segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

31.01.24

 

O primeiro mês do ano chega ao fim e com ele a vida continua fria, a esperança num mundo de vida mais decente não morre mas a besta negra vai ganhando forças ameaçando acabar com o tempo de vida ilusória. Nuvens negras artificiais povoam os céus informativos para alienarem as mentes que engrossam as hostes que reclamam o regresso ao passado.

Iludidos democratas e democratas iludidos arquivaram há muito princípios ideológicos do bem social, curvando-se perante o peso do capital liberal mascarado de capitalismo humanista, vendem-nos a ideia do pragmatismo acima da política. Iludidos, embriagados pelos donos do capital com a nova droga do “pragmatismo” trouxeram os países a um beco de saída estreita onde não cabem todos, incapazes de controlarem as nuvens negras artificiais que o falso capitalismo humanista criou para dominando a comunicação social nos parametrizar o pensamento e assim trazerem de novo a besta negra ao poder..

As covinhas na terra lavrada e semeada pelas pequenas aves para se espojarem libertando-se dos parasitas dizem-nos que se aproxima tempo de rutura.


A vida abre portas que nem sempre sabíamos que existiam

28.01.24

 

Hoje enquanto acabava de fazer o almoço o meu amigo semeou um canteiro de salsa e outro de erva cidreira. Agora tudo depende do tempo, pois a Natureza é que comanda ainda para mais quando estou dias, semanas ou mês na cidade arrabalde da cidade grande. Tudo o que tenho no quintal é natural, sem a utilização de químicos. As muitas ervas arranco-as ou à mão ou com o sacho, não utilizo qualquer herbicida pelo que faço as coisas de acordo com o queixume das costas por andar curvado a arrancar as ervas que depois não deito no lixo porque as coloco ao sol para serem colocadas à volta do troco das árvores de fruto e oliveiras; até mesmo as cascas das frutas, das batatas, das cenouras, os talos das couves, as cascas dos ovos etc tudo tem o seu caixote de lixo para depois serem enterradas na terra porque como um dia aprendemos com Lavoisier «na natureza nada se perde, tudo se transforma» ou como diz o meu amigo «a terra o dá a terra o come». Tenho sorte em ter encontrado este amigo que me ensina e muito me ajuda quer a apanhar a azeitona e tratar das oliveiras quer a semear produtos hortícolas no quintal. Curioso, pouco ou nada sabedor vou cometendo erros aprendendo com os mesmos.

O almoço foi uma feijoada de polvo. Ontem à noite coloquei feijão catarino de molho que tinha comprado e guardado num frasco com a respetiva folha de louro para não ganhar gorgulho, durante o dia tinha tirado da arca congeladora um polvo que comprei a um amigo de infância do Lugar da Estrada, polvo do mar de Peniche que nada tem a ver com os que se vendem congelados nos supermercados, polvo a cheirar a mar. Aventurei-me a fazer a feijoada no tacho de barro que tenho. Cozi o polvo depois dos vinte minutos fui picando-o de dez em dez minutos para me certificar que já estava macio no ponto, como era um polvo pequeno adicionei-lhe umas gambas que descasquei, não gosto do miolo de camarão, manias que tenho preferindo descongelar as gambas e depois tirar-lhes a pele; os coentros que apanhei no quintal deram um toque especial à feijoada. O meu amigo repetiu sinal de que estava mesmo boa. Para fazer jus ao domingo passei a manhã na cozinha, ouvi o que disseram os da missa radiofónica e o programa “O Amor É”, antes e depois o rádio estava e continuou ligado mas só para companhia de fundo, pouco me interessam as presumíveis ilegalidades existentes na Ilha da Madeira, de igual modo pouco me interessa o que se passa e dizem os do Livre, já não vou tendo paciência para ouvir o que dizem políticos, “comentadeiros” e especialistas pouco ou nada mesmo independentes, fechei-me no meu casulo de tresmalhado olhando as coisas da vida do meu modo. A política é necessária à vida das gentes, porque tudo o que fazemos em sociedade tem uma leitura política, ou se está de um lado ou se esta do outro embora reconheça que existe o neutro, mas eu desde 1969 que não sou neutro, sou republicano laico mais à esquerda que ao centro e não vou mudar no tempo que ainda terei para andar por cá consciente do ser humano que julgo ser, tresmalhado do rebanho por opção própria. O inexistente futuro não me pertence só tenho passado e o instante presente nada mais. A vida castigou-me e aqui estou sozinho sem solidão com as minhas memórias, lembranças de onde emerge o arrependimento do que lhe fiz tendo agora em troca a implacável dureza do silêncio ao meu simples pedido de desculpa, que é tão só isso e nada mais que pedido de desculpa pois todo o ser humano tem direito ao arrependimento mesmo quando este não tem outra solução que não seja o pedir desculpa tanto e tão longo foi tempo que por nós passou sem sabermos quem somos agora para os outros.

São as vinte e uma e trinta. Lá fora na rua e na estrada nacional impera o silêncio. O frio parece querer voltar mas eu tenho a casinha aquecida, ouvindo José Afonso no seu álbum Trás Outro Amigo Também…



27.01.24

 

Sábado, um dia em que a solidão gosta de andar pelo quintal da pequena casa a ver se me apanha condescendente e a deixo entrar.

De manhã após pequeno almoço terminei de escrever o que tinha começado no dia anterior sobre as guerras sujas da política caseira, quando o meu amigo chegou ensinou-me plantando três fiadas de alhos e dez quilos de batata de semente que tinha comprado ontem em Idanha-a-Nova.

Depois de almoçar dei alguma ordem à desordem que reinava na velha cozinha, sentando-me depois a preparar uma panela de sopa e arranjei as pequenas couves que tinha plantado no quintal e que além de não se desenvolverem eram a comida preferível dos pardais, preparando-as para depois as escaldar e congelar, cortando de seguida as folhas de couve galega de modo a poder fazer caldo verde ou mesmo esparregado com elas. Enquanto tudo isto fazia ia conversando com a implacável dor do silêncio, sabendo eu que não a mereço mas tenho de aceitar aquilo que os outros e em especial ela pensam de mim. Conversando com o silêncio ao mesmo tempo que arranjava as couves quando dei por mim já era escuro.

Escrevo olhando as pequenas labaredas da lenha ardendo na pequena salamandra que hoje acendi, embora não esteja frio frio o arrefecimento noturno existe e assim a casa sempre fica um pouco mais aconchegante quando de madrugada acordo e me levanto. Olho no lume as brasas incandescentes da lenha de azinho e o arrependimento sem solução castiga-me.




26.01.24

 

A coisa está a ficar negra. O sujeito logo em Abril daquele glorioso ano renegou a família e seus educadores para se juntar ao grupo de antigos deputados que na Assembleia Nacional do Estado Novo da Ação Nacional Popular antiga União Nacional, pugnavam por uma certa e módica abertura política do regime ditatorial então vigente.

Assim, aquele que o regime educou com esmero para um dia poder continuar a trilogia «Deus, Pátria e Família» desertou tornando-se um converso democrata.

Andou o converso democrata por jornais e governo, até se fixar como professor universitário sem voltar as costas aos seus amigos de desígnios políticos, ainda mergulhou nas águas do rio em busca de vitoria mas de nada lhe valeu o espetáculo; amigos na comunicação social radiofónica e depois televisiva deram-lhe espaço, tempo de antena promocional em horário nobre domingueiro, tornando-se um popular comunicador ao mesmo tempo que cuidava da sua imagem de professor universitário.

Passavam os anos e com o passar do tempo governos e presidentes a exercerem os seus cargos, satisfazendo uns e contrariando outros. Com a figura sorumbática de um antigo primeiro-ministro na presidência do país, viu o converso democrata a sua oportunidade de saltar para o topo substituindo no palácio o amigo de partido, ambos homens simpatizantes do antigo Estado Novo, ambos conversos democratas no pós Abril daquele glorioso ano.

Quis a sorte e o azar que o Zé-votante levado pelos muitos anos de promoção televisiva a disparar críticas, cinismo e classificações, cansado da figura cinzentona ressabiada do último inquilino do palácio, lhe tivesse dado a primazia de ser ele o novo inquilino na presidência.

Astuto, esperto e cínico o converso democrata novo presidente do país esfregou as mãos e mal lhe deram luz verde foi logo a correr em representação da República beijar a mão ao rei monarca vizinho, mas não satisfeito com a sua atitude voou até ao Vaticano para em obediência beijar o anel do Papa em representação de uma Constituição laica. Ao mesmo tempo que incumpria a Constituição que em juramento jurou respeitar e fazer cumprir, ia com os amigos comunicação social cultivando uma imagem popular de afetos com muitas fotos no meio dos cidadãos, cultivando uma imagem de homem popular a quem tudo ia sendo permitido e até aplaudido, sempre rodeado por um exército de repórteres da comunicação social para poder emitir as suas opiniões, criando casos, levantando suspeitas, sempre a imiscuir-se em assuntos governativos fora da sua competência, beneficiando para tal da complacência de um líder partidário e governativo também ele a julgar-se mais esperto que todos os outros, dando uma imagem ao país de perfeita sintonia entre “o Roque e a Amiga”. Tão “amigos” pareciam ser que o líder governativo de família política diferente fazendo tábua rasa do longo passado de luta política pela Liberdade, decidiu apoiar o converso democrata inquilino do palácio para um segundo e último mandato. Assim aconteceu. O converso democrata inquilino do palácio tinha por fim as mãos livres achando-se no trono, ignorando a República e a sua Constituição. Já na nomeação da nova Procuradora da República tinha escolhido uma figura que lhe dava garantias de confiança, iniciando de imediato bicadas e abraços cínicos aos elementos governativos; “o Roque e a Amiga” entraram em lenta rota de colisão acontecimento a acontecimento, buscando o converso democrata inquilino do palácio todas as oportunidades para promover politicamente homens de sua confiança a cargos superiores e mesmo governativos. De falhanço em falhanço ia acentuando as críticas veladas quantas vezes plenas de cinismo à ação governativa procurando sempre que se proporcionava desgastar a imagem governativa. Assim iam os inquilinos dos dois palácios do poder dançando o tango do cinismo até que ao converso democrata lhe rebenta nas mãos a bomba “da cunha”. Sentindo-se entalado com medo de ficar encurralado faz valer a sua sacanice encoberta pelo populismo barato das fotos e beijinhos fazendo valer a sua experiência de escorpião mais velho que o líder governativo e com a ajuda preciosa dos novos justiceiros-inquisidores comandados pela amiga procuradora geral desfere bicada de morte política no líder governativo que combalido sentiu o veneno irreversível curvou-se fazendo honra à sua imagem pessoal de democrata apresentou a sua demissão do cargo que de imediato o converso democrata aceitou, chegando ao fim a farsa do bom entendimento entre “o Roque e a Amiga”.

Dada a ferroada no opositor político e governativo saiu o converso democrata da trincheira e ao revés do que era aconselhável dissolveu a Assembleia da Republica convocando novas eleições posteriores ao que seria normal para dar tempo a que os amigos partidários se unissem, assim como, aos mais salazarentos populistas que tem vindo a ressuscitar depois de anos de hibernação, mas também um tempo precioso para os seus amigos de peito na comunicação social fossem cozinhando em lume brando as suposições e cheiros de presumíveis atos de ilegalidades praticados por políticos governativos; o Zé povinho já não se lembra de como os inquisidores-justiceiros assassinaram politicamente ministros quer do próprio partido do converso democrata como da oposição, o Zé já não se lembra que M. Macedo foi absolvido do caso dos vistos gold, assim como o triste Azeredo Lopes no caso de Tancos, isso para a multidão não interessa pois antes de serem julgados nos competentes órgãos de Justiça já tinham sido condenados, crucificados e queimado nas novas fogueiras do século XXI.

E, neste tempo de alguns agitação política recolheu-se um pouco o converso democrata das fotos e beijinhos não deixando contudo de veladamente mostrar o seu cinismo ao escrever comentários incendiando as forças de segurança contra não só governo mas contra a própria democracia converso que é com os amigos que governos submissos e sem coluna vertebral desta Nova Ordem Democrática nascida num Novembro invernoso, permitiram que a Justiça fosse tomada por funcionários técnicos justiceiros e inquisidores, gente de uma nova versão 2.02 dos inquisidores que durante três séculos reinaram ao serviço da ditadura religiosa que no século XVI se impôs no reino, no seguimento da versão 2.01 que existiu já na Republica durante os quarenta e oito anos de ditadura de miséria batizada e abençoada pela dupla Salazar-Cerejeira onde bufos faziam de ouvidos para os justiceiros em tribunais plenários julgarem os acusados quantos deles sem direito a defesa, só porque um bufo escutou ou presumiu que aquele cidadão era perigoso ou tinha pensamentos pecaminosos contra a segurança do Estado e da sua trilogia «Deus, Pátria e Família».

É assim que a aliança entre o converso democrata com os inquisidores-justiceiros sob o mando da sua amiga procurado geral, lança ao mesmo tempo para a comunicação social um caso já com barbas e promovem novos casos numa das Ilhas a fim dos seus autores, ambos a exerceram cargos governativos em democracia, sejam, um recozinhado e os outros cozinhados, todos em fogo lento nas fogueiras escritas e televisivas dos amigos da comunicação social assim como nas fogueiras virtuais existentes na internete, por forma a que o “Zé povinho” que vive dependente das televisões se canse de tantas histórias de presumíveis ilegalidades e comece a estar farto do regime democrático, ao mesmo tempo que os canais televisivos dos amigos deitam nova lenha para as fogueiras condenando os presumíveis hereges democráticos, passam a promover a imagem do líder do partido político que se assume salazarista e fascista, amigo do converso democrata inquilino do palácio cor-de-rosa..

O converso democrata neste seu último tempo como inquilino da palácio tem vindo paulatinamente a conduzir golpes para o regresso do País ao passado onde com esmero foi educado para ser o futuro dirigente da trilogia «Deus, Pátria e Família» agora numa versão ilusória, benevolente e talvez um pouco caridosa segundo a ortodoxia religiosa mais conservadora adaptada aos novos tempos.

O converso democrata nunca me enganou.



24.01.24

 

Ontem, depois de sentir o peso da derrota no futebol, contei ao meu irmão a cena de ser proprietário de um terreno totalmente desconhecido, pois o nosso pai nunca me falou em tal pedaço de terra. Aquela pequena propriedade rústica nunca foi dos meus antepassados recentes, mas oficialmente dizem-me que o terreno é meu, por herança e doação.

Quando fui diretor administrativo e financeiro de um laboratório farmacêutico, filial de um outro com sede em França, estava de férias na praia da Consolação quando comecei a receber telefonemas para casa do amigo a quem alugava o apartamento para a família. Naquele tempo de apenas e só telefone fixo, tinha pedido que se ligassem para mim que informassem que tinha ido passar uns dias à Ilha da Berlenga, sendo impossível contactarem-me, quando voltasse logo me informariam. À terceira tentativa para falarem comigo, liguei para a empresa tendo sido informado de que tinham que pagar uns dois mil e tal contos de Contribuição Industrial, que tal não tinha deixado previsto precisavam de saber se tinham mesmo de pagar aquela avultada verba, dizendo-lhes que sim e que iria ver as razões porque a Repartição de Finanças estava a cobrar, algo parecia não estar correto. No dia seguinte, dei bem cedo à ignição e voltei à empresa. Olhei a justificação do pedido da Repartição de Finanças, dei corda aos sapatos e fui falar com o responsável na Repartição sobre a Contribuição Industrial (hoje IRC) fazendo-lhe ver que se tinha enganado nas contas ao liquidar o Imposto. O senhor olhou, analisou e reconheceu o erro, dizendo-me que iriam devolver a importância cobrada em excesso, pedindo-me desculpa pela situação. Tudo isto se resolveu ao balcão. Informei o Diretor Geral e o pessoal que trabalhava comigo explicando-lhes o que aconteceu. As vozes daqueles que não gostavam de mim logo cacarejaram junto do D.G. que se iria estar dois anos ou mais à espera da devolução dois dois mil e tal contos. Nada mais podia fazer e voltei para junto da família passar os restantes dias de férias. Os meus inimigos e falsos amigos internos lá continuaram a zurzir e cacarejar histórias à volta do erro que a contabilidade tinha cometido, quando o erro era de terceiros. Estava-se na década de oitenta, o senhor responsável na Repartição de Finanças era também o subdiretor da mesma e passados doze dias a empresa recebeu o cheque da diferença liquidada em excesso. Foi num tempo em que o humanismo ainda existia em muitos dos serviços públicos em que pessoas de boa formação cívica e profissional resolviam situações complicadas sem necessidade de recorrerem aos escritórios de advogados e corredores do tribunal administrativo e fiscal; um tempo cuja era já se avizinhava estar a chegar ao fim. O mundo dos negócios estava já na era da informatização arrastando tudo na sociedade. Com o desenvolvimento da informatização, quer em equipamentos quer em programas, passou-se por inerência dos poderosos interesses que nos parametrizam a vida há era das comunicações primeiro com a Internet e com ela as comunicações móveis. Tudo na vida foi mudando mostrando-se a grande maioria incapaz de ver para onde nos levam aqueles que continuam a parametrizar o modelo de vida das sociedades.

Informática e telecomunicações num desenvolvimento contínuo que se nos afigura imparável é acompanhado no nosso país por um ensino deprimente, com tantas reformas quantos foram os ministros responsáveis pela Educação, que de reforma em reforma o que resta é apenas o facilitismo subjugado que está pelas estatísticas que os “agentes mandantes” em Bruxelas vão impondo ao ensino público. Facilitismo é o modelo educacional vigente ao serviço do liberalismo reinante. Facilitismo que levará à ignorância cultural e cívica de onde viemos e quem somos.

Deixemos a Educação, que os servos governantes tratam de a facilitar, ao mesmo tempo que nos enchem as ilusões com os milhões dados por Bruxelas para a digitalização dos serviços públicos pois que a era da Inteligência Artificial está aí à porta.

Sou um tresmalhado consciente do meu ser humano terrestre, que pelos anos que carrego não deverei conhecer esse falso paraíso, mais um o da tal IA, pois com a digitalização dos serviços o funcionário da Autoridade Tributária passou a ter unicamente acesso a um ecrã onde os imóveis rústicos ou urbanos estão registados de forma simplista. Com o fim da era dos registos públicos em papel como que se desvirtuou a função dos serviços públicos tornando e fazendo dos funcionários que atendem o cidadão meros transmissores do que o ecrã da máquina lhe diz, sem capacidade e também quantas vezes sem vontade de poderem analisar o histórico que deu origem ao facto, restando ao cidadão, caso tenha posses financeiras, requerer serviços de um gabinete especializado no assunto.

O Estado é por inerência uma máquina de serviços centralizadora, e bem. O problema está na incapacidade dos agentes políticos que escolhemos para governo em “saberem fazer” porque só quem sabe fazer bem é que pode ser um bom dirigente. Os partidos políticos foram com o tempo transformando-se em máquinas trituradoras aos quais só interessa a conquista do poder, para poderem satisfazer as suas próprias clientelas, nomeando quantas vezes para cargos ministeriais pessoas que dificilmente seriam chefes de serviço numa grande empresa privada. É assim que tenho dúvidas e até algum medo das sociedades geridas com base na tal IA; tenho sérias dúvidas sobre a capacidade dos serviços públicos na digitalização dos mesmos, por não reconhecer nas chefias que mandam a capacidade do saber fazer o simples ato administrativo para que desse modo o «saber fazer bem» aconteça. A informática é uma arma poderosa requerendo na sua organização gente competente que saiba ou conheça o «saber fazer bem» senão … se não estamos bem, melhor não iremos ficar.

26.01.24

Depois do que escrevi anteriormente ao acordar ainda a noite era noite algo me induziu a pensar que não podia ser ter em meu nome um terreno que desconhecia, situação que me tem dado volta aos miolos. Levantei-me e depois de me vestir sentei-me olhando os documentos que quer o funcionário das finanças quer da conservatória me tinham dado e que os novos dirigentes da Santa Casa da Misericórdia de Segura afirmavam o meu pai o ter dado à instituição, mas que ao tomarem posse depararam-se com a ausência completa de arquivos e registos. Ao confrontar a caderneta predial assim como o registo da conservatória com os bens constantes da habilitação de herdeiros aquando do falecimento de meu pai vi que o erro ou engano é dos dirigentes da Santa Casa, já que o terreno é efetivamente meu por herança e doação mas o mesmo está localizado na Zebreira e não em Segura pelo que terão de ver com as finanças o registo em Segura do terreno que se situa na Quelha da Alagoa mas em Segura e não na Zebreira. O Provedor da Santa Casa aceitou a explicação que lhe dei continuando a dizer que o meu pai terá dado à instituição três propriedades sendo duas rústicas e uma urbana que já foi vendida. Alertei-os para a existência em Segura de um outro homem com o mesmo nome do meu pai e da mesma geração. Afinal tudo parece não ser como se imaginou. A ver vamos… como tudo se irá resolver.



Tenho vivido estes dias desde que voltei num estado de calma serena. O não ver e ouvir televisão penso que me está a ajudar a este viver calmo e sereno, não é que deixe de me importar com o que se passa na política do mundo e também com o mundo da política, contínuo e quero continuar a viver sentindo os pés na terra mas não abandonando os sonhos e as minhas utopias, uns e outros necessários aos meus desejos que comigo seguem de mão dada.

A política é necessária à vida em sociedade. É a política que materializa a forma como cada sociedade se comporta nas suas relações económicas e sociais, como encara os problemas dos seus concidadãos, como respeita a Natureza, não só o meio ambiente mas a própria Natureza no seu todo.

Por vezes sinto falta de uma companhia, de alguém para partilhar este modo simples de viver o tempo que se nos oferece por razões desconhecidas, sou solitário mas ainda não sou um bicho do mato, sou um velho sem velhice a quem a vida me ensinou tantas e tantas coisas, os muitos erros que deveria ter evitado, tantas coisas boas também. 


 

22.01.24

                                



Depois de na anterior estadia aquando da apanha da azeitona no mês de Novembro ter conhecido os cogumelos de calça, as verduras selvagens comestíveis de alabaças e de saramagos, que nascem e crescem livres no campo, ontem foram uns espargos também selvagens de crescimento livre no campo que me serviram de manjar acompanhando um queijo curado à cabreira e um bocado de paio com o pão cá da terra, sem faltar um copo de três de vinho regional bag in box. Coisas simples que se encontram neste sul da Beira Baixa raiana e que vou podendo desfrutar pois nunca é tarde para aprender e há sempre coisas boas no campo de culturas extensivas que se desconhecia de todo. 








(foto de alabaça em cima e de saramago em baixo do lado direito foram retiradas da net)

 

21.01.24

 

Já não tenho capacidade ou talvez mesmo paciência para analisar situações que me obriguem a consultar legislação sobre determinados assuntos, pois vou quase sempre cair em legislação com grandes preâmbulos para depois serem transcrições de diretivas europeias, que anulam artigos de legislação anterior ou dão nova redação à alínea do artigo do decreto ou da lei o qual ou a qual por sua vez já altera ou substitui com nova redação normas de alíneas, artigos, portarias, decretos ou leis. Uma confusão que me leva a quase desistir da busca sobre determinado assunto.

Que procuram estes governantes e seus amigos juristas e advogados fazedores de leis, de decretos, de portarias e de pareceres que apenas criam teias mal definidas complicando a vida ao simples cidadão?

Ando farto e cansado desta gente que se passeia pelos antigos corredores do poder muito mais interessados em obedecer aos burocratas de Bruxelas do que simplificar a nossa própria vida. A antiga C.E.E. que nos venderam já não existia aquando do nossa adesão tomada e minada que já estava pelo crescente liberalismo económico das várias escolas de pensamento ao serviço dos gringos.

Às vezes o que me apetece é mandá-los todos à merda para não usar outras palavras menos meigas

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19.01.24

O dia começou chuvoso e assim continuou toda a manhã com uma chuva não intensa mas regular.

Ainda pensei não ir para a rua com a Sacha mas logo me lembrei que não tinha pão pelo que tinha de ir à padaria buscá-lo. Meti a Sacha em casa para não ladrar quando me visse sair de carro ao contrário do que é meu hábito, mas a chuva assim me aconselhou.

A volta com a Sacha foi curta em função da chuva. Eu gosto de chuva mas não estava com disposição para andarmos muito tempo à chuva, os caminhos estão cheios de água e não ia calçado para os atravessar, assim como não ia soltá-la pois gosto sempre de ver que animais existem nos terrenos contíguos aos caminhos por onde normalmente andamos e só chegámos ontem pela tarde.

Ontem, quando cheguei apenas confirmei o que esperava. Ao abrir a caixa do correio a mesma continuava cheia de silêncio. A implacável dureza do silêncio saudou-me quando abri a pequena porta da caixa do correio.

Tanto silêncio é uma resposta que aceito e não aceito vivendo castigando-me pelo que fiz lá atrás há muito tempo e pelo que ainda não fiz e faço agora.

A verdade é que tenho medo. Um medo parvo mas que não deixa de ser medo. Medo de lhe estar a causar problemas com os meus escritos pois nada sei de sua vida o que adensa ainda mais o silêncio na sua implacável dureza.

Gosto de ler e também leio poesia exigindo esta predisposição diferente da normal leitura de obras escritas em prosa. Vejo alguns poetas e poetisas na internet sendo a maioria sempre à volta do amor da sensualidade inerente ou mesmo do erotismo, das saudades que o amor deixa e a escrita alimenta. Vejo, olho e leio mas não sou capaz de escrever esse temas quando vivo com as minhas imagens recordando caminhos e tempos de juventude. Já escrevi que tenho saudades do beijo que nunca dei e isso foi como que o limite de sentido proibido. Mesmo quando não escrevo ao falar com a minha sombra existe em mim um limite como muro de fronteira que me impede de entrar no imaginário universo da sensualidade. Não entro, não posso pelo respeito que lhe tenho mesmo desconhecendo quem é hoje a imagem que vejo do amor que abandonei sem uma explicação, com medo de lhe dar uma oportunidade para depois não ser feliz comigo. Quantas vezes a minha sombra já me disse que o medo que tive não terá sido só amor mas também medo que pudesse aceitar o modo como já via a sociedade e os sonhos políticos que alimentava. Não fui e não sou um ser fácil pela forma como ainda hoje continuo a olhar a sociedade da qual me tresmalhei continuando a viver no seio da mesma.


domingo, 11 de fevereiro de 2024

19.01.24

 

A 24 de Janeiro há quinhentos anos nasceu Luís Vaz de Camões.

Criou o governo por Resolução do Conselho de Ministros de 11 de Maio de 2021 (DR nº 91) uma estrutura para as celebrações dos quinhentos anos, cuja comissária apresentaria até ao final de 2022 uma proposta de programa...

Que comemorações oficiais irão existir para celebrarmos os quinhentos anos de nascimento do Grande Luís Vaz de Camões?

Será que alguém do demitido Ministério da Cultura se lembrou não só da data como da existência da estrutura criada por Resolução de Conselho de Ministro de um governo anterior?

E, que planearam os muitos especialistas do demitido Ministério da Educação para as Escolas Publicas celebrarem com os seus alunos esta data histórica do nascimento do Grande Luís Vaz de Camões?

Será que Luís Vaz de Camões ainda incomoda o clero apostólico romano, assim como grande parte da nossa “nova nobreza” desta Nova Ordem Democrática? o melhor é nada se fazer para não se saber mais da vida e obra do Grande Poeta Camões?

(foto da net)

17.01.24

 


Pela manhã de ontem voltei a Mafra. Olhei de frente, de lado e de costas o famoso Convento. Não é Mafra um local aonde goste de voltar. Conheci por dentro parte daquele enorme edifício no dia sete de Outubro de mil novecentos e setenta e um, não me lembrando se antes alguma vez por lá tinha estado ou passado sequer.

Lembro que dois ou três anos mais tarde numa viagem de carro, cujo destino era a Praia da Consolação, com o amigo Geraldo no seu Fiat850 quando vimos uma placa com a indicação Concelho de Mafra logo ele parou para nos certificarmos que não iríamos passar em Mafra, já que uns anos antes de mim também ele por lá andou a fazer a recruta do serviço militar obrigatório.

Na parte do enorme edifício adstrito à Escola Pratica de Infantaria por lá andei e vivi cerca de seis meses não só a recruta como também a especialidade de atirador de infantaria. Um tempo que recordo sem qualquer ponta de nostalgia e ainda menos de saudade, apenas e só como mais uma lição de vida pelo que me resta a lembrança de ter conhecido vários jovens que como eu cumpríamos o serviço militar conscientes de qual o nosso papel assim como do futuro próximo que nos esperava, embora os digníssimos senhores da guerra nos seus palácios fizessem difundir pelo país que a mesma nas três frentes de combate em África estava ganha; estava ganha mas as necessidades operacionais de mais jovens militares para a frente de combate não parava de aumentar, e, não havendo no país mais navios e mais rápidos para fretados realizarem o transporte dos militares mobilizados passou-se também a viajar de avião.

Ao olhar o largo defronte do Convento, que na época também o conhecíamos como “Calhau”, revi a cerimónia final da recruta que era o “juramento bandeira” em que muitos dos que já tínhamos o destino marcado para sermos operacionais de guerra acompanhámos a cerimónia do juramento com o movimento dos lábios aos dizeres patrióticos das autoridades sem contudo dizermos uma palavra, conscientes que entre nós instruendos havia muitos salazaristas e ao redor na pequena multidão de familiares que foram assistir lá estariam pides e bufos à espreita vigiando algum comportamento mais suspeito.

Não sendo Mafra um local onde goste de voltar, ao olhar o atual estado de conservação visual em que se encontra parte do enorme edifício senti pena do mesmo, como é que a atual “nobreza” da Nova Ordem Democrática que nos tem governado nos intervalos das ordens de Bruxelas trata não só o próprio monumento como também o nosso passado histórico e o que ele representou até chegarmos aqui.

Sendo republicano convicto, respeito com orgulho o nosso passado histórico monárquico e ao olhar a estátua de D. João V disse-lhe que teria sido melhor ele ter aplicado as riquezas vindas do Brasil em obras mais pequenas que tivessem contribuído de outro modo para o desenvolvimento do reino, pois se o tivesse feito não estaria ali a assistir ao abandono do seu enorme palácio, agora Convento que também foi “Calhau” para muitos jovens infantes que obrigatoriamente por lá passaram antes do glorioso 25 de Abril.

Quando já regressava ainda olhei o enorme edifício e pensei que ali estava um bom sítio para instalar todos os ministérios governamentais e suas secretarias de estado, evitando-se muitos dos gastos atuais com a ação governativa, depois pensei que tal medida decisória só estaria ao alcance de um Marquês de Pombal e hoje o que temos são “nobres” sem coragem e estatura para tal, já que nem a simples barragem do Altivo no rio Ocreza são capazes de empreender escudando-se com mais estudos e pareceres empurrando sempre a solução para o governo seguinte.

No passado sábado ao ir assistir ao jogo de vólei da minha neta mais velha num pavilhão numa escola nos Olivais Sul, recordei com nostalgia os tempos de juventude em que palmilhei todas aquelas ruas e avenidas, admirando-me como é que alguns sectários e radicais envergonhados com o nosso passado histórico ainda não se lembraram de protestar contra a toponímia daquelas ruas e avenidas, que para mim estão bem como estão. Não há que ter e não tenho vergonha do nosso passado histórico, sem ele não seríamos o que ainda somos hoje.


13.01.24

 


O frio da tal vaga polar vinda da Islândia não parou por cá. Aos 4 ou 5 graus de ontem na lezíria temos hoje 10 graus.

Vivemos numa sociedade de ilusões onde o que conta é a aparência e o ter, a essência do ser é coisa do passado de gente mesquinha e implicativa que não se atualizou aos novos e modernos padrões de vida. Gente essa antiquada, mesmo bota de elástico, que ou não se adaptam à modernidade ou a recusam. Por mim não me enquadro em nenhum dos diversos grupos existentes sejam antiquados ou modernistas, estranhando também eu a notícia do ênfase dado à sexualidade do jovem primeiro ministro francês, em vez da matriz do seu pensamento ideológico, que medidas terá anunciado para procurar resolver os problemas e a vida dos cidadãos franceses já que em França a política europeia é levada pelo Presidente e esse é sobejamente conhecido, desde a primeira hora o defini com um placebo político. Nada do que o senhor, novo primeiro ministro, se propõem levar a cabo tem interesse para a moderna comunicação social, pois o que lhes interessa é que ele é moderno é atual, que só gente canhestra não vê a modernidade e ainda pensa que está no século XIX ou no tempo daquela coisa aberrante da luta de classes, gente antiquada, cabeças quadradas incapazes de compreenderem que agora a grande maioria é classe média graças ao capitalismo liberalista onde cada um para ser importante tem de mostrar sua sexualidade de forma livre sem vergonha nem tabus, o que a pessoa pensa da vida não importa, não interessa o importante é a modernidade da sua sexualidade a forma como se comporta nas suas intimidades afetivas.

Acabei à dias de ler o livro “Submissão” de Michel Houellebecq, para agora ao olhar da minha janela a forma como o rebanho caminha alegre e contente com a sua modernidade sem se importar com o pasto que lhe oferecem, sinto-me bem por me ter tresmalhado e não só caminhar na outra margem da vida, mas também por já levar com mais ou menos peso sobre os meus ombros setenta e três anos de vida, um tempo onde tantos acontecimentos extraordinários foram acontecendo no mundo que me rodeia mas também na minha própria vida. Embora tenha saudades do incerto futuro não irei pelo tempo que já acumulei assistir à decadência e subordinação final do atual modelo de vida dito europeu e ocidental.

O futuro já não me pertence, ele é dos jovens, resta-me a preocupação que carrego ao olhar o mundo exterior e imaginar a vida difícil que espera os meus netos e os vindouros pois o rebanho, onde não me enquadro, caminha alegre e despreocupado atrás de lideres falaciosos que com bonitas palavras e mais belas promessas nos levam para o abismo regressivo da civilização como a conhecemos e nos é descrito por historiadores do tempo passado.

12.01.24

 

Estamos em pleno mês de Janeiro, mês de inverno onde o frio é o tempo normal, frio necessário a tantas plantas e frutíferas que nos servem de alimento. Anormal é termos neste tempo de inverno temperaturas mínimas na ordem dos 16 a 18 graus centígrados.

Frio e chuva eram e ainda são os condimentos principais desta época de inverno, para que o ano agrícola possa não ser um mau ano como foi o anterior.

Que papagaios e catatuas sem penas nos canais televisivos possam incutir nos cidadãos uma ideia exagerada sobre o tempo frio, não me afeta pois já vou com mais de dois meses em que deixei de ver televisão, apenas abro exceção para o jogo de futebol do Sporting mas sem som.

Contudo, custa-me entender porque é que os técnicos do IPMA nos e-mails que me enviam usam designações que depois são usadas pelos papagaios e catatuas sem penas ao serviço “da voz do dono” na comunicação social para incutir exageros nos cidadãos que ainda o frio não chegou e já andam todos cheios frio quantas vezes a correrem para as centrais consumistas afim de adquirirem mais um novo eletrodoméstico para o frio que por vezes não se confirma porque a meio da rota por influência de uma nova alta ou baixa pressão o frio muda de rumo.

Frio e chuva no Inverno não são mau tempo.

Mau tempo, é não fazer frio no Inverno.

Mau tempo, é não fazer calor no Verão.

Se não sabem, voltem para a escola a fim de poderem aprender as características das estações do ano no território nacional.


10.01.24

 

Gostava de saber as regras gramaticais, gostava de ter um vocabulário rico, mas nem a gramática nem o vocabulário me auxiliam escrevendo assim com a esferográfica nas pequenas teclas do meu telefone móvel que vai registando o que se processa momento a momento na minha memória “ram” do cérebro, igual método uso para nas minhas caminhadas registar em fotos o que meus olhos fixam com um simples toque no aparelho de comunicação.

Passeando nas voltas com a Sacha vou pensando em sonhos que gostaria de começar a escrever de forma a registar factos como ficção mas ao sentar-me frente ao computador já não encontro o fio à meada desses sonhos pensantes que me acompanham nas caminhadas matinais com a Sacha quer pelas ruas e caminhos da cidade arrabalde da cidade grande, quer pelos trilhos da beira rio.

Ao meu lado esquerdo tenho o livro do prof. João Ferreira do Amaral com o título “História de Portugal, Das invasões bárbaras ao ano Mil (400 - 1000 d. C.)”, do lado direito tenho o livro” Os Soldados Fantasmas” do jornalista José Barata Feyo cuja leitura está quase no fim, mais à direita comprados num alfarrabista tenho os dois volumes do prof. Mendes dos Remédios sobre “Os Judeus em Portugal”, sem esquecer o que está quase à minha frente mas sendo o mais antigo é contudo o de leitura mais atrasada “A História dos Judeus” de Simon Chama. É com todas estas leituras que me perco, talvez devesse ler apenas só um livro de cada vez e não este andar saltando de livro em livro, mas já estou velho para me emendar e corrigir, pois lá diz o ditado que “burro velho não aprende lição”.

O aparelho de comunicação indica-me que já estamos nas 06H59, chegou o momento de me vestir e preparar para a volta matinal de todas as manhãs.

Uma manhã onde o frio foi substituído pelo nevoeiro que se apresenta cerrado.


09.01.24

 

Está frio e fria segue a vida. Só ouço e vejo rumores das mentiras que andam à solta. Continuo sem ver televisão exceto os jogos de futebol do Sporting; o ter visto o jogo Braga - Guimarães foi exceção que não altera o procedimento.

Que faço eu neste tempo de frio que convida ao recato? Leio, escrevo e vejo os rumores do que ocorre lá fora pelas redes sociais na Internet, e chega-me tresmalhado que sou de modas, hábitos e políticas.

Ao rumor do acréscimo de contágios gripal resguardo-me sem aquecimento elétrico, agasalho-me com as camisolas e casacos polares e à volta das calças enrolo e prendo na cintura uma manta quentinha destas novas de material sintético que os supermercados vendem e que guardo de ano para ano, só os pés em alguns dias é que sofrem um pouco, pois na divisão onde leio, escrevo e tenho o comutador o Sol não entra, virada que está quase a norte. Assim tenho passado, não me podendo queixar da saúde, livrando-me de ir em busca de consulta médica no centro de saúde ou no hospital. Só as artrose nas falanges dos dedos me incomodam com as suas dores agudas, dificultando a escrita pois úteis já não possuo os dez dedos das mãos..

Aqui no litoral arrabalde da cidade grande sinto mais o frio do que quando estou no meu canto no interior fronteiriço onde o frio sendo mais frio é contudo um frio seco que se suporta melhor do que este frio húmido do litoral que nos arrefece até os ossos.

Tresmalhado mas não indiferente ao que se passa no país e no mundo sigo com sonhos de utopia como energia que não se perde apenas se transforma e adapta aos estádios da sociedade. Vou continuar acreditar na possibilidade de uma sociedade mais decente, mais solidária do que atual, um mundo novo ainda é possível de alcançar, reconhecendo contudo que o inexistente futuro pertence aos jovens às suas lutas ou submissões, para minha geração de tresmalhados já não há futuro apenas sonhos e utopias como energia para resistirmos e continuarmos a sonhar empurrando a vida.

Não dou importância a papagaios e catatuas sem penas, não me interessa o que o converso democrata inquilino do palácio rosa diga ou desdiga porque nele tudo é possível menos a seriedade e a verdade; ainda me enganou nos seus primeiros meses de presidência, pois vínhamos de dez anos de pesadelo com o sorumbático “homem do poço” na presidência e seus fieis discípulos a governarem desgraçadamente por quatro anos de cortes abruptos e miseráveis no pobre Estado Social que ainda resiste neste lugar de velhas fronteiras.