo normal quando chegou lá do Oriente viajando em
turística ou mesmo em classe executiva um vírus desconhecido que
gosta de se alojar nas células humanas para a sua sobrevivência,
fazendo-nos sofrer levando mesmo os mais frágeis de saúde a
terminarem a sua viagem mais cedo de forma abrupta e dolorosa. Assim
mais uma vez a vida que corria normal num dia normal mudou alterou-se num
instante.
Apavorados
pelo desconhecimento técnico e científico sobre o vírus, conhecendo o
poder maléfico que o mesmo vinha causando nos países onde tinha
entrado sem visto diplomático, subjugados pela guerrilha constante
surda e muda da caça ao voto-futuro, da pressão oposicionista
contínua dos órgãos de comunicação televisivos, o Governo com o
Presidente hipocondríaco, decidiram que todos tínhamos que ficar em
casa com poucas excepções. A generalidade dos cidadãos aplaudiram,
baterem palmas e deram vivas. A saúde dos cidadãos está acima de
todos os outros interesses, era o mote. Até os líderes religiosos
se fecharam em copas debaixo das suas saias.
O
país, assim como todos os outros países, não estava preparado para
ter disponíveis todos os meios necessários para garantir a
protecção efectiva dos profissionais de saúde e seus auxiliares
que nos hospitais lutavam e lutam para curar e salvar as vidas de
todos os doentes que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde. Os anos
consecutivos de desinvestimento no SNS por opções políticas
neoliberais e liberais poderia fazer com que o mesmo não aguentasse
o afluxo de doentes. Para que tal não viesse a acontecer delinearam
uma estratégia em que nos impuseram a casa como espaço de vida
enquanto procuravam soluções para gerirem os meios necessários e
fundamentais disponíveis para o combate defensivo realizado pelos
profissionais de saúde no SNS de forma séria, competente e
exemplar. Na praça televisiva algumas vozes de papagaios sempre
criticas do Governo foram ficando afónicas perdendo o pio.
Os
opositores comunicacionais televisivos tradicionais
sentiram o apoio dos
cidadãos às medidas propostas pelo
Governo com a concordância do Presidente que depois de se ter
refugiado com medo, apareceu para apoiar com algumas bicadas mal dadas
a política do «fiquem em casa»;
vai daí, chamaram para a frente noticiosa os seus melhores morgados.
Não podendo por em causa as medidas governamentais
tomadas havia que
lançar o medo na população. Passaram
as vinte
e quatro horas do dia
a falarem
do número crescente de infectados de mortes e mais mortes dando
voz e tempo de antena a qualquer papagaio que acusasse Governo
que
actuava
por reacção e não
de forma preventiva
etc. Vinte e quatro
horas de medo que virou pânico em muitas gerações.
O
Governo sem reservas
suficientes de meios
necessários e
fundamentais para
proceder ao ataque defensivo em força, procurava acudir aos fogos que
iam
aparecendo quer na
saúde quer na
economia. Com poderes
reforçados pelo «estado de emergência»
legisla à pressa cometendo
erros e vendo-se depois obrigado
a corrigir sobre correcção de
erros anteriores.
O
tempo passava. O Mundo às voltas com os números de infectados e de
mortes. Os papagaios sempre prontos a criticar por criticarem. Os
morgados televisivos em estado orgástico quando os números de mais
infectados e de mortes era a realidade crescente
ocorrida nos comunicados da Direcção Geral de Saúde. E
o tempo passava.
O
país fechado em casa, agarrado ao vício televisivo e das badaladas
redes sociais, definha,
entra em layoff,
não pensa, não questiona os porquês.
Os
bens alimentares não faltaram nas grandes organizações de
supermercados. Se não faltaram é porque alguém continuava com medo
ou sem medo a trabalhar desde a produção até ao local de consumo
sem esquecer os distribuidores logísticos. Unidades
de pesquisa e de produção trabalham correndo contra o tempo em
busca de soluções, adaptando-se e criando soluções para suprir as
faltas evidenciadas pelo SNS principalmente nos hospitais de combate.
O lixo que se amontoava nas ruas era recolhido pelos operários da
recolha do mesmo.
As
lutas da informação e da contra-informação estavam e continuam no auge.
Criam-se crises políticas de divergências entre ministros, entre o
Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças. A
máquina da Administração Publica pouco habituada a trabalhar sob
pressão comete erros de processo. Erros, que alguns «bufos» que
por lá existem fazem chegar cirurgicamente à comunicação social
notícias dos mesmos. Porém, processos que indiciavam possíveis compadrios são abafados e
saem da comunicação social. O
Governo resume-se a meia dúzia de Ministros que enfrentam a crise
gerada quer pelo desconhecimento do vírus quer pela estratégia de
combate defensivo à designada pandemia. Todos os outros ministros
vivem na sombra da imagem que o Primeiro Ministro obtém junto dos
cidadãos, mostrando à evidência que o país não necessita de um Governo tão pesado para os seus fracos recursos.
O
Primeiro Ministro, o
mais esperto dos políticos de hoje, percebe, oxalá que a tempo, que o país vai a pique.
Talvez naquela reunião
nocturna badalada pelos oposicionistas, o Ministro das Finanças lhe
tivesse mostrado o túnel sem fundo para onde caminhávamos cantando
e rindo batendo palmas e dando vivas às janelas. Talvez não sei nem
sou adivinho. Depois dessa noite o Primeiro Ministro mete
a mudança de marcha
atrás e de acérrimo
defensor do confinamento caseiro passa os dias correndo por ruas e
restaurantes mostrando que temos de ter confiança e voltarmos a
viver respeitando-nos e ajudando-nos uns aos outros num espírito
nacional solidário sem ser nacionalista.
Depois da saúde primeiro chegou agora
a hora em que sendo a saúde uma das maiores riquezas que podemos ter na
vida, sem a economia a funcionar não há possibilidade de garantir
saúde a todos os cidadãos num SNS publico como o nosso que mesmo sub-orçamentado há vários anos funciona salvando vidas sem olhar a quem.
Há
pois que procurar sabermos viver o meio termo com educação cívica e respeito pela saúde dos outros, porque é no meio que mora e está a
virtude.
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