sexta-feira, 15 de maio de 2020

Décimo primeiro dia deste tempo novo


Mais chuva no horizonte de nuvens negras se avizinha. Sente-se o trovejar longínquo.

O tempo passa no seu passo certo. As desgraças acontecem deixando-nos sem ideias. Como é possível acontecer coisa assim tão revoltante.

Que amor me desengane que não quero viver num mundo assim. Faz falta regressar a um outro tempo. Um tempo onde o amor seja lei universal livre de todos os perigos que a soberba, o ciúme, a inveja lhe incutem. Um tempo em que os que não sabem viver o amor que o confundem com posse e poder nas suas múltiplas facetas não mais consigam olhar-se ao espelho, não mais conheçam a compaixão, o perdão, a alegria de um olhar meigo, apaixonado, de um abraço, de um simples beijo. Um tempo de vida longo que lhes pesasse a consciência os vergasse à vergonha de terem que rastejar os dias longos da sua existência sem outro sentido que o expiar a culpa de não saberem cultivar o amor.
Mas nós ajudámos a criar esta sociedade que banalizou a vida, que fez do amor uma coisa doentia um não-amor incapaz de aceitar os outros na sua própria dimensão.
O tempo passa no seu passo certo mas há ainda quem não saiba viver o amor na sua essência. Ainda nos falta percorrer muito tempo para chegarmos ao tempo em que o amor seja a única lei universal de convivência entre todos.

O passado e o presente são o fio e agulha da nossa identidade”* Na minha vida não há presente sem passado. Com eles crio as minhas utopias os meus sonhos, a minha Liberdade de caminhar pela outra margem, até porque “Quem é cego para o futuro vive sem sonhos”* e eu vou continuar a sonhar a criar o meu passado com saudades do futuro.
* Mia Couto em Universo Num Grão de Areia

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