sábado, 28 de março de 2020

Décimo dia do resto de nossas vidas


Chegamos ao décimo dia. O número de infetados pelo covid-19 e o número de mortes a ele associadas continua a aumentar. As notícias boas também as há mas são tantas coisas que nos dizem, que nos martelam pelas televisões e redes sociais que fica difícil distinguir as pequenas verdades no turbilhão de notícias falsas que andam no ar pior que as nuvens negras da poluição.
Ao jantar continuo a ouvir os papagaios televisivos e necrófagos apresentarem gráficos, comentarem curvas continuarem a falar em crescimento exponencial e, ao olhar a curva duvido. De qualquer modo é assustadora a forma de contágio do fdp do vírus.
Quem me conhece sabe que não sou fã do PM, não gosto da MS por razões técnicas, mas são eles os que estão a comandar a nossa Nau Catrineta. Confio neles porque por outro lado acredito na capacidade, na competência e seriedade da Directora Geral de Saúde, sem ela no comando da táctica para a navegação da nossa Nau Catrineta não sei em que estado estaria a população, quantos seriam os rombos sofridos neste navegar lutando em alto mar com tantos ventos adversos, entre vagas medonhas, contra um monstro tão pequenino que só os stressados cientistas conhecem a sua imagem de tanto o estudarem na procura dos seus pontos fracos para se poder produzir uma arma química que anule o seu poder biológico devastador. São eles, os stressados cientistas, a única força que temos na rectaguarda, que trabalham sem cessar num estado de ansiedade positiva, se é que existe, para encontrarem a solução, a nova arma eficaz para que os profissionais e todos os agentes de saúde que estão na frente de combate a caminho do esgotamento possam ter um momento e... respirar de alívio.
Exceptuando os trabalhadores que ainda trabalham nos campos, no mar, nas fábricas e nos serviços fundamentais, também eles dignos do nosso louvor, do nosso bem haja, que dia a dia fugindo ao fdp do covid-19, com a sua coragem, com o seu trabalho permitem que a nossa economia não colapse de vez, permitindo que a Nau Catrineta possa voltar a aproximar-se da costa em busca de porto seguro. Dizia eu que exceptuando todos os que atrás foram lembrados aos restantes trabalhadores que seguem em teletrabalho, aos reformados e pensionistas, aos jovens crianças e seus pais, assim como a todos os que estão em quarentena preventiva de piores males só nós resta mantermos-nos no porão desta Nau sem muitos movimentos para não se destabilizar o equilíbrio necessário aos governantes que têm de manter o sangue frio nas constantes definições de estratégias e tácticas por forma a que nada falte aos que tudo arriscam na frente de combate.
Sempre irão existir pontos fracos aqui e ali, erros de avaliação pontuais, avanços e recuos, porque ninguém nem o mais vidente de todos os videntes estava preparado para esta guerra biológica. Sangue frio e caldos de galinha é o que se pede a todos, que o medo, o pânico, o pavor difundido por necrófogas figuras sem rosto só nos irão encaminhar para o abismo da nossa falência colectiva. Já passamos por muitas e tantas tormentas, muitos e tantos sacrifícios de suor sangue e lágrimas nestes quase 900 anos de vida colectiva que não é agora que não iremos encontrar o bom porto de águas calmas se nos mantivermos unidos com as necessárias distâncias, ajudando os remadores a compasso porque UNIDOS VENCEREMOS!

Ontem ficamos a saber, se dúvidas ainda existissem, que a União Europeia já foi uma união quando eram apenas seis países e cujos líderes de então, lá longe no século vinte, procuraram com essa união do aço e do carvão o evitar de mais guerras fratricidas entre os seus povos, promovendo com essa União a criação do modelo de Estado Social Europeu. Alcançaram o bem estar social e económico dos cidadãos, criando a ideia nos outros povos que ali estava o chamado "Primeiro Mundo".
Mas os grandes líderes desses longínquos tempos ou apagaram-se ou morreram sem que os outros novos líderes tivessem, ganhassem a dimensão de líderes agregadores dos diferentes povos e países, que obedecendo a razões de política e de crescimento económico iam entrando sempre pelas portas laterais. A pouco e pouco a corte dos nobres e seus mordomos em Bruxelas deixou de se interessar efectivamente pelo bem estar social dos povos europeus integrados na União. A pouco e pouco com paleio modernista só o crescimento económico é o seu interesse primário e secundário, o social ficou esquecido nas muitas gavetas que por lá existem nos palácios de Bruxelas e Estrasburgo. Os mais fracos, os mais pobres, que se avenham, se não tem pedalada para acompanhar os da frente, os mais ricos, que se desenrasquem. Só não vê quem não quer, seja por razões ideológicas ou porque acreditam cegamente nos seus lideres que ainda sonham com a utopia de que a União de hoje possa fomentar a Fraternidade e Solidariedade entre todos os povos que a integram.
Ao fim de tantos anos integrados nesta Europa que se designa agora de U. E., ouvimos ontem pela primeira vez o nosso representante maior, o PM, levantar a voz e dar um murro na mesa. Eu na outra margem onde caminho, tiro-lhe a minha boina em sinal de agradecimento e aplauso. Já era mais que tempo de alguém levantar a voz sem baixar as calças, sem se curvar em agradecimentos pelas “filhas de putice” que ao longo dos anos nos tem feito a troco de dinheiros que se esbanzalharam em pagamentos de favorecimentos aos novos barões do betão, às antigas famílias da nobreza fundiária e insolvente, em favorecimentos a amigos e vigaristas financeiros sem que tenhamos tido grande proveito social e económico sustentável com esses rios de dinheiro com que nos cegaram.
Quanto mais dinheiro nos deram mais a corda do endividamento nos foi apertando o pescoço quase nos asfixiando.
Há que levantar a voz, falar grosso, não ter medo de ser mal educado face à normas diplomáticas… Mas não esquecer que se os rios de dinheiro que chegaram e ainda chegam fossem aplicados de forma transparente em beneficio do país e não de barões e nobres insolventes outro galo cantaria.

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