Vamos
no oitavo dia desta emergência, deste viver confinado às paredes de
casa. O medo e o pavor vão tomando conta de
um número crescente de seres humanos.
As
televisões e os seus
mandantes continuam
necrófagos. Repórteres
ávidos de mortos, de
encontrarem casos que correm mal nesta
luta global contra o tempo e o inimigo invisível.
Eles correm atrás de tudo o que possa pôr em causa o
funcionamento das estruturas do Serviço Nacional de Saúde e
colateralmente a acção do Governo. Repórteres que talvez tenham
sonhado um dia serem jornalistas, correm em busca do tudo o que
possa cheirar a "bota abaixo" aguardando quais hienas por
uns momentos de ecrã a fim de justificarem perante os chefes sem
rosto as míseros tostões que lhes dão em troca dos famigerados
recibos verdes, de promessas de um novo contrato de trabalho
temporário se continuarem a cumprir os objectivos dados.
Canais
televisivos apoiantes e difusores das medidas neoliberais tomadas há
poucos anos por outro Governo, o mais liberal de todos os Governos
desta Terceira República, constituem hoje não uma fonte de
informação isenta, antes comportam-se como uma frente oposicionista
não só ao Governo de centro esquerda como vão mais longe na sua
cruzada de falsos cavaleiros do regime democrático. São a força
mais amiga do vírus fdp.
Sem
a presença expansionista do vírus fdp em todos os minutos de
emissão, teriam de ter noticiado com
outros tempos de antena, a
vitória da política levada a cabo pelo Governo anterior sob a
batuta de um Ministro das Finanças, goste-se ou não se goste dele e
eu não sou seu fã, o "excedente" nas contas públicas foi
alcançado.
Um feito histórico na nossa democracia sem diminuição do
rendimento disponível das famílias.
Teriam,
esses mesmos órgãos,
de
ir noticiando o seguimento de casos em que dirigentes de instituições
desportivas assim como agentes desportivos
e presumivelmente os próprios
desportistas que estão
a ser investigados por presumível fuga de impostos e ou
branqueamento de capitais, em vez de enaltecerem como
agora o
fazem, presumíveis ou
possíveis acções de caridade de alguns dos investigados
anteriormente em presumíveis
acções de maus cidadãos.
Contudo,
embora o Governo não o admita, não o reconheça, gostando mais em
falar de tsunami, estamos num estado de guerra. Uma guerra diferente
de todas as que ocorreram no Planeta até hoje. Aqueles que nas
guerras passadas eram a retaguarda de todos os exércitos, ocupam
hoje a frente avançada de um exército que parece não ter outras
forças para combater este inimigo fdp que não sejam os
profissionais e técnicos de saúde.
O
ADN histórico do partido que nos governa não lhe permite tomar
medidas mais restritivas, dando um murro na mesa aos órgãos de
comunicação social televisiva, chamando
para a frente de combate com
a requisição civil as
instalações privadas de saúde, exercendo
a intervenção do Estado
no sistema bancário, para que o
sistema financeiro seja um instrumento no
apoio mais efectivo
quer aos
empresários que não fecham
as portas das suas empresas,
quer aos
trabalhadores. Depois de ganha a batalha, não a guerra, haverá
tempo para se fazerem as contas, um novo orçamento rectificativo, o
devolver as instalações de saúde privadas aos seus proprietários
e accionistas, o sair do sistema bancário devolvendo-o aos
seus accionistas e gestores. Nestas
duas acções devolveria tudo como encontrou no momento da sua
intervenção, suportado por auditorias mistas dos privados e da
Inspeção Geral de Finanças. Haverá
tempo para mudar de vida de objectivos e de nos prepararmos para a
próxima batalha que a guerra vai ser dura e longa.
Cloroquina?
quem dos antigos combatentes não se lembra deste velho e conhecido
comprimido, quando a febre subia, a cama tremia dos tremores do
corpo que suava
sem parar perante o olhar solidário de todos os outros combatentes.
Às vezes a vida era tão dura que o maldito paludismo era desejado
que la estava o comprimido
cloroquina e a injecção de quinino para o combater, havendo a
esperança que não fosse
muito forte, mas sempre
eram uns dias de cama sem sair para o mato atrás de um outro
inimigo, que não conhecíamos mas sabíamos que eram iguais à nós,
nossos irmãos de espécie.
Ponho-me
a pensar nestas coisas não dando pelo dia que já renasceu sendo já
são horas de ir fazer o passeio matinal com a minha amiga. Todos
aqueles que não gostam de ver os velhos a passearem os seus animais,
não tenham medo do meu passeio, não estou constipado, uso luvas, só
toco no interruptor da luz das escadas do prédio e no botão da
porta da rua com a ponta da
chave de casa abrindo depois a porta com o pé,
cruzo-me com alguns trabalhadores mas não nos tocamos,
respeitamos-nos cumprimentando-nos e quando chego a casa ainda muitos
de vós estão a dormir por se sentirem cansados de estarem em casa a
criticarem os outros e a darem tempo de antena às hienas e mabecos
televisivos que não param de vos meter o medo entre os vossos
neurónios, fomentando mais o vosso egoísmo do que despertando o
vosso esquecido sentimento de solidariedade. Deixem de criticar os
outros. Procurem antes ser um exemplo de civismo solidário. Deixem
de ouvir com os olhos e de ver com os ouvidos.
A
vida vai mudar, está a mudar e muitos querem continuar agarrados a
um passado que nos trouxe até há umas semanas ou meses atrás,
cegos por uma vida consumista sem valores éticos.
Abram
a pestana que o futuro nunca foi tão incerto como agora.
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