segunda-feira, 10 de junho de 2013

O passeio é o mesmo mais torto mais gasto com o andar do tempo mas o mesmo passeio. A rua que outrora era movimentada com as pessoas a entrarem e a saírem dos estabelecimentos esta hoje quase silenciosa. Resistem de porta aberta as duas pastelarias, as cabeleireiras e a loja de informática, até dois dos três bancos existentes fecharam portas. À confusão do estacionamento com carros em segunda fila circula-se hoje sem problema. Podíamos dizer que a qualidade de vida melhorou mas é engano as pessoas que a pé se cruzam com ele, caminham de olhar triste e normalmente olhando o chão, ao cumprimento de «bom dia» respondem com silêncio continuando o seu passo lento e triste. Os anúncios de «arrenda-se» ou «vende-se» da Remax e da Era vão ocupando lugares sem vida.
Disseram-lhe que nas TV’s anunciaram a morte das aldeias do interior. Os que por lá vão habitando são velhos, uns foram ficando, cuidando das suas terras, dos seus bens, outros regressaram quando se reformaram; aldeias onde não nasce uma criança faz tempo. Aldeias que com a chegada dos grandes supermercados às cidades e vilas, até a pequena horta deixou de ser tratada. Aldeões que vão resistindo até que um dia a morte os leve para outra viagem. Casas de pedra com muitas histórias vão também elas morrendo sem vida que as anime.
Ele não vive nessas aldeias do interior, conhece algumas mas vive perto do mar junto à cidade grande que o viu um dia nascer. Também no litoral nas cidades dormitórios a vida vai mudando, a vida da pequena urbe quase se limita ao vai vem de casa-trabalho-casa, os jardins e cafés são ocupados por reformados e pensionistas que ficaram porque já não têm lugar na aldeia onde nasceram ou tem vergonha de voltar para lá. Morrer por morrer que seja por aqui que ninguém conhece o seu passado a história da sua família e assim vão limpando e gastando os bancos dos jardins, dos passeios sem norte, vivendo perdendo a esperança.
Morrem as aldeias do interior e vai morrendo a vida no Litoral.
Dizem que é o progresso mas ele não vê nisso qualquer vantagem. Na era da comunicação, na era da globalização, na era do chamado bem-estar social, nunca como hoje existiu tanta solidão, tanto medo nos de maior idade, tantas pessoas novas e de meia-idade, cuja esperança é o computador ou um smartphone para comunicar com alguém que esta no outro lado da rua ou do mundo.

Nem sempre o chamado progresso é coisa boa. Ele sabe-o, procura descrever esse seu sentimento mas as palavras não lhe saem. 

sábado, 8 de junho de 2013

Catarina, 
36 anos passaram desde aquela quarta feira de 1977 em que por esta hora a senhora enfermeira na Maternidade Alfredo da Costa te trazia à minha presença para que eu comprovasse que eras mesmo menina. Muita coisa foi acontecendo na tua vida, tu crescendo e eu envelhecendo como manda a mãe natureza. Nem sempre seguimos de mãos dadas pelos trilhos da vida, mas a sapiência do tempo soube dar a volta e agora longe na distância dos fusos estas aqui comigo. Não estamos sós.
Que não seja só neste dia mas em todos os dias do teu calendário: Saúde, Sorte e sê Feliz|

Teu Pai.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A um comentário sobre as coisas que vou pensando à minha maneira sobre este tempo de vida, saíram-me estas letras.
As reservas de ouro que temos são das maiores. Utiliza-las para amortizar a divida podia ser um meio, pouparíamos juros mas ficávamos piores do que estamos. Os especialista em moeda e crédito nada tem dito sobre o tema. Talvez que vende-las não resolvia o problema estrutural.
 Independente de se ser ou autodenominar-se de esquerda, do centro ou de direita temos que reconhecer que a máquina do estado é muito pesada para aquilo que produz. Há que cortar, não acredito nas reconversões.
Nada tenho contra os funcionários públicos, tenho-os na minha família e também eu quis ser funcionário da IGF, na altura quando cheguei da guerra de Angola, mas o sr. Vasco Gonçalves achou melhor estratégia e suspendeu as admissões para dar lugar aos que regressavam das antigas colónias. Lá fui eu parar o sector privado. Não faltava trabalho, mesmo com a situação politica que se vivia em 75.
O problema não está em despedir, mas sim, como se vai ou como se esta a fazer o processo de despedimento. É duro, é triste, faz doer o coração, vai criar mais despesa ao SNS com os tais ansiolíticos, psicotrópicos e outros não comparticipados. Os partidos políticos desde o tempo do Sr. Vasco Gonçalves que partidarizaram o funcionalismo público, a “cunha-política” serviu para tudo, para admissões, promoções e nomeações à velha maneira salazarista. Quando se receberam aumentos irreais para se ganharem eleições algumas com maioria absoluta, todos dançaram e ninguém foi à ponta de Sagres olhar o futuro; quando se concedeu o 14º mês aos pensionistas para fins eleitorais ninguém veio a terreiro lembrar que não era uma medida suportada pelo PIB. A Europa de Bruxelas mandava dizem que 9 milhões por dia, era um fartar vilanagem.
Temos uma administração pública que não funciona por culpa dos partidos políticos que a partidarizaram anulando e matando o espírito da «defesa do bem e da causa pública». A máquina do estado está muito mais doente que o País. É duro, é triste, faz doer o coração, lançar famílias no desespero, na ausência de futuro, mas há que cortar e o corte é sinónimo de despedimento. Conheço bem esse mundo do «despedimento e do despedido».
Vieram 9 milhões dia segundo dizem. Pena terem sido só 9 porque 20 ou 30 teriam sido bem melhores.
Façam uma visita ao Portugal de então. Nem sequer havia a autoestrada Lisboa Porto. As escolas eram basicamente as do estado novo, mudaram o nome aos estabelecimentos mas as infraestruturas eram as mesmas, com as novas escolas a serem construídas em modelo arcaico. Não havia dinheiro para mais. Hospitais velhos no seu equipamento para um serviço nacional de saúde que dava os primeiros passos e que se desenvolveu do incipiente à excelência, com a aliança dos trabalhadores da saúde e do dinheiro da Europa. Quantas horas demorava para ir de Lisboa a Castelo Branco, de Lisboa a Faro ou de Lisboa ao Porto de carro? Talvez se tenham esquecido mas em 83 o FMI foi chamado a ajudar-nos porque tínhamos ouro mas não tínhamos divisas para pagarmos as nossas importações de bens.
Cometeram-se erros, com certeza. Cometeram-se e muitos, mas também demos saltos qualitativos como cidadãos e como País.
Vou-lhes lembrar um exemplo. A Barragem de Alqueva. Foi projetada no III Plano de Fomento (à época reinava o Doutor Salazar) fazendo parte da rede de barragens. Depois o Doutor caiu da cadeira e escolheram outro Doutor que prometeu uma primavera mas as flores nunca floriram. Entrou-se para a EFTA e lá fomos buscar empréstimos e talvez subsídios às organizações internacionais. Em quase todos os estudos para pedir o “guito” entrava a famosa Alqueva. Veio Abril e lá continuava o projeto a suportar mais pedidos de dinheiro através de empréstimos. Até que, com os milhões da Europa de Bruxelas lá se acabou a barragem de Alqueva. Os velhos do Restelo diziam que seriam precisos 30 anos para a Barragem encher, afinal nem meia dúzia de anos foram precisos. A barragem pode e deve alimentar outras incluídas no programa de rega. Infelizmente os novos arautos no marketing politico preocupa-se mais com o turismo e campos de golfe, do que com o principio de desenvolvimento agrícola da região. Quantos anos vai demorar a completar a rede de rega, é a minha dúvida e pergunta. A qualidade da água da barragem é um outro problema, ficando fora deste tema agora. O Alentejo tem Sol, Terra e Gentes. Faltava-lhe Água. Agora existe água em stock mas da janela do ministério não se vê o azul esverdeado do pequeno mar de Alqueva.

O futuro qualquer que seja o modelo vai exigir dos nossos netos e vindouros, saber e competência. Veja-se a rede de Institutos Politécnicos, de Universidades e Polos Universitários, redes de saber onde se partilha o saber com a competência. Quantos jovens acima da média europeia saem das nossas escolas públicas? Porque vêm os outros países fazer reuniões de oferta de trabalho no nosso País. Toda essa rede de saber não se construiu com o nosso PIB.

Dizer mal, só mal, criticar por criticar sem dizer como faria em alternativa é uma doença civilizacional do português. Um trauma ou uma má qualidade deixada pela Santa Inquisição e que não nos abandona. Hoje passados quase 40 anos sobre a reconquista da Liberdade continuamos a ser um povo de brandos costumes e publicas virtudes, um povo que dá mais valor ao status do que ao trabalho. Um país de doutores e engenheiros onde escasseiam os Senhores.

terça-feira, 4 de junho de 2013



De que serve discutir a política e os partidos políticos como se discute o penalti que foi marcado mas deixou dúvidas?
A Troika está cá porque foi chamada, não nos invadiu como as tropas francesas de Napoleão. Mesmo os partidos políticos que a ignoraram e ignoram, ainda não apresentaram um Plano Concreto como iríamos viver sem as “ajudas – venenosas” da mesma. Dizer que rasgava-se o documento é bonito mas feio, porque depois não se diz como se iria viver. Tanto falam nas reformas e pensões mas não nos dizem como iriam arranjar os fundos necessários para pagar as ditas pensões e reformas, nem como iriam manter os hospitais, escolas e universidades, etc
Infelizmente não temos grandes riquezas naturais para podermos mandar a Troika embora mais os seus amigos. O que o AJS fez é uma ideia positiva, há que dialogar mesmo quando se esta em campos opostos. Este procedimento é muito mais maduro e positivo na minha modesta opinião do que uma noite na Aula Magna, onde todos se controlavam mutuamente. Quem sabe se as trincas políticas entre os presentes não vão acabar com a esperança que por lá esteve e que poderá ajudar o País mais para a frente. Quero estar enganado.
Os partidos políticos têm de mudar, já estão como o País em processo de insolvência, por isso falam muito mas estão todos unidos contra os Movimentos Cívicos se poderem candidatar não só às Câmaras Municipais mas também à Assembleia da Republica e até ao Parlamento Europeu. A política e as decisões políticas não acabam nos partidos políticos nem estes são donos absolutos da política. É preciso saber dar um passo atrás para mais à frente se poder dar dois ou mais para a frente.
 Hoje não temos industria, os campos abandonados porque são pobres e as pessoas vivem nos centros urbanos, não temos quase barcos de pesca... como vamos viver? Nacionalizamos a banca, e depois? tiramos de lá os gestores privados e colocamos lá os representantes do Povo? que Povo? Como foi feito depois do 11 de Março! Ok! Mas agora já não há o MDP CDE para iludir os que acreditavam que a utopia estava para cá do horizonte. É preciso diálogo entre TODOS.
Podemos mandar os "estrangeirados" para os seus antigos lugares no BCE e outros, mas não é suficiente.

Sozinhos somos pequenos.
Com "nacionalismos" ficamos conservadores e ainda mais pequenos.
É na UE e com países da UE que temos de encontrar a solução do nosso futuro enquanto País e Europa.
 Não temos que ser súbditos ao eixo-franco alemão como temos sido desde que para lá entramos (dois dos países que ao longo da história quiseram e procuraram subjugar os outros povos europeus).


Olhemos em frente, porque «para trás mija a burra».

sábado, 1 de junho de 2013



Se queremos uma Reforma Fiscal que se faça no sentido económico e não na visão financeira. Sejamos audaciosos, não brinquemos aos choques ficais.
Definam-se os impostos que os cidadãos tem de suportar para alimentar a máquina do Estado. Não vamos esperar quer pelas ajudas da actual Bruxelas nem pelo que terá de ser a futura EU. Sejamos audazes.
Façamos a Reforma Fiscal para os cidadãos portugueses de modo que os investidores estrangeiros possam usufruir das condições existentes em igualdade de oportunidades e circunstancias.
O Estado tem uma boa máquina na AT ou Contribuições e Impostos.

Deixemos de nos inferiorizar perante os estrangeiros, sejam da EU sejam exteriores à EU.

Na minha opinião é pela Reforma Fiscal e pela Justiça que temos de começar a reestruturação do País.

Não tenho números e como também não sou crente dos números que anunciam ou publicam, arrisco e digo:

Suspenda-se por uma década o IRC. Como? Isso mesmo, suspenda-se por uma década quer para as novas empresas e investimentos, quer para as empresas actuais.

Durante esse período, todas as empresas subirão a sua participação para a Segurança Social dos actuais 23, 75% para 25%, os trabalhadores das empresas passarão a descontar em função do escalão anual.

As empresas pagarão imposto de 30% sobre “despesas confidenciais ou não documentadas”.
Todos os bens tangíveis ou Intangíveis que não estejam relacionados com o objeto social das mesmas ou sejam classificados como bens acessórios (listados ou descriminados), serão tributados 25% como custo da actividade e 75% na declaração de IRS do usufrutuário. Exemplo viatura automóvel concedida a um quadro executivo como complemento da sua remuneração. Nos casos omissos de indicação de usufrutuário serão as mesmas imputadas aos gerentes ou representantes legais da empresa.

Durante este tempo as empresas que pretendam distribuir dividendos, terão de pagar em função dos rácios de solvabilidade que apresentem no Balanço Anual respeitante aos mesmos dividendos. Os accionistas beneficiários serão tributados em IRS pelos rendimentos de capitais.

Os empresários individuais no regime simplificado ou com escrita organizada terão que descontar para a Segurança Social.

Todas as empresas e ou empresários e ou trabalhador independente de qualquer sector de actividade terá de pagar anualmente um valor tipo «imposto profissional» para poder exercer a sua actividade.

Com o IRC suspenso, haverá tempo e condições para se fazer a reforma fiscal, simplificando o emaranhado dos impostos existentes hoje em dia. Na Reforma Fiscal terão lugar representantes das Universidades, Ordens Profissionais, Organizações Patronais e Sindicais e Tribunal de Contas, que terão de apresentar ao Governo dois estudos alternativos. Ao Parlamento caberá a discussão final para sua aprovação.

Durante este tempo a tributação as receitas do Estado teriam origem na tributação do IVA, do IRS, Segurança Social (com esta a abranger todos os funcionários quer públicos* quer privados), Imposto Sobre Energia, Imposto Automóvel, Imposto sobre Imobiliário, Selo, Sucessões e Doações e IRC marginal.

É por aqui que se deverá começar a Reforma do Estado. Em função das receitas previstas numa visão pessimista, que endividamento precisamos para sermos um País com voz na discussão da futura U.E.

*Os novos funcionários públicos descontariam para a Segurança Social e o Estado seria responsável pela sua contribuição como as empresas.

Temos a consciência de temos de sofrer.
Executem-se as reformas necessárias na defesa do futuro do Povo Português enquanto povo Europeu com quase mil anos de existência.





Crédito Fiscal

Perplexo ouço as notícias. Vejo na TV gente entusiasmada com a ideia do Crédito Fiscal para as empresas que queiram investir até ao final do ano.

Não compreendo. As empresas saudáveis e as grandes empresas estão neste momento a preparar o próximo orçamento face às condições que o mercado lhes oferece. É assim que se passa nas empresas com estruturas e princípios de gestão. Mas será que os Srs. Ministros desconhecem esta realidade?

As empresas, repito, saudáveis, vão investir o que decidiram na discussão e aprovação do orçamento para este ano. Logo a sua teoria não passará de retórica.

Poderá haver uma ou outra empresa com saúde e organização que possam aproveitar o tal dito crédito fiscal, mas a influência desse investimento na variável emprego será residual este ano assim como no PIB.

Infelizmente avizinha-se mais um falhanço. Srs. Ministros não é a meio do ano que se decidem estas coisas. Os Srs. tem consciência do tempo necessário para se obterem autorizações e licenças na máquina do Estado de que são Governantes? Quanto tempo é necessário para se por uma unidade fabril a funcionar?


Não se fazem Créditos Fiscais no curto prazo. A economia não é uma folha de excel.


Conversas íntimas

No caminho entre a casa e o comboio os seus dois “eu” vão dialogando ora com harmonia ora em diálogo mais ríspido  Pudesse e soubesse ele armazenar os dados processados entre os dois enquanto caminhava na distância entre a casa e o comboio e escreveria um livro, soubesse ele...
A “Sombra” é sempre mais crítica no falar e nas acções do “Eu”, funcionando como sombra crítica, como a voz da consciência em auto-critica.
Os dois (estará bem dito?) coabitam, nasceram no mesmo momento, no final de uma noite longa de inverno quando o dia receberia os primeiros raios de luz. Cresceram e desenvolveram-se e quando tomaram consciência das coisas da astrologia viveram de mãos dadas pensando enquadrarem-se no signo Capricórnio, não dando muita importância assumiam-se como tal. No início da curva descendente da vida ficaram a saber que tal não era assim, afinal eram do signo de Sagitário, zangaram-se e vivem os dois, quando o “Eu” é Sagitário a “Sombra” é Capricórnio, quando o “Eu” está Capricórnio a “Sombra” procura estar em Sagitário. Imagem dos conflitos internos que protagonizam entre o viver o correr dos dias e os momentos de reflexão ou de meditação quando com o Master vagueia pelas ruas e campos da Moita.
Ambos têm consciência dos conflitos que vivem, ambos têm consciência que são inseparáveis enquanto durar esta viagem. O passado os moldou, o presente é dos dois, o futuro por enquanto não existe. Às vezes a “Sombra” vai na frente, noutras ocasiões deixa-se ficar para trás mas entram juntos no comboio. Se o “Eu” é emocional a “Sombra” é o racional e vice-versa. Se o “Eu” é o intuitivo a “Sombra” é conclusão e vice-versa. Pelo modelo ocidental ou são um ou são o outro e quase nunca os dois. Se o “Eu” é o positivo a “Sombra será o negativo ou o neutro. Os dois “Eu” e “Sombra” são o orgânico.
Quem comanda a escrita  o “Eu” ou a “Sombra”? Não sei! Mas os dois estão de acordo com o que ele vai escrevendo no papel.

Ao passar em trabalho na zona de Cascais Sintra queria-se lembrar do nome do director financeiro daquela empresa de telecomunicações, que um dia ajudou em Mafra a passar aos serviços auxiliares quando estavam no serviço militar e o Sistema queria todos os jovens aptos para o combate da soberania em África, mesmo quando tais jovens eram doentes de asma como era o caso. Era difícil sair de Mafra para a consulta externa no Hospital Militar Principal ali para os lados da Estrela em Lisboa, mas ele conseguiu que o amigo saísse embora nunca mais se tivessem visto enquanto militares, ajudou-o e o outro nunca mais o procurou para pelo menos lhe dar um abraço de agradecimento. Agora sentado ao lado do condutor procurava na memória armazenada o nome dele e não o encontrava nos arquivos, quanto mais se esforçava mais vazia sentia a memória, olhava o azul do mar na estrada do Guincho e enervava-se. Na manhã seguinte ainda era noite quando debaixo do chuveiro o nome que tanto buscava no dia anterior como que saiu das moléculas de água quente que lhe batiam na pele do rosto e se postou ali em frente com todas as letras J R (João Ribeiro). E de novo outra questão se lhe colocou. Quem encontro o J R no arquivo morto da memória, o “Eu” ou a “Sombra”?

segunda-feira, 6 de maio de 2013


Swaps

Sou um crítico dos gestores públicos e da forma como os diversos governos “gerem” as empresas publicas.
Os swaps, que palavra tão feia, são mais um instrumento que a dita economia financeira criou para os gestores gerirem.
Grosso modo e de forma simples o swap funciona ou equivale a um seguro (contrato de seguro). Pago o tal swap (prémio de seguro) para garantir que a taxa de juro de determinado financiamento ou contrato de empréstimo, se mantenha fixa e a empresa não seja penalizada pela variação das taxas no mercado.
Se as taxas subissem os gestores públicos seriam os maiores porque tinham poupado não sei quantos milhares, mas como a taxa de juro baixaram (a taxa de referencia para a Euribor a 6 meses passou de 5% em 2008 para 0,3% já este ano) a coisa ficou preta.
Terão sido os Directores Financeiros (DF) das empresas públicas envolvidas a gerirem o processo na sua globalidade?
 – Tenho quase a certeza que não; devem ter existido muitas interferências governamentais e até talvez gabinetes de advogados a pedido do ministro da tutela.
Depois as empresas públicas têm Revisores Oficias de Contas (ROC), são auditadas por auditorias externas e pelo Tribunal de Contas. Todos emitiram os seus pareceres, uns alertando para a insegurança dos contratos, outros para a conformidade das verbas contabilizadas.
Agora, o Sr. Ministro das Finanças faz de um ato de gestão, “a roleta dos swaps” (que saiu na sua maioria mal para as finanças das empresas) um caso nacional, em que todos têm culpa menos ele que já vai com dois anos de gestão e só agora parece ter tomado consciência do que foram e são os tais contratos.
Parece-me que o Sr. Ministro queria com este erro de gestão culpar alguém da oposição, mas mais uma vez as contas saíram erradas, pois foram ou são três Secretários de Estado do seu partido que passaram a andar nas bocas do mundo e destes, dois Secretários de Estado foram mesmo sacrificados com a demissão, estiveram na empresa errada no espaço de tempo errado.
Repito, o Sr. Ministro quis arranjar culpados na oposição mas foi no seu partido que foram julgados e condenados na praça pública dois quadros técnicos e, aos gritos acalorados das oposições seguir-se-a o silêncio dos inquéritos sejam eles parlamentares ou de outra instância governamental qualquer.
Mesmo que os contratos jurídicos estejam mal elaborados não acredito que haja condenados. A história das PPP nos ensina isso mesmo.
O que há e infelizmente parece-me que continua a desenvolver-se é promiscuidade entre o poder politico de que o senhor é um agente e o poder dos grupos económicos, por isso e contrariamente ao que muitos dizem e opinam eu sou a favor de pequenas e médias empresas de saber e competência.
Talvez quando os inquéritos chegarem ao fim já o Sr. Ministro esteja no seu gabinete no BCE. e desta forma possa acrescentar ao seu curriculum mais umas linhas.

Sr. Primeiro-ministro (PM) na passada sexta-feira fui mais cedo passear com o meu amigo Master para o podermos ouvir com atenção e olhe que já não fazia isto há tanto tempo que nem me lembro qual foi a ultima vez que lhe dei ouvidos.

O Sr. PM falou do seu pensar e nós ouvi-mo-lo com atenção, mais eu do que o Master, mas é natural, ele estava mais interessado em comer a ração que ainda vou podendo comprar.

Errou o Sr. PM aqui e ali, mas sempre foi melhor do que o tal de Capela no derby da capital. Ouvi depois, comentadores e falsos-comentadores. Esclareço-o Sr. PM que falsos comentadores são para mim todos os seus amigos políticos e ex-políticos, que opinam nas TV’s sobre o que o Sr. PM devia fazer e não faz ou sobre o que o Sr. PM faz e não devia fazer. O senhor entende o que eu quero dizer, falam e falam mas dizem pouco para aquilo que conspiram. O Sr. PM sabe melhor do que eu que a velha máxima da política portuguesa «os meus inimigos são os do meu partido, os outros são meus adversários» está mais actual do que nunca.

Contudo, fiquei com mais dúvidas dos que as que já tinha antes de o ouvir.

Sempre se vai fazer a Reforma do Estado? Se a tal reforma vai avançar, estas medidas agora anunciadas pelo Sr. PM  fazem parte do aquecimento ou já são parte do resultado?

Não o ouvi falar nas fundações, institutos e outros organismos existentes, improdutivos e inúteis. Foi esquecimento dos seus assessores ou fui eu que não o ouvi bem? Este meu ouvido direito anda a falhar cada vez mais, sabe. Os tais 30.000 funcionários já contam com os funcionários das tais fundações e organismos inúteis ou vão continuarem a receber os seus vencimentos aguardando pelo novo pedido de ajustamento?

O telemóvel tocou, coisas do trabalho e, fiquei sem entender bem a questão do novo imposto a que o Sr. PM chama de taxa mas que na verdade sendo taxa ou imposto é o agravar da carga fiscal das famílias. Esse novo imposto ou taxa como o Sr. PM diz, também vai incidir sobre o total das remunerações dos políticos como exemplo de solidariedade para com os mais velhos?
Ao querer resolver o assunto de trabalho e ao mesmo tempo querer ouvi-lo, devo ter compreendido mal a questão da nova taxa.

Sempre se vai avançar com o ajustamento entre os diversos sistemas de aposentação? Espero que seja desta.

Sr. PM se a idade da reforma sem penalização é aos 66 anos porque é que a idade oficial é aos 65 anos? Será que a partir de agora todo e qualquer cidadão vai passar a receber a reforma por inteiro só aos 66 anos? Quer dizer então o Sr. PM que os políticos receberão a sua reforma pelo trabalho de estarem sentados e levantarem-se para dar o seu voto no Parlamento aos 66 ou aos 65 anos? E aqueles que pretenderem demonstrar a sua incapacidade para o trabalho poderão fazê lo e aceitar a pré-reforma com as penalizações devidas como qualquer outro cidadão? Ouvi bem? Será que compreendi bem, ou estarei mesmo com o ouvido direito em off?

Os comentadores e falsos-comentadores não falaram sobre estes temas e eu fiquei com mais dúvidas do que as que tinha.

Sabe, Sr. PM eu sou um político passivo e já antes do “ponto de ordem à República que foi o saudoso 25 de Abril de 1974, eu era do contra. Penso que na altura até estávamos bem perto um do outro, pois se não me falha esta memória que tão cansada anda, o Sr. PM andava então por Silva Porto, Bié, Angola e eu também lá andava mas de G3 na mão. Sou do contra mas pacifico sem ser antimilitar, não sei se me compreende.

Não quero ser algo mais do que aquilo que sou e gosto de ser, mas as dúvidas fazem-me aumentar os «glóbulos do contra» e embora tenha conseguido estabilizar a tensão arterial, sem custos para o SNS, os «glóbulos do contra» alimentam os neurónios e tenho medo do aumento de velocidade que estes possam provocar na central de processamento de ideias e pensamentos (cérebro).

Vou ficar à espera dos princípios propostos e quantificados para a Reforma do Estado, para ver como se encaixam estes cortes e remendos que andam executando. Depois logo se verá…

Assina,
Um Português que quer que os seus netos, netas e vindouros continuem a ser Portugueses e Europeus.

segunda-feira, 29 de abril de 2013



Os dias passam. A crise veio para ficar, é como o escalracho, espalha as suas raízes na sociedade. Os que governam vão fazendo cortes na Velha Árvore que doente vai deixando cair as suas folhas.
Os órgãos de comunicação anunciam novos cortes sempre segundo fontes bem informadas junto dos que dizem nos governar. A Velha Árvore resiste.
Com pompa e circunstancia envergonhada as medidas chegam anunciadas pelo porta-voz e pelo jornal oficial da ainda Republica Portuguesa.
A Velha Árvore já não tem ramos para nos dar um pouco da sua sombra, triste e doente vê as suas folhas caiarem mas vai resistindo.
Cortes atrás de cortes e mais cortes e, afinal onde está a Reforma do Estado? Isso mesmo, onde está uma ideia de Reforma do Estado apresentada pelos que nos governam e pelos outros, os que não governam mas ambicionam governar e os outros que sem ambição para governar preferem a crítica constante e fácil aos que governam?
Onde esta ou por onde anda a Reforma do Estado?
Atenção que falo do Estado e não apenas do Estado Social.



E já passaram 39 anos
Há 39 anos estava tão longe, lá onde as noites eram mais noites, onde o tempo parecia não querer passar, só que as dúvidas eram tantas que ninguém acreditava que o tempo passasse depressa e bem.
Para nós não existiu “E Depois do Adeus” nem “Grândola Vila Morena” (esta, existia apenas numa das cassetes e ouvia-a no quarto quando o pensamento voava até à minha família, ao meu país), apenas as dúvidas habituais nos acompanharam naquela noite e no dia seguinte.
Duvidas, muitas duvidas como que a querem avisar-nos de que era preciso estar sempre alerta.
Hoje tudo parece um sonho, à repressão pela Liberdade naqueles tempos, temos hoje a repressão pelo Trabalho.
Povo sofrido, povo que acreditou, povo que se deixou iludir, povo que volta a ser sofrido… a história é feita de ciclos… e só passaram 39 anos.

quinta-feira, 21 de março de 2013


E Chipre também ali no Mar Mediterrâneo...

Cada vez mais a saída da Crise aponta para a saída do euro. O dólar é que é a moeda internacional e nesta falsa União ou fora dela, teremos sempre que negociar o pagamento dos dólares que devemos com os credores. A dívida poderá passar dos +120% do PIB para muito mais é um facto, mas, ter MOEDA é variável fundamental para por Portugal no caminho do crescimento económico e da diminuição da taxa real de desemprego. Ser primeiro Português não nos impedirá sermos europeus e internacionalistas. No passado construímos os primeiros alicerces da globalização, porque ficarmos hoje amarrados a políticas que nos impõem e que começam a roçar o racismo... e tudo em nome da Democracia.

segunda-feira, 18 de março de 2013


Porque é que aqueles que se dizem a “Esquerda” são incapazes de apresentar um plano, um caminho efectivo, alternativo, ficando-se apenas pela enumeração de princípios generalistas? E que em primeira instância visam sempre a manutenção das condições materiais actuais quando todos sabem que as mesmas só se podem manter com o endividamento constante do país perante o exterior. Onde nos levará este constante endividamento? À falência ou à subordinação como Protectorado de um outro país ou agrupamento de países?.
O futuro para além de incerto apresenta-se carregado e negro mas não deixa de ser futuro, ou seja, o lugar onde mora a esperança de uma vida melhor para todos e não só para alguns como actualmente.
Para o alcançarmos vamos ter que voltar a comer as sopas que o diabo amassou, vamos ter que dar não só dois passos atrás mas muitos passos atrás se quisermos que os nossos netos e bisnetos sejam portugueses e continuem a falar e a escrever a nossa língua.
Adiar o começo deste caminho, vendendo a esperança de que os povos da União Europeia nos vão dar a mão e ajudar é perante os factos que vivemos, uma mentira plena, é como tapar o sol com a peneira quando não há nuvens no céu. 
A União Europeia não visa a harmonização dos povos europeus mas tão-somente os interesses financeiros e económicos dos grandes grupos financeiros que a dominam.

Ser independente hoje é fácil face há fraca qualidade dos políticos profissionais que alimentamos e, eu não sou independente, então o que serei ou o que sou? Ando perdido mas sei que não quero ir com as maiorias, sou capaz de ser o “eu” que continua a remar contra a maré procurando águas mais límpidas e onde a vida seja sustentável para a maioria que assim o desejar.

domingo, 17 de março de 2013


Ainda o Papa

Já não era católico praticante. A sua religião abrangia todas e não era de nenhuma. Claro que quando nasceu os pais o baptizaram e anos mais tarde já em Ferrel fez a 1ª Comunhão e mais tarde foi receber a Crisma na Atouguia da Baleia; foi praticante até que um dia numa missa nos Olivais Sul foi posto fora da mesma por ter interrompido o padre na homilia. A partir desse dia deixou de ser praticante. Gosta de falar e debater temas e dogmas mas não mais do que isso. Quando estava destacado em Melele na fronteira norte de Angola e o Capelão Militar o visitava ficavam noite dentro a falar sobre o porque de alguns dogmas da igreja e a chamada “teoria da libertação” que o capelão conhecia por ter estado no Brasil.

Na sua margem acompanha toda a encenação que a nomeação de um novo Papa provoca na comunicação social sempre ávida de notícias e de mexericos.

A Igreja Católica Apostólica Romana é uma organização aberta sobre os seus dogmas mas fechada à evolução social dos seus seguidores e como tal ao longo da sua vida sempre foi e se mostrou conservadora de leitura única sobre os seus fundamentos. Não espera por isso que a nomeação do novo Papa venha trazer uma revolução de hábitos e de prática na sua actuação. Ao ver o Papa Francisco sentiu duas ou três coisas de que gostou,

* O nome Francisco como S. Francisco de Assis (será?) e como seu avô materno que também era Francisco ou Chico
* O facto de ser da corrente Jesuíta que dentro do conservadorismo lhe parece ser um pouco mais aberta ao estudo da sociedade
* O facto de não aparecer agarrado ao símbolo do poder que representa a “estola”
* A figura lembrou-lhe a imagem do Papa João Paulo I que reinou pouco tempo e cuja morte continua por esclarecer

Por isso não percebe as opiniões de tantos especialistas sobre o Papa nem acredita que tenha havido fugas de informação sobre o que se passou neste e no anterior conclave. Calmamente, sem pressa nem ansiedade vai aguardar pela prática futura da igreja porque essa é que nos vai dar a prova real: se é o novo Papa Francisco que manda ou se a Curia Romana, qual aparelho partidária, vai continuar a reinar.

Deixou as suas divagações sobre o assunto e voltou a concentrar a sua atenção nos acontecimentos relatados no livro que anda a ler “O Massacre dos Judeus, Lisboa 19 de Abril de 1506” de Susana Bastos Mateus e Paulo Mendes Pinto. É que a Igreja Católica e de uma forma global os cristãos falam muito das liberdades religiosas mas ignoram ou esquecem o que foi a sua prática política e religiosa ao longo da história.