Décimo
terceiro dia. Eu que na guerra nunca tive calendário, nunca elaborei
nenhum quadro onde assentasse os dias passados ou que faltavam para a
promessa do regresso, conto agora metodicamente os dias desta
emergência, desta luta passiva contra um monstro tão perigoso que
nem se vê nem se nota a sua invasão inicial no nosso complicado
organismo, podendo por via do seu silêncio metódico multiplicar-se
indistintamente, lançando o pânico em todos os familiares,
companheiros de trabalho, amigos ou simplesmente conhecidos do
infetado que por algum motivo, em algum momento com ele conviveram ou
simplesmente tocaram em sítios, instrumentos infectados levando
posteriormente por vício, descuido ou inadvertidamente a mão à
boca ou ao nariz ou aos olhos ou ainda simplesmente estavam com ele
quando chegou um inesperado e vulgar espirro.
Um
grande e grave problema de saúde pública, que é também uma guerra
global da humanidade contra esse monstro invisível que ataca os
seres humanos indistintamente da cor, do país ou do status económico
e social. Os críticos que tudo sabem, opinam sobre tudo criticando
medidas, tomadas de posição, políticas e políticos porque
deveriam os do Governo ou da DGS fazer assim daquele outro modo
segundo os seus interesses ocultos, ou mais cedo do que fizeram
porque já outros o fizeram… como é fácil opinar quando não se
está na boca do vulcão… por isso e mais outras coisas e atitudes
já não tenho paciência para ouvir uns e outros. O contraditório
tão necessário em democracia perdeu substância e cor, pelo que me
basta ouvir os papagaios noticiosos dos telejornais, falarem dos
números de infetados e mortos. Chegam-me os comentários para
sentir a dor dos familiares e amigos dos que acabam a sua viagem
porque de algum modo o fdp do vírus os infetou e eles não
conseguiram resistir aos danos que o mesmo causa principalmente
quando somos doentes de outras patologias.
Todas
as manhãs madrugadoras ao colocar os pés no chão tomo consciência
e agradeço o estar vivo de saúde, lembrando a dor, mais do que o
medo, de todos os que padecem em UTI's ou dos familiares dos que já
faleceram e nem se despediram deles como é tradição deste povo.
Com
tanta técnica ao serviço da humanidade e de alguns todo-poderosos,
com tanta inteligência artificial desenvolvida,
com tantos arsenais de armas militares ultra
modernas de curto, médio e
longo alcance, com tantas pílulas da
química farmacêutica de
última geração no combate a tantas doenças e suas enfermidades,
não tem afinal a
humanidade outro remédio, outra método, outra arma para combater
este monstro minúsculo que não seja ficarmos em casa sossegados a
ver o tempo passar em frente aos nossos olhos que cegos tentam ver
como será o "day after" , para que os da governança e os
profissionais de saúde possam cuidar dos infectados sem que
chegue
o aplicar do
estado de guerra, isto é, procuram-se
salvar os que apresentam mais hipóteses de sobreviverem. É duro mas
é a realidade de todas as guerras. Sempre foi assim e assim será se
a humanidade não respeitar o recolher caseiro e permitir-se o
contágio indiscriminado que esgote a capacidade das estruturas
hospitalares afectas à luta contra o fdp do monstro covid-19, porque
não podemos esquecer todos os outros doentes de outras patologias
que existem
e exigem cuidados e tratamentos. A minha avó paterna morreu nova
porque sofrendo do coração o comprimido que naquele tempo lhe
garantia o ir vivendo era importado da Alemanha. Esgotou
aquando da II Grande Guerra
começou.
Há
no planeta outros vírus que são bem maiores que o covid-19, tão
maiores e
grandes eles
são que até foram eleitos para
lideres pelos
cidadãos dos seus países. Lideres
que
fazendo ouvidos de mercadores aos conselhos da OMS arrastam
os seus cidadãos como presumíveis aliados do monstro fdp covid-19
infetando
e matando inocentes,
sem que possamos fazer mais
nada do
que sermos
revoltados
solidários em nossas casas com esses povos, em
especial
com todos os
que sofrem por causa de vírus-humanos sádicos, vigaristas que se
escondem na
economia apoiados
por
seitas evangélicas radicais e cegas, plenas
de ódio a todos os que não acreditam ou perfilham as mentiras, as
leituras
absurdas dos seus líderes armados em pastores bem
falantes
que trocaram o pau ou bastão pela vida fácil de
ostentação que
a exploração do dízimo lhes concede.
Na
minha outra guerra de juventude tudo foi diferente, nada se assemelha
a esta. O inimigo era conhecido, seres humanos como nós que
perfilhavam ideias independentistas para os seus territórios de
nascença. As armas que eles possuíam não eram muito diferentes das
nossas. Tratava-se duma guerra de guerrilha, eles com os meus manuais
e mentalização
para a conquista da terra que viu nascer seus antepassados,
nós com as nossas ideias. Militares à força mandados para a
guerra, tínhamos muitos de nós que
andamos nas frentes operacionais um objectivo, um princípio que não
nos era ensinado pelas altas patentes do reino. Esse princípio era,
«Tínhamos de voltar sãos e salvos custasse
o que custasse»
o
morrer pela Pátria não era o principal objectivo, para
tal, teríamos de matar antes que nos matassem a nós, e, se
ouvíssemos um segundo disparo nunca poderíamos estar onde ouvimos o
primeiro. Cumprido
com êxito o objectivo, regressámos sãos
e salvos embora muitos
trouxessem consigo aquela guerra dorida, aquele buraco negro que nos
roubaram da nossa juventude. Agora já
idosos de cabelos e barbas brancas assistimos impotentes
a
esta
outra
guerra, embora
não reconhecida oficialmente,
onde
o
inimigo que
nos ataca silenciosamente não
têm a forma humana, não é da nossa espécie, criado ou não em
laboratório ele, o
fdp do vírus covid-19,
esta a querer derrotar-nos matando-nos
e fazendo-nos sofrer sem
necessidade de tiros nem
de
bombas nucleares que
nada servem aos países, aos poderosos que as detêm.
Ri-se
de nós o fdp do covid-19 quando nos vê ficarmos exaustos,
cansados, deprimidos por não podermos, não devermos andar na rua a
partilhar uns com os outros, a riqueza que um
dia conquistámos mas que muitos se esqueceram dela
deixando-se
embalar por outras ideias contrárias ao uso
do direito de Liberdade que
a Democracia nos concedeu e concede exigindo neste
momento difícil de nossas vidas
que apenas respeitemos e sejamos solidários com todos os outros
semelhantes a nós.
FICAR
EM CASA NÃO É UM CASTIGO, NÃO REPRESENTA O CERCEAREM-NOS
A LIBERDADE, ANTES É A NOSSA ARMA NUCLEAR SILENCIOSA CONTRA O FILHO
DA PUTA DO VÍRUS TENHA
ELE A FORMA QUE TIVER.