Chegamos
ao décimo dia. O número de infetados pelo covid-19 e o número de
mortes a ele associadas continua a aumentar. As notícias boas também
as há mas são tantas coisas que nos dizem, que nos martelam pelas
televisões e redes sociais que fica difícil distinguir as pequenas
verdades no turbilhão de notícias falsas que andam no ar pior que
as nuvens negras da poluição.
Ao
jantar continuo a ouvir os papagaios televisivos e necrófagos
apresentarem gráficos, comentarem curvas continuarem a falar em
crescimento exponencial e, ao olhar a curva duvido. De qualquer modo
é assustadora a forma de contágio do fdp do vírus.
Quem
me conhece sabe que não sou fã do PM, não gosto da MS por razões
técnicas, mas são eles os que estão a comandar a nossa Nau
Catrineta. Confio neles porque por outro lado acredito na capacidade,
na competência e seriedade da Directora Geral de Saúde, sem ela no
comando da táctica para a navegação da nossa Nau Catrineta não
sei em que estado estaria a população, quantos seriam os rombos
sofridos neste navegar lutando em alto mar com tantos ventos
adversos, entre vagas medonhas, contra um monstro tão pequenino que
só os stressados cientistas conhecem a sua imagem de tanto o
estudarem na procura dos seus pontos fracos para se poder produzir
uma arma química que anule o seu poder biológico devastador. São
eles, os stressados cientistas, a única força que temos na
rectaguarda, que trabalham sem cessar num estado de ansiedade
positiva, se é que existe, para encontrarem a solução, a nova arma
eficaz para que os profissionais e todos os agentes de saúde que
estão na frente de combate a caminho do esgotamento possam ter um
momento e... respirar de alívio.
Exceptuando
os trabalhadores que ainda trabalham nos campos, no mar, nas fábricas
e nos serviços fundamentais, também eles dignos do nosso louvor, do
nosso bem haja, que dia a dia fugindo ao fdp do covid-19, com a sua
coragem, com o seu trabalho permitem que a nossa economia não
colapse de vez, permitindo que a Nau Catrineta possa voltar a
aproximar-se da costa em busca de porto seguro. Dizia eu que
exceptuando todos os que atrás foram lembrados aos restantes
trabalhadores que seguem em teletrabalho, aos reformados e
pensionistas, aos jovens crianças e seus pais, assim como a todos os
que estão em quarentena preventiva de piores males só nós resta
mantermos-nos no porão desta Nau sem muitos movimentos para não se
destabilizar o equilíbrio necessário aos governantes que têm de
manter o sangue frio nas constantes definições de estratégias e
tácticas por forma a que nada falte aos que tudo arriscam na frente
de combate.
Sempre
irão existir pontos fracos aqui
e ali, erros de avaliação
pontuais, avanços e recuos, porque ninguém nem o mais vidente de
todos os videntes estava preparado para esta guerra biológica.
Sangue frio e caldos de galinha é o que se pede a
todos, que o medo, o pânico, o pavor difundido por necrófogas
figuras sem rosto só nos irão
encaminhar para o abismo da nossa falência colectiva. Já passamos
por muitas e tantas
tormentas, muitos e tantos sacrifícios
de suor sangue e lágrimas
nestes quase 900 anos de vida
colectiva que
não é agora que não iremos
encontrar o bom porto de águas calmas se nos
mantivermos unidos com as
necessárias distâncias, ajudando
os remadores
a compasso porque UNIDOS VENCEREMOS!
Ontem
ficamos a saber, se dúvidas ainda existissem, que a União Europeia
já foi uma união quando eram apenas seis países e cujos líderes
de então, lá longe no século vinte, procuraram com essa união do
aço e do carvão o evitar de mais guerras fratricidas
entre os seus povos, promovendo com
essa União
a criação do modelo de Estado Social Europeu. Alcançaram
o bem estar social e económico dos cidadãos,
criando a ideia nos outros povos que ali estava o chamado "Primeiro
Mundo".
Mas
os grandes líderes desses longínquos tempos ou apagaram-se ou
morreram sem que os outros novos líderes tivessem, ganhassem a
dimensão de líderes agregadores dos diferentes povos e países, que
obedecendo a razões de política e de
crescimento económico iam entrando sempre pelas portas laterais. A
pouco e pouco a corte dos nobres
e seus mordomos
em Bruxelas deixou de se interessar efectivamente pelo bem estar
social dos povos europeus integrados na União. A
pouco e pouco com paleio modernista só
o crescimento económico é o seu interesse primário e secundário,
o
social ficou esquecido nas muitas gavetas que por lá existem nos palácios de Bruxelas e Estrasburgo.
Os mais fracos, os
mais pobres,
que se avenham, se não tem pedalada para acompanhar os da frente, os
mais ricos, que
se desenrasquem. Só não vê quem não quer,
seja por razões ideológicas ou porque acreditam cegamente nos seus
lideres que ainda sonham com
a utopia de
que a União de
hoje possa
fomentar a
Fraternidade e Solidariedade entre
todos os povos que a integram.
Ao
fim de tantos anos integrados nesta Europa que se designa agora de U.
E., ouvimos ontem pela primeira vez o nosso representante maior, o
PM, levantar a voz e dar um murro na mesa. Eu na outra margem onde
caminho, tiro-lhe a minha boina em sinal de agradecimento e aplauso.
Já era mais que tempo de alguém levantar a voz sem baixar as
calças, sem se curvar em agradecimentos pelas “filhas de putice”
que ao longo dos anos nos tem feito a troco de dinheiros que se
esbanzalharam
em pagamentos
de favorecimentos
aos
novos barões do betão, às
antigas famílias da nobreza fundiária e insolvente, em
favorecimentos a amigos e vigaristas financeiros sem que tenhamos
tido grande proveito social e económico sustentável com
esses rios de dinheiro com que nos cegaram.
Quanto
mais dinheiro nos deram mais a corda do
endividamento nos foi apertando o pescoço quase nos asfixiando.
Há
que levantar a voz, falar grosso, não ter medo de ser mal educado
face
à normas diplomáticas… Mas não esquecer que se os rios de
dinheiro que chegaram e ainda chegam fossem aplicados de forma
transparente em beneficio do país e não de barões e nobres
insolventes outro galo cantaria.
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