E
um e dois e três e era uma vez um vírus que chegou lá do Oriente.
Ele chegou do seu jeito clandestino de se fazer transportar em
células humanas sem passaportes nem vistos. Não precisou de se
fazer ao mar Mediterrâneo em viagem suicida. Viajou comodamente em
classe turística ou executiva sem dar nas vistas, quietinho
esperando calmamente a altura certa para se fazer multiplicar em
gotículas minúsculas de líquidos
orgânicos, espalhando-se
pelas movimentações e contactos das pessoas que o transportam,
causando danos
nas células dos humanas
que o levam a muito sofrimento, acabando muitos por não resistirem aos danos
causados na
sua saúde
pela forma como o vírus actua.
Desconhecido
e clandestino multiplicou-se
a
alta velocidade
para
longas distâncias aproveitando
todas as facilidades da chamada globalização
selvagem propagandeada de forma perversa como o caminho para a
felicidade .
Seres
humanos
que inocentemente
o
transportavam
viviam
a vida
alegremente sem
grandes cuidados
ou
preocupações
com
os outros seus semelhantes.
As
sociedades ao tomarem conhecimento da sua existência clandestina, da sua capacidade mortífera fecharam-se, trancaram-se em casa como
auto-defesa.
O
nosso Governo reagindo atarantado sob a pressão de muitos agentes
fechou-se e fechou-nos em casa, deixando-nos à mercê de outros
vírus propagandistas do apocalipse e amigos da chegada do tal
“mafarrico” que já
era
para ter
chegado mas que felizmente anda perdido em outras paragens do Planeta
onde esses seus amigos têm outros amigos.
Estamos
no quadragésimo quarto dia de um estado de emergência o
que matematicamente quer dizer que já passaram quarenta e quatro
dias ou seja mais de duzentas e cinquenta horas de trabalho individual, sem que
alguém do Governo tivesse a ideia, a capacidade de ver que não
basta mandarem-nos
ficar em casa nem termos só bom senso no combate ao vírus, que a quarentena,
repito, só serve a quem esta infectado. Havia que utilizar de
imediato os tais milhões de compra de publicidade para levarem a
cabo campanhas publicitárias massivas
de educação comportamental colectiva, na televisão, rádios e
imprensa escrita nacional e regional, mas nada disso foi feito.
Muitos dos Ministros e Secretários de Estado do Governo viveram este
tempo de emergência à sombra da capacidade do jogo de concertina
que o Primeiro Ministro tem.
O
Governo funcionou no combate com o Primeiro Ministro, os Ministros
das Finanças, Economia, Trabalho e Segurança Social, Educação,
Ministra da Saúde com o seu Secretário de Estado sempre em bom
plano, Ministra da Presidência, Ministro
da Defesa, a
espaços com a Ministra da Justiça sempre muito assustada com o
vírus e
o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna a
terem tristes aparições.
Dos
outros pouco ou nada se soube, sendo que o Ministro do Ambiente mais
uma vez ainda teve uma triste aparição ao anunciar setenta e cinco
milhões de investimento na recuperação de 6 mil quilómetros de
ribeiras deixando esquecidos na gaveta ribeiras do interior que vão
poluindo as águas já bastante poluídas que chegam de Espanha no rio
Tejo.
Pobre sina a deste grande rio que a exploração agressiva da
agricultura nos terrenos circundantes o vai
matando com
plantas invasoras pelos efeitos colaterais dos nutrientes e
agro-tóxicos utilizados
na
agricultura sem que de Lisboa se vislumbre qualquer tentativa de inverter a situação. Será que têm medo?
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