sábado, 4 de abril de 2020

Décimo quinto dia dos resto de nossas vidas


E vamos no décimo quinto dia deste estado anormal de um tempo normal de emergência, para se fazer face a pandemia de um fdp de vírus que resolveu emigrar do seu ambiente natural para tramar a vida a milhares de seres humanos, quando estes andavam todos entretidos e contentes com o crescimento económico, viajando para ali e um pouco mais além de tal modo que os aviões no ar já eram mais do que algumas espécies de aves de grande porte.
Às vezes dou comigo a pensar se o tal vírus emigrou ou será que não o fizeram emigrar. De nada adiantam estes pensamentos duvidosos. De um modo ou do outro a vida no Planeta pode sofrer uma mudança mais ou menos radical depois de se encontrar a pílula química que faça frente ao ataque fulminante do fdp do vírus. 

No meu caminho encontro os habituais trabalhadores que já antes de ser conhecido o fdp do vírus nos cruzávamos, eu com a minha amiga pela trela e eles a caminho dos seus trabalhos.
Uma ou outra pastelaria descobriram que para fazer face aos encargos fixos podem ter a porta aberta vendendo o habitual e sagrado pão matinal e ao mesmo tempo lá vão servindo a bica matinal sem a qual muitos não passam, assim como um bolinho para acompanhar a bica. Servem respeitando o distanciamento social já que o cliente não entra e depois de ser servido é proibido ficar à porta. Isto é o engenho do desenrascanso à portuguesa, já que imaginação em momentos de aflição nunca nos faltaram. Se até os próprios polícias entram com as suas viaturas em ruas de sentido proibido conduzindo de marcha atrás… imaginação não nos falta. Assim existisse o sentimento de solidariedade e fraternidade como existe a imaginação do desenrascanso.
A pouca chuva que caiu foi-se e deixou cá o frio que de manhã ainda é mais frio com as artroses dos dedos da mão a avisarem-me que continuam a desfigura-los. Eles que eram tão bonitos vão ficando tortos e doridos. Contudo, antes nos dedos das mãos que nos pés porque estas coisas servem para não esquecermos os antepassados.
Como ando cansado de tanta coisa ouvir sempre a falarem do vírus o tempo hoje parece que não existe ou então não tem tempo ele mesmo. Um vazio vai tomando conta de nós e a tristeza aparece sem pedir licença querendo sentar-se ao nossa lado de tal modo que não despega. Não vão fáceis os dias deste tempo em que se vive a vida sem vivermos, como se a vida passasse a pertencer apenas e só ao chamado mundo virtual. Um tempo mais de ausência do que de reencontro connosco.
Talvez o amanhã possa ter outras janelas...

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