sexta-feira, 1 de maio de 2020

Quadragésimo quarto dia do resto das nossas vidas


E um e dois e três e era uma vez um vírus que chegou lá do Oriente. Ele chegou do seu jeito clandestino de se fazer transportar em células humanas sem passaportes nem vistos. Não precisou de se fazer ao mar Mediterrâneo em viagem suicida. Viajou comodamente em classe turística ou executiva sem dar nas vistas, quietinho esperando calmamente a altura certa para se fazer multiplicar em gotículas minúsculas de líquidos orgânicos, espalhando-se pelas movimentações e contactos das pessoas que o transportam, causando danos nas células dos humanas que  o levam a muito sofrimento, acabando muitos por não resistirem aos danos causados na sua saúde pela forma como o vírus actua. Desconhecido e clandestino multiplicou-se a alta velocidade para longas distâncias aproveitando todas as facilidades da chamada globalização selvagem propagandeada de forma perversa como o caminho para a felicidade
Seres humanos que inocentemente o transportavam viviam a vida alegremente sem grandes cuidados ou preocupações com os outros seus semelhantes.
As sociedades ao tomarem conhecimento da sua existência clandestina, da sua capacidade mortífera fecharam-se, trancaram-se em casa como auto-defesa.

O nosso Governo reagindo atarantado sob a pressão de muitos agentes fechou-se e fechou-nos em casa, deixando-nos à mercê de outros vírus propagandistas do apocalipse e amigos da chegada do tal “mafarrico” que era para ter chegado mas que felizmente anda perdido em outras paragens do Planeta onde esses seus amigos têm outros amigos.
Estamos no quadragésimo quarto dia de um estado de emergência o que matematicamente quer dizer que já passaram quarenta e quatro dias ou seja mais de duzentas e cinquenta horas de trabalho individual, sem que alguém do Governo tivesse a ideia, a capacidade de ver que não basta mandarem-nos ficar em casa nem termos só bom senso no combate ao vírus, que a quarentena, repito, só serve a quem esta infectado. Havia que utilizar de imediato os tais milhões de compra de publicidade para levarem a cabo campanhas publicitárias massivas de educação comportamental colectiva, na televisão, rádios e imprensa escrita nacional e regional, mas nada disso foi feito. Muitos dos Ministros e Secretários de Estado do Governo viveram este tempo de emergência à sombra da capacidade do jogo de concertina que o Primeiro Ministro tem.

O Governo funcionou no combate com o Primeiro Ministro, os Ministros das Finanças, Economia, Trabalho e Segurança Social, Educação, Ministra da Saúde com o seu Secretário de Estado sempre em bom plano, Ministra da Presidência, Ministro da Defesa, a espaços com a Ministra da Justiça sempre muito assustada com o vírus e o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna a terem tristes aparições. Dos outros pouco ou nada se soube, sendo que o Ministro do Ambiente mais uma vez ainda teve uma triste aparição ao anunciar setenta e cinco milhões de investimento na recuperação de 6 mil quilómetros de ribeiras deixando esquecidos na gaveta ribeiras do interior que vão poluindo as águas já bastante poluídas que chegam de Espanha no rio Tejo. 
Pobre sina a deste grande rio que a exploração agressiva da agricultura nos terrenos circundantes o vai matando com plantas invasoras pelos efeitos colaterais dos nutrientes e agro-tóxicos utilizados na agricultura sem que de Lisboa se vislumbre qualquer tentativa de inverter a situação. Será que têm medo?

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