No
final do vigésimo dia, depois do jantar viajei até à sala e
sentei-me no sofá. A televisão em frente continuava a saga do vírus
covid-19. Sereno e calmíssimo tive paciência e fiquei a ouvir o
"lobista" Paulo Portas com o seu ar de grande sabichão.
Impressionante a lábia mais do que o conteúdo. O carinho
demonstrado a Angola e ao seu presidente quase me fez chorar. Que
interesses em vista terá o seu patrão em Angola? Muita lábia
sabida e o veneno habitual que o diabo numa nova versão
económico-pandémica pode chegar para piorar ainda mais a situação.
Enfim, sinto-me um super optimista quando ouço estes figurões, que
não dão ponto sem nó.
O
resto da noite até o sono chegar passei-o a ler, revendo coisas.
Como “d'habitude” antes da meia noite fechei os olhos para o
corpo dar de novo sinal de que estava na hora de sair da cama com o
relógio a bater as seis. Depois deixei-me até rir a ver as
primeiras páginas dos jornais. A imaginação daquela dente não tem
nem o céu como limite ultrapassando as fronteiras do próprio
universo a muitos anos de luz. Mas é o que temos e o que nos resta.
Ontem
não fui olhar a lua cheia. Ela é sempre do mesmo tamanho podendo
variar a intensidade da sua luminosidade, depois parece-me que também
começam a existir super luas quase mensalmente, o que estranho mas
eles é que sabem ou dizem saber. Olho a previsão do tempo no
telemóvel. Parece que a chuva mandou embora o frio. Está na hora de
me preparar para ir à rua com a minha amiga e levar o pequeno almoço
ao gato Lorde.
Lá
estava ele debaixo de um carro à espera do seu pequeno almoço. A
Sacha e o Lorde cumprimentaram-se respeitando o distanciamento social
recomendável.
Na
rua, a natural quase ausência de vida provocada pelo vírus
decretada pelo estado de emergência. Vejo com preocupação o
desnorte que começa a ver-se no amontoado a granel de propostas de
lei, de decretos e alterações que existem para serem votadas mais
do que discutidas e aprovadas, já que no nosso sistema democrático
vai imperando a lei do chefe ou em alternativa a ditadura do aparelho
partidário. Assim se justificam a promulgação em Diário da
República de tantas alterações à mesma Lei, ao mesmo decreto-lei
ou até Portaria. Ainda não perdi a esperança de chegar a ver sair
no DR primeiro a alteração do que a própria Lei ou Decreto Lei.
Como é óbvio é um gastar
de dinheiro com pareceres de
consultores e advogados amigos, mais
as horas que se perdem na AR
a falarem cada um de acordo
com a sua lua… é o que
temos… andam todos a correr com medo do vírus querendo
fazer
tudo à pressa… depois...
sai um número preocupante de asneiras. O que vale é que ninguém é
o
culpado de tais erros e imprecisões… seguindo
"Tudo a Bem da Nação"
batendo palmas.
Como
tenho uma neta no sétimo ano preocupo-me com a situação das
escolas, aguardando com uma pontinha de ansiedade o que as
autoridades irão decidir sobre o futuro deste ano escolar. Não
vislumbro nenhuma situação, mas não dou tempo de antena aos vários
lobistas que já apareceram nas televisões a opinar em sem que se
saiba o que irão decidir quem tem poder para tomar tais medidas.
Infelizmente os pasquins do grupo CM não estão sós na comunicação
social outros há que o seguem numa tristeza mais que franciscana.
Ainda
não ouvi ninguém defender o terminar o ano lectivo mesmo dando
aulas no mês de Agosto e adaptando com todo
o tempo do
mundo o ano lectivo
seguinte.
Com
tantas empresas e trabalhadores em lay off com muitos outros
trabalhadores aceitando a situação de férias forçadas face à
imprevisibilidade da evolução da pandemia e o
consequente voltar ao trabalho, será que o pessoal dos sindicatos e
em especial os funcionários
do Estado continuam a pensar em gozar férias nos meses de Agosto ou
mesmo Setembro?
Num
salto mergulhei fundo nas minhas memórias de trabalhador por conta
de o trem na busca de me lembrar se alguma vez trabalhei menos de
quarenta horas por semana. Mergulhei mas não cheguei lá. Terei de
ir mais fundo. E
quando penso nisto sinto a minha sombra rindo-se como que dizendo
para si o que é que este parvo ganha com o relembrar o passado de
trabalho por conta
de outrem
...
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