Tudo
igual neste vigésimo quarto dia do resto das nossas vidas. Igual aos
dias anteriores deste tempo de pandemia e possivelmente aos dias que
se seguem.
Agora
na televisão fala uma mãe que ainda não efectuou a actualização
do seu chip aos novos tempos e tempos novos que hão-de vir. A seguir
lá aparece o Presidente a falar, a comentar e a fazer previsões.
O
vírus veio mudar as nossas vidas. Empresas e trabalhadores sem
saberem como será o dia seguinte, havendo pais, comentadores,
fazedores de opinião que continuam a falar como se tudo isto
acabasse amanhã e voltasse tudo a ser como dantes. Não entendo.
Estarei enganado… talvez.
Não
sou fã nem do Presidente nem do Primeiro Ministro, mas respeito-os
e, com o outro presidente e o outro primeiro ministro (letra pequena
mesmo) anteriores, não
imagino como estaríamos, não sou capaz de imaginar a pandemia
tsunami que estaríamos a
viver pelas suas opções
políticas conservadores
neoliberais, de perseguição
aos grisalhos que vivem das suas reformas e
aposentações sem esquecer os que vivem nas franjas da pobreza.
Estou satisfeito
com o entendimento existente
formalmente entre o actual
Presidente e Primeiro
Ministro. Que nem tudo foi bem feito, que nem todas as opções foram
as melhores, talvez… com a certeza que têm existido erros na
gestão da crise pandémica mas,
quem é que não comete erros
nas suas decisões, quem nunca se engana
que levante o braço, que atire a primeira e a segunda pedra.
Claro
que não há unanimidade entre nós nas
medidas políticas tomadas e a tomar para fazer frente a pandemia.
Há sempre aqueles
que
acham
que a culpa disto acontecer é da Directora Geral de Saúde que
não previu,
da Ministra da Saúde e do Governo que
não actuaram preventivamente,
havendo
mesmo entre os
críticos
alguns
que
desde mil novecentos e setenta e quatro só sabem criticar, alguns
desses e dos seus legítimos
e fieis descendentes
pensarão que não tivesse acontecido o 25 de Abril, eles
e os outros fiéis
seguidores do velho ditador "o botas" com a PIDE a
funcionar em pleno, não iriam permitir que o vírus passasse as
nossas fronteiras, talvez mesmo o tivessem prendido, torturado e
morto quando ele saiu da China comunista-capitalista ou de Itália,
para “a salto” sem
visto no passaporte
passar
e
infetar a
Espanha chegando
até nós para
nos matar
e amedrontar
a vida.
Pudessem os fiéis discípulos dos velhos "botas" e "cardeal", terem a liberdade
que a Democracia lhes tirou nestes dias de
emergência,
já em romaria teriam enchido a Cova da Iria em Fátima, o Santuário
do Bom Jesus em Braga ou de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego e
tantos outros locais de peregrinação que os nossos antepassados com
o
trabalho
dos plebeus souberam construir em agradecimento ao santo representante
de Deus sediado em Roma. Ah...
se com tantos terços rezados
na Cova da Iria e
por todas as igrejas e capelas do país se
alcançou a conversão da Rússia comunista ao sistema capitalista
onde os amigos ortodoxos puderam
voltar a viver o esplendor
das suas igrejas e catedrais, usando
mesmo o símbolo
da sua igreja no último avião de guerra criado por Putin e seus correlegionários.
Ah…
Se
esse milagre da
conversão da Rússia
foi alcançado com tanta devoção e crença, então
mais fácil seria dar cabo deste vírus rezando
como antigamente em que o povo crente enchia a Cova da Iria e tantos
outros santuários, igrejas e capelas implorando a bênção e a
clemência dos seus santos protectores, aos quais se juntava os
prestigiosos e leais serviços
dos amigos da PIDE com
a
sua rede de bufos e legionários.
Não
fossem aqueles militares que fizeram o inconstitucional golpe
militar, há
muito que o vírus estaria quase derrotado e o povo voltaria a viver
a sua vidinha de bons costumes e publicas virtudes, celebrando
a sua Páscoa com tradição e crença dos outros tempos, onde nunca existiriam estes desmandos, estas poucas vergonhas, estes vírus subversivos criados pelos comunistas chineses e que
o 25 de Abril trouxe infelizmente ao país e às famílias.
Estava
a preparar o almoço e ouvi a conferência de impressa das Sras.
Directora Geral e Ministra da Saúde. Ouvi e limito-me a dizer que
ouvi, nada tendo acrescentar ao que já disse. É fraquinha a sra.
Ministra. Estou solidário com elas mas a sra. Ministra é mais um
exemplo de
que ser amiga muitas vezes não basta.
«O
mundo em que vivo desgosta-me, mas sinto-me solidário com todos os
que nele sofrem» Albert Camus em “Crónicas Argelinas”
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