Só
fui professor no serviço militar em Chaves. Um professor imposto
pelos galões que me puseram nos ombros.
Terminado
o tempo de militar obrigatório
ainda me inscrevi no primeiro concurso realizado no pós 25.
Contabilista, curso médio na altura tinha à frente licenciaturas
que nada piscavam de contabilidade. Virei costas e lá andei pelo
mundo das empresas privadas, onde em algumas tinha a alcunha de
"professor". Quanto mais os meus colaboradores soubessem
mais facilitada tinha a minha vidinha. Estudava no ISEG à noite.
Durante
a juventude na escola de Peniche pertenço à geração do livro
único. No Instituto à geração que tinha de usar casaco e gravata
para sermos uns homens. Um dia o professor de Matérias Primas
Práticas, Domingos Sequeira, não começou a aula e só olhava para
mim. Atrapalhado com todos a olharem para o professor e para mim,
meti a mão ao bolso do casaco e lá estava esquecida a desgraçada
da gravata. Ao tirá-la do bolso o professor apontou-me a porta de
saída. Dei meia volta e com o rabo entre as pernas saí da aula sem
piar.
O
meu irmão fez carreira de professor. Brilhante e reconhecida por
colegas e
seus alunos.
Tenho
um amigo que dava aulas na Vila do Bispo pertencente ao Reino dos
Algarves. Professor de Educação Física que não se limitava ao
físico. Durante meses lá vinha ele no seu Fiat Panda, muitas vezes
de noite para minha casa depois de um dia de trabalho a dar aulas.
Tudo para assistir às aulas de Mestrado no seu antigo Instituto
agora Faculdade de Motricidade Humana e evoluir no saber e na
carreira docente. Outros seus colegas de curso quando íamos beber a
bica depois do jantar e os encontrávamos , estranhavam-lhe o
sacrifício. Queriam apenas ver chegada a hora das férias.
Como
em todo o lado em todas as profissões e ofícios há os que procuram
evoluir, os que procuram fazer bem, os que fazem e não se importam,
os que se estão marimbando para o que fazem, os que não gostam do
que fazem porque o patrão é explorador, outros porque o chefe que
faça pois ganha mais do que ele etc etc… agora até há
desventurados a falarem asneiras venenosas por aí.Trataram
as duvidas do desconhecido vírus mandando todos ficarmos em casa,
deixaram o vírus do medo se instalar em todos os estratos sociais
nas diversas gerações. Agora sem ideias para acalmar o pânico
instalado deixam o ónus para os da DGS quando não foi esta Direcção
que mandou fechar escolas, cresces e infantários.
Ninguém
saberá o que teria acontecido se as escolas, creches e infantários
não tivessem fechado e professores, alunos, funcionários,
educadoras, auxiliares e crianças tivessem continuado a irem às
escolas, creches e infantários respeitando todos as normas de
segurança que o contágio do vírus aconselha e os técnicos de
saúde pensam serem de aplicar.
Houve
fábricas que não fecharam. Centros de investigação que até
aumentaram o número de horas trabalhadas. Empresas e empresários
agrícolas assim como os pescadores que continuaram a sua vida normal
de trabalho, não havendo depois o convívio, a vida social a que
estavam habituados. Os supermercados das grandes cadeias de
distribuição continuaram e continuam abertos, sem rupturas graves
nos stocks dos géneros alimentares, sem casos de indisciplina nos
seus clientes.
Tenho
ideias mas não saberes e claro as minhas dúvidas sobre o ensino.
Uma coisa é certa, fecharem as escolas contra a ideia de alguns
técnicos de saúde. Foi uma medida política fácil, que agradou a
muitos.
Nada,
mesmo nada fácil vai ser o
reabrir
das
escolas dos
institutos e das universidades, das
creches e infantários
seja
agora, daqui a várias
semanas… até chegar a tão desejada vacina para nos imunizar aos
efeitos nefastos do vírus. Para lá das organizações sindicais dos
professores, temos os diversos órgãos das escolas e agora o
aparecimento de tantas associações que se reclamam de interesses
vários. Com tantos opinativos interesses não sei como o Ministro
conseguirá
dormir.
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