Aqui,
neste outro corno de África como diz um vizinho, zona raiana de
Idanha a Nova, sem televisão em casa por opção, observo nas redes
sociais tanta raiva difundida, algum ódio dissimulado, contra o
hacker Rui Pinto e a sua apoiante, mulher de e da política.
Surpreendi-me,
não me vem à memória outro termo para expressar, mas dizia eu que
me surpreendi quando vi pessoas que condenam a ferro e fogo o tal
hacker português, mas partilhavam como que enaltecendo a divulgação
pública de conversas entre um "coronel justiceiro" jagunço
de outros senhores "coronéis"e interesses no país do
samba e bossa nova. Escutas essas a fazer lembrar não só outras
escutas que já por cá existiram, como também segundo parece foram
obtidas de modo ilícito, a ver veremos como e onde paira mais o
nosso baile que o samba deles.
Tudo
isto me faz lembrar, quando em Angola depois de Abril nos recusávamos
a rodar do leste para a fronteira norte, com os senhores coronéis
das forças armadas portuguesas a deram-nos ordem de prisão se
desobedecemos às ordens recebidas por via superior, lembrando-lhes
nós, simples alferes milicianos operacionais, que o 25 de Abril ele
próprio, tinha sido efectuado contra os regulamentos da disciplina e
ordem militar em ofensa total à Constituição vigente na época.
Se
de vez em quando não existir alguém que infrinja regras
elementares, que possa por a nu podres dos senhores que controlam os
vários pequenos poderes do sistema, então tudo não passa de um
grande fado afinado com verdades escondidas, convencendo-nos eles,
que temos sol na eira e chuva no nabal, que tudo não passa de
mentiras postas a circular a soldo dos inimigos, que querem apenas
destruir o bom nome dos presumíveis envolvidos.
Já
o célebre e saudoso Raul Solnado dizia no tempo do Zip-zip que
"ladrão que rouba a outro ladrão tem cem anos de perdão".
Que tenha dado conta, esta frase, este ditado popular, não foi
saneado no pós 25 de Abril, tentando os novos senhores dos vários
poderes existentes mantê-lo bem no fundo da gaveta mais escura. Que
os actos ilícitos praticados pelo hacker sejam julgados e
condenados, mas, e as presumíveis coisas feias efectuadas pelos pequenos grandes
poderes?
Se
calhar é por tudo isso e outros segredos que tem chovido cada vez
menos… talvez a culpa do mês de Julho ter andado com o tempo tão
incerto seja culpa do hacker que possivelmente entrou de forma
ilícita nos arquivos de e-mail que S. Pedro troca com Deus, os anjos
e santos.
Como
numa missa de domingo o padre franciscano António no Lugar da
Estrada um dia há muitos anos disse «fiai-vos na Virgem e não
corram logo verão o trambolhão que levam». A ver vamos até onde
param as modas.