quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Andando








Aqui no meu canto, tenho saudades de lá.
Lá no meu outro canto não tenho saudades daqui.
Entretanto pelo meio tenho saudades de um outro lugar
Lugar onde posso subir a minha duna ao romper da manhã, olhar a fusão dos azuis no horizonte e ir com eles leve e sereno sem pensar em mais nada, deixar-me levitar sobre as ondas do mar que me abraçou um dia e ficamos cúmplices.




segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Não é saudosismo



Não é saudosismo, nem tal podia ser. Antes lembranças de outros tempos em que estes eram utilizados e representaram um avanço tecnológico sobre os outros hábitos mais antigos.
Ainda estudei à luz do candeeiro a petróleo no centro da mesa. E quando a luz eléctrica chegou a Ferrel ficou de reserva para as noites em que a mesma falhava. Luz eléctrica com lâmpadas não mais de 25 watts porque era cara, não ao alcance de qualquer família. Aqui na terra de meus avós o candeeiro durou mais uns anos bons, já que a fundamental luz eléctrica só chegou quase no final dos anos sessenta. Dizia o meu pai que do outro lado da fronteira em Piedras Albas já antes da guerra civil espanhola 1936 havia luz eléctrica quando a salto lá iam aos bailes. O outro candeeiro ou lanterna a petróleo serviu muito mais anos e hoje ainda pode ter vida, pois a luz eléctrica é demasiado cara para se ter nos palheiros onde se tinham e têm os animais e os fenos guardados do alheio.
Já o fogão ou fogareiro a petróleo constituiu uma pequena revolução tecnológica na confeção dos alimentos e na vida da mulher dona de casa, substituindo a antiga confeção dos alimentos que se processava a lenha. Isto para não falar na segurança e bem estar que o mesmo veio proporcionar às famílias que o podiam ter.
Do candeeiro em vidro não tenho referência ao seu fabricante, dos outros dois sim, a antiga e famosa Casa Hipólito de Torres Vedras, onde tanta gente trabalhou sendo que por motivos vários não foi capaz de sobreviver aos novos tempos tecnológicos, ela que no passado foi pioneira nas mudanças de hábitos.
Por isso não é saudosismo, nem tal poderia ser, antes um relembrar quem tanto sofreu para que pudéssemos ter um outro futuro melhor do que a vida duríssima de então.
Hoje, queixamos-nos por tudo e por nada, mas isso é outra música outro fandango ou fado se quisermos.

sábado, 3 de agosto de 2019

Surpresas


Aqui, neste outro corno de África como diz um vizinho, zona raiana de Idanha a Nova, sem televisão em casa por opção, observo nas redes sociais tanta raiva difundida, algum ódio dissimulado, contra o hacker Rui Pinto e a sua apoiante, mulher de e da política.
Surpreendi-me, não me vem à memória outro termo para expressar, mas dizia eu que me surpreendi quando vi pessoas que condenam a ferro e fogo o tal hacker português, mas partilhavam como que enaltecendo a divulgação pública de conversas entre um "coronel justiceiro" jagunço de outros senhores "coronéis"e interesses no país do samba e bossa nova. Escutas essas a fazer lembrar não só outras escutas que já por cá existiram, como também segundo parece foram obtidas de modo ilícito, a ver veremos como e onde paira mais o nosso baile que o samba deles.
Tudo isto me faz lembrar, quando em Angola depois de Abril nos recusávamos a rodar do leste para a fronteira norte, com os senhores coronéis das forças armadas portuguesas a deram-nos ordem de prisão se desobedecemos às ordens recebidas por via superior, lembrando-lhes nós, simples alferes milicianos operacionais, que o 25 de Abril ele próprio, tinha sido efectuado contra os regulamentos da disciplina e ordem militar em ofensa total à Constituição vigente na época.
Se de vez em quando não existir alguém que infrinja regras elementares, que possa por a nu podres dos senhores que controlam os vários pequenos poderes do sistema, então tudo não passa de um grande fado afinado com verdades escondidas, convencendo-nos eles, que temos sol na eira e chuva no nabal, que tudo não passa de mentiras postas a circular a soldo dos inimigos, que querem apenas destruir o bom nome dos presumíveis envolvidos.
Já o célebre e saudoso Raul Solnado dizia no tempo do Zip-zip que "ladrão que rouba a outro ladrão tem cem anos de perdão". Que tenha dado conta, esta frase, este ditado popular, não foi saneado no pós 25 de Abril, tentando os novos senhores dos vários poderes existentes mantê-lo bem no fundo da gaveta mais escura. Que os actos ilícitos praticados pelo hacker sejam julgados e condenados, mas, e  as presumíveis coisas feias efectuadas pelos pequenos grandes poderes?
Se calhar é por tudo isso e outros segredos que tem chovido cada vez menos… talvez a culpa do mês de Julho ter andado com o tempo tão incerto seja culpa do hacker que possivelmente entrou de forma ilícita nos arquivos de e-mail que S. Pedro troca com Deus, os anjos e santos.
Como numa missa de domingo o padre franciscano António no Lugar da Estrada um dia há muitos anos disse «fiai-vos na Virgem e não corram logo verão o trambolhão que levam». A ver vamos até onde param as modas.

Belenenses


Futebol é um desporto com muitos e variados clubes, tantos que nem os organismos que o superintendem devem saber do pé para a mão quantos são. Mas num país com a informação bipolar parece que só há três, os chamados grandes.
Rádios, televisões e jornalecos contratam especializados jornalistas independentes em tudo menos na imparcialidade.
Por decisão dos tribunais , um clube que integra a liga principal cá do reino, não tem clube nem estádio, já foi obrigado a mudar o seu emblema símbolo, assim como a cor das camisolas, não podendo de forma alguma usar o nome de Belenenses. Contudo, os tais especializados jornalistas independentes continuam a chamar ao “Não sei Quantos”SAD (clube de um senhor que se move bem nos meandros da política e dos negócios) a designação já proibida pelo Tribunal da Relação o antigo nome de Belenenses SAD, coisa que por lei e justiça já não existe. Infelizmente os próprios órgãos Liga e Federação continuam a reconhecer essa aberração como legitima. Os Belenenses estão a disputar o campeonato da distrital e daqui a poucos anos chegarão ao seu devido lugar, a liga principal, nessa altura que irão fazer os políticos que na sombra mexem os cordéis de um espectáculo que os cartilheiros querem fazer passar por industria, quando num jogo de futebol nada de produz com valor acrescentado?