segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

26.01.24

 

A coisa está a ficar negra. O sujeito logo em Abril daquele glorioso ano renegou a família e seus educadores para se juntar ao grupo de antigos deputados que na Assembleia Nacional do Estado Novo da Ação Nacional Popular antiga União Nacional, pugnavam por uma certa e módica abertura política do regime ditatorial então vigente.

Assim, aquele que o regime educou com esmero para um dia poder continuar a trilogia «Deus, Pátria e Família» desertou tornando-se um converso democrata.

Andou o converso democrata por jornais e governo, até se fixar como professor universitário sem voltar as costas aos seus amigos de desígnios políticos, ainda mergulhou nas águas do rio em busca de vitoria mas de nada lhe valeu o espetáculo; amigos na comunicação social radiofónica e depois televisiva deram-lhe espaço, tempo de antena promocional em horário nobre domingueiro, tornando-se um popular comunicador ao mesmo tempo que cuidava da sua imagem de professor universitário.

Passavam os anos e com o passar do tempo governos e presidentes a exercerem os seus cargos, satisfazendo uns e contrariando outros. Com a figura sorumbática de um antigo primeiro-ministro na presidência do país, viu o converso democrata a sua oportunidade de saltar para o topo substituindo no palácio o amigo de partido, ambos homens simpatizantes do antigo Estado Novo, ambos conversos democratas no pós Abril daquele glorioso ano.

Quis a sorte e o azar que o Zé-votante levado pelos muitos anos de promoção televisiva a disparar críticas, cinismo e classificações, cansado da figura cinzentona ressabiada do último inquilino do palácio, lhe tivesse dado a primazia de ser ele o novo inquilino na presidência.

Astuto, esperto e cínico o converso democrata novo presidente do país esfregou as mãos e mal lhe deram luz verde foi logo a correr em representação da República beijar a mão ao rei monarca vizinho, mas não satisfeito com a sua atitude voou até ao Vaticano para em obediência beijar o anel do Papa em representação de uma Constituição laica. Ao mesmo tempo que incumpria a Constituição que em juramento jurou respeitar e fazer cumprir, ia com os amigos comunicação social cultivando uma imagem popular de afetos com muitas fotos no meio dos cidadãos, cultivando uma imagem de homem popular a quem tudo ia sendo permitido e até aplaudido, sempre rodeado por um exército de repórteres da comunicação social para poder emitir as suas opiniões, criando casos, levantando suspeitas, sempre a imiscuir-se em assuntos governativos fora da sua competência, beneficiando para tal da complacência de um líder partidário e governativo também ele a julgar-se mais esperto que todos os outros, dando uma imagem ao país de perfeita sintonia entre “o Roque e a Amiga”. Tão “amigos” pareciam ser que o líder governativo de família política diferente fazendo tábua rasa do longo passado de luta política pela Liberdade, decidiu apoiar o converso democrata inquilino do palácio para um segundo e último mandato. Assim aconteceu. O converso democrata inquilino do palácio tinha por fim as mãos livres achando-se no trono, ignorando a República e a sua Constituição. Já na nomeação da nova Procuradora da República tinha escolhido uma figura que lhe dava garantias de confiança, iniciando de imediato bicadas e abraços cínicos aos elementos governativos; “o Roque e a Amiga” entraram em lenta rota de colisão acontecimento a acontecimento, buscando o converso democrata inquilino do palácio todas as oportunidades para promover politicamente homens de sua confiança a cargos superiores e mesmo governativos. De falhanço em falhanço ia acentuando as críticas veladas quantas vezes plenas de cinismo à ação governativa procurando sempre que se proporcionava desgastar a imagem governativa. Assim iam os inquilinos dos dois palácios do poder dançando o tango do cinismo até que ao converso democrata lhe rebenta nas mãos a bomba “da cunha”. Sentindo-se entalado com medo de ficar encurralado faz valer a sua sacanice encoberta pelo populismo barato das fotos e beijinhos fazendo valer a sua experiência de escorpião mais velho que o líder governativo e com a ajuda preciosa dos novos justiceiros-inquisidores comandados pela amiga procuradora geral desfere bicada de morte política no líder governativo que combalido sentiu o veneno irreversível curvou-se fazendo honra à sua imagem pessoal de democrata apresentou a sua demissão do cargo que de imediato o converso democrata aceitou, chegando ao fim a farsa do bom entendimento entre “o Roque e a Amiga”.

Dada a ferroada no opositor político e governativo saiu o converso democrata da trincheira e ao revés do que era aconselhável dissolveu a Assembleia da Republica convocando novas eleições posteriores ao que seria normal para dar tempo a que os amigos partidários se unissem, assim como, aos mais salazarentos populistas que tem vindo a ressuscitar depois de anos de hibernação, mas também um tempo precioso para os seus amigos de peito na comunicação social fossem cozinhando em lume brando as suposições e cheiros de presumíveis atos de ilegalidades praticados por políticos governativos; o Zé povinho já não se lembra de como os inquisidores-justiceiros assassinaram politicamente ministros quer do próprio partido do converso democrata como da oposição, o Zé já não se lembra que M. Macedo foi absolvido do caso dos vistos gold, assim como o triste Azeredo Lopes no caso de Tancos, isso para a multidão não interessa pois antes de serem julgados nos competentes órgãos de Justiça já tinham sido condenados, crucificados e queimado nas novas fogueiras do século XXI.

E, neste tempo de alguns agitação política recolheu-se um pouco o converso democrata das fotos e beijinhos não deixando contudo de veladamente mostrar o seu cinismo ao escrever comentários incendiando as forças de segurança contra não só governo mas contra a própria democracia converso que é com os amigos que governos submissos e sem coluna vertebral desta Nova Ordem Democrática nascida num Novembro invernoso, permitiram que a Justiça fosse tomada por funcionários técnicos justiceiros e inquisidores, gente de uma nova versão 2.02 dos inquisidores que durante três séculos reinaram ao serviço da ditadura religiosa que no século XVI se impôs no reino, no seguimento da versão 2.01 que existiu já na Republica durante os quarenta e oito anos de ditadura de miséria batizada e abençoada pela dupla Salazar-Cerejeira onde bufos faziam de ouvidos para os justiceiros em tribunais plenários julgarem os acusados quantos deles sem direito a defesa, só porque um bufo escutou ou presumiu que aquele cidadão era perigoso ou tinha pensamentos pecaminosos contra a segurança do Estado e da sua trilogia «Deus, Pátria e Família».

É assim que a aliança entre o converso democrata com os inquisidores-justiceiros sob o mando da sua amiga procurado geral, lança ao mesmo tempo para a comunicação social um caso já com barbas e promovem novos casos numa das Ilhas a fim dos seus autores, ambos a exerceram cargos governativos em democracia, sejam, um recozinhado e os outros cozinhados, todos em fogo lento nas fogueiras escritas e televisivas dos amigos da comunicação social assim como nas fogueiras virtuais existentes na internete, por forma a que o “Zé povinho” que vive dependente das televisões se canse de tantas histórias de presumíveis ilegalidades e comece a estar farto do regime democrático, ao mesmo tempo que os canais televisivos dos amigos deitam nova lenha para as fogueiras condenando os presumíveis hereges democráticos, passam a promover a imagem do líder do partido político que se assume salazarista e fascista, amigo do converso democrata inquilino do palácio cor-de-rosa..

O converso democrata neste seu último tempo como inquilino da palácio tem vindo paulatinamente a conduzir golpes para o regresso do País ao passado onde com esmero foi educado para ser o futuro dirigente da trilogia «Deus, Pátria e Família» agora numa versão ilusória, benevolente e talvez um pouco caridosa segundo a ortodoxia religiosa mais conservadora adaptada aos novos tempos.

O converso democrata nunca me enganou.



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