segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

19.01.24

O dia começou chuvoso e assim continuou toda a manhã com uma chuva não intensa mas regular.

Ainda pensei não ir para a rua com a Sacha mas logo me lembrei que não tinha pão pelo que tinha de ir à padaria buscá-lo. Meti a Sacha em casa para não ladrar quando me visse sair de carro ao contrário do que é meu hábito, mas a chuva assim me aconselhou.

A volta com a Sacha foi curta em função da chuva. Eu gosto de chuva mas não estava com disposição para andarmos muito tempo à chuva, os caminhos estão cheios de água e não ia calçado para os atravessar, assim como não ia soltá-la pois gosto sempre de ver que animais existem nos terrenos contíguos aos caminhos por onde normalmente andamos e só chegámos ontem pela tarde.

Ontem, quando cheguei apenas confirmei o que esperava. Ao abrir a caixa do correio a mesma continuava cheia de silêncio. A implacável dureza do silêncio saudou-me quando abri a pequena porta da caixa do correio.

Tanto silêncio é uma resposta que aceito e não aceito vivendo castigando-me pelo que fiz lá atrás há muito tempo e pelo que ainda não fiz e faço agora.

A verdade é que tenho medo. Um medo parvo mas que não deixa de ser medo. Medo de lhe estar a causar problemas com os meus escritos pois nada sei de sua vida o que adensa ainda mais o silêncio na sua implacável dureza.

Gosto de ler e também leio poesia exigindo esta predisposição diferente da normal leitura de obras escritas em prosa. Vejo alguns poetas e poetisas na internet sendo a maioria sempre à volta do amor da sensualidade inerente ou mesmo do erotismo, das saudades que o amor deixa e a escrita alimenta. Vejo, olho e leio mas não sou capaz de escrever esse temas quando vivo com as minhas imagens recordando caminhos e tempos de juventude. Já escrevi que tenho saudades do beijo que nunca dei e isso foi como que o limite de sentido proibido. Mesmo quando não escrevo ao falar com a minha sombra existe em mim um limite como muro de fronteira que me impede de entrar no imaginário universo da sensualidade. Não entro, não posso pelo respeito que lhe tenho mesmo desconhecendo quem é hoje a imagem que vejo do amor que abandonei sem uma explicação, com medo de lhe dar uma oportunidade para depois não ser feliz comigo. Quantas vezes a minha sombra já me disse que o medo que tive não terá sido só amor mas também medo que pudesse aceitar o modo como já via a sociedade e os sonhos políticos que alimentava. Não fui e não sou um ser fácil pela forma como ainda hoje continuo a olhar a sociedade da qual me tresmalhei continuando a viver no seio da mesma.


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