quarta-feira, 8 de abril de 2020

Vigésimo primeiro dia do resto das nossas vidas


No final do vigésimo dia, depois do jantar viajei até à sala e sentei-me no sofá. A televisão em frente continuava a saga do vírus covid-19. Sereno e calmíssimo tive paciência e fiquei a ouvir o "lobista" Paulo Portas com o seu ar de grande sabichão. Impressionante a lábia mais do que o conteúdo. O carinho demonstrado a Angola e ao seu presidente quase me fez chorar. Que interesses em vista terá o seu patrão em Angola? Muita lábia sabida e o veneno habitual que o diabo numa nova versão económico-pandémica pode chegar para piorar ainda mais a situação. Enfim, sinto-me um super optimista quando ouço estes figurões, que não dão ponto sem nó.
O resto da noite até o sono chegar passei-o a ler, revendo coisas. Como “d'habitude” antes da meia noite fechei os olhos para o corpo dar de novo sinal de que estava na hora de sair da cama com o relógio a bater as seis. Depois deixei-me até rir a ver as primeiras páginas dos jornais. A imaginação daquela dente não tem nem o céu como limite ultrapassando as fronteiras do próprio universo a muitos anos de luz. Mas é o que temos e o que nos resta.
Ontem não fui olhar a lua cheia. Ela é sempre do mesmo tamanho podendo variar a intensidade da sua luminosidade, depois parece-me que também começam a existir super luas quase mensalmente, o que estranho mas eles é que sabem ou dizem saber. Olho a previsão do tempo no telemóvel. Parece que a chuva mandou embora o frio. Está na hora de me preparar para ir à rua com a minha amiga e levar o pequeno almoço ao gato Lorde.
Lá estava ele debaixo de um carro à espera do seu pequeno almoço. A Sacha e o Lorde cumprimentaram-se respeitando o distanciamento social recomendável.
Na rua, a natural quase ausência de vida provocada pelo vírus decretada pelo estado de emergência. Vejo com preocupação o desnorte que começa a ver-se no amontoado a granel de propostas de lei, de decretos e alterações que existem para serem votadas mais do que discutidas e aprovadas, já que no nosso sistema democrático vai imperando a lei do chefe ou em alternativa a ditadura do aparelho partidário. Assim se justificam a promulgação em Diário da República de tantas alterações à mesma Lei, ao mesmo decreto-lei ou até Portaria. Ainda não perdi a esperança de chegar a ver sair no DR primeiro a alteração do que a própria Lei ou Decreto Lei. Como é óbvio é um gastar de dinheiro com pareceres de consultores e advogados amigos, mais as horas que se perdem na AR a falarem cada um de acordo com a sua lua… é o que temos… andam todos a correr com medo do vírus querendo fazer tudo à pressa… depois... sai um número preocupante de asneiras. O que vale é que ninguém é o culpado de tais erros e imprecisões… seguindo "Tudo a Bem da Nação" batendo palmas.
Como tenho uma neta no sétimo ano preocupo-me com a situação das escolas, aguardando com uma pontinha de ansiedade o que as autoridades irão decidir sobre o futuro deste ano escolar. Não vislumbro nenhuma situação, mas não dou tempo de antena aos vários lobistas que já apareceram nas televisões a opinar em sem que se saiba o que irão decidir quem tem poder para tomar tais medidas. Infelizmente os pasquins do grupo CM não estão sós na comunicação social outros há que o seguem numa tristeza mais que franciscana.
Ainda não ouvi ninguém defender o terminar o ano lectivo mesmo dando aulas no mês de Agosto e adaptando com todo o tempo do mundo o ano lectivo seguinte.
Com tantas empresas e trabalhadores em lay off com muitos outros trabalhadores aceitando a situação de férias forçadas face à imprevisibilidade da evolução da pandemia e o consequente voltar ao trabalho, será que o pessoal dos sindicatos e em especial os funcionários do Estado continuam a pensar em gozar férias nos meses de Agosto ou mesmo Setembro?
Num salto mergulhei fundo nas minhas memórias de trabalhador por conta de o trem na busca de me lembrar se alguma vez trabalhei menos de quarenta horas por semana. Mergulhei mas não cheguei lá. Terei de ir mais fundo. E quando penso nisto sinto a minha sombra rindo-se como que dizendo para si o que é que este parvo ganha com o relembrar o passado de trabalho por conta de outrem ...

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