domingo, 17 de março de 2013


Ainda o Papa

Já não era católico praticante. A sua religião abrangia todas e não era de nenhuma. Claro que quando nasceu os pais o baptizaram e anos mais tarde já em Ferrel fez a 1ª Comunhão e mais tarde foi receber a Crisma na Atouguia da Baleia; foi praticante até que um dia numa missa nos Olivais Sul foi posto fora da mesma por ter interrompido o padre na homilia. A partir desse dia deixou de ser praticante. Gosta de falar e debater temas e dogmas mas não mais do que isso. Quando estava destacado em Melele na fronteira norte de Angola e o Capelão Militar o visitava ficavam noite dentro a falar sobre o porque de alguns dogmas da igreja e a chamada “teoria da libertação” que o capelão conhecia por ter estado no Brasil.

Na sua margem acompanha toda a encenação que a nomeação de um novo Papa provoca na comunicação social sempre ávida de notícias e de mexericos.

A Igreja Católica Apostólica Romana é uma organização aberta sobre os seus dogmas mas fechada à evolução social dos seus seguidores e como tal ao longo da sua vida sempre foi e se mostrou conservadora de leitura única sobre os seus fundamentos. Não espera por isso que a nomeação do novo Papa venha trazer uma revolução de hábitos e de prática na sua actuação. Ao ver o Papa Francisco sentiu duas ou três coisas de que gostou,

* O nome Francisco como S. Francisco de Assis (será?) e como seu avô materno que também era Francisco ou Chico
* O facto de ser da corrente Jesuíta que dentro do conservadorismo lhe parece ser um pouco mais aberta ao estudo da sociedade
* O facto de não aparecer agarrado ao símbolo do poder que representa a “estola”
* A figura lembrou-lhe a imagem do Papa João Paulo I que reinou pouco tempo e cuja morte continua por esclarecer

Por isso não percebe as opiniões de tantos especialistas sobre o Papa nem acredita que tenha havido fugas de informação sobre o que se passou neste e no anterior conclave. Calmamente, sem pressa nem ansiedade vai aguardar pela prática futura da igreja porque essa é que nos vai dar a prova real: se é o novo Papa Francisco que manda ou se a Curia Romana, qual aparelho partidária, vai continuar a reinar.

Deixou as suas divagações sobre o assunto e voltou a concentrar a sua atenção nos acontecimentos relatados no livro que anda a ler “O Massacre dos Judeus, Lisboa 19 de Abril de 1506” de Susana Bastos Mateus e Paulo Mendes Pinto. É que a Igreja Católica e de uma forma global os cristãos falam muito das liberdades religiosas mas ignoram ou esquecem o que foi a sua prática política e religiosa ao longo da história.

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