segunda-feira, 30 de março de 2020

Décimo segundo dia do resto das nossas vidas


Ao décimo segundo dia tudo parece igual no meu circuito matinal, que hoje ocorreu cerca de meia hora mais tarde do que é habitual. A calma predomina. Os centros logísticos registam a sua actividade normal deste estado anormal de emergência. O comboio rápido também chamado de Intercidades que antes seguia para a Guarda passou rápido e ao passar apenas com três composições pareceu-me que apenas levava o maquinista e algum possível revisor.
As nuvens hoje mais baixas dão a esperança que alguma chuva possa cair para além dos pingos que a espaço caem desamparados nos relvados abandonados secos e ávidos de água.
Chegado a casa ao pequeno almoço vejo na televisão a cena do controle policial em Pina Manique à entrada de Lisboa mas com posteriores saídas quer para a Ponte 25 de Abril, para a Ponte Vasco da Gama e A1 Auto-Estrada do Norte ou A8 Auto-Estrada do Oeste. Ao ver algumas caras de automobilistas fico a pensar se haverá ainda tanta gente, tantos casais a trabalharem na cidade ou quantos seriam os “xicos espertos” da distinta classe média a tentar iludir a vigilância policial para poderem ir cumprir a tradição de passarem a Páscoa na santa terrinha. Dúvidas e apenas isso.
Ouvindo na Antena1 "O amor É..." Como eu gosto de os ouvir e me tocam tantas vezes as palavras que o professor Júlio Machado Vaz diz. Impressionante é verdade. Eu que continuo a ter muitas e mais dúvidas com o avançar da idade.
Influenciado pelas imagens da nossa classe média na Ponte 25 de Abril e, por há muito não me identificar como mais um elemento-cidadão integrante desse grande rebanho, dessa grande manada e não menos grande alcateia, prefiro continuar a ser na minha condição de navegar e andar pela outra margem simplesmente um pequeno burguês que gosta apesar de tudo de viver e ir observando e vivendo as coisas boas que se podem degustar nesta caminhada. Influenciado por tais imagens de “xicos espertos” juntei aos livros que ando a ler em simultâneo a obra adquirida em mais um antigo aniversário (1977) e de seu título "O Conde D'Abranhos" do nosso enorme Eça de Queiroz. Depois de almoçarmos iremos ao cinema vendo e revendo os dvd's que estavam guardados e esquecidos. Ler, ver filmes em dvd ou não, é uma das boas maneiras de não dar tempo de antena aos trogloditas e necrófagos televisivos que tanto se excitam com as desgraças e mortes provocadas pelo monstro invisível do fdp covid-19.
Felizmente Há Luar”, escreveu Luís de Sstau Monteiro, devendo existir uma gravação da peça de teatro nos arquivos da RTP que poderiam retransmitir mas, também a estação pública tem lá gente que gosta de seguir a moda dos canais privados e ignora o papel de serviço público de estação pública de televisão, no aconselhamento positivo dos seus ouvintes telespectadores.
É o País que temos e... o estado ao que o Estado chegou.
Vamos ter calma que a Vitória É Certa.

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