terça-feira, 31 de março de 2020

Décimo terceiro dia do resto das nossas vidas


Décimo terceiro dia. Eu que na guerra nunca tive calendário, nunca elaborei nenhum quadro onde assentasse os dias passados ou que faltavam para a promessa do regresso, conto agora metodicamente os dias desta emergência, desta luta passiva contra um monstro tão perigoso que nem se vê nem se nota a sua invasão inicial no nosso complicado organismo, podendo por via do seu silêncio metódico multiplicar-se indistintamente, lançando o pânico em todos os familiares, companheiros de trabalho, amigos ou simplesmente conhecidos do infetado que por algum motivo, em algum momento com ele conviveram ou simplesmente tocaram em sítios, instrumentos infectados levando posteriormente por vício, descuido ou inadvertidamente a mão à boca ou ao nariz ou aos olhos ou ainda simplesmente estavam com ele quando chegou um inesperado e vulgar espirro.
Um grande e grave problema de saúde pública, que é também uma guerra global da humanidade contra esse monstro invisível que ataca os seres humanos indistintamente da cor, do país ou do status económico e social. Os críticos que tudo sabem, opinam sobre tudo criticando medidas, tomadas de posição, políticas e políticos porque deveriam os do Governo ou da DGS fazer assim daquele outro modo segundo os seus interesses ocultos, ou mais cedo do que fizeram porque já outros o fizeram… como é fácil opinar quando não se está na boca do vulcão… por isso e mais outras coisas e atitudes já não tenho paciência para ouvir uns e outros. O contraditório tão necessário em democracia perdeu substância e cor, pelo que me basta ouvir os papagaios noticiosos dos telejornais, falarem dos números de infetados e mortos. Chegam-me os comentários para sentir a dor dos familiares e amigos dos que acabam a sua viagem porque de algum modo o fdp do vírus os infetou e eles não conseguiram resistir aos danos que o mesmo causa principalmente quando somos doentes de outras patologias.
Todas as manhãs madrugadoras ao colocar os pés no chão tomo consciência e agradeço o estar vivo de saúde, lembrando a dor, mais do que o medo, de todos os que padecem em UTI's ou dos familiares dos que já faleceram e nem se despediram deles como é tradição deste povo.
Com tanta técnica ao serviço da humanidade e de alguns todo-poderosos, com tanta inteligência artificial desenvolvida, com tantos arsenais de armas militares ultra modernas de curto, médio e longo alcance, com tantas pílulas da química farmacêutica de última geração no combate a tantas doenças e suas enfermidades, não tem afinal a humanidade outro remédio, outra método, outra arma para combater este monstro minúsculo que não seja ficarmos em casa sossegados a ver o tempo passar em frente aos nossos olhos que cegos tentam ver como será o "day after" , para que os da governança e os profissionais de saúde possam cuidar dos infectados sem que chegue o aplicar do estado de guerra, isto é, procuram-se salvar os que apresentam mais hipóteses de sobreviverem. É duro mas é a realidade de todas as guerras. Sempre foi assim e assim será se a humanidade não respeitar o recolher caseiro e permitir-se o contágio indiscriminado que esgote a capacidade das estruturas hospitalares afectas à luta contra o fdp do monstro covid-19, porque não podemos esquecer todos os outros doentes de outras patologias que existem e exigem cuidados e tratamentos. A minha avó paterna morreu nova porque sofrendo do coração o comprimido que naquele tempo lhe garantia o ir vivendo era importado da Alemanha. Esgotou aquando da II Grande Guerra começou.

Há no planeta outros vírus que são bem maiores que o covid-19, tão maiores e grandes eles são que até foram eleitos para lideres pelos cidadãos dos seus países. Lideres que fazendo ouvidos de mercadores aos conselhos da OMS arrastam os seus cidadãos como presumíveis aliados do monstro fdp covid-19 infetando e matando inocentes, sem que possamos fazer mais nada do que sermos revoltados solidários em nossas casas com esses povos, em especial com todos os que sofrem por causa de vírus-humanos sádicos, vigaristas que se escondem na economia apoiados por seitas evangélicas radicais e cegas, plenas de ódio a todos os que não acreditam ou perfilham as mentiras, as leituras absurdas dos seus líderes armados em pastores bem falantes que trocaram o pau ou bastão pela vida fácil de ostentação que a exploração do dízimo lhes concede.

Na minha outra guerra de juventude tudo foi diferente, nada se assemelha a esta. O inimigo era conhecido, seres humanos como nós que perfilhavam ideias independentistas para os seus territórios de nascença. As armas que eles possuíam não eram muito diferentes das nossas. Tratava-se duma guerra de guerrilha, eles com os meus manuais e mentalização para a conquista da terra que viu nascer seus antepassados, nós com as nossas ideias. Militares à força mandados para a guerra, tínhamos muitos de nós que andamos nas frentes operacionais um objectivo, um princípio que não nos era ensinado pelas altas patentes do reino. Esse princípio era, «Tínhamos de voltar sãos e salvos custasse o que custasse» o morrer pela Pátria não era o principal objectivo, para tal, teríamos de matar antes que nos matassem a nós, e, se ouvíssemos um segundo disparo nunca poderíamos estar onde ouvimos o primeiro. Cumprido com êxito o objectivo, regressámos sãos e salvos embora muitos trouxessem consigo aquela guerra dorida, aquele buraco negro que nos roubaram da nossa juventude. Agora já idosos de cabelos e barbas brancas assistimos impotentes a esta outra guerra, embora não reconhecida oficialmente, onde o inimigo que nos ataca silenciosamente não têm a forma humana, não é da nossa espécie, criado ou não em laboratório ele, o fdp do vírus covid-19, esta a querer derrotar-nos matando-nos e fazendo-nos sofrer sem necessidade de tiros nem de bombas nucleares que nada servem aos países, aos poderosos que as detêm.
Ri-se de nós o fdp do covid-19 quando nos vê ficarmos exaustos, cansados, deprimidos por não podermos, não devermos andar na rua a partilhar uns com os outros, a riqueza que um dia conquistámos mas que muitos se esqueceram dela deixando-se embalar por outras ideias contrárias ao uso do direito de Liberdade que a Democracia nos concedeu e concede exigindo neste momento difícil de nossas vidas que apenas respeitemos e sejamos solidários com todos os outros semelhantes a nós.
FICAR EM CASA NÃO É UM CASTIGO, NÃO REPRESENTA O CERCEAREM-NOS A LIBERDADE, ANTES É A NOSSA ARMA NUCLEAR SILENCIOSA CONTRA O FILHO DA PUTA DO VÍRUS TENHA ELE A FORMA QUE TIVER.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.