segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

27.01.24

 

Sábado, um dia em que a solidão gosta de andar pelo quintal da pequena casa a ver se me apanha condescendente e a deixo entrar.

De manhã após pequeno almoço terminei de escrever o que tinha começado no dia anterior sobre as guerras sujas da política caseira, quando o meu amigo chegou ensinou-me plantando três fiadas de alhos e dez quilos de batata de semente que tinha comprado ontem em Idanha-a-Nova.

Depois de almoçar dei alguma ordem à desordem que reinava na velha cozinha, sentando-me depois a preparar uma panela de sopa e arranjei as pequenas couves que tinha plantado no quintal e que além de não se desenvolverem eram a comida preferível dos pardais, preparando-as para depois as escaldar e congelar, cortando de seguida as folhas de couve galega de modo a poder fazer caldo verde ou mesmo esparregado com elas. Enquanto tudo isto fazia ia conversando com a implacável dor do silêncio, sabendo eu que não a mereço mas tenho de aceitar aquilo que os outros e em especial ela pensam de mim. Conversando com o silêncio ao mesmo tempo que arranjava as couves quando dei por mim já era escuro.

Escrevo olhando as pequenas labaredas da lenha ardendo na pequena salamandra que hoje acendi, embora não esteja frio frio o arrefecimento noturno existe e assim a casa sempre fica um pouco mais aconchegante quando de madrugada acordo e me levanto. Olho no lume as brasas incandescentes da lenha de azinho e o arrependimento sem solução castiga-me.




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