quarta-feira, 1 de abril de 2020

Décimo quarto dia do resto de nossas vidas


Saímos para a rua à hora do costume. O gato Lorde anda ausente só aparece quando lhe apetece ou quando a fome aperta. De leste os raios do Sol anunciavam o renascer de um novo dia mas, dos lados da cidade grande nuvens escuras compactas e baixas anunciavam o aguaceiro forte. Mais ou menos a meio do caminho deixamos de andar na passada da pastora alemã para metermos nas pernas uma mudança mais rápida na tentativa de fugir ao aguaceiro que caminhava na nossa direcção, também ele parecia apressado na sua trajetória. Por minutos conseguimos chegar sem nos molharmos. Se é certo que sinto falta das caminhadas matinais mais longas, também é verdade que já não me custa tanto o subir pelas escadas, deixando o elevador sossegado, embora não tenhamos conhecimento de que alguém esteja sequer constipado. Mas mudar de hábitos faz-nos bem.
E ao décimo quarto dia veio-me lá do fundo dos neurónios a imagem das bandeiras nacionais.
Não sei se por ter andado em Aljubarrota a correr gritando de braço direito estendido "Nós somos os melhores" à volta da bandeira nacional, se pela obrigação de todos os dias termos de proceder ao içar e ao arrear da bandeira nacional naquele rectangulo de arame farpado no Mumbué e depois na Ponte de Zadi, o certo é que a primeira vez em que senti orgulho em ver a nossa bandeira içada no alto do mastro, foi quando em trabalho fui de Paris a Compiègne visitar uma fábrica moderna da industria farmacêutica e, à entrada das instalações lá estava a nossa bandeira nacional a dar-nos as boas vindas. Desde essa viagem nos anos oitenta do século passado passei a olhar e a sentir a bandeira nacional com outros olhos com outro sentir.
Andando pelo caminho habitual de todas as manhãs veio-me à ideia que, quando morre um qualquer barão intelectual ou conde mal amanhado é por vezes decretado três dias de luto com a bandeira içada a meia haste. Então agora quando morrem tantos cidadãos nos países da União Europeia não seria oportuno que os países que a integram colocassem todos as suas bandeiras içadas à meia haste em homenagem aos seus muitos mortos vítimas deste fdp de vírus?
Abril entrou trazendo aguaceiros a querer fazer jus ao velho ditado de “Abril águas mil”, isto é, um pingo de chuva em Abril valerá por mil para os campos e suas searas. Bem necessitamos que chova porque grande parte do território, principalmente para sul, continua em seca extrema. Agora com os infectados e as mortes causadas pelo covid-19 os papagaios alarmistas estão entretidos na propagação noticiosa das mortes ocorridas e previsíveis levando o pânico aos seus telespectadores, por isso têm deixado em paz os da governança com a seca nos campos. É que Castelo de Bode tem reservas de água suficientes para eles poderem ter água na torneira e os do sul que se amanhem.

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