E
vamos no décimo quinto dia deste estado anormal de um tempo normal
de emergência, para se fazer face a pandemia de um fdp de vírus que
resolveu emigrar do seu ambiente natural para tramar a vida a
milhares de seres humanos, quando estes andavam todos entretidos e
contentes com o crescimento económico, viajando para ali e um pouco
mais além de tal modo que os aviões no ar já eram mais do que
algumas espécies de aves de grande porte.
Às
vezes dou comigo a pensar se o tal vírus emigrou ou será que não o
fizeram emigrar. De nada adiantam estes pensamentos duvidosos. De um
modo ou do outro a vida no Planeta pode sofrer uma mudança mais ou
menos radical depois de se encontrar a pílula química que faça
frente ao ataque fulminante do fdp do vírus.
No meu caminho encontro
os habituais trabalhadores que já antes de ser conhecido o fdp do
vírus nos cruzávamos, eu com a minha amiga pela trela e eles a
caminho dos seus trabalhos.
Uma
ou outra pastelaria descobriram que para fazer face aos encargos
fixos podem ter a porta aberta vendendo o habitual e sagrado pão
matinal
e
ao mesmo tempo lá
vão servindo a
bica matinal sem a qual muitos não passam, assim
como um bolinho para acompanhar a bica.
Servem respeitando o distanciamento social já que o cliente não
entra e depois de ser servido é proibido ficar à porta. Isto é o
engenho do desenrascanso
à portuguesa, já que imaginação em momentos de aflição nunca
nos faltaram. Se
até os próprios polícias entram com as suas viaturas em ruas de
sentido proibido conduzindo de marcha atrás… imaginação não nos
falta. Assim existisse o sentimento de solidariedade e fraternidade
como existe a imaginação do desenrascanso.
A
pouca chuva que caiu foi-se e deixou cá o frio que de manhã ainda é
mais frio com as artroses dos dedos da mão a avisarem-me que
continuam a desfigura-los. Eles que eram tão bonitos vão ficando
tortos e doridos. Contudo, antes nos dedos das mãos que nos pés
porque estas coisas servem para não esquecermos os antepassados.
Como
ando cansado de tanta coisa ouvir sempre a falarem do vírus o tempo
hoje parece que não existe ou então não tem tempo ele mesmo. Um
vazio vai tomando conta de nós e a tristeza aparece sem pedir
licença querendo sentar-se ao nossa lado de tal modo que não
despega. Não vão fáceis os dias deste tempo em que se vive a vida
sem vivermos, como se a vida passasse a pertencer apenas e só ao
chamado mundo virtual. Um
tempo mais de ausência do que de reencontro connosco.
Talvez
o amanhã possa ter outras janelas...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.